ENZO
— Desculpe se eu a decepcionei — Giovanni diz, e Kiara relaxa os ombros. Eles sempre ficam tensos quando ela sente medo ou se sente acuada.
— Perdoe-me, pensei que fosse meu namorado.
— Lógico que uma mulher tão linda como você tem namorado — diz como estivesse decepcionado. Ela sorri sem muita vontade. — Se incomoda se eu me sentar aqui — ele aponta para o sofá — e esperar com você? É que não estou me sentindo bem.
— Dio mio! — ela diz. Seu instinto de médica faz com que ela coloque sua bolsa em cima da mesa para cuidar de um provável paciente. — Posso verificar sua temperatura?
Ele meneia a cabeça e ela verifica seu pulso. Põe as costa
ENZOAssis me passou as coordenadas do local onde o maledetto do americano está reunido com seus comparsas. Nossos homens já estão no local, aguardando nossa chegada. Ainda não entendi o motivo do envolvimento do americano, sei que não tem nada a ver com a Kiara. Meus instintos me dizem que está relacionado ao ataque que fizemos ao clube onde trabalhavam escravas sexuais em Nova Iorque, porém, o que o John tem a ver com isso?Desde o dia que minha pequena saiu para almoçar com o doutor de merda, mantivemos dois homens de tocaia, Adamo e Damiano, os melhores quando se trata de espionagem. Em um vacilo da segurança do galpão, Damiano conseguiu acessá-lo. Nele encontrou todo o planejamento para o ataque ao meu clube, fez boas imagens.Por um instante, meus pensamentos me levam à minha uccello. Queria estar com ela em meus braços agora. Algo mud
ENZOAterrissamos em Roma pela manhã. Chegamos na mansão famintos e cansados da viagem, somado à adrenalina. Entramos na mansão. Ela está silenciosa, todos devem estar dormindo por conta da festa. Comemos feito verdadeiros animais, praticamente zeramos a cesta de pão, os bolos e a maioria das frutas. Pietro vai para casa, Enrico e eu seguimos para nossos quartos.Tomei banho e troquei de roupa no avião para tirar o cheiro e os vestígios de sangue do meu corpo. Ao entrar no quarto, retiro minha roupa. Fico apenas com a minha cueca boxer preta. Antes de me deitar ao lado da minha pequena, fecho as cortinas, me aconchego ao seu lado e, mesmo dormindo, ela junta seu corpo ao meu. Seu cabelo, que está uma bagunça, tampa meu rosto. Retiro-o com cuidado para não a acordar. Beijo sua cabeça e deixo que o cansaço me domine, logo adormeço.Acordo e a ca
KIARANunca pensei que um dia que fosse amar alguém como Enzo. Estar ao seu lado é como descobrir um mundo novo a cada dia, mundo esse que tem partes que eu preferia que não existissem, mas para estar com ele, tive que adquirir o pacote completo. Para minha surpresa, não interfere na nossa relação. Estou aprendendo a lidar aos poucos com tudo que ele tem para me oferecer.Ainda estou digerindo o que ele me contou sobre o John, nem nos meus melhores sonhos poderia supor que ele trabalhava para a máfia e que queria matar o Enzo, pior, usando-me como cobaia. Não consegui sentir nada quando Enzo disse que tirou a vida dele. Ainda estou trabalhando isso dentro de mim, mas não de uma forma condenatória; sei que Enzo fez isso para se proteger, nos proteger. Mesmo assim, é muita coisa para assimilar.Acabei de chegar em Roma. Mal entrei na mansão, Perla e Nina me arrastaram
KIARA— Meu Deus, Enzo, está querendo me matar? — digo tirando a água do meu rosto e batendo no meu ouvido. Ele quase me matou afogada. Exagero. Estamos feito dois adolescentes brincando de afogar um ao outro, porém, um pouco de drama é bem-vindo.— Te machuquei, amor? Desculpa.Aproveito sua preocupação e afundo sua cabeça. Tento fugir antes que ele se levante, mas ele segura minhas pernas. Quando menos espero, ele sai da água e prende meu corpo junto ao seu. Meu marido me suspende e beija descaradamente entre meus seios. Marido, amo dizer isso.— Enzo por favor, alguém pode…Não consigo concluir, porque ele desliza meu corpo para baixo e saqueia minha boca. Sua mão busca o cós do meu biquíni e envolve meu monte com movimentos leves. O som do meu gemido sai abafado em sua boca. Ele interrompe nosso beijo, praticam
ENZOJá dizia o ditado: nem tudo que reluz é ouro. A princípio, pensei que tinha em minhas mãos a mais bela e preciosas das pérolas, a pérola negra. Cuidava e a protegia como se pudesse se quebrar a qualquer momento.Tolo. Fui tolo, cego. Estava doente e não sabia. A paixão veio carregada de uma obsessão que sufocou meus instintos. Tudo que eu queria era formar uma família, ter uma mulher que me amasse e filhos saudáveis. Tudo que ganhei, contudo, foi decepção. A pérola, na verdade, era uma bijuteria insignificante, de pouco valor. Daquelas que só se usa uma vez.Ela me estragou, levou para seu túmulo tudo que eu acreditava. Meus desejos e sonhos foram enterrados, e seu fantasma passou a me perseguir, servindo de alerta para que eu nunca mais caísse na mesma armadilha, que não confiasse em mais ninguém, que meu destino era viver s&
ENZOHá alguns meses, aqui em Florença, surgiu um grupo de milícia denominado I Sepenti. Os maledetto estão colocando as asinhas de fora, esqueceram quem é que manda nessa cidade. Reuni meus soldados e tracei uma estratégia para aniquilar a milícia; eles têm ido além do que lhes foi permitido. As famiglias que estão sob a minha proteção têm se queixado que alguns homens têm recrutado seus filhos na escola e na faculdade para trabalharem para eles, chegando a serem agressivos.Quando soube da existência desse grupo, não me importei, por ser um pequeno grupo de traficantes que compravam nossas drogas e as revendiam por um valor acima do nosso para obter lucro, porém I Sepenti cometeu um erro grave. Ninguém mexe com a famiglia, minha famiglia.— Não quero nenhum
KIARAMeus pés estão inchados. Foram tantas horas na sala de cirurgia que não poderia haver outro resultado. Meu paciente estava por um fio, a maioria dos seus órgãos comprometidos por causa do acidente no canteiro de obras em que trabalha. Ele caiu de uma altura de cinco metros. Se não fosse seu equipamento de segurança, o estrago seria maior. Seu capacete o salvou de tersérios problemas cerebrais.Sento-me no banco do vestiário e respiro aliviada ao retirar meus sapatos. Meus pés agradecem por estarem livres do aperto que o inchaço causou. Estou pensando seriamente em comprar sapatos com número acima do meu para essas ocasiões, porque a sala cirúrgica é uma incógnita: uma vez lá dentro, não temos previsão de quando sair.Ser uma cirurgiã-geral requer muitas horas de trabalho. Sou solicitada a todo tempo
ENZOCorro pelo parque como faço quase todas as manhãs, acompanhado de dois soldados, Dante e Assis, os gêmeos. Correr e me manter em forma faz parte do meu treinamento. Muitas vezes enfrento homens tão fortes quanto eu, preciso sempre estar preparado. Aumento o ritmo da corrida, abandonando algumas pessoas e deixando meus homens para trás. Eles resmungam, e sorrio.— Vocês parecem umas donzelas — digo. Os gêmeos fecham a cara, rio alto. No caminho de volta, uma mulher vem correndo em nossa direção. Ela corre como estivesse fugindo, a todo tempo olha para trás. Seu semblante parece o de uma pessoa atordoada. Propositalmente, não me afasto quando percebo que ela vai me atropelar. Seu corpo de curvas perfeitas vem de encontro ao meu.— Olha por onde anda — digo. Seus olhos estão arregalados, sua mente trabalha por alguns segundos. Observa meu rost