Essa obra retrata a minha história... O enredo de um sonho que se tornou real, nunca poderia imaginar que viveria algo tão incrível assim, foi inesperado e arrebatador. Personagens advindos de romances de contos de fadas surgiram e mudaram a minha vida.
Meu nome é Weenny Alves, o amo porque meu pai o escolheu, muito antes de ter certeza de que a sua tão sonhada menina viria ao mundo. Ele sempre fez questão de dizer que o seu significado era pequena vencedora, talvez ele tivesse razão, afinal já passei por muita coisa. Carrego seu sobrenome com o orgulho de seu legado e de ser reconhecida com a filha do senhor Ronaldo Alves.
...Dias atuais...
Depois de um dia de trabalho cansativo procuro um pouco de descanso e calmaria, pego um copo de suco gelado e vou para a sala, gosto de apreciar o pôr do sol, é nesse momento que vejo um álbum antigo na estante e o pego, sento no confortável sofá e começo ver as fotos com um certo saudosismo. São as fotos dos últimos cinco anos, são tantos os acontecimentos que me fazem voltar no tempo.
São Paulo, dois mil e nove. Balancei a cabeça como se não acreditasse em como o tempo passou tão depressa. Naquela época faltava um ano e meio para eu concluir minha faculdade de fisioterapia, eu lutava arduamente para me formar, minha família sempre foi pobre e não podiam me ajudar financeiramente, eu precisava de dinheiro para me manter e por isso fui procurar um emprego.
A minha única opção foi entrar em uma empresa de telemarketing, a carga horária me agradava porque me permitia estudar e ter alguma renda, mas não gostava do tipo de trabalho, enrolar as pessoas nunca foi o meu forte, sempre fui muito franca e sincera.
A parte boa daquilo tudo foi ter conhecido a Carol, que trabalhava na cabine à minha frente e me oferecia ajuda sempre que eu precisava, era muito simpática e alegre, não demorou para nos tornamos amigas e confidentes, mas até certo ponto, pois havia um assunto que era sagrado e eu precisava ser cautelosa ao dar as minhas impressões: Flavio. Ela não aceitava que eu, ou que qualquer outra pessoa, falasse mal dele, por isso eu sempre tinha a impressão de que havia algo a mais em toda a história que ela contava sobre ele, era como se omitisse algumas coisas. Muitas vezes notei sua tristeza e algumas lágrimas que ela insistia em disfarçar, eu tentava ajuda-la, mas ela não permitia e isso me corroía por dentro.
Vejo uma foto com a Mayara, a conhecemos em dois mil e dez, quando ela veio trabalhar no mesmo setor que eu, na cabine ao meu lado. Ela mostrou ser uma menina delicada e tímida, parecia muito assustada em seu primeiro dia, Carol e eu tratamos de acalmá-la e ajudar em tudo o que podíamos. Logo fomos cativadas por sua doçura e simplicidade e nos tornamos amigas. Eu estranhava sua roupas largas e fechadas, mesmo nos dias mais quentes, Mayara também não conversava com os homens e sempre tinha que sair rapidamente após o término do nosso trabalho, um tempo depois ousei perguntar o porquê disso tudo, descobri que ela estava em um relacionamento com um homem machista, ciumento e controlador.
Nós sempre conversávamos durante os intervalos, dávamos um jeito de sairmos ao mesmo tempo e os supervisores já estavam tão acostumados com a nossa amizade que permitiam, porque éramos boas funcionárias e cumpríamos nossas obrigações. Também tínhamos algum tempo para conversar nos trajetos de ida e volta no ônibus fretado que nos levava até a empresa, além do restante do dia pelos aplicativos de celular.
Peguei uma foto onde estávamos abraçadas e com expressões de choro, lembrei daquela conversa tensa no final do ano. Tinha acabado de concluir o meu curso na universidade, estava decidida a pedir demissão da empresa de telemarketing porque tudo o que eu mais queria era concretizar o meu sonho e objetivo de ser fisioterapeuta.
Então, antes de ir até o supervisor para resolver isso, tive a dolorida conversa com minhas amigas, no primeiro intervalo.
— Por que você está tão séria? – Carol perguntou.
— Porque preciso dizer uma coisa que me deixa um tanto triste e feliz...
— Você está me assustando. – Mayara me interrompeu e disse.
— Vou direto ao ponto. Vocês sabem que eu me formei, agora sou uma fisioterapeuta e estou pronta para atender meus primeiros pacientes e vocês sabem disso mais do que ninguém...
— Você vai nos deixar, não vai? – Carol disse com lágrimas nos olhos.
— Por favor não fale assim, nunca vamos nos separar, somos amigas e eu me recuso a abandoná-las, mas eu preciso sair desse emprego, preciso trabalhar como fisioterapeuta, isso foi o que sonhei por quatro anos, por favor me entendam e me apoiem.
— Você sabe que sentiremos sua falta, mas não podemos ser egoístas. Carol, nós sabíamos que esse dia ia chegar, mais cedo ou mais tarde, até conversamos sobre isso. – Mayara disse olhando para nós duas com o carinho estampado em seus olhos.
— Vocês tem razão, mas não nos abandone, prometa! – Carol disse.
— Nunca abandonarei vocês, sabem disso, suas bobas. – eu as abracei e disse.
O tempo do intervalo acabou, enxugamos nossas lágrimas, Carol e Mayara voltaram para suas cabines, eu fui até o supervisor.
Fiquei satisfeita porque todos entenderam meus motivos para pedir a demissão, me despedir das meninas certamente foi a pior parte, com muita emoção e choro de saudades, mas elas me apoiaram mais uma vez.
Revi as fotos e recordei das doces sensações dos últimos anos, minhas melhores amigas, os pequenos e divertidos intervalos durante o trabalho, as festas temáticas...
Lembrei da chegada da Samara no natal de dois mil e dez, primeiro se tornou minha vizinha e pouco tempo depois minha amiga. Veio do Acre com a família, apenas as mulheres, Cícera e Cacilda, mãe e irmã, que saíam cedo para trabalhar como doméstica e manicure, enquanto Samara ficava em casa cuidando da avó Severina como se fosse sua cuidadora e a empregada da casa, afinal é sua obrigação, como a mãe dela sempre fez questão de dizer aos berros todas as noites.
Samara foi apresentada para Carol e Mayara e logo éramos um belo quarteto, muito diferentes entre si e talvez por essa razão a nossa amizade tenha se fortalecido tão depressa.
Sempre fui introvertida, meu grupo de amigos era muito pequeno e seleto, limitado quase que exclusivamente à essas três amigas. Preferia ler um bom livro ou ver televisão a sair para qualquer que fosse o evento ou compromisso, mas elas nunca me deixavam quieta.
Pego o álbum e o abraço, deixo-o bem próximo ao meu coração. Penso no quanto Carol, Mayara e Samara são importantes para mim e no quanto eu as amo, cuidamos umas das outras como verdadeiras irmãs.
Suspiro e tomo mais um gole do meu suco, folheio o álbum e me vejo com um lindo vestido vermelho...
...Tudo mudou ainda em dois mil e onze.
Logo no começo do ano, um mês depois de sair da empresa de telemarketing, consegui o tão sonhado emprego como fisioterapeuta, cuidei de pacientes muito graves e com poucas perspectivas de melhoras, mesmo assim me senti realizada e grata pelo privilégio de ajudar a melhorar os pequenos aspectos da vida dos meus pacientes, aplicando todo o conhecimento que adquiri através dos maravilhosos professores que tive. Comemorei cada pequenina melhora que meus pacientes tiveram, sempre me emocionei e lutei com eles, era mesmo o que eu queria fazer.
Desde a infância tive um sonho, um grande desejo que era incentivado por meu pai, ainda que eu soubesse que seria apenas uma distração e não uma profissão, eu queria dançar, desejava ser uma bailarina. Decidi aproveitar o tempo disponível para me dedicar a isso, conquistei outros grandes amigos, sentia que estava mudando para melhor, mas acabei mantendo essa parte da minha vida em segredo, não sei ao certo por qual motivo.
Sem dúvida esse foi o melhor ano de toda a minha vida, pelo menos até aquele momento. Jamais poderia esquecer das emoções que vivi com as pequeninas vitórias dos meus pacientes, as lágrimas derramadas de dor e de agradecimento, valorizando o esforço de cada dia de estudo, me fizeram ver que estava no caminho certo.
Seguro o albúm naquela última foto com os amigos que a dança me deu.
Sinto que a dança me libertou, me transformou e me deu amigos maravilhosos que conseguiram extrair de mim a Weenny que sempre sonhei ser, de quem sinto falta neste exato momento.
Olá meu nome é Ana Carolina, tenho vinte e quatro anos, meus amigos me chamam de Carol.Moro em uma cidade próxima a cidade de São Paulo, a mais ou menos uma hora de distância.Dias atuais...Ouço um toque no meu celular que avisa a chegada de uma nova mensagem.Vejo o nome do Flavio na tela, olho para a mesa á minha frente onde Weenny costumava sentar. Dói ao ver que ela não está mais ali.Isso me faz lembrar de quando nos conhecemos. Conheci a Weenny em meados de dois mil e nove, trabalhamos na mesma empresa e no mesmo setor quase no mesmo horário.Quando comecei nessa empresa, me sentia perdida, então ela percebia isso e me ajudava bastante, com isso fomos criando uma amizade conforme o tempo.Lembro até hoje de quando ela anunciou quando precisava seguir em frente. Eu j&aacut
Hoje é trinta de Janeiro de dois mil e treze, mal podia imaginar em tudo o que me aconteceu, meu coração está esfacelado, partido em pedaços, mesmo assim me obrigo a continuar firme.O sol está se pondo e me sinto exausta, mas ainda tenho trabalho a fazer. Chego na casa do último paciente do dia, o preparo e explico pacientemente o que pretendo fazer porque preciso que ele compreenda e que confie em mim, minutos depois o coloco em pé.— Isso mesmo! Venha, o Senhor consegue. – digo ao tentar disfarçar as lágrimas de alegria ao ver meu paciente dar seus primeiros passos, após um derrame que o deixou preso ao leito por oito meses.O rádio está ligado, ouço uma música Corazón Partío do cantor Alejandro Sanz é uma canção eu adoro, mas que me leva direto ao passado e me faz lembrar de maus momentos.
Depois daquele dia com minha mãe as coisas ficaram mais fáceis, minha mãe estava me ajudando muito. Decidi sair do emprego que eu estava e consegui o emprego dos meus sonhos na empresa dos meus sonhos, estava indo tudo bem, já estava até fazendo faculdade de engenharia civil, Flavio realmente era um assunto que tinha decidido deixar no passado.Fui para casa um pouco mais aliviada, mas como diz o ditado “felicidade de pobre dura pouco”. Flavio entra em contato comigo novamente, no primeiro momento levei um baque, já estava paquerando outro rapaz que trabalhava comigo.Flavio insistiu muito para me ver, dizia que precisava resolver um assunto e precisava da minha ajuda. Ele me pegou no ponto fraco, não conseguia negar ajuda a ninguém, ainda que fosse meu maior inimigo me pedindo ajuda, nunca iria recusar. Continuou insistindo por dois dias, então resolvi me encontrar com ele
Me dedico inteiramente à fisioterapia nesses dois meses, trabalhando cerca de treze horas por dia, inclusive fins de semana e feriados, preenchendo intermináveis relatórios e prontuários à noite, dormindo pouco.Admito que nas poucas horas vagas me exercito para que meu corpo não sinta tanta falta da dança quanto a minha alma sente.Certo dia aproveito a ausência de uma dos meus pacientes e ligo para Carol e Mayara, imagino que estejam na pausa do almoço.As duas se alegram ao ouvir a minha voz e logo tratam de contar a novidade, estão terminando de cumprir o aviso prévio, o que me faz lamentar por saber que estão desempregadas.— Não lamente! Essa é uma chance de encontrarmos algo melhor, acredite nisso. Essa viagem surgiu como uma grande oportunidade em nossas vidas, primeiro vamos descansar, depois Deus é quem sabe. – Carol diz, Mayara co
Finalmente chegou o mês de abril e com ele a nossa viagem, e a despedida da empresa também. Nessas horas que vemos que a vida não acontece exatamente como planejamos.No começo do mês de março recebemos a notícia que iriam reduzir o pessoal da equipe, e meu nome entrou na lista dos dispensados. Então duas semanas antes da viagem será o último dia na empresa. Foi bom enquanto durou, amizades foram feitas, lições aprendidas, mas agora é hora de seguir em frente e relaxar um pouco nessa viagem que está a caminho.Está chegando o dia da nossa viagem, minha mãe me chama pra conversar.― Filha estou preocupada com você.― Por que mãe?― Estou sentindo você muito abatida, você não sorri mais como antes, não tem mais ânimo pra nada, não vejo mais você falando com as suas amigas. Só de
Que correria hoje, chego em casa as dezoito hora tenho que viajar as cinco para as dez para o Rio. Passo um torpedo pro pessoal pra ver quem já está pronto, local de encontro e outros detalhes. Tomo um banho coloco uma blusa leve porque São Paulo é terra da garoa. O celular toca é o Eduardo. — Fala Edu. — Oi cara no Rio está frio igual aqui? Levo uma blusa? — Boa pergunta, não faço idéia, vou levar camisetas e bermuda além da blusa vai que de praia. — Você tem noticia das meninas? elas já estão prontas? Não pode atrasar! —¨I meu¨ , não faço idéia , elas nunca atrasam é o preço da beleza. Risos. Desligo o telefone, vou até a cozinha tomar um café. Sento por alguns segundos e penso olha aonde a dança esta me levando, uma profissão tão descriminada em nosso país, onde homem não pode dançar. Lembro de ver musicais antigos com meu pai e hoje vou sair pra uma especialização de dança, ritmo de paises am
Chegamos a uma boate, um lugar requintado, com uma moderna pista de dança, jardim ao ar livre, pessoas bonitas, comida cheirosa. Faço questão de elogiar o bom gosto das meninas.Samara sugere que procuremos uma mesa para nós antes que não haja mais nenhuma disponível, aceitamos sua sugestão e observamos atentamente o ambiente, cada uma olhando em uma direção, me surpreendo ao me deparar com Victor Gustavo, minha grande paixão do passado, ele está sentado ao lado de sua irmã Marília, Gopal e outra moça que desconheço.Tento disfarçar desviando o olhar, mas é tarde demais, Victor levanta e vem em minha direção, enquanto sinaliza gentilmente para eu me aproximar dele, por educação ou por mórbida curiosidade eu vou, faço questão de levar as meninas comigo.― Boa noite. Weenny, você está t
— Estamos todas prontas vamos?- May pergunta já bem ansiosa.— Vamos sim. Quem vai chamar o carro?— Deixa que eu chamo. – falo já saindo do quarto.Chego à recepção e pergunto por Rodrigo.— Só um instante senhora, ele já está vindo.— Obrigada.Assim que agradeço aguardo mais alguns segundos e ele aparece na recepção, como estou de costas para ele, o mesmo não me reconhece.— Em que posso ajudar senhora?- ele pergunta.Me viro devagar e consigo pegar o momento exato que ele abre a boca e me olha com admiração de cima baixa, como alguns costuma dizer por ai “dando uma conferida no material”, que particularmente acho que extremo mal gosto.— Carol, como você está linda, mais do que já é.— Obrigada Rodrigo. - digo me aproximan