MIANa manhã seguinte, o chalé parecia ainda mais silencioso do que o habitual. O som da chuva que caía lá fora não ajudava a dissipar o peso no ar. Eu não sabia se era o clima cinzento ou se era apenas a minha mente, sobrecarregada de perguntas não respondidas, que criava esse vazio.Vittorio estava no quarto de hóspedes, ocupado ao telefone. Sua voz grave ecoava pelo corredor, mas as palavras eram indistintas, abafadas pela espessura das paredes. Mesmo assim, sua presença parecia preencher o espaço, e o fato de não saber sobre o que ele falava só aumentava minha sensação de desconforto.Decidi sair da sala, tentar distrair minha mente, quem sabe explorar o chalé. Cada passo parecia ecoar no silêncio opressor do lugar. O hall d
MIAO resto do dia foi um caos.Vittorio e eu revistamos o chalé, examinando cada cômodo, cada janela, cada canto, mas não encontramos nada.E isso só fez minha ansiedade crescer ainda mais.Mais tarde, enquanto eu arrumava minhas coisas no quarto, ele apareceu na porta, encostando-se no batente com os braços cruzados.— Vamos voltar para os Estados Unidos — anunciou.Parei o que estava fazendo e o encarei.— Agora? Pensei que ainda tinha negócios para resolver aqui.— Minha prioridade agora é a sua segurança.A firmeza em sua voz não deixava espaço para discussão. Vittorio atravessou o quarto e fechou minha mala antes de colocá-la no chão.— Eu não preciso de proteção. Você não precisa se preocupar comigo — protestei, mas minha voz não saiu tão firme quanto eu gostaria.Ele se aproximou, seus olhos presos aos meus. Mas, desta vez, havia algo ali que me desarmou completamente. Medo.— Não vou arriscar sua vida, Mia. Não discuta comigo sobre isso.Havia algo na maneira como Vittorio di
MIAO beijo de Vittorio me levou ao céu e ao inferno em questão de segundos. Seus lábios deslizaram pelo meu pescoço, me marcando como dele, e eu não me importava.No fundo, eu sabia. Meu coração já pertencia a Vittorio Moretti.— Mia, você não faz ideia do que faz comigo — ele murmurou, mordiscando o lóbulo da minha orelha.Um arrepio percorreu minha espinha enquanto minhas mãos deslizavam pelo seu peito, puxando sua camisa e a retirando de uma vez. O toque da sua pele contra meus dedos era eletricidade.Era fogo.— Me mostre.Vittorio sorriu, aquele sorriso de predador que me fazia esquecer o mundo. Com um movimento firme, me deitou na cama, pairando sobre mim. Seus dedos deslizaram pela barra do meu vestido, brincando com o tecido.— Eu vou mostrar — ele prometeu, a voz rouca, carregada de desejo. — Não uma, mas várias vezes.Só de imaginar o que viria a seguir, minha pele formigou.— É mesmo? — provoquei, mordendo o lábio.Ele assentiu e, então, deslizou a mão até o bolso.O objet
MIAO calor da sua língua me fez arquear as costas contra os lençóis, um suspiro trêmulo escapando dos meus lábios. Vittorio me segurou firme, mantendo-me exatamente onde queria, enquanto seus beijos se aprofundavam, explorando cada uma das minhas reações.Meu corpo respondia instintivamente, os dedos se enredando em seus cabelos, puxando-o para mais perto, pedindo sem precisar dizer uma única palavra. Ele sabia.— Você se entrega tão fácil para mim... — Sua voz era um arrastado de prazer, os olhos escuros e famintos quando ergueu o rosto por um instante para me encarar. — Eu poderia passar a noite inteira te provando, te fazendo implorar.Minha respiração estava entrecortada quando tent
MIAO ronco baixo das turbinas do avião preenchia o silêncio confortável entre nós. A cabine privativa era espaçosa e luxuosa, mas minha atenção estava inteiramente voltada para o homem ao meu lado. Vittorio estava recostado no assento de couro, uma taça de uísque esquecida na mesinha ao lado, seus olhos escuros presos em mim com uma intensidade que fazia meu coração disparar.Eu estava aninhada contra ele, minhas pernas dobradas sobre o assento enquanto seus dedos traçavam círculos preguiçosos na minha pele, criando um contraste entre o toque possessivo e a suavidade inesperada de seu carinho. Não havia pressa, não havia palavras necessárias. Apenas nós dois, envoltos em um momento de rara tranquilidade.— Cansada? — Sua voz veio baixa, rouca, um leve sorriso brincando em seus lábios.Balancei a cabeça lentamente, absorvendo o calor de seu corpo contra o meu.— Não quando estou assim — murmurei, deslizando os dedos pelo contorno de sua mandíbula.Vittorio virou o rosto, capturando mi
MIAHoras depois, quando o avião pousou em Las Vegas e seguimos de carro até a mansão de Vittorio, o clima entre nós ainda era carregado de desejo e proximidade. Ele dirigia com uma mão no volante e a outra pousada na minha coxa, traçando círculos suaves contra o tecido do meu vestido.— Mal posso esperar para ter você na minha... — Ele fez uma pausa e sorriu de lado. — Quer dizer, na nossa cama de novo, piccola.Seu tom era rouco, carregado de promessas, e um arrepio percorreu minha espinha. Sorri, mordendo o lábio, mas antes que pudesse responder, o carro atravessou os portões da propriedade e estacionou na entrada da mansão.E então, o clima íntimo foi abruptamente quebrado.Uma mulher estava parada no topo dos degraus da entrada. Os olhos escondidos por um par de óculos escuros de lentes enormes, os lábios pintados de um vermelho vibrante, e os cabelos loiros meticulosamente presos em um coque alto. O vestido dourado reluzia sob a luz do fim de tarde, e uma echarpe de seda estava
MIAAssim que meus olhos pousaram nas fotografias espalhadas em minhas mãos, meu coração parou. O papel tremia entre meus dedos, e uma sensação sufocante tomou conta do meu peito.— O que… O que essas fotos significam? — minha voz saiu fraca, quase um sussurro. — Por que minha mãe está abraçada com essas pessoas?Lágrimas nublaram minha visão, borrando as imagens diante de mim. Antes que eu assimilasse o peso do que via, senti os braços de Vittorio ao meu redor, firmes, tentando me ancorar na realidade que ameaçava me engolir.— Mia, eu… — Ele parou, respirando fundo antes de erguer meu rosto com delicadeza, forçando-me a encará-lo. Seus olhos, intensos e carregados de um significado que eu ainda não conseguia processar, sustentaram os meus. — Acho que já podemos concluir que você é realmente uma de nós.Engoli em seco e voltei o olhar para as fotos, agora enxergando-as com uma clareza cruel.Numa delas, minha mãe estava abraçada a um homem. Seus dedos repousavam suavemente sobre o pe
MIAO resto do dia foi um borrão.Vittorio passou horas resolvendo os assuntos dele. Pelo que entendi, a Yakuza — uma máfia japonesa — estava tentando expandir seu território, e Don Mauricio queria todos os capos à disposição. No entanto, antes de sair, Vittorio levou a fotografia da minha mãe, prometendo buscar respostas.Com isso, fiquei sozinha no meu quarto, espalhando as fotos sobre a cama, analisando cada detalhe, tentando enxergar a verdade escondida naquelas pequenas peças de um quebra-cabeça que eu nem sabia que existia. Meus olhos sempre voltavam para o rosto de Greco, procurando qualquer semelhança entre nós. As chances de eu ser filha dele eram enormes. E fazia sentido Tomasio querer me matar — eu era a herdeira de Greco. Se tivesse