Dimitri— Você está progredindo muito bem, Dimitri Yaroslavovich.A doutora Pavlova me elogiou após terminar de me examinar pela manhã. Já era o terceiro dia desde o acidente, e como eu disse para Blair no dia anterior, eu estava cansado de ficar naquele quarto sozinho. — Bem o suficiente para sair do isolamento? — eu tentei, recebendo em troca uma risada. A mulher, que parecia ter a minha idade, voltou a folhear meus exames, analisando cada ponto.— Talvez — ela piscou, me fazendo sorrir.— Você não imagina o quanto é bom ouvir isso — eu suspirei.— Depois de ontem, eu posso imaginar o seu desejo de ficar com a srtª Ozkan. Ela é uma peça única.Meu sorriso foi instantâneo ao falar sobre a Blair. Depois de temer tanto nunca mais encontrá-la, ela estava ali. Não que eu ficasse surpreso por ela ter ido, sua atitude não era nada estranha, eu faria o mesmo por ela, mas depois de passar tanto tempo sem ver ninguém além da equipe do hospital, eu comecei a desconfiar que ninguém soubesse
DimitriBlair me encarou boquiaberta, sem saber como responder. — Você está falando sério? — Blair, esse tempo que passamos separados só me fez perceber que eu não quero mais ficar longe de você. Eu não tenho um anel agora, mas posso conseguir um, caso você aceite. Ela se inclinou, colando nossos lábios em um beijo carinhoso. Eu levei uma mão até sua nuca e a outra para sua cintura, a puxando para perto de mim na tentativa de aumentar a intensidade do beijo. Já faz seis meses que eu não a beijava e era como se eu estivesse em meio a uma crise de abstinência. Eu tentei ignorar a dor que surgiu em meu abdômen, mas Blair se afastou, com certo esforço, soltando uma contida risada.— Calma lá, comandante, você acabou de sofrer um acidente aéreo, fazer uma cirurgia, e passar dias em isolamento, eu nem sei se podia ter te beijado — ela riu, se levantando para que eu não a alcançasse.— Eu me sinto ótimo, vem aqui que eu te mostro…— Eu tenho certeza que vai demorar um pouco mais para que
Blair Eu consegui um belo copo de café na cafeteria do hospital antes de ir para o quarto de Dimitri, me arrependendo imediatamente ao primeiro gole. Aquilo era a pior coisa que eu já tinha bebido naquele país! Bom, talvez a segunda pior coisa, eu pensei ao me lembrar do Kompot.Eu joguei o copo quase intocado no lixo antes de ir para o quarto para onde a enfermeira disse que levaria Dimitri, encontrando sua família inteira lá. Antes que eu pudesse cumprimentá-los, Masha me puxou para um canto.— Você falou com ele? — ela murmurou.— Sim, já resolvi tudo.Noiva! Eu não acredito que estou noiva!— E como vamos contar para meus pais?— Não vamos. Decidimos manter a história — eu dei de ombros.— Manter? Como assim manter? — Eu explico depois — eu a cortei ao ver a enfermeira empurrando a maca de Dimitri pelo corredor.Entrei no quarto e cumprimentei meus sogros, que pareciam prestes a me banhar com seu entusiasmo, mas a chegada do filho acabou ofuscando um pouco a situação.Eu me enc
BlairOs dois se apressaram para fora do quarto, me deixando para trás com o filho, que mantinha uma expressão decepcionada.— Por que eles foram embora? Eu queria que eles ficassem.Toda a frustração que eu sentia sumiu ao ver seu rosto. Era evidente que ele queria a companhia da família, e aquilo aplacou um pouco a irritação por toda a sua indiscrição.— Bom, então você devia ter deixado o papo naturalista de lado. Eu era a única pessoa do quarto com o mínimo interesse em te ver pelado — eu entrelacei nossos dedos — e antes que você diga qualquer coisa, eu tenho certeza que vou gostar da cicatriz.Ele suspirou, recostando a cabeça no travesseiro, parecendo deprimido. Ótimo, agora que estamos sozinhos ele não quer mais falar nada que me envergonhe,— Hey, qual o problema? — Eu não quero ficar sozinho — ele declarou com simplicidade, fazendo com que eu compreendesse o que estava acontecendo em sua mente.Nos últimos dias foi péssimo ficar longe dele e só poder vê-lo através daquele v
BlairBati na porta do quarto de Dimitri antes de abri-la, encontrando meu noivo sentado na cama, entretido com um celular. Eu entrei, arrastando as duas malas que eu carregava atrás de mim, atraindo sua atenção.— Blair, eu pensei que você não viria mais — ele sorriu, colocando o aparelho em cima da mesa de cabeceira ao lado da cama, onde a caixa estava.Já passavam das três da tarde, eu tinha decidido dar um pouco de espaço para a família dele aproveitar sua companhia, e também tinha muito a fazer.Eu deixei as malas no canto, indo até a cama, lhe dando um rápido beijo antes de me afastar.— Desculpe a demora, eu estava arrumando o seu apartamento e tentando encontrar um lugar para colocar as minhas coisas — eu expliquei.— E pelas malas eu devo presumir que você criou um espaço me despejando? Não pude evitar sorrir diante da conclusão, se ele está disposto a fazer piadas, quer dizer que está melhor do que quando o deixei ontem após contar detalhes do acidente.— Essa seria uma boa
BlairEu cheguei em meu loft em Newark no início da noite seguinte, me sentindo exausta por conta do jet lag, mas me esforcei para me manter acordada pelas próximas horas. Eu tinha muito o que fazer antes que pudesse me mudar.Após pedir meu jantar em um restaurante indiano da região, peguei duas malas no meu closet e comecei a guardar algumas roupas e sapatos. Amanhã eu teria que comprar um pouco de plástico bolha para embalar os enfeites que eu levaria para meu novo lar.Meu novo lar. Como as coisas mudaram em tão pouco tempo? Já faz quase um mês desde que recebi a ligação sobre meus pais e deixei meu apartamento, naquele dia eu sequer imaginaria que voltaria para casa apenas para embalar tudo.Eu consegui encher uma mala inteira antes que o cansaço me vencesse, adormeci em meio a uma pilha de roupas em cima da cama, despertando apenas na manhã seguinte com o toque do meu celular. — Bom dia, comandante — eu o cumprimentei em meio a um bocejo.— Nem preciso perguntar se você dormiu
DimitriJá era o nono dia desde o acidente e eu me recuperava cada vez mais. Não via a hora de Blair vir me visitar, ela tinha pousado pela manhã e eu ansiava por sua presença. Eu não aguentava mais viver longe dela, antes eu estava disposto a esperar o tempo que fosse e suportar aquela rotina insana do início do nosso relacionamento, mas após minha experiência de quase morte, a distância não era mais uma opção para mim.E, para minha sorte, ela pensava o mesmo.Tanto havia mudado em tão pouco tempo. Caminhei até a janela, observando o movimento do lado de fora do hospital. Parecia que fazia uma eternidade desde que estive fora daquelas paredes, eu sequer me lembrava a sensação. Passei alguns minutos parado ali, perdido em meus pensamentos quando uma batida na porta chamou minha atenção. Minha surpresa foi completa ao ver quem entrou no quarto.— Olga…Sua visita não era uma surpresa exatamente desagradável, nós dois conseguimos encontrar um meio termo em nossa convivência nos últim
Já era o fim da tarde quando minha mãe empurrou a cadeira de rodas que ela insistiu em alugar para que eu não fizesse esforços desnecessários. Eu obviamente pretendia devolver aquilo o mais depressa possível, mas na pressa de deixar logo o hospital para trás, eu aceitei tudo o que ela propôs sem discutir.Era tão bom estar em casa. Eu observei as paredes do elevador, ansiando que ele subisse mais depressa, tudo o que eu queria era entrar no meu apartamento e encontrar Blair! — Dá pra perceber a sua ansiedade, você pode se controlar um pouco, ela não vai fugir — Masha zombou.Ela tinha acompanhado minha mãe enquanto Blair continuava no apartamento arrumando sua mudança enquanto esperava pela minha chegada.— Calada — eu murmurei em meio a um sorriso enquanto tamborilava os dedos na perna.— Não pegue no pé do seu irmão, ele está ansioso para ver a nova decoração do apartamento dele — minha mãe zombou.Eu franzi o cenho, levantando meu rosto para encarar as duas. Que história é essa de