Oito meses após se casarem, Maia decidiu colocar Lis numa escolinha, onde a filha se socializaria com outras crianças. Então, começou a se sentir solitária em casa, querendo fazer alguma coisa para tomar seu tempo, já que trabalhar fora de casa estava fora de questão no momento, ainda mais quando descobriu a nova gravidez.— Já te disse que não quero que se esforce muito, não há necessidade para isso, não se esqueça de que você está grávida.— Mas gravidez nunca foi doença e o médico disse que a minha gestação não é de nenhum risco.— Não me importa, eu quero que você descanse e fique saudável.— Mas não aguento mais ficar dentro desta casa o dia todo.— Olha, eu não posso aceitar a ideia de você trabalhar fora.— Mas não quero me aproveitar de você. — Disse ela, com medo dele achar que estava se aproveitando de sua situação financeira. — E desde quando você se aproveita de mim? Eu te dei um cartão para você fazer o que quiser e, quando a fatura chega, parece que você não o usa.O cas
Sentados de volta e observando o senhor Joaquim, o casal decidiu que ouviriam o que o homem tinha a dizer.— Desde a última vez que tivemos nossa conversa, achei que deveríamos ter chegado num acordo, antes de voltar para cá. — Joaquim começou. — Durante todo esse tempo que estive aqui, considerei voltar e procurar vocês outra vez, mas a verdade é que fiquei com muita vergonha de tudo que aconteceu.— Claro que era para ter vergonha! — Théo exclamou.Maia viu que o marido estava se alterando, então tocou a mão dele gentilmente, pedindo com o olhar para que escutasse o avô, antes de qualquer coisa.— Eu não sei o que deu em mim para chegar a tal ponto, fiquei tão cego que não pensei mais em nada, nem na sua vida ou nos seus sentimentos, queria apenas que você fizesse o que te ordenei, achando que você seria uma marionete em minhas mãos. Sinto muito, Théo, sinto muito mesmo, e quero que saiba que se eu pudesse voltar no tempo, eu jamais teria interferido em sua vida como fiz.— Se realme
Théo olhou para a esposa sem entender o porquê de ela ter feito aquele convite. Não era porque havia perdoado o avô, que significava que o queria por perto novamente.Às vezes, o perdão significava aquilo, ficar em paz conosco, deixando de carregar uma mágoa, que só nos prejudica. Contudo, deixando bem claro que manteria uma distância, impedindo que a pessoa tivesse a oportunidade de magoar novamente.— Vamos pensar nisso com mais calma, depois. Acabamos de chegar e você precisa descansar, é melhor irmos para o hotel agora mesmo. — Falou, tentando não parecer rude.— Tudo bem, depois podemos falar sobre isso. — Ela disse.Percebendo que o marido não havia gostado muito da conversa, ela acabou sentindo-se um pouco precipitada, em fazer um convite, antes de consultá-lo primeiro.— Vou pedir que preparem o quarto de vocês, enquanto alguém irá buscar suas malas. — Joaquim disse.— Não precisa. — Théo o interrompeu. — Essa noite iremos passar no hotel, se amanhã o dia for mais tranquilo, vi
Saindo dali, caminharam para comer em outro lugar. Enquanto caminhavam, Maia questionou ao marido.— Por acaso, você vai contar ao seu avô sobre o que aconteceu ali agora?— Claro, ele com certeza irá querer fazer uma visitinha à velha amiga dele.— Para com isso, Théo, seu avô já parece ter problemas de mais, o deixe em paz. Pelo jeito que Lilian estava, parece estar sofrendo por tudo que fez. Acha que é fácil trabalhar com um patrão que fica em cima de você a todo instante, esperando apenas uma falha, só para querer te mandar para o olho da rua?— Sei que não é fácil e não estou menosprezando isso. — Replicou.— Vamos deixar isso de lado, por favor? — Pediu, lhe abraçando e dando um beijo.— Você faz isso, porque sabe que eu não resisto ao jeito que pede as coisas. — Riu. — Tudo bem, eu não vou falar nada, mas preciso te ensinar algumas coisas sobre o mundo. Em certas ocasiões, é necessário se vingar de outras pessoas quando há a chance.— Obrigada pela lição, mas acredito que gente
A chuva intensa que caía do céu, não impedia que uma mulher andasse pela rua de bicicleta. Mesmo toda encharcada, Maia, pedalava rapidamente. Sabia que estava atrasada para o trabalho e que isso seria um mau sinal, uma vez, que trabalhava numa casa de família, onde a patroa era extremamente exigente e descontava cada centavo por seu atraso. Além de falar uma série de besteiras, sem ter noção do que ela passava todos os dias. Maia, era uma mulher de 22 anos, que enfrentava um término de relacionamento. Seu marido, que no início fingia amá-la muito, lhe abandonou, um ano após sua filha, Lis, nascer. Ele vivia dizendo que, depois que a bebê nasceu, Maia começou a se descuidar e que não tinha mais tempo para ele. Também reclamava que a casa vivia bagunçada e que a bebê não parava de chorar.Seu marido foi embora de casa repentinamente, e Maia teve que se virar para ganhar dinheiro, pois se manter com uma criança não era nada fácil. Por não conseguir ajuda de alguém para cuidar da bebê, el
No interior de um escritório de uma grande empresa, estava Théo Campos. CEO da maior corporação de telecomunicações do país.Théo estava nervoso e respirava fundo, enquanto falava ao telefone com seu avô, Joaquim Campos.— Que surpresa, o senhor me ligar assim do nada, vovô, depois que se mudou para a Suíça, parece estar mais desligado dos negócios.— Não estou te ligando do nada. Sabe que não sou do tipo que liga para jogar conversa fora. — A voz do homem do outro lado da linha, estava séria.— Que bom que não é, porque também não sou. Então, vamos direto ao assunto, já que estou ocupado. — Disse impaciente.— Como estão as coisas na empresa? Desde que me retirei e te coloquei no meu lugar, não tenho mais relatórios das coisas.— Talvez porque o senhor se mudou do país para descansar, não é mesmo? Por que te enviaria coisas de trabalho?— Você é bem direto, Théo, eu gosto disso, tanto, que estou pensando seriamente, em não voltar para a empresa. Talvez, dessas minhas férias, eu já eme
Enquanto dirigia em direção ao hospital público da cidade, Théo observava a mulher que estava ao seu lado no carro. Seus cabelos estavam desarrumados, a sobrancelha parecia que nunca havia sido feita na vida. Vestia uma camisa velha com um rasgo do lado e calça jeans surradas, que deviam ter sido compradas num brechó. Nos pés, usava um chinelo velho.“Aposto ter um prego debaixo, segurando a correia da sandália”, pensou.Ele riu sozinho, já que nunca imaginou que alguém como ela, entrasse um dia em seu carro.— Moço, eu não tenho dinheiro agora, mas vou arrumar. Por favor, tenha um pouco de paciência. Vou te passar meu número de telefone, e depois você me manda o valor. Se for alguma peça que pode ser comprada pela internet, me fala, que posso comprar, dividindo no cartão.Theo estava nervoso, mas a ingenuidade da mulher lhe roubou um sorriso. Ela achava que compraria um farol de Rolls-royce na internet?— Você acha que um farol desses, custa quanto? — Perguntou com deboche.— Eu não s
— O quê? Que absurdo é esse? — A coitada não acreditava no que acabava de ouvir.— É isso mesmo que acabou de escutar. Se quiser salvar a vida de sua filha, apenas, case-se comigo.— Isso é alguma piada de mau gosto? Por que estão brincando comigo?— Não é nenhuma brincadeira, senhora Maia. — Fábio começou a falar, vendo que Théo poderia assustar mais a mulher. — O senhor Théo precisa de uma esposa, mas é apenas no papel, entendeu? Não será um casamento real e terá um tempo estipulado para acabar. Será apenas um acordo, assinado entre ambos. Se a senhora aceitar, o Théo se compromete a arcar com os custos da operação de sua filha e de todos os gastos pós-operatórios.— Isso não me parece nada bom, por que eu?— Porque você me deve! — Théo respondeu, curto e grosso.— Mas eu disse que irei pagar o senhor pelos danos do seu carro, eu só não estou podendo conversar sobre isso no momento, por isso, te peço um pouco de paciência.— Eu não tenho tempo. Meu carro é novo e importado, acha que