MIA
O ar parecia mais espesso agora, mais difícil de respirar. Meus olhos estavam fixos na sombra que se movia no corredor, uma forma indistinta, mas que eu sabia ser real. Cada batimento do meu coração parecia mais ensurdecedor que o anterior, enquanto minha mente tentava processar o que estava acontecendo.
Eu não conseguia entender como alguém tinha entrado no chalé. As portas estavam trancadas, as janelas também. Mas ali estava ele, ou o que quer que fosse, se movendo silenciosamente, como se tivesse todo o tempo do mundo.
Eu apertei o atiçador, sentindo o peso da incerteza me esmagar. A lâmina de metal não parecia ser o suficiente. O som da respiração, baixa e profunda, ainda pairava no ar, misturando-se com os sons de minha própria respira&cced
VITTORIOAs tábuas do chão rangeram sob meus passos firmes, mas o som parecia distante, abafado pelo rugido que preenchia minha mente. A fúria que crescia dentro de mim eclipsava tudo. O frio metálico da pistola pressionava minha palma, enquanto um calor abrasador consumia meu peito.Eu deveria ter previsto. Deveria ter impedido.Mia.A única palavra que fazia sentido no caos da minha mente.O grito abafado que veio de dentro do chalé fez meu coração parar e recomeçar com uma dor estranha, quase insuportável. Era um som que eu não sabia que poderia me atingir assim. Mas naquele instante, nada mais importava além de acabar com quem ousasse machucá-la.Engatilhei a arma antes mesmo de cruzar o corredor. Cada passo me arrastava mais fundo no inferno, e quando meus olhos finalmente captaram a cena, esse inferno se instalou dentro de mim.Ele estava sobre ela. O corpo dele esmagava o dela contra o chão. A violência nos olhos do homem era um reflexo cruel do terror nos dela. Mia lutava, mas
VITTORIOEstendi minha mão para Mia, sentindo algo tão estranho quanto inevitável.— Vamos sair daqui.Ela hesitou, seus olhos fixos na minha mão como se aquilo fosse uma escolha com o poder de mudar tudo. E talvez fosse. Quando finalmente seus dedos encontraram os meus, um arrepio percorreu minha espinha. Sua mão tremia contra a minha, mas ela não soltou.Assim que se levantou, passei meu braço pelos seus ombros. O gesto pretendia ser apenas protetor, mas acabou se tornando algo mais. Uma necessidade, um impulso que eu não podia controlar. Caminhamos pelo corredor em um silêncio pesado, quebrado apenas pelo som de nossas respirações entrecortadas.O ca
MIAO toque dos lábios de Vittorio nos meus foi o responsável por me trazer de volta do torpor de ter sido quase sufocada pela intensidade do momento. O beijo, carregado de ternura e cuidado, foi o culpado por me fazer querer que ele nunca se afastasse, que o seu toque durasse para sempre, que o calor dele fosse eterno. Seu gosto era algo inexplicável, uma mistura de doçura e fogo que me consumia por dentro, e foi a razão de eu permitir que seus dedos, com uma delicadeza inesperada, soltassem os meus cabelos. Algo dentro de mim se partiu, algo que eu não sabia como reunir de volta, mas que de algum modo parecia certo.Quando Vittorio se afastou para me observar, seu gosto ainda queimava em meus lábios, uma lembrança tão vívida que meu coração parecia à beira de explodir. Cada batida parecia ecoar o sabor daquele beijo, uma memória tão presente que me fazia querer sentir mais, sentir tudo o que ele tinha para me dar. Eu queria me convencer de que aquilo não deveria ter acontecido, que c
MIASem palavras, deixei que meus dedos corressem pelo seu peito, desfazendo os botões de sua camisa. Cada pedaço de pele revelado era uma tentação à qual eu me entregava sem reservas. Seus músculos tencionaram sob meu toque, e eu sabia que aquele momento nos consumiria por completo.Quando seus lábios começaram a explorar minha pele, cada beijo, cada toque, era uma promessa silenciosa, carregada de intenções que faziam meu corpo reagir antes mesmo que eu pudesse compreender. Ele não estava apenas me tomando; estava me oferecendo algo que eu nunca soube que precisava: uma entrega completa e sem reservas.Seus lábios desceram pelo meu pescoço, deixando um rastro de calor em cada pedaço de pele que tocavam, como uma marca invisível que apenas ele poderia deixar. Meus dedos se perderam em seus cabelos, segurando-o com uma força quase desesperada, como se ele fosse minha única âncora em meio ao caos que ele mesmo provocava. Mas a realidade era ele: o peso reconfortante de seu corpo pressio
MIAAcordei com o som suave do farfalhar das cortinas, sentindo o frescor da brisa que invadia o quarto. Para minha surpresa, a cama ao meu lado estava vazia.Vittorio não estava lá.Abracei o lençol contra meu corpo, o toque macio do tecido contrastando com o calor que ainda parecia emanar da minha pele. Fechei os olhos por um instante, deixando as lembranças da noite anterior tomarem conta de mim. Um sorriso escapou dos meus lábios enquanto revivia cada toque, cada suspiro. Nos braços dele, eu havia encontrado uma paz inesperada, um breve refúgio da tempestade que era minha vida.Sentei-me na cama, sentindo o frescor do chão de madeira sob meus pés. Onde Vittorio poderia estar? Algo na ausência dele deixou meu coração inquieto. Enrolei o lençol ao redor do corpo e fui até a porta. Foi então que me lembrei. O homem no corredor. O sangue. O medo que havia se instalado em mim na noite anterior voltou como um relâmpago.Respirei fundo, reunindo coragem, e abri a porta. O corredor estava
MIAO chalé estava imerso no silêncio, com o crepitar da lareira sendo o único som além do vento suave que agitava as árvores lá fora. Apesar da calma aparente, meu corpo, coberto apenas com a camisa de Vittorio, estava inquieto, como se antecipasse algo que ainda não havia acontecido.Estava na cozinha, fingindo que o chá em minhas mãos era suficiente para me acalmar, mas meus olhos continuavam a vagar até as janelas. Um desconforto estranho crescia dentro de mim, algo que eu não conseguia explicar, talvez fosse algum tipo de trauma que eu levaria comigo depois do ataque do dia anterior.De repente, um som ao longe interrompeu meus pensamentos. O ronco de um motor ecoou através das árvores, cada vez mais próximo.Coloquei a xícara sobre a bancada, meu coração disparando. Olhei para fora, mas não consegui ver nada através da linha de árvores que cercava o chalé.— Vittorio? — chamei, minha voz mais baixa do que pretendia.Antes que pudesse ouvir uma resposta, ele apareceu na porta da
MIAA chuva tamborilava contra o vidro da janela, cada gota desenhando trilhas efêmeras antes de escorrer e sumir, como pensamentos que eu não conseguia manter. O céu cinzento parecia pesar sobre o chalé, refletindo o turbilhão que girava na minha cabeça.Breno.Sua visita havia mexido comigo mais do que eu queria admitir. Cada sorriso, cada palavra calculada... Algo nele não parecia certo. A maneira como seus olhos brilharam, dando a impressão de que talvez quisesse transmitir algo que eu não entendi."E Mia... Tente não se meter em problemas, está bem?"As palavras dele ecoavam incessantemente, como um sussurro perturbador na minha mente. Era um conselho? Um alerta? Ou algo mais sinistro? Meu estômago revirava só de pensar. Desde que ele saiu, uma sensação incômoda se instalou, como um calo que arde ao menor toque, impossível de ignorar.A respiração abafada do ambiente parecia aumentar minha inquietação. Apertei os braços ao redor do corpo, tentando me aquecer do frio que não vinha
MIANa manhã seguinte, o chalé parecia ainda mais silencioso do que o habitual. O som da chuva que caía lá fora não ajudava a dissipar o peso no ar. Eu não sabia se era o clima cinzento ou se era apenas a minha mente, sobrecarregada de perguntas não respondidas, que criava esse vazio.Vittorio estava no quarto de hóspedes, ocupado ao telefone. Sua voz grave ecoava pelo corredor, mas as palavras eram indistintas, abafadas pela espessura das paredes. Mesmo assim, sua presença parecia preencher o espaço, e o fato de não saber sobre o que ele falava só aumentava minha sensação de desconforto.Decidi sair da sala, tentar distrair minha mente, quem sabe explorar o chalé. Cada passo parecia ecoar no silêncio opressor do lugar. O hall d