Roman Ostrov Donatella estava de volta em casa, mas algo parecia diferente nela desde o hospital. O silêncio ainda era uma constante entre nós, mas não o mesmo tipo de silêncio gélido e hostil que ela costumava usar como arma. Era um silêncio pesado, carregado de arrependimento. Eu sabia que o que ela havia feito não era apenas uma tentativa de escapar de tudo, mas um pedido desesperado de ajuda. E agora, eu estava determinado a fazer com que ela entendesse que não precisava passar por isso sozinha. Encontrei Donatella na sala de estar, sentada em silêncio, com as mãos entrelaçadas no colo. Seu olhar estava perdido, distante, mas assim que entrei, ela me encarou. Seus olhos já não carregavam o mesmo ódio que costumavam ter. — Donatella... — chamei suavemente, me aproximando. — Este é Alexander. Ele é psiquiatra. — Eu sou louca? Antes que eu pudesse responder, Alexander interveio com uma calma profissional, seus olhos gentis pousando sobre ela. — Donatella, você não é lo
Roman Ostrov Moscou | Conselho da Bratva Eu entrei na sala de reuniões do conselho da Bratva, cada passo meu ecoando pelas paredes pesadas de mármore. Os Capitães estavam todos lá, suas expressões fechadas, mas havia uma tensão palpável no ar. Sabiam que a reunião não era para boas notícias, e eu sabia que alguns deles carregavam o peso da culpa por dentro. O ataque aos galpões havia sido um golpe duro, e agora o foco estava em descobrir quem dentro da Bratva estava traindo o juramento de lealdade. Eu me sentei à cabeceira da mesa, sentindo todos os olhares sobre mim. A sala estava mergulhada em um silêncio mortal. Era o tipo de silêncio que precede uma tempestade, e eu estava prestes a trazer essa tempestade para eles. — Pegamos um dos responsáveis pelos ataques aos nossos galpões de armazenamento — anunciei, sem rodeios, minha voz cortando o silêncio. Alguns Capitães trocaram olhares inquietos, outros mantiveram suas expressões frias e impenetráveis. Mas eu percebi o sufic
Roman Ostrov Eu a puxei para o chuveiro, a água caindo quente sobre nós, misturando-se ao suor e ao desejo que já queimava dentro de mim. Donatella se moveu rapidamente, suas mãos trabalhando para remover qualquer vestígio de sangue em minha pele, mas era muito mais do que isso. Era como se ela estivesse tentando me purificar, apagar as marcas da violência que me acompanhavam. Mas, ao mesmo tempo, cada toque dela me levava para mais perto do descontrole. Suas mãos eram suaves, mas firmes, como se soubessem exatamente o que fazer para me provocar, para atiçar o que havia de mais primitivo dentro de mim. Eu a encostei contra a parede fria do chuveiro, a água escorrendo pelos nossos corpos. Meu corpo pressionado contra o dela, e naquele momento, todo o autocontrole que eu tentava manter se desfez. O desejo tomou conta de mim, intenso e selvagem, como se o mundo ao nosso redor tivesse desaparecido. Só havia nós dois, o calor de nossos corpos e o som da água caindo. — Donatella...
Donatella Romanova Eu estava jogada no chão úmido do porão, as cordas apertadas em meus pulsos e tornozelos, queimando minha pele a cada movimento. Não resistia mais. Apenas sobrevivia. A escuridão ao meu redor era sufocante, e o silêncio opressor parecia a única companhia fiel que restava. Estava sozinha, verdadeiramente sozinha. O som de passos ecoou pelo porão, rompendo o silêncio com um peso sombrio. Meu coração disparou. Mais soldados da Bratva. Aqueles uniformes, que um dia significaram proteção, agora eram o prenúncio de dor e terror. Meu corpo se enrijeceu quando eles entraram, mas uma voz diferente se destacou, menos ameaçadora, quase cuidadosa. — Sra. Romanova — um dos homens se aproximou, seus olhos analisando meu estado. — Vim tirá-la daqui. As palavras ressoaram como um soco. Sra. Romanova? A forma como ele falou comigo, a reverência em sua voz, me deixou desconcertada. Eu deveria ser tratada como uma prisioneira, como alguém que não merecia respeito. Algo havia m
Roman Ostrov Donatella teve uma noite difícil. Seus pesadelos incessantes, as marcas da dor emocional que ela carrega, demoraram a se acalmar. Só depois de horas, sua respiração voltou a um ritmo tranquilo, e o sono a envolveu novamente. Mesmo assim, eu mal dormi, precisava ficar de olho nela. Não correria o risco de que ela fizesse mais alguma estupidez. Ao amanhecer, me levantei antes de todos, deixando ordens claras: ninguém deveria acordar minha esposa. Ela precisa descansar. Boris Petrov, meu Sub-chefe, havia feito progressos interessantes com o prisioneiro que capturamos. Eu, Roman Ostrov, fui criado nas sombras do terror, moldado pelas mãos cruéis de Ivan Ostrov para ser um assassino. Mas foi a máfia italiana que me ensinou algo mais — a arte de ser um líder. Não um simples chefe, mas um líder impiedoso, alguém que sabe que o poder não é dado, ele é tomado, conquistado, e consolidado com sangue. Agora, sentado na cadeira de Chefe da Bratva, eu já tinha o poder. Mas a
Donatella Romanova — Sra. Ostrova, o médico acabou de chegar — a empregada anunciou, sua voz baixa, respeitosa. — Vou recebê-lo no escritório de Roman — respondi, jogando um xale sobre os ombros, tentando me revestir da força que eu já não tinha. Caminhei lentamente pela mansão, cada passo ecoando nos corredores silenciosos. Ao me aproximar da porta de vidro que levava ao escritório, parei por um instante, absorvendo a tranquilidade ilusória do lugar. A luz natural banhava o ambiente, o que deveria me trazer paz, mas eu sabia que não havia paz à minha espera. — Donatella. — A voz grave de Dr. Alexander quebrou o silêncio, seu olhar penetrante me observava com uma mistura de compaixão e algo mais sombrio. Algo que eu já sabia, mas não queria admitir. — E então, doutor, veio me dizer que meus problemas não são apenas fruto da minha mente perturbada? — Perguntei, com o tom de ironia que sempre usava para disfarçar o medo. Dr. Alexander suspirou, seu semblante sério, quase paternal.
Roman Ostrov O massacre na casa de Alexei espalhou-se como fogo selvagem. Agora, todos sabiam que Roman Ostrov não fazia prisioneiros. Mulheres, crianças, ninguém seria poupado. Aqueles que se atrevessem a me trair seriam despedaçados como animais, deixados à mostra, pendurados como porcos em um açougue até que o último resquício de vida se esvaísse. O conselho, antes tão ruidoso, estava mergulhado em silêncio. Eles sabiam o que estava por vir. Mas enquanto o sangue manchava as ruas, a verdadeira batalha começava a emergir. Inimigos que se escondiam nas sombras aproveitaram o caos para se infiltrar em nosso território. Dmitry, sempre cauteloso, queria que eu esperasse. Para ele, o sangue derramado estava nos enfraquecendo, nos tornando vulneráveis. O que ele não sabia era que, quanto mais sangue jorrava, mais poderoso eu me tornava. O poder não se constrói com piedade, mas com a violência que os mantém acordados à noite, temendo o próximo golpe. Donatella estava linda como se
Donatella RomanovaRever as fotos da minha família destruída foi como rasgar de novo uma ferida que nunca cicatrizou. Era uma dor que eu aprendi a enterrar fundo, onde ninguém pudesse ver. Desde cedo, eu soube que esconder as emoções era a única forma de sobrevivência. Mas, mesmo com todo esse treinamento de sobrevivente, não havia como evitar o queimar lento de cada imagem.Roman estava furioso. Eu podia ver em seus olhos, mas ele não entendia o que se passava dentro de mim. Ele não sabia da confusão que minha mente era. Como poderia entender essa necessidade doentia que eu tinha de ser quebrada por ele? Talvez nem eu mesma entendesse. Havia algo de destrutivo dentro de mim, algo que ansiava por ser empurrada até o limite... até não restar mais nada.Eu queria a destruição. Queria o caos. Queria que, quando eu queimasse, Roman queimasse comigo. No fundo, eu sabia que não haveria inferno suficiente para Roman se ele não estivesse ao meu lado, e era esse fogo que eu desejava acender. M