ENZO
Há alguns meses, aqui em Florença, surgiu um grupo de milícia denominado I Sepenti. Os maledetto estão colocando as asinhas de fora, esqueceram quem é que manda nessa cidade. Reuni meus soldados e tracei uma estratégia para aniquilar a milícia; eles têm ido além do que lhes foi permitido. As famiglias que estão sob a minha proteção têm se queixado que alguns homens têm recrutado seus filhos na escola e na faculdade para trabalharem para eles, chegando a serem agressivos.
Quando soube da existência desse grupo, não me importei, por ser um pequeno grupo de traficantes que compravam nossas drogas e as revendiam por um valor acima do nosso para obter lucro, porém I Sepenti cometeu um erro grave. Ninguém mexe com a famiglia, minha famiglia.
— Não quero nenhum maledetto vivo para contar a história — digo aos meus homens antes de dispensá-los. Faço questão de ir pessoalmente, quero capturar o líder e perguntar que ideia foi essa de tocar na famiglia. Ninguém me respeita mais nessa porra?
Pego minhas armas em cima da mesa. Coloco uma pistola no coldre que está na minha cintura, uma nas minhas costas e uma faca também no coldre.
— Está pronto chefe? — Confirmo com a cabeça.
— Vamos caçar umas serpentes pela cidade, minha cidade.
Meus soldados riem.
Chegamos no local onde eles costumam se organizar. Como combinado, nos dividimos para cercar de todos os lados. Com os gêmeos na minha cola, imobilizo o homem que guarda a entrada da casa do Ruan, chefe do I Sepenti. O homem alto e gordo cai no chão. Executo-o com um tiro em sua cabeça, usando o silenciador para não alertar os homens dentro da casa antes da hora.
Além dos gêmeos, tem mais cinco homens comigo. Enfio o pé na porta. Na sala, há três homens com bebidas e drogas sobre a mesa de centro; três mulheres seminuas os acompanham. O local está uma verdadeira bagunça. Eles não têm como reagir, meus homens já estão com armas apontadas em suas cabeças. A música alta impede quem está na parte interna da casa desconfie que algo esteja errado. Os gêmeos e mais dois soldados fazem uma varredura no local. Ouço tiros, em seguida duas mulheres passam por mim correndo. As outras que estão na sala catam suas roupas e as seguem para fora da casa.
— Chefe.
Um dos homens me chama. Caminho casa adentro e encontro dois homens mortos no chão do corredor que dá acesso aos outros cômodos. Pulo seus corpos e entro no cômodo onde estão meus soldados.
— Aqui, chefe, olha quem encontramos.
Dante está com o maledetto Ruan em sua posse, sentado em uma cadeira atrás de uma mesa velha de madeira com a arma em sua têmpora. Sobre a mesa, há diversas anotações, drogas, garrafas de cerveja e uma pistola, para a qual ele olha constantemente. Ruan não tem chance nenhuma de alcançar a arma, antes disso Dante estouraria seus miolos.
— Como você consegue viver nesse lixo? Sua casa, QG, boca de fumo, prostíbulo, seja o que for, é um nojo.
O homem me encara com um olhar curioso e, ao mesmo tempo, temeroso. Verifico as anotações; há alguns relatórios de compra e venda das drogas. Em outro caderno, está a contabilidade; em uma das folhas espalhadas há coisas escritas que não compreendo.
No topo da parede preta do lado oposto ao da sua mesa está escrito, em branco, Ruan dono da porra toda. No centro, o desenho de uma cobra envolta pelo nome de sua milícia, I Sepenti. Gargalho.
— Quer dizer que você é dono da porra toda? Leram isso? — pergunto aos meus homens, que riem.
— Essa foi boa chefe — o gêmeo Assis diz, ainda rindo.
— Segundo o que está escrito, você é dono da porra toda. Só se for desse lixeiro que chama de casa. Você se acha tão dono da minha cidade que se atreveu a tocar na famiglia, minha famiglia.
Soco tão forte seu rosto que seu corpo vai para trás junto com a cadeira. Meu soldado o segura antes que ele caia no chão.
— O que o senhor quer que a gente faça, chefe?
Caminho pelo cômodo imundo e penso no que fazer. Não sou como meu irmão Pietro, que acaba com tudo com uma simples bala. Gosto de me divertir. Faz tempo que não me divirto com um maledetto igual a ele.
Dono da porra toda, só rindo.
Chamo Dante e faço um pedido especial. Ele prontamente se retira; enquanto isso, verifico a contabilidade minunciosamente. Quero saber o quanto esses figlio di puttana têm lucrado em cima da nossa droga.
Estou com sede, mas não me atrevo a beber nada nessa imundice. Um dos meus soldados vai à rua e volta com várias garrafas de água. Dante retorna com uma caixa em suas mãos, atendendo ao meu pedido. Sorrio, porque está na hora de começar a brincadeira.
— Coloquem a cadeira de frente para a parede e o amarrem nela. — Dante coloca a caixa de frente para o Ruan. Aproximo-me dele e a abro. — Fazendo jus ao nome do seu grupo, trouxe um presente para você.
A serpente sai da caixa e começa a se enroscar em sua perna. Ruan grita, pedindo para que eu a tire. Ele está apavorado. Meus homens se divertem, dizendo várias coisas como “você não é o chefão fodão das cobras?”. Eles riem alto, e eu também. Faz tempo que não me divirto tanto. Suas calças ficam úmidas, o maledetto se mijou todo. Tenho que filmar essa, vou m****r para o Enrico.
— Já tinha visto uma piloto de olhos vermelhos antes? — pergunto ao maledetto, que continua gritando de medo. Já recebeu umas três picadas de tanto se mexer. Essa cobra é linda, marrom-amarelada. Seu nome original é Esculápio Italiana, conhecida como piloto de olhos vermelhos devido às suas íris vermelhas. Possuo esta belezura há dois anos, encontrei-a em um sítio onde exterminamos outro grupo de milícia. Esses maledetto são um pé no saco.
— Bem, acho que agora você sabe quem é o dono da porra toda, ou estou enganado?
— É você, cazzo — ele diz com a voz falhando. O excesso de veneno no seu sangue deve estar fazendo efeito.
— Não ouvi direito, o que você disse?
— Você. Você que é o dono da porra toda.
— Bom garoto, aprendeu direitinho a lição. — Dou dois tapinhas em seu rosto. — Que tal mais um pouquinho de diversão, rapazes? Dante, retire as calças dele.
Assim Dante faz. Ruan tenta argumentar, mas não consegue. Minha garota passa sua língua diversas vezes em seu pau murcho e depois volta a se enroscar em seu corpo. Ele treme e diz coisas inaudíveis.
— Cazzo, chefe, o maledetto ficou excitado — um dos meus soldados diz, levando todos a gargalharem, inclusive eu. Como foi dito, o pau dele está ereto. Com medo e excitado.
— Minha garota está conquistando corações. — Rio alto e a pego antes que ele queira fodê-la. Seu trabalho já foi feito, Ruan tem pouco tempo de vida. — Como é que pode, o cara se denomina rei das cobras, tem uma serpente enorme tatuada em sua costela e morre de medo de cobra? Em contrapartida, faltou pouco para gozar por causa de umas lambidinhas.
Meus homens gargalham e zombam do homem que está com seu corpo mole. Minha garota não brinca em serviço. Caminho para sala, e os outros soldados estão entre a sala e a varanda, aguardando-me. Eles eliminaram os demais do grupo que estavam espalhados, apenas os três que estão na sala permanecem vivos, aguardando a sua sentença.
— Mate-os — digo e me retiro da casa com a minha garota, que coloquei dentro da sua caixa.
— O que você acha, chefe, de a gente comemorar? — Assis pergunta esperançoso. Acostumei mal esses soldados, sempre depois de um grande feito, comemoramos. Acabo concordando, pois merecemos muita bebida e algumas bocetas para nos alegrar. Partimos para o clube; meus homens ainda se divertem com o que aconteceu e, entre uma bebida e outra, contam para os outros soldados do pavor que o Ruan ficou da minha garota.
Depois de algumas bebidas, vou ao porão verificar se Dante alimentou bem minha garota. Ela está em um enorme aquário de vidro que tenho na minha sala e amanhã vai para minha casa, onde é sua casa. Nos fundos da minha propriedade, cerquei uma boa metragem para que ela fique livre. Tem um minilago, árvore, tudo para minha garota ficar feliz. Ela é alimentada diariamente; as únicas pessoas que ela não ataca sou eu, o Dante, Assis e minha funcionária que a alimenta.
Bebo mais um pouco com os rapazes. Aos poucos, eles somem com as prostitutas, apenas os gêmeos permanecem bebendo comigo, ambos são casados. Quando resolvo ir embora, eles me acompanham. Meus homens acham estranho eu não transar com as prostitutas do clube, mas prefiro não misturar as coisas. Esse tipo de mulher é muito astuta. Sou vacinado contra vagabunda, não quero problemas por causa de boceta, ainda mais esse tipo.
KIARAMeus pés estão inchados. Foram tantas horas na sala de cirurgia que não poderia haver outro resultado. Meu paciente estava por um fio, a maioria dos seus órgãos comprometidos por causa do acidente no canteiro de obras em que trabalha. Ele caiu de uma altura de cinco metros. Se não fosse seu equipamento de segurança, o estrago seria maior. Seu capacete o salvou de tersérios problemas cerebrais.Sento-me no banco do vestiário e respiro aliviada ao retirar meus sapatos. Meus pés agradecem por estarem livres do aperto que o inchaço causou. Estou pensando seriamente em comprar sapatos com número acima do meu para essas ocasiões, porque a sala cirúrgica é uma incógnita: uma vez lá dentro, não temos previsão de quando sair.Ser uma cirurgiã-geral requer muitas horas de trabalho. Sou solicitada a todo tempo
ENZOCorro pelo parque como faço quase todas as manhãs, acompanhado de dois soldados, Dante e Assis, os gêmeos. Correr e me manter em forma faz parte do meu treinamento. Muitas vezes enfrento homens tão fortes quanto eu, preciso sempre estar preparado. Aumento o ritmo da corrida, abandonando algumas pessoas e deixando meus homens para trás. Eles resmungam, e sorrio.— Vocês parecem umas donzelas — digo. Os gêmeos fecham a cara, rio alto. No caminho de volta, uma mulher vem correndo em nossa direção. Ela corre como estivesse fugindo, a todo tempo olha para trás. Seu semblante parece o de uma pessoa atordoada. Propositalmente, não me afasto quando percebo que ela vai me atropelar. Seu corpo de curvas perfeitas vem de encontro ao meu.— Olha por onde anda — digo. Seus olhos estão arregalados, sua mente trabalha por alguns segundos. Observa meu rost
ENZOHá alguns anosEstou tão ansioso. Meus sapatos parecem que irão abrir um buraco no fundo de tanto que ando de um lado para o outro dentro do meu quarto. Daqui a poucas horas, irei me casar com a mulher da minha vida, a mulher que me deixa sem fôlego, que faz meu pau ficar duro só de pensar nela. Lembro-me como se fosse hoje o dia em que a conheci na faculdade. Seus cabelos negros e cacheados, sua pele escura e seus olhos negros como a noite me encantaram. Desde então, não consegui mais tirar meus olhos dela.Nosso primeiro beijo foi perfeito. Naquele instante, soube que ela seria minha. Antonella se tornou minha obsessão, tudo é para ela, por causa dela, e finalmente hoje será oficialmente minha. Minha cazzo!— Está pronto, figlio? — mio padre pergunta assim que entra no meu quarto. Respiro fundo e maneio a cabeça. E
Dias Atuais - ENZOEntro na mansão Mancinni, feliz por estar em casa novamente. Por mais que ame morar em Florença, esse é meu lar. Meu coroa reúne mensalmente toda a família na mansão. Nossas obrigações com a famiglia e a distância dificultam o convívio, nos comunicamos apenas por telefone, ou via internet. Apenas Pietro reside próximo a mio padre e ao Lorenzo.Por falar em Pietro, fico surpreso em ver Bianca conosco, ela raramente participa das nossas reuniões. Não sei como é o relacionamento dela com mio fratello, ele é muito fechado, mas aparentemente eles parecem se dar bem. Bianca é uma moglie muito bonita, tranquila e doce. Mio fratello é um cara de sorte. Quando me vê, Rico corre para meus braços. Meu sobrinho é um ragazzo maravilhoso e muito inteligente, agr
ENZOVejo-me parado na porta do hospital esperando por ela, como se realmente estivesse esperando-a para irmos juntos. Observo seus passos, que demostram cansaço. Minha vontade é de carregá-la em meus braços e levá-la para casa. Prometi a mim mesmo me afastar, mas a vontade de cuidar dela é mais forte do que eu. Desde que voltei de Roma, da reunião mensal na casa do mio padre, meus dias têm se resumido a trabalhar e observar a Kiara. Tenho a necessidade de saber se ela está bem, se nenhum maledetto vai tocá-la. Tenho agido como a porra de um stalker; tento evitar, mas é mais forte do que eu.Kiara entra no seu carro e, como nos outros dias, dá duas voltas no quarteirão antes de entrar na garagem do seu prédio. Sorrio, pois, com todo seu cuidado, ela não percebe que está sendo seguida por mim. Não consigo
KIARADepois de quatro dias internada no hospital onde trabalho e mais três dias na casa dos meus pais, finalmente estou em casa. Tudo o que mais quero é ficar no meu cantinho. Apesar do medo que sinto, nada melhor que meu lar. Adoro ficar na casa onde nasci, onde meus pais residem até hoje, porém, não via a hora de voltar para casa.Minha paranoia em relação à minha segurança aumentou. Hoje pela manhã, assim que cheguei, a primeira coisa que fiz foi pedir ao chaveiro que colocou minhas trancas que verificasse se elas estavam funcionando bem, se era necessário trocá-las. Ele deve ter achado que sou maluca, mas pouco me importei.Chega ser irônico toda essa minha preocupação com a minha segurança. Sempre fiquei atenta ao perímetro quando chegava durante à noite de carro, observava as ruas antes de abrir o portão do pr&ea
KIARAÉ isso mesmo? Isso não foi um convite, praticamente uma intimação.Enzo me dá as costas e se senta em uma poltrona da recepção. Mais uma vez, fico inerte, perdida em meus pensamentos. Nós dois não nos conhecemos, quer dizer, nunca fomos apresentados oficialmente. Nosso único contato foi naquele dia fatídico. Ele não se deu ao trabalho de perguntar se tenho compromisso, nem se quero jantar com ele. Há uma luta interna em mim. O meu medo de estar sozinha com um homem novamente me diz para dizer não, mas a parte sensata em mim diz para dizer sim, afinal, não se trata de qualquer homem, e sim do meu salvador, o homem a quem devo minha vida.— Você só tem dezoito minutos — ele diz assim que verifica seu relógio no pulso. Seus lábios exibem um sorriso de canto da boca. Mais uma vez, ajo feito uma idiota. Re
ENZOKiara fica surpresa quando a deixo na porta do seu condomínio, e imagino o motivo: não pedi seu endereço. Fizemos a viagem toda em silêncio. O assunto Antonella realmente me incomoda; pelo meu tom de voz, ela percebeu isso, por isso não arriscou a dizer nem uma palavra sequer. Meu motorista abre a porta do carro, ela desce, e desço em seguida para me despedir.— Buona notte — ela diz e vira as costas. Antes que dê mais um passo, seguro em seu braço. Sua pele se arrepia, ela fica tensa, parece com medo. Solto-a e levanto as mãos assim que ela me olha com seus olhos assustados.— Calma, sou eu. Enzo, lembra? — digo brincando. Ela solta a respiração audivelmente. Finjo procurar algo em seu rosto. Faço uma expressão de que tem algo errado; ela mexe nos cabelos, passa as mãos no rosto.— O quê? —