Capítulo 02 - Caelan

Alexander riu e então apoiou a mão sobre o ombro de Caelan, empurrando-o para trás.

— Não seja idiota. Malthus estava morrendo; eu só adiantei isso. Precisava que ele escolhesse o filho certo.

— Você o matou — Caelan repetiu, sentindo o gosto amargo em sua boca, os lábios se repuxando em um rosnado.

Ele partiu para cima de Alexander, que o empurrou para trás sem resistência. Caelan não conseguia manter o corpo ereto e se equilibrou outra vez na poltrona da cabana.

— Precisava que ele estivesse alucinando quando dissesse meu nome para se tornar o alfa do clã.

Alexander deu de ombros.

— Mais cedo ou mais tarde, sabia que você descobriria isso, por isso considerei que seria melhor que você também morresse se dissesse que não ficaria ao meu lado.

— Alexander... — Caelan sibilou e reuniu toda a raiva em seu corpo.

Todo seu corpo tremia por aquelas palavras:

— Você matou nosso pai?

— Eu o desafiei como seu filho para liderar este clã.

— Ele estava morrendo.

— E foi por isso que eu ganhei.

Caelan não conseguiu se conter, e nem queria. Toda a dor daquelas semanas cinzentas, quando o pai se foi, brotou em seu peito. A dor de perdê-lo, de não ouvir mais sua voz... Tudo aquilo o fez acertar Alexander no meio do queixo com uma força que seu corpo não tinha, não naquele estado.

Alexander foi para trás, e Caelan começou a tossir. Estava zonzo e caiu aos pés de seu irmão.

— Seu filho da puta! Como? — Caelan não conseguia elaborar a frase, não conseguia sequer olhá-lo.

Quando finalmente conseguiu se levantar, Caelan agarrou seu irmão pelo colarinho da camisa e o puxou para fora da cabana, empurrando-o em direção ao chão.

— Eu o desafio!

O sorriso de Alexander se estendeu ainda mais sobre seu rosto, e o coração de Caelan batia rápido demais em seu peito. Queria matá-lo, estrangulá-lo, mas nada conseguiria trazer seu pai de volta. Quando avançou para cima dele, Alexander não recuou, e, por ser maior, já esperava qual ataque viria. Seu soco atingiu o peito de Caelan e o jogou para trás, não deixando que ele respirasse, e o segundo soco veio, tomando todo o ar de seus pulmões, fazendo-o dobrar o corpo e tossir sem parar.

Alexander segurou Caelan pelos ombros e envolveu o braço sobre seu pescoço, deixando-o de joelhos no chão.

— Você quer a liderança dos Fúrias da Noite, Caelan?

Ele apertou ainda mais seu pescoço, fazendo com que sentisse a perda da pressão no corpo. Caelan não conseguia revidar, não com a droga que corria em suas veias.

— Então se torne um homem para desafiá-la.

Seu irmão o empurrou no chão. Caelan estava fraco, a visão distorcida. Tentava sorver o ar, mas era como se o gosto amargo se espalhasse por sua garganta, impedindo-o de respirar. Quando avançou outra vez para seu irmão, Alexander se virou rápido demais, fazendo com que Caelan perdesse o equilíbrio. Ele só sentiu o corte da adaga tarde demais em suas costelas.

Caelan levou as mãos às costelas. O ar parecia escasso agora em seus pulmões. Respirar doía. O sangue vertia em sua camisa branca, deixando um rastro em seu corpo.

— Obrigado por isso, Caelan.

Alexander estava próximo e havia uma vitória em seu rosto. Uma vitória que Caelan nunca pensaria que o irmão precisasse. Quando o homem cortou o rosto, os braços e rasgou a própria blusa para manter a encenação, Caelan ouviu os gritos e o burburinho ao redor.

"Caelan desafiou Alexander"

— Você me desafiou e perdeu.

A voz de Alexander era baixa, como a de uma fera enjaulada, mas Caelan sabia que era pura encenação.

— Eu o deserdo, Caelan. — Aquelas palavras o surpreenderam, e Caelan segurou firme o cabo da adaga ainda em suas costelas, tentando se manter de pé na frente de seu irmão. Talvez o orgulho fosse a única coisa que o mantinha ali.

— Você tentou me matar — Alexander apontou para a adaga no corpo de Caelan e então ergueu o rosto para as pessoas do clã, que agora se juntavam ao espetáculo. — E eu venci. Não há lugar nos Fúria Escarlate para dois alfas.

Seu irmão cuspiu aos seus pés e virou as costas quando as pessoas que o apoiavam o levaram para longe.

Caelan sentia a cabeça pender, todo seu corpo formigar. Já quase não sentia as próprias mãos ou a própria respiração. Estava envenenado.

Lembrou-se do gosto agridoce do licor, da sensação queimando por sua garganta.

Wolfsbane.

Alexander tinha previsto aquilo, armado aquela cena. Seu irmão havia o envenenado para vencer a luta e acabar com um possível problema futuro contra sua guerra.

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