O quarto luxuoso em que Ana estava não trazia nenhum consolo. A cama era grande, as cortinas de seda e as mobílias finas pareciam pertencer a outra vida, uma vida que não era a dela. Por um instante, tudo parecia um sonho confuso, mas a realidade logo voltou com força total.
Ela tentou se levantar, mas suas pernas estavam fracas. Com esforço, chegou até a porta e tentou girar a maçaneta. Trancada. O desespero crescia em seu peito. — Socorro! — gritou, batendo com força na porta. — Alguém, me ajude! Minutos depois, a porta se abriu, mas em vez de encontrar ajuda, Ana se deparou com o olhar frio de Leon. Ele estava parado à porta, os braços cruzados e um sorriso suave nos lábios, como se tudo aquilo fosse apenas um jogo. — Ana Paula, por favor, acalme-se — disse ele, com uma voz surpreendentemente calma, mas cheia de uma autoridade perturbadora. — Ninguém vai machucar você aqui. — Me deixar aqui já é uma tortura! — ela gritou, avançando contra ele. — Você acha que pode fazer o que quiser porque tem dinheiro? Você acha que pode me sequestrar e me manter presa como se eu fosse um objeto? Leon suspirou, fechando a porta atrás de si e se aproximando lentamente. Ana recuou, sentindo seu coração acelerar, mas se recusou a demonstrar fraqueza. Ela o encarou, desafiadora, mesmo com o medo latejando dentro de si. — Eu não quero que você se sinta assim — disse Leon, ignorando a acusação dela. — Eu só quero que você entenda... Eu posso dar a você uma vida que você jamais poderia imaginar. Conforto, segurança... tudo o que você merece. — E você acha que isso justifica tudo? — Ana rebateu, cruzando os braços, tentando manter a calma. — Eu não quero seu dinheiro, Leon! Eu quero minha liberdade! Leon riu suavemente, como se as palavras dela fossem ingênuas. — Você fala como se fosse tão simples. Mas confie em mim, Ana. Isso... isso entre nós vai ser muito mais do que você imagina. — Entre nós? — ela repetiu, incrédula. — Não existe "nós". E nunca vai existir. Os olhos verdes de Leon se estreitaram levemente, e ele se aproximou mais, até que Ana sentiu o calor de seu corpo próximo ao dela. — Não diga nunca — ele murmurou, com uma intensidade que fez a pele de Ana arrepiar. — As coisas mudam. As pessoas mudam. Ana queria responder, gritar que ele estava errado, mas antes que pudesse formar as palavras, ele se afastou e saiu do quarto, deixando-a sozinha novamente. O som da porta se trancando atrás dele ecoou pelo quarto, trazendo de volta o silêncio pesado. Ana desmoronou na cama, as lágrimas escorrendo pelo rosto. Ela não sabia o que fazer. Estava em um lugar estranho, com um homem que ela mal conhecia, mas que agora parecia ter controle sobre sua vida. Ela precisava pensar, precisava encontrar uma saída. Enquanto isso, do lado de fora, Leon estava sendo confrontado pela única pessoa que ousava desafiá-lo: Beatriz. — Isso é loucura, Leon. O que você espera conseguir com isso? — ela perguntou, observando-o com uma expressão de desaprovação. — Eu vou conquistá-la, Bia. Eu só preciso de tempo. — Você está se arriscando demais. E se ela nunca se render a você? Leon balançou a cabeça, confiante. — Ela vai. Porque no fundo, ela sabe que eu posso dar a ela uma vida melhor. Beatriz suspirou, cética, mas decidiu não insistir mais. Ela sabia que quando Leon colocava algo na cabeça, era difícil fazê-lo mudar de ideia. Enquanto isso, na casa de Ana, a preocupação só aumentava. Dona Maria estava à beira do desespero, e Carla passava a maior parte do tempo ao lado dela, tentando acalmá-la. Lucas, por outro lado, estava determinado a encontrar Ana. Ele a amava em silêncio por tanto tempo, e a ideia de perdê-la agora o deixava inquieto. — Eu vou encontrá-la, Dona Maria. Prometo que não vou descansar até trazer Ana de volta — disse Lucas com determinação, apertando as mãos da mãe de Ana. Carla também estava firme, embora seu coração estivesse apertado de preocupação. — Se alguém pode encontrá-la, é o Lucas. E vamos fazer tudo o que pudermos para que Ana volte em segurança.Os dias na mansão pareciam se arrastar para Ana. Cada manhã ela acordava sentindo-se presa em uma gaiola dourada. O quarto era luxuoso, o serviço era impecável, e mesmo assim, tudo aquilo a sufocava. Ela não conseguia compreender como Leon achava que riqueza e poder poderiam substituir sua liberdade.Ela tinha tentado escapar duas vezes. Na primeira, as portas e janelas estavam trancadas e bem vigiadas. Na segunda tentativa, os seguranças de Leon a interceptaram antes que ela chegasse ao portão principal. Desde então, ela não tentou mais, mas mantinha os olhos atentos, esperando pela oportunidade certa.Leon, por sua vez, continuava insistente. Ele a visitava todos os dias, sempre com o mesmo sorriso confiante. E a cada encontro, tentava conquistar Ana, ora com presentes luxuosos, ora com promessas de uma vida sem preocupações. Mas ela resistia.— Você sabe que não pode me manter aqui para sempre — Ana disse certa tarde, encarando-o com firmeza enquanto ele lhe oferecia uma joia. — Eu
Os dias que se seguiram à última discussão entre Leon e Ana foram tensos. Ele ainda era o mesmo Leon, dominador e confiante, mas agora suas atenções eram divididas. Ele não parava de ver outras mulheres, algo que Ana não deixou de notar, mesmo estando presa naquela mansão. Ela não conseguia entender como alguém que dizia querer conquistá-la ainda se envolvia com outras. Isso a irritava profundamente, mesmo que ela soubesse que não deveria se importar.As mulheres que Leon visitava ficavam completamente encantadas por ele, chegando ao ponto de procurá-lo em suas empresas e criar situações constrangedoras. Era algo quase cômico para Ana, observar de longe essas mulheres disputando a atenção de Leon. Mas, ao mesmo tempo, era um lembrete constante do tipo de homem com quem ela estava lidando.Certa tarde, enquanto caminhava pelo vasto jardim da mansão, Ana tropeçou em uma pedra solta e caiu de forma desajeitada. A dor foi imediata, um corte profundo em seu joelho fez o sangue começar a es
No escritório da mansão, Leon estava sentado atrás de sua mesa de mogno, observando Ana com um olhar sério. Um contrato repousava entre eles, cada palavra cuidadosamente elaborada para garantir que ela não poderia escapar tão facilmente de seu acordo.— Este contrato é simples — disse Leon, apontando para o documento. — Você se compromete a fingir ser minha namorada em eventos da empresa e para minha família. Em troca, terá mais liberdade, conforme acordamos.Ana leu o contrato com atenção. Suas mãos estavam trêmulas, mas ela não deixaria que Leon percebesse seu nervosismo. Cada cláusula parecia amarrá-la mais e mais àquele jogo de poder. No entanto, uma em especial chamou sua atenção.— E esta cláusula? — Ana perguntou, franzindo a testa. — Multa altíssima caso eu descumpra o acordo?Leon sorriu friamente.— Sim. Se você quebrar o contrato, terá que pagar uma multa significativa. Quero garantir que você leve isso a sério, Ana.Ela cruzou os braços, tentando não demonstrar o quanto aq
A primeira aparição pública de Leon e Ana como um casal causou alvoroço. As fotos deles juntos no evento foram rapidamente espalhadas por portais de notícias e redes sociais, deixando muitos intrigados com o novo "casal". Mas a repercussão não ficou restrita apenas às elites. A família de Ana, que não tinha notícias dela desde o sumiço, viu as imagens e ficou em choque.Em sua casa simples, Dona Maria e Seu Antônio estavam sentados à mesa, olhando incrédulos para a manchete no site de notícias: "Leon Cortes e sua nova namorada: quem é a misteriosa mulher ao lado do bilionário?"— Isso não pode ser verdade! — exclamou Dona Maria, segurando o celular com mãos trêmulas. — É nossa Ana Paula! Antônio, precisamos fazer alguma coisa!Seu Antônio, visivelmente preocupado, balançou a cabeça.— Temos que falar com ela, Maria. Algo não está certo. Ela desaparece por dias e agora surge ao lado desse homem?Enquanto isso, Carla, a melhor amiga de Ana,
Depois da visita à família de Ana, Leon começou a relaxar um pouco. Ele percebeu que, para que sua farsa funcionasse e para que Ana desempenhasse bem o papel de sua namorada, ela precisava de um pouco mais de liberdade. Então, ele lhe deu permissão para sair da mansão em momentos programados, sempre acompanhada por seguranças discretos. Não era total liberdade, mas para Ana, era um respiro necessário.Em uma dessas saídas, Ana decidiu se encontrar com Carla em um café na cidade. Ela sabia que a amiga tinha muitas perguntas, e Ana estava se preparando mentalmente para continuar com a farsa. Porém, conforme se aproximava do café, seu coração batia mais rápido. Mentir para sua família já havia sido difícil, mas mentir para Carla... isso a incomodava de uma maneira que não podia ignorar.Quando entrou no café, Carla já estava esperando em uma mesa no canto, seus olhos atentos e curiosos.— Ana! — Carla se levantou, abraçando-a com força. — Eu estava tão preocupada! Por que você sumiu assi
Os dias seguintes foram um misto de tensão e falsa calmaria na mansão. Ana continuava desempenhando seu papel de namorada de Leon, participando de eventos empresariais e mantendo as aparências, mas internamente, seu mundo estava desmoronando. A relação entre ela e Leon estava ficando cada vez mais confusa. Ela tentava manter a cabeça no lugar, repetindo para si mesma que tudo aquilo era apenas um contrato, mas seu coração a traía constantemente.Lucas, por outro lado, estava mais determinado do que nunca. Ele já havia juntado uma série de informações sobre Leon, mas precisava de algo mais concreto para confrontar Ana. Algo que pudesse abrir os olhos dela de uma vez por todas.----------------------------------------------Ana estava no jardim da mansão em uma de suas raras horas de folga. O dia estava claro, e o aroma das flores ao redor era relaxante, mas sua mente estava longe dali. Ela pensava em sua família, em como todos estavam lidando com aquela far
Depois do sucesso da aparição pública, Leon decidiu que era hora de Ana conhecer sua família. Ele nunca havia trazido uma mulher para casa antes, e o pensamento de apresentar Ana para sua mãe e irmão o deixava nervoso, embora ele jamais admitisse isso.Ana, por sua vez, estava igualmente apreensiva. Não era só o peso da mentira que a incomodava; era também a pressão de se apresentar como a "namorada" perfeita diante da família de Leon. O irmão dele, principalmente, era um desconhecido, mas Leon o havia mencionado várias vezes. Tudo parecia um jogo, e Ana precisava jogar suas cartas com cuidado.----------------------------------------------No final de semana seguinte, Leon a levou para sua casa de campo, onde sua mãe, Dona Elvira, e seu irmão mais novo, Rafael, estavam esperando. A casa era imensa, cercada por jardins exuberantes e um lago ao longe. Quando eles chegaram, Dona Elvira os recebeu com um sorriso caloroso.— Você deve ser a famosa Ana
Ana estava ainda mais tensa desde a visita à casa de Leon. Embora a família dele a tivesse recebido calorosamente, o peso da mentira só aumentava. A cada gesto amável de Dona Elvira, a cada sorriso de Rafael, Ana sentia como se estivesse andando em uma corda bamba, prestes a despencar.Leon, por outro lado, estava lidando com sentimentos que nunca havia experimentado antes. Ver Rafael e Ana juntos despertava nele uma raiva e um ciúme que ele não conseguia controlar. Ele não estava acostumado a sentir-se assim vulnerável, muito menos por uma mulher que, até pouco tempo atrás, ele via apenas como um jogo.----------------------------------------------Alguns dias após a visita à casa dos pais de Ana, Leon a chamou para uma conversa em seu escritório.— Eu pensei em te deixar um pouco mais livre — começou ele, observando-a atentamente enquanto ela se sentava à sua frente. — Você pode sair mais, contanto que mantenha a farsa intacta. Nossa história ainda precisa parecer verdadeira.Ana fr