Blair
O despertador soou, me fazendo revirar pela cama ainda envolta pela escuridão da noite. Eu respirei fundo antes de buscar o celular em cima da mesa de cabeceira.
Duas da manhã.
Eu acendi o abajur, levantando em seguida. Eu não tinha tempo a perder, em pouco mais de uma hora eu deveria me reunir com a equipe de bordo que me acompanharia naquele voo.
Fui direto para o banheiro, colocando a áudio-aula para tocar enquanto eu tomava banho.
— Excusez-moi, je dois vous laissez — eu repeti logo após a voz mecânica que vinha do celular.
Onde eu estava com a cabeça quando decidi aprender francês sozinha? Eu podia pagar um professor.
Após alguns minutos permitindo que a água quente percorresse todo o meu corpo, saí e comecei a dedicar meu tempo à tarefa que sempre exigia atenção.
Eram tantos detalhes que eu tinha que me atentar para alcançar a perfeição que minha profissão exigia.
— Vous pourriez me donner votre numéro téléphone... — eu repeti enquanto escovava os cabelos, me preparando para prendê-los no coque baixo que eu usava de duas a três vezes por semana.
A campainha soou, fazendo com que eu descesse a escada que me levaria à sala do pequeno loft que comprei há alguns meses. Eu não estava nem um pouco surpresa por conta da visita no meio da madrugada, na verdade, antes mesmo de chegar à porta eu sabia de quem se tratava.
Apesar do horário incomum, Abigail estava perfeitamente arrumada com os cabelos loiros presos em um rabo de cavalo, e um conjunto de moletom preto.
— Bonjour — eu cumprimentei minha amiga assim que abri a porta, dando espaço para que ela entrasse.
— Eu preferia quando era atendida em turco — ela zombou, atravessando em poucos passos minha pequena cozinha, indo até a sala enquanto eu fechava a porta.
— Não é cedo pra você? — eu cruzei os braços, me encostando na bancada.
— Noah entrou agora na torre de controle — ela explicou — eu trouxe seu café da manhã e algo pra você levar pra ele.
Eu revirei os olhos, voltando a subir para o quarto no mezanino, eu precisava terminar de me arrumar para mais um vôo.
Abby era minha vizinha e amiga mais antiga. Seu namorado, em breve noivo, trabalhava no mesmo aeroporto em que ficava minha base. Noah Mitchell era controlador de voo e ela constantemente me procurava para enviar algo para o rapaz.
— Para onde você vai dessa vez? — ela se sentou em minha cama enquanto eu separava meu estojo de maquiagem, parando de frente para o grande espelho.
— Istambul — eu declarei sem cerimônias.
— Mesmo? E você vai vê-los?
— Claro, não vou passar três dias em um hotel se posso ficar na casa dos meus pais — eu dei de ombros enquanto trabalhava no delineador.
— Três dias? Blair, na sexta...
— Eu vou chegar a tempo, Abby — eu garanti — devo pousar no máximo às cinco, e seu jantar de noivado será às oito.
Ela me encarou com uma expressão desconfiada enquanto eu terminava com a maquiagem.
— Você precisa estar presente — ela enfatizou — por favor.
— E estarei, mesmo que seja para ver você dar o primeiro passo para se unir com seu tão sonhado encosto — eu pisquei para ela antes de ir até a sapateira, separando o par de scarpins vermelhos que, junto com o tailleur preto, compunham parte do meu uniforme de trabalho.
Abby reclamava de minha implicância com seu futuro marido, mas o que eu poderia fazer?
A implicância era mútua e era mais forte que nós dois. Não significa que eu não goste dele, ou o considere inadequado para minha amiga. Na verdade eles formam o casal perfeito.
— Aqui, eu fiz cookies para vocês — ela me entregou dois sacos de papel enquanto eu conduzia minha mala de rodinhas até a porta da frente.
— É bom ele estar em pausa, ou eu vou comer os dele também — eu avisei, saindo para o corredor após verificar se não tinha esquecido nada.
— Você pode comprar uma bebida para acompanhar os cookies? — ela implorou.
Eu a encarei com uma expressão séria.
Ela só podia estar enlouquecendo se pensa que vou gastar um minuto sequer na fila da cafeteria. Por que ele não cuida da própria bebida?
— Abby...
— Por favor — ela fez um biquinho enquanto me encarava com aqueles grandes olhos cor de jade — eu te dou o dinheiro, eu só quero fazer uma surpresa pra ele.
Eu suspirei antes de checar o horário. Eu não tinha tempo para discussões sem sentido.
— Eu vou comprar a bebida mais esquisita que tiver na cafeteria — eu avisei.
Eu voltei a ouvir minha aula durante o caminho, murmurando algumas frases desconexas, recebendo olhares desconfiados do motorista do táxi através do retrovisor.
Já no aeroporto eu caminhei confiante até a cafeteria. Eu adorava a forma como eu me sentia quando estava dentro daquele uniforme, o tailleur preto contornava perfeitamente meu corpo, a saia ia até a curva de meu joelho, nenhum centímetro a mais ou a menos, um lenço vermelho adornava meu pescoço enquanto a boina repousava em um ângulo próprio em minha cabeça.
Eu sabia que estava chamando atenção e adorava aquela sensação.
— Pra onde você vai hoje? — Alisson Green, uma das funcionárias do aeroporto, passou a caminhar ao meu lado.
— Turquia.
— Isso é tão injusto — ela gemeu — você tem uma vida incrível, e se eu fosse um pouco mais alta poderia ter também.
O sonho de Alisson era se tornar uma comissária de bordo, mas seus exatos 1,52 centímetros de altura não permitiam que ela seguisse adiante na profissão. Ela então se contentava em cuidar do embarque dos passageiros.
Nós duas paramos na cafeteria, observando o menu por algum tempo enquanto eu tentava decidir o que pedir.
— Eu vou querer um cinnamon latte e você, Blair?
— Um matcha latte — eu decidi, recebendo um olhar surpreso da garota.
— Matcha?
— Abby pediu para que eu comprasse algo para o Mitchell, decidi que ele quer experimentar algo novo — eu pisquei para ela.
Não demorou muito até que eu apanhasse o copo de papel com a bebida fumegante e seguisse até a área restrita, onde eu caminhei apressada ao lado de Alisson. Era bom ele estar esperando quando chegasse à sala de briefing indicada para a reunião da tripulação.
— Eu espero que tenha alguém conhecido na tripulação dessa vez — comentei com Alisson, caminhando cada vez mais depressa com medo de me atrasar.
— Deve ser estranho passar tanto tempo com quem você não conhece — ela comentou enquanto percorríamos os corredores juntas.
— Bom, em um vôo de 16 horas nós acabamos nos conhecendo — eu dei de ombros — mas seria melhor se tivesse um rosto conhecido ali.
Foi quando eu senti um impacto contra meu corpo, o conteúdo do copo foi totalmente perdido, mas para minha sorte, meu uniforme não sofreu nenhum dano.
— Mas que merda, por que não olha por onde anda? — eu murmurei, checando se estava tudo certo com minha roupa, enquanto Alisson permanecia petrificada ao meu lado.
— Desculpe, mas até onde eu sei, você esbarrou em mim — uma voz grossa, com um leve sotaque russo fez com que eu erguesse o rosto.
Eu pisquei atordoada ao ver a camisa branca que o homem usava por baixo do paletó preto completamente manchada de verde. Meu olhar seguiu direto para a manga de seu paletó, onde quatro faixas douradas adoravam a peça.
Não não não. Me diz que eu não derrubei Matcha no uniforme de um Comandante!
Alisson estava sem reação, provavelmente por saber que minha cabeça estava prestes a rolar.
— Eu sinto muito — eu me apressei em dizer — eu não te vi.
— Não...
— De verdade, eu devo ter um lenço em algum lugar — eu balancei a cabeça em negação antes de começar a revirar minha bolsa.
— Eu tenho um guardanapo — Alisson me ofereceu.
Eu o apanhei, o levando até a camisa ensopada do homem antes mesmo que ele tivesse alguma reação.
Ergui meu rosto para olhar o dele, que parecia muito divertido com a situação, apesar de todo o meu constrangimento e preocupação.
Seus olhos castanhos me observavam com uma expressão curiosa, fazendo com que eu me desorientasse por um momento.
Puta merda, eu não podia ter derrubado café em alguém menos bonito!?
Seus cabelos castanhos estavam cuidadosamente penteados sob o quepe, seu rosto era uma mistura de traços que beirava a perfeição, e sua barba bem cuidada aumentava ainda mais o seu charme.
Isso fez com que eu percebesse que em meio a minha contemplação, eu estava esfregando seu paletó com o maldito guardanapo de Alisson. Ele parece ter notado o mesmo, já que segurou meu pulso, me impedindo de continuar.
— Eu sinto muito — Eu repeti me sentindo mortificada por toda a situação — eu espero que você não tenha que voar agora.
— Não se preocupe, eu acabei de pousar — ele explicou, afastando minha mão de seu corpo.
Um alívio tomou conta de mim ao receber aquela informação. Ótimo ele pode mandar lavar o uniforme, o desastre não é completo!
— Blair, aí está você. Abby disse que você trouxe algo para mim — Noah se aproximou, atraindo nossa atenção.
— Se o Latte foi a única coisa que ela trouxe, está todo no uniforme dele — Alisson apontou para o piloto, que continuava parado a poucos centímetros de mim.
Noah arregalou os olhos, notando a situação que eu tinha me metido. Ele me lançou um olhar divertido diante do meu constrangimento. Antes que pudesse se manifestar, eu decidi tomar uma atitude para encerrar aquilo de vez.
— Aqui — eu estendi o saco de papel com os cookies para o comandante — um pedido de desculpas.
— Está tudo bem, de verdade — ele voltou a garantir, apesar de aceitar o embrulho.
— Se ela está oferecendo, é melhor você aceitar — Noah avisou — você tem sorte de ela não estar jogando toda a culpa pra cima de você.
Ótimo, não preciso me arrepender nem um pouco de ter dado os cookies dele ao invés dos meus!
— Eu não faria isso, a culpa foi minha — eu garanti.
— Você deveria fazer ela arcar com a conta da lavanderia também — Noah sugeriu.
— Não será necessário...
— Eu posso fazer isso, Mitchell — eu murmurei antes de me virar para o homem — você pode me mandar a conta da lavanderia, é o mínimo que eu posso fazer.
Ele se limitou a exibir um meio sorriso que me fez perder o fôlego. Atingida mais uma vez por sua beleza, eu lamentei estar prestes a embarcar para outro continente enquanto ele ficaria aqui.
— Então, onde está o pacote que a Abby me enviou, Blair? — Noah me trouxe de volta a realidade.
Em um movimento rápido eu cheguei a hora em meu relógio de pulso.
— Eu preciso ir, já estou atrasada para a reunião da tripulação — eu me apressei em dizer, antes de começar a me afastar, recebendo um olhar divertido de Alisson que já tinha compreendido o que eu tinha feito.
— Blair? Espera, onde você vai?— ele me chamou enquanto eu me afastava — Blair?
Eu me virei uma última vez acenando discretamente para o homem misterioso que deixei para trás sem sequer perguntar seu nome.
Será que um dia eu voltaria a encontrá-lo?
Blair Eu entrei apressada na sala de Briefing onde a tripulação do voo estava reunida. Esse tipo de reunião era comum e necessária, já que muitas vezes conhecíamos a tripulação apenas uma hora antes de embarcar. — Você está atrasada — Frank Carson, o comandante, com quem eu já tinha voado algumas vezes, avisou assim que entrei. — Eu tive um pequeno acidente no caminho, sinto muito — eu ofereci um sorriso cordial, usando toda a diplomacia que fui obrigada a aprender desde que escolhi essa profissão. — Vá conhecer o restante da tripulação — ele indicou com a cabeça, deixando passar meu pequeno deslize. Eu segui sua orientação, e pouco menos de uma hora depois estava recepcionando os passageiros que embarcavam. Eu adorava aquele trabalho, era muito mais do que voar, era como se eu fosse por algumas horas uma espécie de diplomata, treinada para garantir o conforto e segurança de todos os passageiros da aeronave. Assim que todos terminaram de se acomodar e o comandante acionou a t
BlairNós voltamos para o apartamento no fim da manhã, logo me acomodei na sacada, observando a vista que se abria à minha frente.Não pela primeira vez, eu me peguei pensando em como seria minha vida se eu me mudasse para Istambul, tentasse uma transferência, ou algo assim. Mas ao mesmo tempo era difícil pensar em deixar toda a minha vida para trás daquela maneira, todos os meus amigos estavam em Nova Jersey, meu apartamento, tudo. E além disso, eu duvidava seriamente se me acostumaria aos costumes conservadores daquele país. Uma coisa era visitareis pais ali, outra, era passar a viver sob aquela cultura.— Algum problema? — Yusef questionou, se sentando ao meu lado.— Não, nenhum — eu sorri antes de descer o olhar para um embrulho em suas mãos — o que é isso?— Eu comprei semana passada no grande bazar quando soube que você viria — ele relatou, colocando o embrulho em minhas pernas.Eu me ocupei em rasgar a embalagem sob olhar atento do homem, para logo em seguida erguer um lenço co
DimitriJá era quase meia noite e eu caminhava pelos corredores do meu prédio arrastando minha mala. Depois de um longo voo de treze horas eu fiquei feliz de estar em casa, entrando no apartamento, levei a mala para o quarto e fui para o chuveiro.Quando saí, apanhei meu celular e fui para a sala, me acomodando no sofá antes de observar a mensagem de Blair me desejando um bom voo. Depois que liguei para ela há dois dias, nós dois vínhamos trocando mensagens constantes. Não era nada demais, apenas estava entediado no hotel na noite de quarta e lhe pedi indicação de algum bar, o que ela prontamente atendeu, me fazendo terminar a noite assistindo a Wednesday Night Hockey em um bar esportivo próximo ao hotel.Após isso, nós passamos a nos falar regularmente. Blair me entreteve com sua rotina em Istambul, e quando soube que eu voltaria para St Petersburg ela me desejou uma boa viagem e eu não pude deixar de retribuir, sabendo que ela embarcaria algumas horas depois que eu.Eu chequei o ho
DimitriJoe não me atrasou em nada, e no horário estipulado estávamos dentro do carro a caminho da cidade onde meus pais viviam, a cerca de três horas de distância de St Petersburg. Eu não os visitava com tanta frequência, mas procurava manter o contato regularmente.— Me diz primo, como está a Maria? — Joe me provocou.— O que eu te disse naquela época ainda vale, Joe. Fique longe de minha irmã — eu ameacei, me referindo a uma época durante a adolescência de Maria, quando ela se viu apaixonada por ele.Joe nunca chegou a se envolver com ela, mas gostava de me provocar sobre o assunto. Eu sabia que apesar de sua fama, ele jamais magoaria a própria prima. Aquilo porém não evitou que eu o ameaçasse sempre que ele tocava no assunto.— Eu só estou falando, eu vi as fotos dela na internet e os anos apenas fizeram bem — ele insistiu.— Sabe o que mais melhorou com o tempo? Minha pontaria — eu lhe lancei um olhar enviesado, arrancando uma gargalhada do rapaz.— Eu não acho que você teria cor
Blair— Vamos, você viu a foto? Eu venci essa, comandante — não pude evitar um sorriso. Estava deitada em uma espreguiçadeira em uma praia próxima de San Juan aproveitando as horas de folga antes de embarcar.— Blair, estamos falando do Duomo em Milão — Dimitri devolveu, exalando diversão em sua voz — você precisa aceitar que é uma boa foto.— Não estou negando isso, estou falando que a minha ficou melhor — eu devolvi.Já fazia duas semanas que Dimitri e eu começamos a manter contato, e praticamente todos os dias trocavamos fotos dos lugares onde estávamos, competindo para ver quem tinha o melhor destino.— É uma praia, Blair.— É uma praia em Porto Rico, Dimitri — eu devolvi — Caribe. Você já esteve no Caribe alguma vez? Uma risada soou do outro lado da linha fazendo com que eu mordesse o lábio inferior, sentindo uma crescente onda de entusiasmo surgir em meu interior. Eu adorava conversar com ele, aquilo sempre tornava meu dia sempre mais interessante.— Não, Blair. Eu nunca esti
Blair— Eu não entendo, nós fizemos seu jantar de noivado faz algumas semanas — eu encarei Abby.Nós duas estávamos acomodadas na mesa de um restaurante próximo ao aeroporto onde eu aguardava para embarcar para meu próximo destino. Inicialmente eu saí de casa pensando que embarcaria às 10 horas para a Argentina, mas no fim, por conta de uma comissária que ficou gripada e obviamente não poderia voar, eu embarcaria às 15 horas para Amsterdã.— Sim, mas meus pais não gostaram de não participar e querem fazer uma recepção — ela explicou — você é minha dama de honra, Blair, precisa ir.Eu observei meu celular em busca de algum sinal de Dimitri. Ontem ele não me enviou mensagem alguma pela primeira vez desde que nos conhecemos, e eu estava estranhando todo aquele silêncio.— Você me ouviu? — Abby franziu o cenho.— Sim, eu só acho que atravessar o país para um segundo jantar de noivado é um exagero! — eu desviei o olhar do celular, voltando minha atenção para minha amiga.— Não se trata ape
BlairDimitri veio em minha direção com um sorriso contido no rosto. Minha mão foi envolvida pela sua quando a estendi para cumprimentá-lo. O meu próprio sorriso foi mais espontâneo diante de sua presença, apesar de não saber bem como agir, agora que estávamos finalmente frente a frente.— Hey comandante, eu quase não te reconheci sem a roupa manchada — eu o provoquei.— Você não está carregando nenhum copo, então acho que minha roupa ficará a salvo. Pelo menos até chegarmos ao restaurante — ele garantiu — estou hospedado no Sheratom, você quer ir até lá? Sheratom era um dos três hotéis que ficavam dentro do complexo do aeroporto, que também contava com uma estação de trem que nos levaria até o centro de Amsterdam em cerca de quinze minutos.— Você está brincando? Nós não vamos ficar no hotel tendo uma cidade incrível para conhecer, comandante — eu neguei.— Eu já conheço Amsterdã — ele achou graça.— Mas nunca a visitou na minha companhia, te garanto que será uma experiência complet
BlairApós dividir a conta, logo estávamos de volta às ruas de Amsterdã.— O que eu quero dizer é que se casar na mesma igreja que os pais é importante para sua amiga — ele retomou o assunto inicial enquanto caminhávamos lado a lado.— De novo isso? — eu gemi — eu não devia ter te contado.— Mas contou — ele me provocou.Para meu alívio, eu avistei algo que poderia nos distrair daquele assunto.— Uma feira! Vamos fazer compras, Dimitri — Eu corri na frente, o deixando para trás.Ele balançou a cabeça com um meio sorriso nos lábios antes de me acompanhar. Eu passei por todas as barracas, analisando os produtos em busca de algo aproveitável.Aquela era uma das minhas partes preferidas de cada viagem, eu adorava encontrar souvenirs que me lembrassem os destinos que já visitei, e geralmente era algum enfeite para meu apartamento. O que talvez acabasse me transformando com o tempo em uma espécie de acumuladora internacional.— Olha, comandante. Eu preciso dessas botas! — eu exclamei, apanh