Capítulo 5

Dias Atuais - ENZO

Entro na mansão Mancinni, feliz por estar em casa novamente. Por mais que ame morar em Florença, esse é meu lar. Meu coroa reúne mensalmente toda a família na mansão. Nossas obrigações com a famiglia e a distância dificultam o convívio, nos comunicamos apenas por telefone, ou via internet. Apenas Pietro reside próximo a mio padre e ao Lorenzo.

Por falar em Pietro, fico surpreso em ver Bianca conosco, ela raramente participa das nossas reuniões. Não sei como é o relacionamento dela com mio fratello, ele é muito fechado, mas aparentemente eles parecem se dar bem. Bianca é uma moglie muito bonita, tranquila e doce. Mio fratello é um cara de sorte. Quando me vê, Rico corre para meus braços. Meu sobrinho é um ragazzo maravilhoso e muito inteligente, agradeço a Dio todos os dias por ele estar bem e no seio da família.

— Não digo a vocês que sou o preferido nessa família? — Sorrio, bagunçando o cabelo loiro do Rico. 

— A diferença da gente para você é que você tem a mesma idade dele — Pietro diz com sua habitual falta de humor, e eu sorrio. Ele está com ciúmes, fazer o quê? Sou o zio mais animado no meio desse bando de carrancudo. Rico me pede benção, da mesma forma que fazemos com nosso padre, segurando a minha mão e depositando um beijo no meu dorso.

— Zio benedizione.

 — Dio ti benedica.

Beijo minha irmã e minhas cunhadas, depois pego minhas princesas no colo, Luna e Giane. Gargalham com as brincadeiras que faço com elas. Não vejo a hora de vê-las correndo pela casa. Mio padre é pura felicidade, quando a família se reúne ele se alegra, principalmente por causa dos netos. Sinto muito por minha mãe não estar mais entre nós.

Minha cunhada, Perla, e Nina estão conversando com Bianca. Pelo rosto corado dela, sei que estão falando besteiras. Coitada da minha cunhada, essas duas são terríveis, irão corrompê-la rapidamente, principalmente Perla, que sempre tem uma ideia mirabolante em sua mente tão fértil. A poderosa chefona não é fácil, Lorenzo corta um dobrado com ela. Minha cunhada diz e faz algumas coisas que o deixam sem ação, e ai dele dizer alguma coisa. Um exemplo disso foi o dia que ela bateu em uma prostituta do clube porque a ouviu falar que o desejava. Nina não fica atrás: como aprendiz da Perla, fez o mesmo com a prostituta que queria Enrico.

Essas mulheres da família Mancinni não são fáceis. No fundo, gosto muito disso. Enrico e Lorenzo são uns homens de sorte, como mio padre foi um dia. Eles têm mulheres que os amam e que são capazes de tudo por eles. Já eu, não tive tanta sorte. Lembrar-me disso me deixa doente. Espanto da minha mente esse pensamento e volto a atenção ao mio fratello.

Pietro observa a conversa entusiasmada das meninas; Lorenzo segue seu olhar e sorri, segura no ombro do mio fratello e diz que, pelo rosto corado da Bianca, ela está recebendo boas dicas e ele terá uma ótima noite. Rio alto, chamando a atenção dos outros. Pietro grunhe e fecha a cara, se isso é possível; ele já nasceu de cara fechada. Depois de matar a curiosidade do Enrico e do mio padre sobre o ocorrido com a milícia, conto-os sobre Kiara. Eles ouvem atentamente.

— Sorte dessa menina você estar lá, sabemos muito bem que ela poderia não estar viva. — Ouvir meu pai dizer isso dá nós em meu estômago. Imaginar uma mulher tão linda como Kiara sendo violentada sexualmente e morta pelas mãos daquele maledetto me faz mal. — Tem notícias dela?

— No dia seguinte, estive no hospital. Pelo que eles disseram, vai ficar tudo bem.

Noto o olhar curioso de todos sobre mim. Não sei como lidar quanto o assunto é a Kiara, ainda estou processando o efeito que ela tem sobre mim. Mudo de assunto antes que eles façam perguntas que eu não saiba responder. Conto como foi que acabei com I Sepenti. Enrico mostra o vídeo que enviei para ele do Ruan sendo envolvido por minha garota, meus irmãos e meu coroa se divertem. Conversamos um pouco sobre a famiglia, cada um de nós coloca Lorenzo a par das nossas atividades, e depois seguimos para a sala de jantar onde o almoço já está sendo servido.

— Como estão indo os estudos, Rico?

— Bem, nonno. Por enquanto estou tendo aulas em casa, mia mamma disse que quando eu estiver pronto vou poder ir para à escola.

— Quero saber das amiche — pergunto assim que ele responde ao mio padre. Rico me olha bem sério, fico com vontade de rir. Ele conversa como um rapazinho, apesar da pouca idade. Meu sobrinho não teve uma vida normal como a maioria das crianças, todo seu sofrimento o fizeram ser um pouco mais maduro.

Zio, esqueceu que sou criança? O senhor e o nonno que precisam de uma namorada.

— Toma distraído — Nina diz, e todos caem na gargalhada.

— Ouviu seu nipote, padre? — Ele faz careta para mim e se dirige para Rico.

— O nonno está bem, Rico. Só se ama de verdade uma vez, e meu amor pertenceu à sua nonna.

Meus irmãos e eu ficamos em silêncio. Por um breve momento, lembro-me o quão lindo era o relacionamento deles. Mio padre beijava o chão que mia madre pisava, e ela fazia de tudo para o agradar. Os dois eram companheiros, amigos, e juntos nos davam muito amor. Quando ela se foi, o Don Guiseppe não foi mais o mesmo, sua dor vazava por seus poros. Eu e meus irmãos sofremos duas vezes, uma pela perda da nossa madre, e outra por seu sofrimento.

— O mini Enrico está certo, Enzo. Quando é que vamos ter mais uma integrante na família? — Perla pergunta, quebrando o silêncio.

— Esquece, cunhada, só quero foder sem compromisso.

— Olha a boca, Enzo — mio padre chama a minha atenção.

— Não se zangue com meu zio, nonno. Mio padre já me explicou tudinho sobre sexo — Rico diz tranquilamente e volta a dar garfadas em sua comida. Sorrio e olho cúmplice para meu cunhado. Todos seguram o riso, e eu fico todo bobo. Meu pequeno me defendeu como se eu fosse uma criança sendo reprendida pelo padre.

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