Escolhida pelo Destino - O Alfa e a Sacerdotisa
Escolhida pelo Destino - O Alfa e a Sacerdotisa
Por: Avalon Fay
Capítulo 01 - Caelan

Na noite em que seu pai morreu, Caelan pensou que o mundo havia ficado cinza diante de seus olhos. Malthus era o alfa dos Fúrias, o clã de lobos do Oeste e, quando partiu, todo o seu clã chorou pelo líder que perderam. Agora, diante do túmulo de seu pai, no alto do sopé daquele morro, ele só conseguia pensar que a clareira de flores ao redor era tão cinza quanto seu coração.

— Não tenho boas notícias.

Foi a voz de Dylan que cortou seus pensamentos e o fez rosnar em sua direção. Não queria ser interrompido, não daquela forma, quando estava diante do túmulo de seu pai.

— Caelan, não há tempo. Alexander está planejando invadir o Clã da Lua Negra e tomar a loba sacerdotisa como esposa.

Os dentes de Caelan trincaram, e ele acompanhou a silhueta de Dylan sair de sua frente quando começou a caminhar de volta para o pátio central, onde ficava o clã.

Alexander era o alfa dos Fúrias agora, mas antes… Antes deveria ter sido Caelan. Quando seu pai morreu e Alexander foi quem ficou ao seu lado nos últimos minutos de sua vida, tudo havia mudado para Caelan.

Seu pai havia escolhido Alexander para ser o líder dos Fúrias e não Caelan, mas aquilo ainda não fazia sentido em sua cabeça. Em sua última conversa, Malthus dissera que Caelan precisaria guiar seu clã e ter cuidado com Alexander, mas agora todo aquele discurso parecia vazio depois de sua morte.

Quando bateu com os nós dos dedos na porta do irmão, Caelan inspirou fundo e deixou que seu cheiro, o luto e toda a raiva se dissipassem. Era a última ordem de seu pai, e ele a honraria em vida, mesmo que não concordasse com as maneiras de Alexander de liderar.

— Estava esperando por você — Alexander disse quando Caelan entrou.

Estava sentado diante da lareira, de costas para Caelan, sem se dar ao trabalho de ir até o irmão. Foi Caelan quem se sentou ao seu lado, na poltrona de seda vazia que estava diante da lareira.

Era ali que costumavam ficar quando Malthus ainda era vivo. Caelan soprou a franja sobre os olhos e espantou as lembranças junto. Ele segurou uma caneca de licor, que parecia estar esperando por ele na mesinha à frente, e bebericou o líquido devagar.

O líquido queimou sua língua e desceu como um fel quente por sua garganta. Quente demais. Mas era bom, era algo que Malthus sempre compartilhava com Caelan quando estavam juntos.

— O Clã da Lua Negra é sagrado, Alexander.

— Sabia que diria isso… — Alexander o interrompeu. — Por que consideramos aquelas mulheres sagradas se apenas podemos tomá-las?

— Porque é o que Seraphire queria.

— Seraphire é uma lenda.

Caelan rosnou e apertou firme os braços da poltrona, mas a única resposta de Alexander foi começar a rir.

— Você sempre foi muito leal à deusa que nos abençoou. Mas ela desapareceu há trezentos anos. Depois disso, foram apenas casamentos abençoados por suas filhas, o Clã da Lua Negra.

Ele suspirou e passou a mão pelos cabelos antes de continuar:

— Precisamos ter controle sobre as profecias. Precisamos ter controle sobre nossos inimigos. Com as profecias, ditamos a ordem.

— Não era isso que nosso pai…

Alexander o interrompeu outra vez:

— Malthus está morto, e sua última vontade era que eu fosse o líder. E eu sou.

A última frase ribombou no espaço, e Alexander se levantou da poltrona. Caelan o seguiu.

— Sabe o que encontrei nos papéis de nosso pai?

Caelan seguiu o olhar para a antiga mesa de Malthus, onde o alfa sempre estava sentado, sem se perturbar com o mundo lá fora. Mas aquilo não existia mais, e, quando Alexander se sentou em sua cadeira, Caelan soltou um ruído com a boca.

— Melissa é uma prisioneira nas terras do Clã das Sombras. Nossa aliança foi desonrada. Melissa, nossa irmã, serve a homens que a desonraram e a tomam como escrava. É isso que quer para o nosso clã?

Aquilo fez o corpo de Caelan se retesar, a fúria subindo por sua garganta com um gosto amargo. O Clã das Sombras sempre fora seu inimigo. Agora, com a morte de Malthus, estavam começando a mostrar as garras novamente.

— Nosso pai era um covarde — Alexander cuspiu as palavras, e Caelan o encarou com a fúria que havia em seu coração.

— Em vez de ir à guerra contra a Sombra, ele preferiu fazer uma aliança.

— Uma aliança que havia sido cumprida...

— Até sua morte — Alexander rebateu com um sorriso. — Eles não querem uma aliança, Caelan, eles querem guerra. E é o que teremos.

— Malthus não queria isso...

— Nosso pai era um covarde, e eu não serei — Alexander aumentou o tom de voz, como se não existisse outra opção. Caelan cerrou os punhos ao redor do corpo, de pé em frente a Alexander.


Malthus, seu pai, havia trabalhado pela paz do clã por muito tempo, mas agora tudo girava em torno da vingança particular de Alexander.


— Isso vai contra as leis de Seraphire, Alexander, se você...


Caelan lutava com a razão em seu coração, mas Alexander parecia cego, e então seu riso foi a confirmação de que ele precisava.


— Você não vai me convencer, Caelan. Nem nosso pai em seu leito de morte me convenceu.


— O que quer dizer com isso? — As palavras de Alexander pareciam venenosas aos ouvidos de Caelan, em um tom perigoso demais.


— Vou tomar a sacerdotisa escolhida daquele clã como minha esposa. Assim, posso controlar os outros clãs através de seu dom.


— Alexander... — Caelan ameaçou, mas aquilo parecia inútil.


— Nosso pai também achou que era loucura meus pensamentos, que as sacerdotisas eram sagradas.


— Não vou apoiar uma guerra, Alexander.


Os olhos de Alexander se tornaram vítreos e selvagens por um momento, e o esgar em sua boca era evidente. Ele odiava ser contrariado.


— Nosso pai também disse a mesma coisa.


Aquilo fez Caelan encará-lo de volta, e o sorriso de seu irmão se alargou.


— O que quer...


— Ele queria que você fosse o escolhido, Caelan, porque sempre foi o preferido. Mas, para tornar real a minha vingança contra o Clã da Sombra, eu precisava de um empurrão.


Alexander o circundou, e foi quando Caelan percebeu que ele parecia, ao mesmo tempo, longe e perto demais, como se o sondasse. As sombras ao redor da fogueira dançavam sobre seus olhos, e ele apoiou as mãos no braço da cadeira, evitando cair.


— O que tinha na bebida? — perguntou, sentindo, pela primeira vez, a tontura sobre seu corpo.


— A mesma coisa que fez com que nosso pai me escolhesse.


— Alexander — Caelan rosnou, mas aquilo só fez com que Alexander abrisse ainda mais o sorriso.

— Ele disse que eu era louco e que você era o mais adequado para liderar nosso clã. — Fez uma pausa e continuou com desdém: — Você? — Alexander se levantou e logo se agachou à altura de Caelan, que estava curvado agora, tentando manter o corpo em pé.

— Você, que só pensa em foder as lobas de nosso clã, que só pensa em liberdade e que prefere abaixar a cabeça a ir à guerra? — Ele cuspiu as palavras e negou com a cabeça.

Caelan não conseguia respirar. Seja lá o que tivesse bebido, parecia azedo em sua garganta, deixando seu corpo mole e sem equilíbrio. Ele mal conseguia reunir forças para responder a Alexander.

— Não podia deixar que um idiota como você fosse a escolha de nosso pai, então só adiantei sua passagem.

Aquela informação fez com que uma força brotasse dentro do corpo de Caelan. Era como uma tempestade, uma fúria morna que avançava como ondas sobre o cais.

— Você o matou?

Sigue leyendo en Buenovela
Escanea el código para descargar la APP
capítulo anteriorcapítulo siguiente

Capítulos relacionados

Último capítulo

Escanea el código para leer en la APP