MIAA chuva tamborilava contra o vidro da janela, cada gota desenhando trilhas efêmeras antes de escorrer e sumir, como pensamentos que eu não conseguia manter. O céu cinzento parecia pesar sobre o chalé, refletindo o turbilhão que girava na minha cabeça.Breno.Sua visita havia mexido comigo mais do que eu queria admitir. Cada sorriso, cada palavra calculada... Algo nele não parecia certo. A maneira como seus olhos brilharam, dando a impressão de que talvez quisesse transmitir algo que eu não entendi."E Mia... Tente não se meter em problemas, está bem?"As palavras dele ecoavam incessantemente, como um sussurro perturbador na minha mente. Era um conselho? Um alerta? Ou algo mais sinistro? Meu estômago revirava só de pensar. Desde que ele saiu, uma sensação incômoda se instalou, como um calo que arde ao menor toque, impossível de ignorar.A respiração abafada do ambiente parecia aumentar minha inquietação. Apertei os braços ao redor do corpo, tentando me aquecer do frio que não vinha
MIANa manhã seguinte, o chalé parecia ainda mais silencioso do que o habitual. O som da chuva que caía lá fora não ajudava a dissipar o peso no ar. Eu não sabia se era o clima cinzento ou se era apenas a minha mente, sobrecarregada de perguntas não respondidas, que criava esse vazio.Vittorio estava no quarto de hóspedes, ocupado ao telefone. Sua voz grave ecoava pelo corredor, mas as palavras eram indistintas, abafadas pela espessura das paredes. Mesmo assim, sua presença parecia preencher o espaço, e o fato de não saber sobre o que ele falava só aumentava minha sensação de desconforto.Decidi sair da sala, tentar distrair minha mente, quem sabe explorar o chalé. Cada passo parecia ecoar no silêncio opressor do lugar. O hall d
MIAO resto do dia foi um caos.Vittorio e eu revistamos o chalé, examinando cada cômodo, cada janela, cada canto, mas não encontramos nada.E isso só fez minha ansiedade crescer ainda mais.Mais tarde, enquanto eu arrumava minhas coisas no quarto, ele apareceu na porta, encostando-se no batente com os braços cruzados.— Vamos voltar para os Estados Unidos — anunciou.Parei o que estava fazendo e o encarei.— Agora? Pensei que ainda tinha negócios para resolver aqui.— Minha prioridade agora é a sua segurança.A firmeza em sua voz não deixava espaço para discussão. Vittorio atravessou o quarto e fechou minha mala antes de colocá-la no chão.— Eu não preciso de proteção. Você não precisa se preocupar comigo — protestei, mas minha voz não saiu tão firme quanto eu gostaria.Ele se aproximou, seus olhos presos aos meus. Mas, desta vez, havia algo ali que me desarmou completamente. Medo.— Não vou arriscar sua vida, Mia. Não discuta comigo sobre isso.Havia algo na maneira como Vittorio di
MIAO beijo de Vittorio me levou ao céu e ao inferno em questão de segundos. Seus lábios deslizaram pelo meu pescoço, me marcando como dele, e eu não me importava.No fundo, eu sabia. Meu coração já pertencia a Vittorio Moretti.— Mia, você não faz ideia do que faz comigo — ele murmurou, mordiscando o lóbulo da minha orelha.Um arrepio percorreu minha espinha enquanto minhas mãos deslizavam pelo seu peito, puxando sua camisa e a retirando de uma vez. O toque da sua pele contra meus dedos era eletricidade.Era fogo.— Me mostre.Vittorio sorriu, aquele sorriso de predador que me fazia esquecer o mundo. Com um movimento firme, me deitou na cama, pairando sobre mim. Seus dedos deslizaram pela barra do meu vestido, brincando com o tecido.— Eu vou mostrar — ele prometeu, a voz rouca, carregada de desejo. — Não uma, mas várias vezes.Só de imaginar o que viria a seguir, minha pele formigou.— É mesmo? — provoquei, mordendo o lábio.Ele assentiu e, então, deslizou a mão até o bolso.O objet
MIAO calor da sua língua me fez arquear as costas contra os lençóis, um suspiro trêmulo escapando dos meus lábios. Vittorio me segurou firme, mantendo-me exatamente onde queria, enquanto seus beijos se aprofundavam, explorando cada uma das minhas reações.Meu corpo respondia instintivamente, os dedos se enredando em seus cabelos, puxando-o para mais perto, pedindo sem precisar dizer uma única palavra. Ele sabia.— Você se entrega tão fácil para mim... — Sua voz era um arrastado de prazer, os olhos escuros e famintos quando ergueu o rosto por um instante para me encarar. — Eu poderia passar a noite inteira te provando, te fazendo implorar.Minha respiração estava entrecortada quando tent
VITTORIOComo capo da Cosa Nostra, minha tarefa era simples: cobrar dívidas de drogas, viciados em jogos e prostitutas. E hoje, eu estava no meu escritório, aguardando que meus homens trouxessem mais um desses fracassados: Charles Foster, o tipo de pessoa que me enojava. Viciado em jogos, sem um pingo de autocontrole. E, claro, devia uma boa quantia para a Cosa Nostra.Na Família, eu era conhecido como o Diabo. Minha regra era clara: ninguém deixava de pagar os italianos. E ninguém ousava desafiar essa regra.Eu não permitia que dívidas ficassem pendentes no meu território. Por isso, sempre fazia questão de resolver isso pessoalmente. Eu me encontrava com os devedores no meu escritório, um lugar aconchegante e bem iluminado, localizado no andar de cima de um prédio que abrigava nossos jogos ilegais. A polícia? Eles sabiam, mas fingiam que não viam. Ainda assim, eu sabia que havia muitos esperando minha queda. Um erro, um deslize, e minha cabeça estaria na mira.Verifiquei o relógio Bu
VITTORIO— Por que a trouxeram? — perguntei, a voz gelada e implacável, interrompendo qualquer provocação que Mia pudesse estar prestes a soltar. Nos seus olhos perturbadores, um brilho de raiva faiscou, refletindo a tensão que pairava no ar.— Vim para convencê-lo a esquecer a dívida do meu pai. Ele é...— Deixei bem claro que era para trazerem apenas o Charles — interrompi, sem a mínima paciência. Vi suas mãos se fecharem em punhos, o rosto tenso, transbordando frustração.Benício coçou a testa, visivelmente desconfortável.— Compreendo, Vittorio, mas ela foi insistente.Neguei com a cabeça, impaciente.— Matasse ambos e o problema estaria resolvido. Vocês sabem que tenho assuntos mais importantes para tratar do que perder tempo com um viciado e sua filhinha.Aquilo foi a gota d'água para Mia.— Olha só, seu canalha! — ela disparou. Me virei lentamente para encará-la. Seu rosto, antes aparentemente calmo, agora estava vermelho de pura irritação. — Você tem assuntos mais importantes
VITTORIODe repente, o medo que preenchia o olhar de Mia desapareceu. Ela mordeu o canto do polegar, pensativa, e um brilho de astúcia surgiu em seus olhos.— Você não vai querer sujar suas mãos nos matando — ela disse, fazendo-me erguer as sobrancelhas.— Ah, não? — provoquei, curioso.— Claro que não. Devemos parecer como ratos para você, tenho certeza de que não vai querer se sujar com o nosso sangue — respondeu, com uma sagacidade inesperada.Um sorriso de desdém se formou nos meus lábios.— De fato, vocês são piores do que ratos. São vermes. Mas não se preocupe, querida, não serão minhas mãos que se mancharão. Meus homens cuidarão disso — falei, acenando para Benício, Giuseppe e outros dos meus soldados.Mia levantou-se, olhando para os homens que se aproximavam, prontos para arrastá-los para fora do meu escritório, como se fossem uma praga.— Você é um homem muito rico. Dez mil dólares devem ser como troco de bala para você — disse ela, com a voz trêmula de nervosismo. — Não pod