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Escolhas do Coração
Escolhas do Coração
Por: Weenny Alves
Capítulo 1 – Weenny: Memórias e Sonhos

Essa obra retrata a minha história... O enredo de um sonho que se tornou real, nunca poderia imaginar que viveria algo tão incrível assim, foi inesperado e arrebatador. Personagens advindos de romances de contos de fadas surgiram e mudaram a minha vida.

Meu nome é Weenny Alves, o amo porque meu pai o escolheu, muito antes de ter certeza de que a sua tão sonhada menina viria ao mundo. Ele sempre fez questão de dizer que o seu significado era pequena vencedora, talvez ele tivesse razão, afinal já passei por muita coisa. Carrego seu sobrenome com o orgulho de seu legado e de ser reconhecida com a filha do senhor Ronaldo Alves.

...Dias atuais...

Depois de um dia de trabalho cansativo procuro um pouco de descanso e calmaria, pego um copo de suco gelado e vou para a sala, gosto de apreciar o pôr do sol, é nesse momento que vejo um álbum antigo na estante e o pego, sento no confortável sofá e começo ver as fotos com um certo saudosismo. São as fotos dos últimos cinco anos, são tantos os acontecimentos que me fazem voltar no tempo.

São Paulo, dois mil e nove. Balancei a cabeça como se não acreditasse em como o tempo passou tão depressa. Naquela época faltava um ano e meio para eu concluir minha faculdade de fisioterapia, eu lutava arduamente para me formar, minha família sempre foi pobre e não podiam me ajudar financeiramente, eu precisava de dinheiro para me manter e por isso fui procurar um emprego.

A minha única opção foi entrar em uma empresa de telemarketing, a carga horária me agradava porque me permitia estudar e ter alguma renda, mas não gostava do tipo de trabalho, enrolar as pessoas nunca foi o meu forte, sempre fui muito franca e sincera.

A parte boa daquilo tudo foi ter conhecido a Carol, que trabalhava na cabine à minha frente e me oferecia ajuda sempre que eu precisava, era muito simpática e alegre, não demorou para nos tornamos amigas e confidentes, mas até certo ponto, pois havia um assunto que era sagrado e eu precisava ser cautelosa ao dar as minhas impressões: Flavio. Ela não aceitava que eu, ou que qualquer outra pessoa, falasse mal dele, por isso eu sempre tinha a impressão de que havia algo a mais em toda a história que ela contava sobre ele, era como se omitisse algumas coisas. Muitas vezes notei sua tristeza e algumas lágrimas que ela insistia em disfarçar, eu tentava ajuda-la, mas ela não permitia e isso me corroía por dentro.

Vejo uma foto com a Mayara, a conhecemos em dois mil e dez, quando ela veio trabalhar no mesmo setor que eu, na cabine ao meu lado. Ela mostrou ser uma menina delicada e tímida, parecia muito assustada em seu primeiro dia, Carol e eu tratamos de acalmá-la e ajudar em tudo o que podíamos. Logo fomos cativadas por sua doçura e simplicidade e nos tornamos amigas. Eu estranhava sua roupas largas e fechadas, mesmo nos dias mais quentes, Mayara também não conversava com os homens e sempre tinha que sair rapidamente após o término do nosso trabalho, um tempo depois ousei perguntar o porquê disso tudo, descobri que ela estava em um relacionamento com um homem machista, ciumento e controlador.

Nós sempre conversávamos durante os intervalos, dávamos um jeito de sairmos ao mesmo tempo e os supervisores já estavam tão acostumados com a nossa amizade que permitiam, porque éramos boas funcionárias e cumpríamos nossas obrigações. Também tínhamos algum tempo para conversar nos trajetos de ida e volta no ônibus fretado que nos levava até a empresa, além do restante do dia pelos aplicativos de celular.

Peguei uma foto onde estávamos abraçadas e com expressões de choro, lembrei daquela conversa tensa no final do ano. Tinha acabado de concluir o meu curso na universidade, estava decidida a pedir demissão da empresa de telemarketing porque tudo o que eu mais queria era concretizar o meu sonho e objetivo de ser fisioterapeuta.

Então, antes de ir até o supervisor para resolver isso, tive a dolorida conversa com minhas amigas, no primeiro intervalo.

— Por que você está tão séria? – Carol perguntou.

— Porque preciso dizer uma coisa que me deixa um tanto triste e feliz...

— Você está me assustando. – Mayara me interrompeu e disse.

— Vou direto ao ponto. Vocês sabem que eu me formei, agora sou uma fisioterapeuta e estou pronta para atender meus primeiros pacientes e vocês sabem disso mais do que ninguém...

— Você vai nos deixar, não vai? – Carol disse com lágrimas nos olhos.

— Por favor não fale assim, nunca vamos nos separar, somos amigas e eu me recuso a abandoná-las, mas eu preciso sair desse emprego, preciso trabalhar como fisioterapeuta, isso foi o que sonhei por quatro anos, por favor me entendam e me apoiem.

— Você sabe que sentiremos sua falta, mas não podemos ser egoístas. Carol, nós sabíamos que esse dia ia chegar, mais cedo ou mais tarde, até conversamos sobre isso. – Mayara disse olhando para nós duas com o carinho estampado em seus olhos.

— Vocês tem razão, mas não nos abandone, prometa! – Carol disse.

— Nunca abandonarei vocês, sabem disso, suas bobas. – eu as abracei e disse.

O tempo do intervalo acabou, enxugamos nossas lágrimas, Carol e Mayara voltaram para suas cabines, eu fui até o supervisor.

Fiquei satisfeita porque todos entenderam meus motivos para pedir a demissão, me despedir das meninas certamente foi a pior parte, com muita emoção e choro de saudades, mas elas me apoiaram mais uma vez.

Revi as fotos e recordei das doces sensações dos últimos anos, minhas melhores amigas, os pequenos e divertidos intervalos durante o trabalho, as festas temáticas...

Lembrei da chegada da Samara no natal de dois mil e dez, primeiro se tornou minha vizinha e pouco tempo depois minha amiga. Veio do Acre com a família, apenas as mulheres, Cícera e Cacilda, mãe e irmã, que saíam cedo para trabalhar como doméstica e manicure, enquanto Samara ficava em casa cuidando da avó Severina como se fosse sua cuidadora e a empregada da casa, afinal é sua obrigação, como a mãe dela sempre fez questão de dizer aos berros todas as noites.

Samara foi apresentada para Carol e Mayara e logo éramos um belo quarteto, muito diferentes entre si e talvez por essa razão a nossa amizade tenha se fortalecido tão depressa.

Sempre fui introvertida, meu grupo de amigos era muito pequeno e seleto, limitado quase que exclusivamente à essas três amigas. Preferia ler um bom livro ou ver televisão a sair para qualquer que fosse o evento ou compromisso, mas elas nunca me deixavam quieta.

Pego o álbum e o abraço, deixo-o bem próximo ao meu coração. Penso no quanto Carol, Mayara e Samara são importantes para mim e no quanto eu as amo, cuidamos umas das outras como verdadeiras irmãs.

Suspiro e tomo mais um gole do meu suco, folheio o álbum e me vejo com um lindo vestido vermelho...

...Tudo mudou ainda em dois mil e onze.

Logo no começo do ano, um mês depois de sair da empresa de telemarketing, consegui o tão sonhado emprego como fisioterapeuta, cuidei de pacientes muito graves e com poucas perspectivas de melhoras, mesmo assim me senti realizada e grata pelo privilégio de ajudar a melhorar os pequenos aspectos da vida dos meus pacientes, aplicando todo o conhecimento que adquiri através dos maravilhosos professores que tive. Comemorei cada pequenina melhora que meus pacientes tiveram, sempre me emocionei e lutei com eles, era mesmo o que eu queria fazer.

Desde a infância tive um sonho, um grande desejo que era incentivado por meu pai, ainda que eu soubesse que seria apenas uma distração e não uma profissão, eu queria dançar, desejava ser uma bailarina. Decidi aproveitar o tempo disponível para me dedicar a isso, conquistei outros grandes amigos, sentia que estava mudando para melhor, mas acabei mantendo essa parte da minha vida em segredo, não sei ao certo por qual motivo.

Sem dúvida esse foi o melhor ano de toda a minha vida, pelo menos até aquele momento. Jamais poderia esquecer das emoções que vivi com as pequeninas vitórias dos meus pacientes, as lágrimas derramadas de dor e de agradecimento, valorizando o esforço de cada dia de estudo, me fizeram ver que estava no caminho certo.

Seguro o albúm naquela última foto com os amigos que a dança me deu.

Sinto que a dança me libertou, me transformou e me deu amigos maravilhosos que conseguiram extrair de mim a Weenny que sempre sonhei ser, de quem sinto falta neste exato momento.

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