DimitriJá era o nono dia desde o acidente e eu me recuperava cada vez mais. Não via a hora de Blair vir me visitar, ela tinha pousado pela manhã e eu ansiava por sua presença. Eu não aguentava mais viver longe dela, antes eu estava disposto a esperar o tempo que fosse e suportar aquela rotina insana do início do nosso relacionamento, mas após minha experiência de quase morte, a distância não era mais uma opção para mim.E, para minha sorte, ela pensava o mesmo.Tanto havia mudado em tão pouco tempo. Caminhei até a janela, observando o movimento do lado de fora do hospital. Parecia que fazia uma eternidade desde que estive fora daquelas paredes, eu sequer me lembrava a sensação. Passei alguns minutos parado ali, perdido em meus pensamentos quando uma batida na porta chamou minha atenção. Minha surpresa foi completa ao ver quem entrou no quarto.— Olga…Sua visita não era uma surpresa exatamente desagradável, nós dois conseguimos encontrar um meio termo em nossa convivência nos últim
Já era o fim da tarde quando minha mãe empurrou a cadeira de rodas que ela insistiu em alugar para que eu não fizesse esforços desnecessários. Eu obviamente pretendia devolver aquilo o mais depressa possível, mas na pressa de deixar logo o hospital para trás, eu aceitei tudo o que ela propôs sem discutir.Era tão bom estar em casa. Eu observei as paredes do elevador, ansiando que ele subisse mais depressa, tudo o que eu queria era entrar no meu apartamento e encontrar Blair! — Dá pra perceber a sua ansiedade, você pode se controlar um pouco, ela não vai fugir — Masha zombou.Ela tinha acompanhado minha mãe enquanto Blair continuava no apartamento arrumando sua mudança enquanto esperava pela minha chegada.— Calada — eu murmurei em meio a um sorriso enquanto tamborilava os dedos na perna.— Não pegue no pé do seu irmão, ele está ansioso para ver a nova decoração do apartamento dele — minha mãe zombou.Eu franzi o cenho, levantando meu rosto para encarar as duas. Que história é essa de
BlairO despertador soou, me fazendo revirar pela cama ainda envolta pela escuridão da noite. Eu respirei fundo antes de buscar o celular em cima da mesa de cabeceira.Duas da manhã.Eu acendi o abajur, levantando em seguida. Eu não tinha tempo a perder, em pouco mais de uma hora eu deveria me reunir com a equipe de bordo que me acompanharia naquele voo.Fui direto para o banheiro, colocando a áudio-aula para tocar enquanto eu tomava banho. — Excusez-moi, je dois vous laissez — eu repeti logo após a voz mecânica que vinha do celular. Onde eu estava com a cabeça quando decidi aprender francês sozinha? Eu podia pagar um professor. Após alguns minutos permitindo que a água quente percorresse todo o meu corpo, saí e comecei a dedicar meu tempo à tarefa que sempre exigia atenção. Eram tantos detalhes que eu tinha que me atentar para alcançar a perfeição que minha profissão exigia.— Vous pourriez me donner votre numéro téléphone... — eu repeti enquanto escovava os cabelos, me preparand
Blair Eu entrei apressada na sala de Briefing onde a tripulação do voo estava reunida. Esse tipo de reunião era comum e necessária, já que muitas vezes conhecíamos a tripulação apenas uma hora antes de embarcar. — Você está atrasada — Frank Carson, o comandante, com quem eu já tinha voado algumas vezes, avisou assim que entrei. — Eu tive um pequeno acidente no caminho, sinto muito — eu ofereci um sorriso cordial, usando toda a diplomacia que fui obrigada a aprender desde que escolhi essa profissão. — Vá conhecer o restante da tripulação — ele indicou com a cabeça, deixando passar meu pequeno deslize. Eu segui sua orientação, e pouco menos de uma hora depois estava recepcionando os passageiros que embarcavam. Eu adorava aquele trabalho, era muito mais do que voar, era como se eu fosse por algumas horas uma espécie de diplomata, treinada para garantir o conforto e segurança de todos os passageiros da aeronave. Assim que todos terminaram de se acomodar e o comandante acionou a t
BlairNós voltamos para o apartamento no fim da manhã, logo me acomodei na sacada, observando a vista que se abria à minha frente.Não pela primeira vez, eu me peguei pensando em como seria minha vida se eu me mudasse para Istambul, tentasse uma transferência, ou algo assim. Mas ao mesmo tempo era difícil pensar em deixar toda a minha vida para trás daquela maneira, todos os meus amigos estavam em Nova Jersey, meu apartamento, tudo. E além disso, eu duvidava seriamente se me acostumaria aos costumes conservadores daquele país. Uma coisa era visitareis pais ali, outra, era passar a viver sob aquela cultura.— Algum problema? — Yusef questionou, se sentando ao meu lado.— Não, nenhum — eu sorri antes de descer o olhar para um embrulho em suas mãos — o que é isso?— Eu comprei semana passada no grande bazar quando soube que você viria — ele relatou, colocando o embrulho em minhas pernas.Eu me ocupei em rasgar a embalagem sob olhar atento do homem, para logo em seguida erguer um lenço co
DimitriJá era quase meia noite e eu caminhava pelos corredores do meu prédio arrastando minha mala. Depois de um longo voo de treze horas eu fiquei feliz de estar em casa, entrando no apartamento, levei a mala para o quarto e fui para o chuveiro.Quando saí, apanhei meu celular e fui para a sala, me acomodando no sofá antes de observar a mensagem de Blair me desejando um bom voo. Depois que liguei para ela há dois dias, nós dois vínhamos trocando mensagens constantes. Não era nada demais, apenas estava entediado no hotel na noite de quarta e lhe pedi indicação de algum bar, o que ela prontamente atendeu, me fazendo terminar a noite assistindo a Wednesday Night Hockey em um bar esportivo próximo ao hotel.Após isso, nós passamos a nos falar regularmente. Blair me entreteve com sua rotina em Istambul, e quando soube que eu voltaria para St Petersburg ela me desejou uma boa viagem e eu não pude deixar de retribuir, sabendo que ela embarcaria algumas horas depois que eu.Eu chequei o ho
DimitriJoe não me atrasou em nada, e no horário estipulado estávamos dentro do carro a caminho da cidade onde meus pais viviam, a cerca de três horas de distância de St Petersburg. Eu não os visitava com tanta frequência, mas procurava manter o contato regularmente.— Me diz primo, como está a Maria? — Joe me provocou.— O que eu te disse naquela época ainda vale, Joe. Fique longe de minha irmã — eu ameacei, me referindo a uma época durante a adolescência de Maria, quando ela se viu apaixonada por ele.Joe nunca chegou a se envolver com ela, mas gostava de me provocar sobre o assunto. Eu sabia que apesar de sua fama, ele jamais magoaria a própria prima. Aquilo porém não evitou que eu o ameaçasse sempre que ele tocava no assunto.— Eu só estou falando, eu vi as fotos dela na internet e os anos apenas fizeram bem — ele insistiu.— Sabe o que mais melhorou com o tempo? Minha pontaria — eu lhe lancei um olhar enviesado, arrancando uma gargalhada do rapaz.— Eu não acho que você teria cor
Blair— Vamos, você viu a foto? Eu venci essa, comandante — não pude evitar um sorriso. Estava deitada em uma espreguiçadeira em uma praia próxima de San Juan aproveitando as horas de folga antes de embarcar.— Blair, estamos falando do Duomo em Milão — Dimitri devolveu, exalando diversão em sua voz — você precisa aceitar que é uma boa foto.— Não estou negando isso, estou falando que a minha ficou melhor — eu devolvi.Já fazia duas semanas que Dimitri e eu começamos a manter contato, e praticamente todos os dias trocavamos fotos dos lugares onde estávamos, competindo para ver quem tinha o melhor destino.— É uma praia, Blair.— É uma praia em Porto Rico, Dimitri — eu devolvi — Caribe. Você já esteve no Caribe alguma vez? Uma risada soou do outro lado da linha fazendo com que eu mordesse o lábio inferior, sentindo uma crescente onda de entusiasmo surgir em meu interior. Eu adorava conversar com ele, aquilo sempre tornava meu dia sempre mais interessante.— Não, Blair. Eu nunca esti