Donatella Romanova — Sra. Ostrova, o médico acabou de chegar — a empregada anunciou, sua voz baixa, respeitosa. — Vou recebê-lo no escritório de Roman — respondi, jogando um xale sobre os ombros, tentando me revestir da força que eu já não tinha. Caminhei lentamente pela mansão, cada passo ecoando nos corredores silenciosos. Ao me aproximar da porta de vidro que levava ao escritório, parei por um instante, absorvendo a tranquilidade ilusória do lugar. A luz natural banhava o ambiente, o que deveria me trazer paz, mas eu sabia que não havia paz à minha espera. — Donatella. — A voz grave de Dr. Alexander quebrou o silêncio, seu olhar penetrante me observava com uma mistura de compaixão e algo mais sombrio. Algo que eu já sabia, mas não queria admitir. — E então, doutor, veio me dizer que meus problemas não são apenas fruto da minha mente perturbada? — Perguntei, com o tom de ironia que sempre usava para disfarçar o medo. Dr. Alexander suspirou, seu semblante sério, quase paternal.
Roman Ostrov O massacre na casa de Alexei espalhou-se como fogo selvagem. Agora, todos sabiam que Roman Ostrov não fazia prisioneiros. Mulheres, crianças, ninguém seria poupado. Aqueles que se atrevessem a me trair seriam despedaçados como animais, deixados à mostra, pendurados como porcos em um açougue até que o último resquício de vida se esvaísse. O conselho, antes tão ruidoso, estava mergulhado em silêncio. Eles sabiam o que estava por vir. Mas enquanto o sangue manchava as ruas, a verdadeira batalha começava a emergir. Inimigos que se escondiam nas sombras aproveitaram o caos para se infiltrar em nosso território. Dmitry, sempre cauteloso, queria que eu esperasse. Para ele, o sangue derramado estava nos enfraquecendo, nos tornando vulneráveis. O que ele não sabia era que, quanto mais sangue jorrava, mais poderoso eu me tornava. O poder não se constrói com piedade, mas com a violência que os mantém acordados à noite, temendo o próximo golpe. Donatella estava linda como se
Donatella RomanovaRever as fotos da minha família destruída foi como rasgar de novo uma ferida que nunca cicatrizou. Era uma dor que eu aprendi a enterrar fundo, onde ninguém pudesse ver. Desde cedo, eu soube que esconder as emoções era a única forma de sobrevivência. Mas, mesmo com todo esse treinamento de sobrevivente, não havia como evitar o queimar lento de cada imagem.Roman estava furioso. Eu podia ver em seus olhos, mas ele não entendia o que se passava dentro de mim. Ele não sabia da confusão que minha mente era. Como poderia entender essa necessidade doentia que eu tinha de ser quebrada por ele? Talvez nem eu mesma entendesse. Havia algo de destrutivo dentro de mim, algo que ansiava por ser empurrada até o limite... até não restar mais nada.Eu queria a destruição. Queria o caos. Queria que, quando eu queimasse, Roman queimasse comigo. No fundo, eu sabia que não haveria inferno suficiente para Roman se ele não estivesse ao meu lado, e era esse fogo que eu desejava acender. M
Donatella Romanova O dia começou com uma leve luz dourada invadindo o quarto. Ainda sonolenta, eu me espreguicei na cama, o corpo fraco após mais uma noite perturbada. Antes que eu pudesse me levantar, a porta se abriu, e Roman entrou com uma bandeja de café da manhã nas mãos. Um gesto atípico para ele, mas não tão inesperado depois de tudo o que tínhamos passado. — Café na cama? — murmurei, a voz rouca. Ele sorriu de leve, mas havia preocupação em seus olhos. — Você precisa se cuidar, Donatella. Vou trazer o melhor médico para examinar você. Isso não pode continuar. Eu suspirei. Ele estava certo, claro, mas a parte de mim que sempre lutou para esconder qualquer sinal de fraqueza ainda resistia. No entanto, sabia que não podia mais negar. Levantei-me da cama com certa dificuldade, Roman me observava, seu olhar intenso me acompanhando a cada movimento. O ar parecia pesado entre nós, como se algo não dito pairasse no ambiente. — Não sou de vidro, Roman — brinquei, tentando al
Roman Ostrov Cheguei ao prédio da Bratva com a mente longe, os pensamentos se dispersando em direções que eu não conseguia controlar. Dmitry falava ao meu lado, mas suas palavras pareciam distantes, abafadas pelo peso da preocupação que me rondava. Mesmo com todo o caos que havia se instalado nos últimos dias, algo parecia diferente. Algo que não se encaixava. Assim que entrei no edifício, o silêncio foi o que mais me incomodou. Um silêncio quase ameaçador. Cumprimentei os soldados que guardavam a entrada principal, e eles me devolveram um aceno, sem muita expressão. Subi as escadas em direção ao último andar, onde ficava a sala de reuniões e meu escritório pessoal. E, para minha surpresa, o andar estava deserto. Talvez fosse normal, considerando que não havia reuniões agendadas. Mas havia uma inquietação crescente no ar, algo que eu não conseguia ignorar. Uma sensação de que alguma coisa estava para acontecer, algo que ninguém havia previsto. Foi quando o telefone tocou. Olhei
Roman Ostrov Após a reunião com Dmitry, voltei para casa. Cada minuto ao lado de Donatella agora parecia precioso, algo que eu não podia desperdiçar. Não sou médico, mas era óbvio que sua saúde estava se deteriorando rapidamente. E isso me consumia por dentro. Ela dormia tranquilamente, o rosto sereno emoldurado por seus cabelos loiros, e eu a observei por um longo tempo. Havia algo angelical em sua aparência, uma beleza que sempre me impressionava, não importava quantas vezes eu a contemplasse. Mas essa fragilidade era um lembrete cruel do quanto eu estava perdendo o controle. A noite estava caindo, e havia outra batalha à minha frente. Se eu tivesse sorte, seria uma guerra vencida sem que eu precisasse lutar. Mas, seja com os traidores da Bratva ou com os membros da Yakusa, a morte de qualquer um deles me traria a satisfação necessária. O sangue ainda seria derramado, disso eu tinha certeza. Coloquei um casaco pesado, de couro preto, luvas e botas para enfrentar o frio intens
Donatella Romanova "O poder não corrompe, ele apenas revela a verdadeira natureza de quem o possui." Quando iniciei essa guerra nas sombras contra Roman, eu não fazia ideia do que estava realmente enfrentando. Saída de um porão fétido, órfã, com o corpo e a alma violados, eu queria vingança. Mas a vingança era apenas uma parte. O que eu realmente desejava era poder. Eu governava sobre os traidores da Bratva, aqueles que se recusavam a aceitar Roman como seu líder. Os desleais, os que quebraram seus juramentos. Mas eu sabia, no fundo, que não havia lealdade entre eles. Traidores nunca são confiáveis. Alianças com eles são uma ilusão; no final, todos devem ser eliminados. Quando soube de quem era a carga que íamos roubar naquela noite, percebi que não era uma missão. Era uma armadilha. Uma execução. A minha execução. Tentei ordenar que abortassem o ataque, mas poder nas sombras não é verdadeiro poder. O poder deve ser ostentado, exibido. É necessário que os outros conheçam seu
Roman Ostrov Levei Donatella para casa em um silêncio pesado, minha mente fervilhando com uma mistura de raiva e desejo. Ela estava frágil, pálida, e eu sabia que, apesar de estar nos meus braços, a guerra que travávamos ia muito além do que era visível. Donatella não estava apenas lutando contra a Yakusa ou contra mim; ela estava destruindo a si mesma com essa obsessão m*****a de me derrubar. Isso me enraivecia mais do que eu gostaria de admitir. Quando chegamos, coloquei-a cuidadosamente no sofá, observando seu rosto relaxar. Ela parecia mais estável, mais consciente. Eu respirei fundo, tentando conter a fúria que ainda pulsava nas minhas veias. Mas não demorou muito para que eu percebesse que o alívio não duraria. Assim que tive certeza de que Donatella estava bem o suficiente, a raiva voltou com força total. Sem pensar duas vezes, agarrei seu braço com firmeza e a arrastei para o quarto. — Ah, doçura — murmurei, o sarcasmo escorrendo pela minha voz. — Essa sua obsessão em quere