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Capítulo 3 - Entre Grades de Ouro

O quarto luxuoso em que Ana estava não trazia nenhum consolo. A cama era grande, as cortinas de seda e as mobílias finas pareciam pertencer a outra vida, uma vida que não era a dela. Por um instante, tudo parecia um sonho confuso, mas a realidade logo voltou com força total.

Ela tentou se levantar, mas suas pernas estavam fracas. Com esforço, chegou até a porta e tentou girar a maçaneta. Trancada. O desespero crescia em seu peito.

— Socorro! — gritou, batendo com força na porta. — Alguém, me ajude!

Minutos depois, a porta se abriu, mas em vez de encontrar ajuda, Ana se deparou com o olhar frio de Leon. Ele estava parado à porta, os braços cruzados e um sorriso suave nos lábios, como se tudo aquilo fosse apenas um jogo.

— Ana Paula, por favor, acalme-se — disse ele, com uma voz surpreendentemente calma, mas cheia de uma autoridade perturbadora. — Ninguém vai machucar você aqui.

— Me deixar aqui já é uma tortura! — ela gritou, avançando contra ele. — Você acha que pode fazer o que quiser porque tem dinheiro? Você acha que pode me sequestrar e me manter presa como se eu fosse um objeto?

Leon suspirou, fechando a porta atrás de si e se aproximando lentamente. Ana recuou, sentindo seu coração acelerar, mas se recusou a demonstrar fraqueza. Ela o encarou, desafiadora, mesmo com o medo latejando dentro de si.

— Eu não quero que você se sinta assim — disse Leon, ignorando a acusação dela. — Eu só quero que você entenda... Eu posso dar a você uma vida que você jamais poderia imaginar. Conforto, segurança... tudo o que você merece.

— E você acha que isso justifica tudo? — Ana rebateu, cruzando os braços, tentando manter a calma. — Eu não quero seu dinheiro, Leon! Eu quero minha liberdade!

Leon riu suavemente, como se as palavras dela fossem ingênuas.

— Você fala como se fosse tão simples. Mas confie em mim, Ana. Isso... isso entre nós vai ser muito mais do que você imagina.

— Entre nós? — ela repetiu, incrédula. — Não existe "nós". E nunca vai existir.

Os olhos verdes de Leon se estreitaram levemente, e ele se aproximou mais, até que Ana sentiu o calor de seu corpo próximo ao dela.

— Não diga nunca — ele murmurou, com uma intensidade que fez a pele de Ana arrepiar. — As coisas mudam. As pessoas mudam.

Ana queria responder, gritar que ele estava errado, mas antes que pudesse formar as palavras, ele se afastou e saiu do quarto, deixando-a sozinha novamente. O som da porta se trancando atrás dele ecoou pelo quarto, trazendo de volta o silêncio pesado.

Ana desmoronou na cama, as lágrimas escorrendo pelo rosto. Ela não sabia o que fazer. Estava em um lugar estranho, com um homem que ela mal conhecia, mas que agora parecia ter controle sobre sua vida. Ela precisava pensar, precisava encontrar uma saída.

Enquanto isso, do lado de fora, Leon estava sendo confrontado pela única pessoa que ousava desafiá-lo: Beatriz.

— Isso é loucura, Leon. O que você espera conseguir com isso? — ela perguntou, observando-o com uma expressão de desaprovação.

— Eu vou conquistá-la, Bia. Eu só preciso de tempo.

— Você está se arriscando demais. E se ela nunca se render a você?

Leon balançou a cabeça, confiante.

— Ela vai. Porque no fundo, ela sabe que eu posso dar a ela uma vida melhor.

Beatriz suspirou, cética, mas decidiu não insistir mais. Ela sabia que quando Leon colocava algo na cabeça, era difícil fazê-lo mudar de ideia.

Enquanto isso, na casa de Ana, a preocupação só aumentava. Dona Maria estava à beira do desespero, e Carla passava a maior parte do tempo ao lado dela, tentando acalmá-la. Lucas, por outro lado, estava determinado a encontrar Ana. Ele a amava em silêncio por tanto tempo, e a ideia de perdê-la agora o deixava inquieto.

— Eu vou encontrá-la, Dona Maria. Prometo que não vou descansar até trazer Ana de volta — disse Lucas com determinação, apertando as mãos da mãe de Ana.

Carla também estava firme, embora seu coração estivesse apertado de preocupação.

— Se alguém pode encontrá-la, é o Lucas. E vamos fazer tudo o que pudermos para que Ana volte em segurança.

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