Dias Atuais - ENZO
Entro na mansão Mancinni, feliz por estar em casa novamente. Por mais que ame morar em Florença, esse é meu lar. Meu coroa reúne mensalmente toda a família na mansão. Nossas obrigações com a famiglia e a distância dificultam o convívio, nos comunicamos apenas por telefone, ou via internet. Apenas Pietro reside próximo a mio padre e ao Lorenzo.
Por falar em Pietro, fico surpreso em ver Bianca conosco, ela raramente participa das nossas reuniões. Não sei como é o relacionamento dela com mio fratello, ele é muito fechado, mas aparentemente eles parecem se dar bem. Bianca é uma moglie muito bonita, tranquila e doce. Mio fratello é um cara de sorte. Quando me vê, Rico corre para meus braços. Meu sobrinho é um ragazzo maravilhoso e muito inteligente, agradeço a Dio todos os dias por ele estar bem e no seio da família.
— Não digo a vocês que sou o preferido nessa família? — Sorrio, bagunçando o cabelo loiro do Rico.
— A diferença da gente para você é que você tem a mesma idade dele — Pietro diz com sua habitual falta de humor, e eu sorrio. Ele está com ciúmes, fazer o quê? Sou o zio mais animado no meio desse bando de carrancudo. Rico me pede benção, da mesma forma que fazemos com nosso padre, segurando a minha mão e depositando um beijo no meu dorso.
— Zio benedizione.
— Dio ti benedica.
Beijo minha irmã e minhas cunhadas, depois pego minhas princesas no colo, Luna e Giane. Gargalham com as brincadeiras que faço com elas. Não vejo a hora de vê-las correndo pela casa. Mio padre é pura felicidade, quando a família se reúne ele se alegra, principalmente por causa dos netos. Sinto muito por minha mãe não estar mais entre nós.
Minha cunhada, Perla, e Nina estão conversando com Bianca. Pelo rosto corado dela, sei que estão falando besteiras. Coitada da minha cunhada, essas duas são terríveis, irão corrompê-la rapidamente, principalmente Perla, que sempre tem uma ideia mirabolante em sua mente tão fértil. A poderosa chefona não é fácil, Lorenzo corta um dobrado com ela. Minha cunhada diz e faz algumas coisas que o deixam sem ação, e ai dele dizer alguma coisa. Um exemplo disso foi o dia que ela bateu em uma prostituta do clube porque a ouviu falar que o desejava. Nina não fica atrás: como aprendiz da Perla, fez o mesmo com a prostituta que queria Enrico.
Essas mulheres da família Mancinni não são fáceis. No fundo, gosto muito disso. Enrico e Lorenzo são uns homens de sorte, como mio padre foi um dia. Eles têm mulheres que os amam e que são capazes de tudo por eles. Já eu, não tive tanta sorte. Lembrar-me disso me deixa doente. Espanto da minha mente esse pensamento e volto a atenção ao mio fratello.
Pietro observa a conversa entusiasmada das meninas; Lorenzo segue seu olhar e sorri, segura no ombro do mio fratello e diz que, pelo rosto corado da Bianca, ela está recebendo boas dicas e ele terá uma ótima noite. Rio alto, chamando a atenção dos outros. Pietro grunhe e fecha a cara, se isso é possível; ele já nasceu de cara fechada. Depois de matar a curiosidade do Enrico e do mio padre sobre o ocorrido com a milícia, conto-os sobre Kiara. Eles ouvem atentamente.
— Sorte dessa menina você estar lá, sabemos muito bem que ela poderia não estar viva. — Ouvir meu pai dizer isso dá nós em meu estômago. Imaginar uma mulher tão linda como Kiara sendo violentada sexualmente e morta pelas mãos daquele maledetto me faz mal. — Tem notícias dela?
— No dia seguinte, estive no hospital. Pelo que eles disseram, vai ficar tudo bem.
Noto o olhar curioso de todos sobre mim. Não sei como lidar quanto o assunto é a Kiara, ainda estou processando o efeito que ela tem sobre mim. Mudo de assunto antes que eles façam perguntas que eu não saiba responder. Conto como foi que acabei com I Sepenti. Enrico mostra o vídeo que enviei para ele do Ruan sendo envolvido por minha garota, meus irmãos e meu coroa se divertem. Conversamos um pouco sobre a famiglia, cada um de nós coloca Lorenzo a par das nossas atividades, e depois seguimos para a sala de jantar onde o almoço já está sendo servido.
— Como estão indo os estudos, Rico?
— Bem, nonno. Por enquanto estou tendo aulas em casa, mia mamma disse que quando eu estiver pronto vou poder ir para à escola.
— Quero saber das amiche — pergunto assim que ele responde ao mio padre. Rico me olha bem sério, fico com vontade de rir. Ele conversa como um rapazinho, apesar da pouca idade. Meu sobrinho não teve uma vida normal como a maioria das crianças, todo seu sofrimento o fizeram ser um pouco mais maduro.
— Zio, esqueceu que sou criança? O senhor e o nonno que precisam de uma namorada.
— Toma distraído — Nina diz, e todos caem na gargalhada.
— Ouviu seu nipote, padre? — Ele faz careta para mim e se dirige para Rico.
— O nonno está bem, Rico. Só se ama de verdade uma vez, e meu amor pertenceu à sua nonna.
Meus irmãos e eu ficamos em silêncio. Por um breve momento, lembro-me o quão lindo era o relacionamento deles. Mio padre beijava o chão que mia madre pisava, e ela fazia de tudo para o agradar. Os dois eram companheiros, amigos, e juntos nos davam muito amor. Quando ela se foi, o Don Guiseppe não foi mais o mesmo, sua dor vazava por seus poros. Eu e meus irmãos sofremos duas vezes, uma pela perda da nossa madre, e outra por seu sofrimento.
— O mini Enrico está certo, Enzo. Quando é que vamos ter mais uma integrante na família? — Perla pergunta, quebrando o silêncio.
— Esquece, cunhada, só quero foder sem compromisso.
— Olha a boca, Enzo — mio padre chama a minha atenção.
— Não se zangue com meu zio, nonno. Mio padre já me explicou tudinho sobre sexo — Rico diz tranquilamente e volta a dar garfadas em sua comida. Sorrio e olho cúmplice para meu cunhado. Todos seguram o riso, e eu fico todo bobo. Meu pequeno me defendeu como se eu fosse uma criança sendo reprendida pelo padre.
ENZOVejo-me parado na porta do hospital esperando por ela, como se realmente estivesse esperando-a para irmos juntos. Observo seus passos, que demostram cansaço. Minha vontade é de carregá-la em meus braços e levá-la para casa. Prometi a mim mesmo me afastar, mas a vontade de cuidar dela é mais forte do que eu. Desde que voltei de Roma, da reunião mensal na casa do mio padre, meus dias têm se resumido a trabalhar e observar a Kiara. Tenho a necessidade de saber se ela está bem, se nenhum maledetto vai tocá-la. Tenho agido como a porra de um stalker; tento evitar, mas é mais forte do que eu.Kiara entra no seu carro e, como nos outros dias, dá duas voltas no quarteirão antes de entrar na garagem do seu prédio. Sorrio, pois, com todo seu cuidado, ela não percebe que está sendo seguida por mim. Não consigo
KIARADepois de quatro dias internada no hospital onde trabalho e mais três dias na casa dos meus pais, finalmente estou em casa. Tudo o que mais quero é ficar no meu cantinho. Apesar do medo que sinto, nada melhor que meu lar. Adoro ficar na casa onde nasci, onde meus pais residem até hoje, porém, não via a hora de voltar para casa.Minha paranoia em relação à minha segurança aumentou. Hoje pela manhã, assim que cheguei, a primeira coisa que fiz foi pedir ao chaveiro que colocou minhas trancas que verificasse se elas estavam funcionando bem, se era necessário trocá-las. Ele deve ter achado que sou maluca, mas pouco me importei.Chega ser irônico toda essa minha preocupação com a minha segurança. Sempre fiquei atenta ao perímetro quando chegava durante à noite de carro, observava as ruas antes de abrir o portão do pr&ea
KIARAÉ isso mesmo? Isso não foi um convite, praticamente uma intimação.Enzo me dá as costas e se senta em uma poltrona da recepção. Mais uma vez, fico inerte, perdida em meus pensamentos. Nós dois não nos conhecemos, quer dizer, nunca fomos apresentados oficialmente. Nosso único contato foi naquele dia fatídico. Ele não se deu ao trabalho de perguntar se tenho compromisso, nem se quero jantar com ele. Há uma luta interna em mim. O meu medo de estar sozinha com um homem novamente me diz para dizer não, mas a parte sensata em mim diz para dizer sim, afinal, não se trata de qualquer homem, e sim do meu salvador, o homem a quem devo minha vida.— Você só tem dezoito minutos — ele diz assim que verifica seu relógio no pulso. Seus lábios exibem um sorriso de canto da boca. Mais uma vez, ajo feito uma idiota. Re
ENZOKiara fica surpresa quando a deixo na porta do seu condomínio, e imagino o motivo: não pedi seu endereço. Fizemos a viagem toda em silêncio. O assunto Antonella realmente me incomoda; pelo meu tom de voz, ela percebeu isso, por isso não arriscou a dizer nem uma palavra sequer. Meu motorista abre a porta do carro, ela desce, e desço em seguida para me despedir.— Buona notte — ela diz e vira as costas. Antes que dê mais um passo, seguro em seu braço. Sua pele se arrepia, ela fica tensa, parece com medo. Solto-a e levanto as mãos assim que ela me olha com seus olhos assustados.— Calma, sou eu. Enzo, lembra? — digo brincando. Ela solta a respiração audivelmente. Finjo procurar algo em seu rosto. Faço uma expressão de que tem algo errado; ela mexe nos cabelos, passa as mãos no rosto.— O quê? —
ANOS ATRÁS - MARCODesde o dia que fui escolhido para ser seu segurança pessoal, minha vida mudou completamente. Lembro-me como se fosse hoje. Estava parado próximo às escadas que ficavam logo atrás da porta. Meu chefe, que era seu pai, a chamou.— Pérola. — Olhei para o topo da escada. Quando a vi, meu mundo parou. Cada degrau que ela descia, fazia com que eu ansiasse que se aproximasse o mais rápido possível de mim. Seu vestido meia taça modelava seu corpo até a cintura. Na parte da saia, era rodado e me dava a visão perfeita de suas longas pernas torneadas. Sorria para seu pai enquanto descia e, porra, eu queria aquele sorriso só para mim.— Perola, esse aqui é Marco, um homem de minha confiança. A partir de hoje, será seu segurança particular.Enquanto meu chefe nos apresentava, não conseguia tirar meus
KIARAO que está acontecendo comigo? Sempre fui cautelosa em relação à minha segurança, as trancas em minha porta confirmam isso, mas desde que fui atacada, tenho a sensação de estar sendo seguida, e isto está me apavorando.Pela manhã, decidi fazer uma faxina em casa. Depois do almoço, fui ao supermercado comprar algumas coisas que estavam faltando. No instante que coloquei meus pés na rua, meu coração ficou inquieto. Tinha certeza de estar sendo seguida. Expulsei esses pensamentos e me forcei caminhar até o supermercado que fica a uma quadra do meu condomínio. A cada pessoa que me cumprimentava, eu me exaltava, agia como louca.Comprei o que era necessário o mais rápido possível. Precisava da segurança do meu lar. Praticamente corri para casa agarrada às sacolas pressionadas em meu peito. Olhava para todos os
KIARAAs luzes são apagadas. Ajeito-me na cadeira e olho para a tela. Depois de tantos trailers, o filme enfim começa. Meu corpo está direcionado para a tela, mas minha mente está nas palavras do Enzo. Os sentimentos que ele desperta em mim são novidade para mim, faz tempo que um homem não consegue envolver meu corpo e meus sentimentos de uma só vez, principalmente um homem que acabei de conhecer. A última vez que senti algo que chegou perto disso foi pelo Matteo, a diferença era que eu o amava. Seu jeito doce e tranquilo eram meu porto seguro, eu confiava nele e o conhecia como ninguém. Matteo me fazia rir, que é algo em comum com Enzo; se bem que ele acabou de me fazer chorar.Já fiquei com alguns rapazes que não me despertaram interesse de ir para cama, ainda mais porque os conheci em barzinho ou na balada depois de alguns drinques. Depois do Matteo, só me
ENZO— Chefe, vi algo estranho hoje.O soldado que ficou responsável pela segurança da Kiara me diz tão logo entro no meu escritório no clube. Arqueio minha sobrancelha e espero que ele fale.— A senhorita Kiara foi ao supermercado e ficou poucos minutos lá dentro. O estranho é que ela agia como se estivesse sendo seguida.— Você verificou se tinha algum maledetto atrás dela?— Verifiquei chefe, não tinha ninguém. Quando ela saiu do supermercado, praticamente correu agarrada às suas sacolas.— Será que aconteceu alguma coisa dentro do supermercado?— Não, chefe. Depois que ela estava segura em casa, voltei ao supermercado, olhei nas câmeras de segurança e não tinha nada, ninguém se aproximou dela.Essa atitude de Kiara ainda é referente ao se