Donatella Romanova O dia começou com uma leve luz dourada invadindo o quarto. Ainda sonolenta, eu me espreguicei na cama, o corpo fraco após mais uma noite perturbada. Antes que eu pudesse me levantar, a porta se abriu, e Roman entrou com uma bandeja de café da manhã nas mãos. Um gesto atípico para ele, mas não tão inesperado depois de tudo o que tínhamos passado. — Café na cama? — murmurei, a voz rouca. Ele sorriu de leve, mas havia preocupação em seus olhos. — Você precisa se cuidar, Donatella. Vou trazer o melhor médico para examinar você. Isso não pode continuar. Eu suspirei. Ele estava certo, claro, mas a parte de mim que sempre lutou para esconder qualquer sinal de fraqueza ainda resistia. No entanto, sabia que não podia mais negar. Levantei-me da cama com certa dificuldade, Roman me observava, seu olhar intenso me acompanhando a cada movimento. O ar parecia pesado entre nós, como se algo não dito pairasse no ambiente. — Não sou de vidro, Roman — brinquei, tentando al
Roman Ostrov Cheguei ao prédio da Bratva com a mente longe, os pensamentos se dispersando em direções que eu não conseguia controlar. Dmitry falava ao meu lado, mas suas palavras pareciam distantes, abafadas pelo peso da preocupação que me rondava. Mesmo com todo o caos que havia se instalado nos últimos dias, algo parecia diferente. Algo que não se encaixava. Assim que entrei no edifício, o silêncio foi o que mais me incomodou. Um silêncio quase ameaçador. Cumprimentei os soldados que guardavam a entrada principal, e eles me devolveram um aceno, sem muita expressão. Subi as escadas em direção ao último andar, onde ficava a sala de reuniões e meu escritório pessoal. E, para minha surpresa, o andar estava deserto. Talvez fosse normal, considerando que não havia reuniões agendadas. Mas havia uma inquietação crescente no ar, algo que eu não conseguia ignorar. Uma sensação de que alguma coisa estava para acontecer, algo que ninguém havia previsto. Foi quando o telefone tocou. Olhei
Roman Ostrov Após a reunião com Dmitry, voltei para casa. Cada minuto ao lado de Donatella agora parecia precioso, algo que eu não podia desperdiçar. Não sou médico, mas era óbvio que sua saúde estava se deteriorando rapidamente. E isso me consumia por dentro. Ela dormia tranquilamente, o rosto sereno emoldurado por seus cabelos loiros, e eu a observei por um longo tempo. Havia algo angelical em sua aparência, uma beleza que sempre me impressionava, não importava quantas vezes eu a contemplasse. Mas essa fragilidade era um lembrete cruel do quanto eu estava perdendo o controle. A noite estava caindo, e havia outra batalha à minha frente. Se eu tivesse sorte, seria uma guerra vencida sem que eu precisasse lutar. Mas, seja com os traidores da Bratva ou com os membros da Yakusa, a morte de qualquer um deles me traria a satisfação necessária. O sangue ainda seria derramado, disso eu tinha certeza. Coloquei um casaco pesado, de couro preto, luvas e botas para enfrentar o frio intens
Donatella Romanova "O poder não corrompe, ele apenas revela a verdadeira natureza de quem o possui." Quando iniciei essa guerra nas sombras contra Roman, eu não fazia ideia do que estava realmente enfrentando. Saída de um porão fétido, órfã, com o corpo e a alma violados, eu queria vingança. Mas a vingança era apenas uma parte. O que eu realmente desejava era poder. Eu governava sobre os traidores da Bratva, aqueles que se recusavam a aceitar Roman como seu líder. Os desleais, os que quebraram seus juramentos. Mas eu sabia, no fundo, que não havia lealdade entre eles. Traidores nunca são confiáveis. Alianças com eles são uma ilusão; no final, todos devem ser eliminados. Quando soube de quem era a carga que íamos roubar naquela noite, percebi que não era uma missão. Era uma armadilha. Uma execução. A minha execução. Tentei ordenar que abortassem o ataque, mas poder nas sombras não é verdadeiro poder. O poder deve ser ostentado, exibido. É necessário que os outros conheçam seu
Roman Ostrov Levei Donatella para casa em um silêncio pesado, minha mente fervilhando com uma mistura de raiva e desejo. Ela estava frágil, pálida, e eu sabia que, apesar de estar nos meus braços, a guerra que travávamos ia muito além do que era visível. Donatella não estava apenas lutando contra a Yakusa ou contra mim; ela estava destruindo a si mesma com essa obsessão m*****a de me derrubar. Isso me enraivecia mais do que eu gostaria de admitir. Quando chegamos, coloquei-a cuidadosamente no sofá, observando seu rosto relaxar. Ela parecia mais estável, mais consciente. Eu respirei fundo, tentando conter a fúria que ainda pulsava nas minhas veias. Mas não demorou muito para que eu percebesse que o alívio não duraria. Assim que tive certeza de que Donatella estava bem o suficiente, a raiva voltou com força total. Sem pensar duas vezes, agarrei seu braço com firmeza e a arrastei para o quarto. — Ah, doçura — murmurei, o sarcasmo escorrendo pela minha voz. — Essa sua obsessão em quere
Roman Ostrov Meus lábios encontraram os dela novamente, dessa vez com uma intensidade diferente. Havia um desespero por controle, por mantê-la ao meu lado, e também um desejo de que ela entendesse a profundidade do que eu sentia. Cada beijo, cada toque, não era apenas uma demonstração de posse, mas uma confissão do quanto ela me afetava, do quanto eu estava disposto a sacrificar por ela. Nossas respirações se entrelaçavam enquanto eu a puxava ainda mais para perto, minhas mãos explorando cada centímetro do seu corpo com um cuidado feroz. Sentia o calor dela contra mim, e isso apenas alimentava o fogo que já ardia em meu interior. Eu queria que Donatella sentisse a mesma coisa — que toda a raiva e dor que carregávamos se dissipasse naquele momento, que tudo fosse substituído por esse desejo insano que nos consumia. Ela se entregou completamente, e eu podia sentir isso. O modo como seus dedos se cravavam em minhas costas, como sua respiração acelerava a cada toque, a cada movimento
Donatella Romanova Eu nunca imaginei que minha presença em uma sala pudesse causar tanto impacto, mas, ao entrar na sala de reuniões do Conselho da Bratva, percebi que meu simples ato de atravessar aquelas portas ressoava como um trovão silencioso. Cada rosto virava-se na minha direção. Homens poderosos, donos de impérios ilegais, desviavam seus olhares para mim, e o desconforto era palpável. Alguns franziram o cenho, outros cochicharam entre si, mas ninguém ousou se levantar. Eu era um elemento fora de lugar naquele ambiente, uma intrusa no centro de um círculo fechado. Minhas botas de couro preto ecoavam contra o mármore enquanto eu caminhava, o vestido ajustado de seda azul-marinho que usava moldava meu corpo com perfeição. Uma echarpe de caxemira negra cobria meus ombros, e meu cabelo loiro platinado estava preso em um coque baixo impecável. Minha maquiagem era discreta, mas feita para intimidar; delineador perfeitamente traçado e lábios tingidos de um tom profundo de vinho. Eu
Donatella Roman se aproximou da sala de armas, pegando um rifle com a precisão de quem havia feito isso inúmeras vezes antes. Ele voltou-se para os Capitães, a arma pesada equilibrada em suas mãos como uma extensão de seu próprio corpo. — Este é o momento de provarem quem vocês realmente são. Quem quiser lutar comigo, venha agora. Mostrem a lealdade que juraram à Bratva. Pela Bratva e pelo sangue! Os homens trocaram olhares, e lentamente, um a um, começaram a se levantar. A hesitação ainda pairava no ar, mas a liderança de Roman era inquestionável. Ele caminhou até a porta, pronto para liderar a batalha, mas eu não podia simplesmente ficar para trás. — Eu vou com você — declarei, dando um passo em direção à sala de armas para pegar minha própria pistola. Roman virou-se imediatamente, seu olhar me detendo antes que eu pudesse avançar. Ele estava a poucos passos de mim em um instante, a tensão em seus ombros claramente visível. — Não, doçura. A única pistola que eu quero que segu