ENZO
Há alguns anos
Estou tão ansioso. Meus sapatos parecem que irão abrir um buraco no fundo de tanto que ando de um lado para o outro dentro do meu quarto. Daqui a poucas horas, irei me casar com a mulher da minha vida, a mulher que me deixa sem fôlego, que faz meu pau ficar duro só de pensar nela. Lembro-me como se fosse hoje o dia em que a conheci na faculdade. Seus cabelos negros e cacheados, sua pele escura e seus olhos negros como a noite me encantaram. Desde então, não consegui mais tirar meus olhos dela.
Nosso primeiro beijo foi perfeito. Naquele instante, soube que ela seria minha. Antonella se tornou minha obsessão, tudo é para ela, por causa dela, e finalmente hoje será oficialmente minha. Minha cazzo!
— Está pronto, figlio? — mio padre pergunta assim que entra no meu quarto. Respiro fundo e maneio a cabeça. Ele sorri e me abraça. — Estou muito orgulhoso de você, Enzo. Nunca imaginei que mio figlio mais novo e o mais sem vergonha seria o primeiro a se casar.
— Nem eu, pai. Antonella mudou minha forma de pensar, o senhor bem sabe que nunca levei ninguém a sério, mas ela me faz querer somente ela. A cada dia que passa estou mais apaixonado.
— É o amor, quando ele chega não tem jeito. Veja tuo padre, depois de tantos anos de casado, ainda apaixonado por sua mãe.
Ele me abraça, sorrindo. Estou transpirando de tanto nervosismo. Enzo Mancinni, o caçula dos homens da família, prestes a subir ao altar. Se alguém me dissesse isso há alguns anos, eu diria que essa pessoa era louca.
Lorenzo, Pietro, minha mãe e Nina entram no quarto.
— Mio fratello mais novo vai se enforcar antes de mim — Lorenzo diz, dando dois tapinhas em meu ombro.
— Você pode ser o mais velho, mas eu sou o mais gostoso, não posso ficar dando mole por aí. Sabe como é, muita mulher querendo desfrutar desta gostosura aqui.
Dou uma voltinha, mostrando meu corpo. Nina revira os olhos, todos riem. Mia madre me abraça, emocionada, dizendo que seu bebê vai se casar. Mio padre se diz orgulhoso do homem que me tornei. Pietro, na sua carranca de sempre, comenta que estou maluco. Desde que comuniquei à família que iria casar, ele não fala outra coisa. Sei que, como todos, ele torce por mim e que esse é o seu jeito. Meu irmão parece o Zangado dos sete anões, mas de anão ele não tem nada; de nós três, Pietro é o mais alto e mais forte.
**********
Aguardo no altar ansioso a mulher que escolhi para ser minha. A música começa a tocar e meu coração acelera. A porta da igreja se abre e tenho a visão de quão linda Antonella está em seu vestido branco, uma verdadeira princesa. Tudo à minha volta some, minha atenção é toda dela. Seu padre a entrega a mim. Beijo sua mão delicadamente, mas minha vontade é de saquear sua boca. O cerimonialista diz diversas coisas que não assimilo, pois não consigo parar de olhá-la. Minha obsessão por ela se intensifica cada vez mais.
Finalmente, chega a hora do sim. Faltou pouco para que eu mandasse o cerimonialista calar a boca e finalizar a cerimônia. Com as mãos tremulas, trocamos as alianças. Sem esperar o momento certo, tomo sua boca, a boca da minha esposa, minha mulher.
— Amor, não vejo a hora de ficar a sós com você. Por mim da igreja vamos para a nossa lua de mel.
— Que graça tem dar um festão e deixar tudo para trás? Vamos celebrar, Enzo, é o nosso casamento — ela diz.
Antonella tem razão. Ela quis tanto essa festa, minha obsessão por ela me faz a querer o tempo todo. Saímos da igreja e vamos para o salão que ela escolheu para a realização da festa. Seu desejo de casar-se na igreja e não fazer a festa na mansão Mancinni deixou meus pais chateados, ainda mais por eu ser o primeiro figlio a se casar, mas, mesmo não gostando de chatear meus coroas, o pedido da Antonella é uma ordem, faço de tudo para agradar minha mulher.
Posamos para algumas fotos e seguimos para a pista de dança. A banda toca uma música animada, minha mulher movimenta sua linda pele negra, que está se destacando em seu vestido branco, que está sem o excesso de tecido na parte de baixo. Antonella retirou assim que chegamos, está sexy para caralho. Todos os olhares estão sobre ela, e a parte obsessiva em mim faz com que eu a cerque por todos os lados.
Meus irmãos juntam-se a nós.
— Move essa bunda, Pietro — digo enquanto minha esposa, Nina, Lorenzo e eu dançamos. Pietro grunhe e vai se juntar ao Enrico, que é outro carrancudo. Sorrio. Esses dois nunca relaxam; até meu pai, o Don Guiseppe, está dançando. Percebo alguns olhares do Enrico para Nina, mas deve ser coisa da minha cabeça. Minha irmã só tem dezessete anos, e Enrico é como se fosse nosso fratello.
A banda toca algumas músicas que nunca ouvi. Todo o repertório foi escolhido por minha linda esposa, que, aliás, foi ao banheiro e ainda não voltou. Queria acompanhá-la, mas ela insistiu que eu ficasse. Decido ver se tudo está bem. Faz mais de vinte minutos que ela saiu, imagino que deva ter sido interceptada no caminho, pois desde que chegamos, ela ficou o tempo todo comigo, longe de sua família.
No percurso, pergunto a algumas pessoas se alguém a viu. Todos dizem que não; fico preocupado e vou até ao banheiro. Antes de bater na porta, ela abre, parece não estar bem.
— Enzo, que susto. — Ela coloca suas mãos em seu peito, parecendo realmente assustada. Mas por quê?
— O que houve, amor, está se sentindo mal? Você demorou tanto que vim ver o porquê da demora.
— Acho que a bebida não me caiu bem, vim lavar meu rosto e dar um tempo.
— Por que não me disse? Teria vindo com você. Me diz uma coisa, por que você se assustou quando me viu?
— Não foi porque te vi, e sim por abrir a porta e dar de cara com um homem na entrada de um banheiro feminino. Nem tinha associado que era você.
— Desculpa, amor, por ter te assustado. É melhor irmos embora. Se despede da sua família que vou organizar nossa saída.
Não sei por que, mas alguma coisa não está me agradando. Deve ser coisa da minha cabeça. Tudo relacionado à Antonella me leva ao extremo. Ela tem razão, eu a assustei.
Com o sistema de segurança organizado, vamos para o aeroporto. No avião particular, meus planos são frustrados. Antonella diz estar cansada, prefere dormir durante a viagem. Acomodo-a na cama e a deixo sozinha. Sentado em minha poltrona, penso o quanto a amo, no que sou capaz de fazer por ela. Estou muito feliz de tê-la feito minha, ao mesmo tempo, chateado porque a queria de quatro no meu pau.
Estou me sentindo incomodado, mas tenho que parar com essa porra. Antonella me pediu várias vezes para que eu diminua meus ciúmes.
“Enzo, por favor, você tem ciúmes do professor, do meu motorista, dos meus amigos, até de objetos que uso. Pare com esse ciúme senão a gente não vai dar certo. Amo você e quero muito que nossa relação seja para sempre”.
Antonella me disse em umas das minhas crises de ciúmes. Ela não entende que sou obcecado por ela. Só me falta eu estar assim só porque ela estava no banheiro. Tenho que concordar com Pietro, estou ficando maluco.
Dias Atuais - ENZOEntro na mansão Mancinni, feliz por estar em casa novamente. Por mais que ame morar em Florença, esse é meu lar. Meu coroa reúne mensalmente toda a família na mansão. Nossas obrigações com a famiglia e a distância dificultam o convívio, nos comunicamos apenas por telefone, ou via internet. Apenas Pietro reside próximo a mio padre e ao Lorenzo.Por falar em Pietro, fico surpreso em ver Bianca conosco, ela raramente participa das nossas reuniões. Não sei como é o relacionamento dela com mio fratello, ele é muito fechado, mas aparentemente eles parecem se dar bem. Bianca é uma moglie muito bonita, tranquila e doce. Mio fratello é um cara de sorte. Quando me vê, Rico corre para meus braços. Meu sobrinho é um ragazzo maravilhoso e muito inteligente, agr
ENZOVejo-me parado na porta do hospital esperando por ela, como se realmente estivesse esperando-a para irmos juntos. Observo seus passos, que demostram cansaço. Minha vontade é de carregá-la em meus braços e levá-la para casa. Prometi a mim mesmo me afastar, mas a vontade de cuidar dela é mais forte do que eu. Desde que voltei de Roma, da reunião mensal na casa do mio padre, meus dias têm se resumido a trabalhar e observar a Kiara. Tenho a necessidade de saber se ela está bem, se nenhum maledetto vai tocá-la. Tenho agido como a porra de um stalker; tento evitar, mas é mais forte do que eu.Kiara entra no seu carro e, como nos outros dias, dá duas voltas no quarteirão antes de entrar na garagem do seu prédio. Sorrio, pois, com todo seu cuidado, ela não percebe que está sendo seguida por mim. Não consigo
KIARADepois de quatro dias internada no hospital onde trabalho e mais três dias na casa dos meus pais, finalmente estou em casa. Tudo o que mais quero é ficar no meu cantinho. Apesar do medo que sinto, nada melhor que meu lar. Adoro ficar na casa onde nasci, onde meus pais residem até hoje, porém, não via a hora de voltar para casa.Minha paranoia em relação à minha segurança aumentou. Hoje pela manhã, assim que cheguei, a primeira coisa que fiz foi pedir ao chaveiro que colocou minhas trancas que verificasse se elas estavam funcionando bem, se era necessário trocá-las. Ele deve ter achado que sou maluca, mas pouco me importei.Chega ser irônico toda essa minha preocupação com a minha segurança. Sempre fiquei atenta ao perímetro quando chegava durante à noite de carro, observava as ruas antes de abrir o portão do pr&ea
KIARAÉ isso mesmo? Isso não foi um convite, praticamente uma intimação.Enzo me dá as costas e se senta em uma poltrona da recepção. Mais uma vez, fico inerte, perdida em meus pensamentos. Nós dois não nos conhecemos, quer dizer, nunca fomos apresentados oficialmente. Nosso único contato foi naquele dia fatídico. Ele não se deu ao trabalho de perguntar se tenho compromisso, nem se quero jantar com ele. Há uma luta interna em mim. O meu medo de estar sozinha com um homem novamente me diz para dizer não, mas a parte sensata em mim diz para dizer sim, afinal, não se trata de qualquer homem, e sim do meu salvador, o homem a quem devo minha vida.— Você só tem dezoito minutos — ele diz assim que verifica seu relógio no pulso. Seus lábios exibem um sorriso de canto da boca. Mais uma vez, ajo feito uma idiota. Re
ENZOKiara fica surpresa quando a deixo na porta do seu condomínio, e imagino o motivo: não pedi seu endereço. Fizemos a viagem toda em silêncio. O assunto Antonella realmente me incomoda; pelo meu tom de voz, ela percebeu isso, por isso não arriscou a dizer nem uma palavra sequer. Meu motorista abre a porta do carro, ela desce, e desço em seguida para me despedir.— Buona notte — ela diz e vira as costas. Antes que dê mais um passo, seguro em seu braço. Sua pele se arrepia, ela fica tensa, parece com medo. Solto-a e levanto as mãos assim que ela me olha com seus olhos assustados.— Calma, sou eu. Enzo, lembra? — digo brincando. Ela solta a respiração audivelmente. Finjo procurar algo em seu rosto. Faço uma expressão de que tem algo errado; ela mexe nos cabelos, passa as mãos no rosto.— O quê? —
ANOS ATRÁS - MARCODesde o dia que fui escolhido para ser seu segurança pessoal, minha vida mudou completamente. Lembro-me como se fosse hoje. Estava parado próximo às escadas que ficavam logo atrás da porta. Meu chefe, que era seu pai, a chamou.— Pérola. — Olhei para o topo da escada. Quando a vi, meu mundo parou. Cada degrau que ela descia, fazia com que eu ansiasse que se aproximasse o mais rápido possível de mim. Seu vestido meia taça modelava seu corpo até a cintura. Na parte da saia, era rodado e me dava a visão perfeita de suas longas pernas torneadas. Sorria para seu pai enquanto descia e, porra, eu queria aquele sorriso só para mim.— Perola, esse aqui é Marco, um homem de minha confiança. A partir de hoje, será seu segurança particular.Enquanto meu chefe nos apresentava, não conseguia tirar meus
KIARAO que está acontecendo comigo? Sempre fui cautelosa em relação à minha segurança, as trancas em minha porta confirmam isso, mas desde que fui atacada, tenho a sensação de estar sendo seguida, e isto está me apavorando.Pela manhã, decidi fazer uma faxina em casa. Depois do almoço, fui ao supermercado comprar algumas coisas que estavam faltando. No instante que coloquei meus pés na rua, meu coração ficou inquieto. Tinha certeza de estar sendo seguida. Expulsei esses pensamentos e me forcei caminhar até o supermercado que fica a uma quadra do meu condomínio. A cada pessoa que me cumprimentava, eu me exaltava, agia como louca.Comprei o que era necessário o mais rápido possível. Precisava da segurança do meu lar. Praticamente corri para casa agarrada às sacolas pressionadas em meu peito. Olhava para todos os
KIARAAs luzes são apagadas. Ajeito-me na cadeira e olho para a tela. Depois de tantos trailers, o filme enfim começa. Meu corpo está direcionado para a tela, mas minha mente está nas palavras do Enzo. Os sentimentos que ele desperta em mim são novidade para mim, faz tempo que um homem não consegue envolver meu corpo e meus sentimentos de uma só vez, principalmente um homem que acabei de conhecer. A última vez que senti algo que chegou perto disso foi pelo Matteo, a diferença era que eu o amava. Seu jeito doce e tranquilo eram meu porto seguro, eu confiava nele e o conhecia como ninguém. Matteo me fazia rir, que é algo em comum com Enzo; se bem que ele acabou de me fazer chorar.Já fiquei com alguns rapazes que não me despertaram interesse de ir para cama, ainda mais porque os conheci em barzinho ou na balada depois de alguns drinques. Depois do Matteo, só me