Donatella Romanova Desci as escadas rapidamente, encontrando o soldado que Bóris havia deixado para me proteger. Ele estava de pé perto da entrada, seu olhar endurecido pela tensão. — Quero que me leve à casa da minha família. Agora. — Ordenei, minha voz carregada de determinação. — Senhora Ostrova, tenho ordens de permanecer aqui e garantir sua segurança. — Ele respondeu, sua postura rígida. — Você está recusando uma ordem da esposa da Bratva? — Minha voz ganhou um tom de desafio, meus olhos fixos nos dele. — Roman Ostrov pode estar morto, mas eu sou a senhora dessa casa. E você me deve obediência. O soldado hesitou, mas o peso das minhas palavras o fez ceder. Ele assentiu, ajustando o coldre de sua arma antes de abrir a porta para mim. — Como quiser, senhora. — Disse ele, sua voz baixa. Entrei no carro com a moeda ainda apertada na minha mão, meu coração batendo forte enquanto o veículo arrancava. A casa que eu deixara para trás estava esperando por mim, e com ela, todas as
Donatella Romanova A sede da Bratva estava cercada por seguranças armados, mas eu conhecia suas rotas. Roman havia me ensinado a observar, a encontrar brechas. Movi-me pelas sombras, meus passos leves como os de um gato, evitando cada câmera e guarda. Não era difícil, considerando o caos que reinava desde a morte de Roman. A entrada lateral era pouco vigiada. Aproveitei um momento em que os seguranças estavam distraídos para entrar. Os corredores da sede estavam banhados por uma luz fraca, ecoando com o som distante de vozes em uma sala mais adiante. Eu segui o som, cada passo carregado de tensão. Quando me aproximei, ouvi a voz de Mickail. Ele parecia calmo, mas havia algo de frio em seu tom. — Antes de discutirmos os próximos passos para consolidar o futuro da Bratva, preciso esclarecer algo essencial. — A voz de Mickail era calma, controlada, mas carregada de um peso que capturou a atenção de todos na sala. Ele colocou um envelope sobre a mesa, seus dedos longos e firmes desli
Donatella RomanovaMeu corpo parecia pesar toneladas enquanto Bóris me guiava para fora da sede da Bratva. Minhas mãos ainda tremiam, os ecos dos tiros disparados contra Mickail vibrando na minha mente. Eu sentia o olhar pesado dos conselheiros, mas ninguém disse nada. Eles sabiam que não havia mais argumentos ou ameaças. O monstro tinha caído, e eu tinha feito justiça com minhas próprias mãos.— A reunião foi cancelada. — Bóris disse, sua voz baixa e firme. Ele me segurou pelo braço, ajudando-me a andar. — Vamos para casa.Assenti sem discutir. Estava fraca, e cada passo parecia um desafio. O carro nos esperava do lado de fora, os olhos vigilantes dos guardas me acompanhando.No caminho para casa, meu corpo cedeu ao cansaço. Encostei a cabeça no vidro frio da janela, tentando organizar os pensamentos. Roman estava morto. Essa era a única certeza que eu tinha. E, no entanto, algo dentro de mim não queria aceitar. Não podia aceitar.Quando chegamos à mansão, Bóris me ajudou a entrar.—
Roman Ostrov Donatella estava recostada na cabeceira da cama, sua expressão serena, mas eu podia sentir a tensão que ainda pairava entre nós. Sua mão estava sobre a minha, e mesmo depois de tudo, aquele pequeno gesto me dava uma sensação de paz que eu não sentia há dias. Mas havia perguntas não respondidas entre nós. Havia sombras que precisavam ser dissipadas. Respirei fundo, segurando sua mão com mais firmeza. — Donatella, precisamos conversar sobre o dia em que você fugiu. — Minha voz era baixa, mas séria. Os olhos dela buscaram os meus, e por um momento, vi o brilho da hesitação. Mas, como sempre, Donatella era mais forte do que qualquer coisa que pudesse tentar quebrá-la. — Roman, eu... — Ela começou, mas sua voz vacilou. Engoliu em seco e recomeçou. — Victoria apareceu naquele dia. Ela me mostrou algo... um vídeo. Meus músculos se tensionaram. Victoria. Claro que ela estava por trás disso. Minha mandíbula apertou, mas mantive meu olhar fixo em Donatella, esperando q
Roman Ostrov — Quero uma conversa privada! — Rodolfo me analisa, e eu faço o mesmo com ele. Depois de um breve momento de tensão, concordei e segui para o meu escritório, um dos meus homens fez menção de me acompanhar mas com o gesto meu voltou atrás. — Você sequestrou a minha mulher. — Minha voz saiu firme, mas controlada. — Me diga, senhor Takeda, por que eu deveria ser cordial com você? Ele não recuou. Em vez disso, manteve o olhar fixo no meu, sua expressão séria e cheia de intenções. — Posso provar que jamais faria mal a ela, Roman. — Ele começou, sua voz baixa, mas carregada de significado. — Mas precisava chamar a sua atenção. Era a única forma. Me sentei na cadeira atrás da mesa, analisando cada movimento seu. Algo me dizia que ele não tinha vindo para uma simples negociação. Eu gesticulei para que continuasse. — Prossiga. — Ordenei. Rodolfo colocou a mão no bolso interno do casaco, e meu corpo ficou imediatamente alerta. Minhas mãos estavam prontas para alcançar a a
Donatella Romanova O enterro de Mickail Romanov era algo que eu nunca pensei que aconteceria. Não porque ele não merecesse estar em um caixão, mas porque o conselho da Bratva, com toda sua hipocrisia, decidiu que ele deveria ter um enterro digno de um homem com prestígio social. Para mim, era apenas mais uma farsa, um teatro para manter as aparências. A cerimônia estava cheia. Homens de ternos pretos e mulheres em roupas escuras sussurravam entre si, fingindo tristeza. Eu estava ali porque Roman insistiu que minha presença era necessária, um símbolo de força. Mas, para mim, cada palavra do padre era um lembrete das cicatrizes que Mickail havia deixado. Meus pés começaram a me guiar para longe do grupo. A segurança de Roman tentou me acompanhar, mas consegui me desvencilhar com uma desculpa. Precisava de ar, ou pelo menos era isso que eu dizia a mim mesma. A verdade era que minha mente estava em um turbilhão de lembranças e emoções, e eu precisava de um momento para colocar os pens
Roman Ostrov A viagem até o hospital foi uma das mais longas da minha vida, embora os segundos parecessem escorrer como areia entre os dedos. Eu carregava Donatella em meus braços, sentindo o peso do seu corpo frágil contra o meu. Ela respirava com dificuldade, e cada suspiro parecia me arrancar um pedaço da alma. Ao chegarmos, o médico me recebeu com um olhar grave. — Senhor Ostrov, sua esposa precisa de um transplante de coração com urgência. — Ele disse, sem rodeios. — Estamos fazendo o possível, mas o tempo não está ao nosso lado. Minhas mãos se apertaram em punhos. Estava pronto para fazer qualquer coisa, mover céus e terras, mas nunca imaginei o preço que seria cobrado. Sergei apareceu pouco depois, seu rosto marcado pelo luto. Ele havia perdido sua filha, Alessandra não sobreviveu. — Roman, quero propor uma aliança. A mesma que te fiz, meses atrás! O coração de Alessandra, em troca de que a outra gêmea, Angélica, se case com o herdeiro da Bratva. Eu sempre abomin
Roman Ostrov O som do riso de Donatella ecoava pelo salão da mansão. Eu a observei do meu lugar à mesa, enquanto ela tentava convencer Dmitry a ficar quieto o suficiente para ajeitar sua gravata. Nosso filho era a mistura perfeita de nós dois: os olhos ferozes dela, meu olhar determinado, e uma inteligência surpreendente para alguém de apenas cinco anos. — Mamãe, tá apertado! — Dmitry reclamou, fazendo uma careta, mas Donatella sorriu, inclinando-se para beijar sua testa. — Hoje é um dia importante, meu pequeno. Seu pai precisa de você impecável. — Ela respondeu, com a firmeza e doçura que só ela possuía. Me levantei e caminhei até eles, não conseguindo esconder o orgulho que sentia. Peguei Dmitry no colo, ignorando suas tentativas de se soltar, e olhei diretamente em seus olhos. — Seu nome carrega uma grande história, filho. Dmitry Romanov-Ostrov. Nunca se esqueça de quem foi o homem que o inspirou. Ele assentiu com seriedade, como se entendesse o peso das minhas palavras,