MIAAcordei com o som suave do farfalhar das cortinas, sentindo o frescor da brisa que invadia o quarto. Para minha surpresa, a cama ao meu lado estava vazia.Vittorio não estava lá.Abracei o lençol contra meu corpo, o toque macio do tecido contrastando com o calor que ainda parecia emanar da minha pele. Fechei os olhos por um instante, deixando as lembranças da noite anterior tomarem conta de mim. Um sorriso escapou dos meus lábios enquanto revivia cada toque, cada suspiro. Nos braços dele, eu havia encontrado uma paz inesperada, um breve refúgio da tempestade que era minha vida.Sentei-me na cama, sentindo o frescor do chão de madeira sob meus pés. Onde Vittorio poderia estar? Algo na ausência dele deixou meu coração inquieto. Enrolei o lençol ao redor do corpo e fui até a porta. Foi então que me lembrei. O homem no corredor. O sangue. O medo que havia se instalado em mim na noite anterior voltou como um relâmpago.Respirei fundo, reunindo coragem, e abri a porta. O corredor estava
MIAO chalé estava imerso no silêncio, com o crepitar da lareira sendo o único som além do vento suave que agitava as árvores lá fora. Apesar da calma aparente, meu corpo, coberto apenas com a camisa de Vittorio, estava inquieto, como se antecipasse algo que ainda não havia acontecido.Estava na cozinha, fingindo que o chá em minhas mãos era suficiente para me acalmar, mas meus olhos continuavam a vagar até as janelas. Um desconforto estranho crescia dentro de mim, algo que eu não conseguia explicar, talvez fosse algum tipo de trauma que eu levaria comigo depois do ataque do dia anterior.De repente, um som ao longe interrompeu meus pensamentos. O ronco de um motor ecoou através das árvores, cada vez mais próximo.Coloquei a xícara sobre a bancada, meu coração disparando. Olhei para fora, mas não consegui ver nada através da linha de árvores que cercava o chalé.— Vittorio? — chamei, minha voz mais baixa do que pretendia.Antes que pudesse ouvir uma resposta, ele apareceu na porta da
MIAA chuva tamborilava contra o vidro da janela, cada gota desenhando trilhas efêmeras antes de escorrer e sumir, como pensamentos que eu não conseguia manter. O céu cinzento parecia pesar sobre o chalé, refletindo o turbilhão que girava na minha cabeça.Breno.Sua visita havia mexido comigo mais do que eu queria admitir. Cada sorriso, cada palavra calculada... Algo nele não parecia certo. A maneira como seus olhos brilharam, dando a impressão de que talvez quisesse transmitir algo que eu não entendi."E Mia... Tente não se meter em problemas, está bem?"As palavras dele ecoavam incessantemente, como um sussurro perturbador na minha mente. Era um conselho? Um alerta? Ou algo mais sinistro? Meu estômago revirava só de pensar. Desde que ele saiu, uma sensação incômoda se instalou, como um calo que arde ao menor toque, impossível de ignorar.A respiração abafada do ambiente parecia aumentar minha inquietação. Apertei os braços ao redor do corpo, tentando me aquecer do frio que não vinha
MIANa manhã seguinte, o chalé parecia ainda mais silencioso do que o habitual. O som da chuva que caía lá fora não ajudava a dissipar o peso no ar. Eu não sabia se era o clima cinzento ou se era apenas a minha mente, sobrecarregada de perguntas não respondidas, que criava esse vazio.Vittorio estava no quarto de hóspedes, ocupado ao telefone. Sua voz grave ecoava pelo corredor, mas as palavras eram indistintas, abafadas pela espessura das paredes. Mesmo assim, sua presença parecia preencher o espaço, e o fato de não saber sobre o que ele falava só aumentava minha sensação de desconforto.Decidi sair da sala, tentar distrair minha mente, quem sabe explorar o chalé. Cada passo parecia ecoar no silêncio opressor do lugar. O hall d
MIAO resto do dia foi um caos.Vittorio e eu revistamos o chalé, examinando cada cômodo, cada janela, cada canto, mas não encontramos nada.E isso só fez minha ansiedade crescer ainda mais.Mais tarde, enquanto eu arrumava minhas coisas no quarto, ele apareceu na porta, encostando-se no batente com os braços cruzados.— Vamos voltar para os Estados Unidos — anunciou.Parei o que estava fazendo e o encarei.— Agora? Pensei que ainda tinha negócios para resolver aqui.— Minha prioridade agora é a sua segurança.A firmeza em sua voz não deixava espaço para discussão. Vittorio atravessou o quarto e fechou minha mala antes de colocá-la no chão.— Eu não preciso de proteção. Você não precisa se preocupar comigo — protestei, mas minha voz não saiu tão firme quanto eu gostaria.Ele se aproximou, seus olhos presos aos meus. Mas, desta vez, havia algo ali que me desarmou completamente. Medo.— Não vou arriscar sua vida, Mia. Não discuta comigo sobre isso.Havia algo na maneira como Vittorio di
MIAO beijo de Vittorio me levou ao céu e ao inferno em questão de segundos. Seus lábios deslizaram pelo meu pescoço, me marcando como dele, e eu não me importava.No fundo, eu sabia. Meu coração já pertencia a Vittorio Moretti.— Mia, você não faz ideia do que faz comigo — ele murmurou, mordiscando o lóbulo da minha orelha.Um arrepio percorreu minha espinha enquanto minhas mãos deslizavam pelo seu peito, puxando sua camisa e a retirando de uma vez. O toque da sua pele contra meus dedos era eletricidade.Era fogo.— Me mostre.Vittorio sorriu, aquele sorriso de predador que me fazia esquecer o mundo. Com um movimento firme, me deitou na cama, pairando sobre mim. Seus dedos deslizaram pela barra do meu vestido, brincando com o tecido.— Eu vou mostrar — ele prometeu, a voz rouca, carregada de desejo. — Não uma, mas várias vezes.Só de imaginar o que viria a seguir, minha pele formigou.— É mesmo? — provoquei, mordendo o lábio.Ele assentiu e, então, deslizou a mão até o bolso.O objet
MIAO calor da sua língua me fez arquear as costas contra os lençóis, um suspiro trêmulo escapando dos meus lábios. Vittorio me segurou firme, mantendo-me exatamente onde queria, enquanto seus beijos se aprofundavam, explorando cada uma das minhas reações.Meu corpo respondia instintivamente, os dedos se enredando em seus cabelos, puxando-o para mais perto, pedindo sem precisar dizer uma única palavra. Ele sabia.— Você se entrega tão fácil para mim... — Sua voz era um arrastado de prazer, os olhos escuros e famintos quando ergueu o rosto por um instante para me encarar. — Eu poderia passar a noite inteira te provando, te fazendo implorar.Minha respiração estava entrecortada quando tent
VITTORIOComo capo da Cosa Nostra, minha tarefa era simples: cobrar dívidas de drogas, viciados em jogos e prostitutas. E hoje, eu estava no meu escritório, aguardando que meus homens trouxessem mais um desses fracassados: Charles Foster, o tipo de pessoa que me enojava. Viciado em jogos, sem um pingo de autocontrole. E, claro, devia uma boa quantia para a Cosa Nostra.Na Família, eu era conhecido como o Diabo. Minha regra era clara: ninguém deixava de pagar os italianos. E ninguém ousava desafiar essa regra.Eu não permitia que dívidas ficassem pendentes no meu território. Por isso, sempre fazia questão de resolver isso pessoalmente. Eu me encontrava com os devedores no meu escritório, um lugar aconchegante e bem iluminado, localizado no andar de cima de um prédio que abrigava nossos jogos ilegais. A polícia? Eles sabiam, mas fingiam que não viam. Ainda assim, eu sabia que havia muitos esperando minha queda. Um erro, um deslize, e minha cabeça estaria na mira.Verifiquei o relógio Bu