Capítulo 08 - Caelan

O fogo parecia engolir tudo enquanto Caelan andava no meio dos destroços daquele clã. Alexander havia cumprido a promessa de que invadiria o clã sagrado das sacerdotisas. Seu irmão não se importava com a lei de Seraphire, não se importava com nada além de si.

Caelan inspirou, ignorando a raiva que borbulhava em seu corpo, que crescia a cada passo que dava ao ver a destruição que seu irmão havia causado, por pura demonstração de poder. O pior eram as mulheres feridas ao seu redor e seus homens, que não se importavam com nada, um reflexo de seu líder.

Dylan e Alina vinham atrás, não havia nada em seus rostos que demonstrasse o que sentiam, apenas Caelan tentava controlar suas emoções, pois sabia que seu rosto era um espelho do que sentia.

Alexander estava sentado como um rei no meio daquele fogo que consumia tudo. O sorriso despontava em seus lábios, e Caelan queria matá-lo.

— Caelan, lembre-se de Helena — A voz de Dylan o lembrou do porquê estava ali. Ele nunca esqueceria sua irmã.

Quando Alexander viu Caelan caminhar em sua direção, a surpresa perpassou seu rosto rapidamente, e ele logo a extinguiu, o olhar se modificando como se tivesse comido algo podre.

— Você é mesmo difícil de matar, meu irmão.

Os homens de Alexander circundaram Caelan, e ele ergueu as mãos como se quisesse mostrar que vinha em paz.

— Não vim desafiá-lo. — Caelan se ajoelhou. — Vim aceitar você como meu alfa.

Agora a surpresa estava explícita no rosto de Alexander. Caelan respirava devagar, os joelhos naquela terra suja e seca pareciam um peso maior do que o que sentia.

Alexander se levantou e caminhou em direção ao irmão, com a expressão em seu rosto ainda carregada de desdém.

— Ora, ora, nunca pensei que ouviria isso de você, Caelan.

— Me deixe voltar para os Fúrias, para meu lar — Caelan se viu implorar e se odiou por isso, mas precisava fazer isso por Helena.

— Seu lar morreu com Malthus — Alexander retrucou, e Caelan se retesou ao ouvir o nome de seu pai na boca de seu irmão.

— Não me importo com o que irá fazer comigo, só me deixe voltar para os Fúrias.

Alexander então começou a rir e se afastou, por fim, jogou uma faca com sangue aos pés de Caelan.

— Este clã agora é meu, a Grande Mãe morreu em minhas mãos — Alexander se vangloriava, e então apontou para a lâmina aos pés de Caelan com o queixo. — Se quer voltar aos Fúrias, terá que provar que posso confiar em você.

Caelan não respondeu, apenas deixou que Alexander se exibisse, como seu irmão sempre havia gostado de fazer.

— Mate a sacerdotisa que a Grande Mãe protegia.

— Matar uma garota inocente? — Caelan se viu interrompendo Alexander, e aquilo foi seu erro.

— Já está desafiando minhas ordens? — Perguntou Alexander, com um tom rude. — Se quer voltar aos Fúrias, terá que cumprir ordens sem as contestar.

E então Alexander se aproximou e gritou próximo ao rosto de Caelan:

— Sou o seu alfa.

Não era. Nunca seria. Mas, por Helena, Caelan deveria continuar aquele teatro.

— Mate a garota e poderá voltar para os Fúrias. Do contrário, se voltar sem o sangue da sacerdotisa, eu vou matá-lo dessa vez.

Caelan sentiu a bile subir por sua garganta. Matar parecia algo fácil demais para Alexander. No momento em que tocou aquela faca suja de sangue, Caelan havia feito uma escolha. Ele se odiaria, se odiaria por matar uma vida inocente, mas era aquela sacerdotisa ou Helena, e se tivesse que escolher, sempre escolheria sua família.

Ele se viu seguindo o guarda de Alexander em direção à floresta de espinhos. A cada passo, seu coração pesava em seu peito, o gosto amargo em sua boca o fazia respirar com dificuldade. A faca em sua mão era um peso grande demais, fazendo-o tropeçar em seus próprios pensamentos. Quando Caelan cruzou o espaço e um corvo grasnou, o homem de Alexander se retesou. A floresta de espinhos parecia tremular e uivar, como se entendesse o que estava prestes a acontecer.

— Não precisa me acompanhar…

Nem mesmo terminou as palavras, e o homem saiu andando rápido em direção ao outro extremo, para longe da floresta de espinhos.

Caelan não precisava de um guarda, se voltasse sem a morte daquela sacerdotisa, seria inútil.

Ele seguiu, a lâmina ainda pesando em suas mãos suadas. A alguns passos de distância, foi ali que ele viu a cova no meio de um tronco branco. Parecia o mesmo lugar onde havia sido preso, mas não era. Eles estavam do outro lado da fronteira da floresta de espinhos, do outro lado do riacho.

Caelan se aproximou e, quando viu a mulher jogada na cova e encarou aqueles olhos verdes, seu mundo oscilou.

Ele perdeu o ar em seus pulmões e deixou que a faca caísse aos seus pés.

Ela tinha os mesmos olhos que sua loba. A mesma textura de cabelos negros, o mesmo olhar selvagem e hipnótico.

Sentiu a boca seca, engoliu em seco várias e várias vezes enquanto se perdia no olhar daquela mulher.

Enquanto os minutos pareciam se esmaecer ao seu redor, Caelan sabia que não conseguiria fazer mal àquela mulher. Não ela. Nunca ela. Ele jamais poderia matá-la, mas ainda assim deveria, por Helena.

Quando agarrou a faca novamente e pulou na cova, seus olhos se encontraram com os da loba, e ela se encolheu diante de seus pés.

— Não deveria tê-lo salvado.

Foram suas únicas palavras quando Caelan ergueu a faca para matá-la.

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