A noite terminou entre risos, brindes e sorrisos. O casamento de Beatriz e Fábio havia sido um sucesso, com todos envolvidos em uma atmosfera de amor e união. No entanto, Ana, ao deixar o salão com Lucca e Jonas, sentia o peso das emoções ainda reverberando dentro dela. A proximidade de Leon, as palavras que ele havia dito durante a dança e, principalmente, a alegria de Lucca com a ideia do almoço futuro com Leon, deixavam-na confusa e ansiosa.
Enquanto entravam no carro, Lucca, sonolento, se acomodou no banco traseiro. Jonas assumiu o volante, e Ana se ajeitou ao seu lado, olhando para a janela enquanto tentava organizar seus pensamentos. A estrada para o hotel era tranquila, mas seu coração estava longe de encontrar paz.— Ele está gostando muito de Leon, né? — comentou Jonas, enquanto dirigia, quebrando o silêncio.Ana suspirou.— Sim, está... — murmurou. — E isso me preocupa. Eu não sei o que fazer, Jonas. Essa aproximação é complicada. LeonO dia estava claro e ensolarado, perfeito para um passeio em família, mesmo que fosse um tipo de “família improvisada”. O plano original de almoçar em um restaurante havia rapidamente se transformado em algo mais leve e descontraído, com Lucca animado com a ideia de ir a um parque aquático. A empolgação do garoto era contagiante, e até Ana, com todos os seus receios, não conseguia evitar se deixar levar pela alegria do filho.— Vai ser divertido! Eu nunca fui a um parque aquático antes! — disse Lucca, os olhos brilhando de expectativa.Ana sorriu para ele, ajeitando a mochila com roupas extras e protetor solar.— Tenho certeza de que você vai adorar, meu amor. Só não se esqueça de ficar perto de mim ou da Carla, ok?Lucca acenou freneticamente, mal contendo a animação. Jonas, que estava na Suécia resolvendo questões empresariais, ficaria contente em saber que Lucca estava se divertindo, pensou Ana. Com tudo pronto, Ana ligou para Carla, que aceitou prontamente o convite para se juntar
Enquanto o silêncio se instalava entre eles após a conversa sobre Viviane, Leon não conseguia desviar o olhar de Ana. Ele sabia que suas palavras sozinhas não seriam suficientes para desfazer a desconfiança que havia nascido daquela traição. Ele precisava de uma prova, algo concreto que mostrasse a Ana que ele não havia mentido, que aquela noite fatídica tinha sido uma armadilha meticulosamente arquitetada por Viviane. Ele pensava nisso com intensidade, enquanto a observava desviar o olhar, claramente ainda abalada pela troca de palavras entre os dois."Eu tenho que provar isso para ela de algum jeito." Ele pensava com força, sua mente buscando freneticamente soluções.Mas antes que Leon pudesse sugerir mais alguma coisa ou tentar continuar a conversa, Lucca surgiu, correndo animado com Carla logo atrás dele. Ele tinha um brilho nos olhos de quem estava aproveitando cada segundo daquele dia de diversão.— Mãe, tio Leon, vocês têm que descer o toboágua comigo! — exclamou o garoto, pux
Ana acordou cedo naquela manhã, ainda se sentindo esgotada pelo dia anterior no parque aquático. Apesar das tensões entre ela e Leon, Lucca parecia mais feliz do que nunca, o que trouxe um leve conforto ao coração de Ana. Ela preparou o café da manhã com calma, enquanto observava seu filho se movimentar pela casa, ainda com o sorriso de quem tinha se divertido demais. — Lucca, hoje você vai passar o dia na casa da vovó e do vovô, tudo bem? — disse Ana enquanto arrumava a mochila do garoto, colocando suas roupas e alguns brinquedos favoritos. — Claro, mãe! Eu adoro ficar com eles! — respondeu Lucca, sem pestanejar. A rotina matinal seguia normalmente. Depois de deixar Lucca com seus pais, Ana foi para o trabalho. Apesar de se esforçar para manter o foco nas suas tarefas, sua mente ainda vagava para Leon e para o que ele poderia estar planejando para provar sua inocência sobre a traição com Viviane. Algo dentro dela queria desesperadamente que aquilo tudo fosse apenas um mal-entendid
Leon permaneceu imóvel, ainda tentando processar o que acabara de descobrir. O choque corria por seu corpo como um relâmpago, e sua mente rodava com perguntas e sentimentos que não conseguia ordenar. Ele olhou para Ana, que ainda estava atônita, e decidiu que não poderia esperar mais.— Por que você não me contou? — perguntou ele, sua voz baixa, mas cheia de dor.Ana levantou o olhar lentamente, percebendo a intensidade no rosto de Leon. Seus olhos verdes, normalmente tão seguros e determinados, estavam agora nublados de confusão e tristeza. Ela sentiu o peso das palavras que ele não dizia, mas que estavam no ar. Ele queria respostas, e ela sabia que não poderia fugir dessa vez.— Leon, eu… — começou Ana, mas as palavras travaram em sua garganta. Ela queria dizer algo que explicasse tudo, mas sabia que qualquer coisa que dissesse agora soaria insuficiente.— Você foi embora depois daquela noite. Por que, Ana? — Leon continuou, sua voz agora mais firme. — Nós tivemos aquele momento jun
O amanhecer trouxe um novo dia, mas também novas responsabilidades para Leon. Depois da revelação no hospital, ele sabia que sua vida jamais seria a mesma. Havia um desejo forte de estar ao lado de Ana e Lucca, de construir a relação que havia perdido por anos, mas ele também sabia que não poderia descansar enquanto houvesse pendências a serem resolvidas — tanto em sua vida pessoal quanto nos negócios.Naquela manhã, Leon levantou cedo. O calor do sol já invadia seu quarto, e ele sentia que o dia traria consigo mais do que simples compromissos. Ele se preparou rapidamente, vestindo seu habitual terno impecável, ajustando o nó da gravata diante do espelho com uma precisão quase automática. Contudo, sua mente não estava totalmente ali. Ele sabia que, além das pendências na empresa, havia uma questão muito mais importante para resolver: provar para Ana que aquela traição com Viviane, que a afastou dele, não passava de uma armação.Com o pensamento fixo nisso, Leon se dirigiu para a sede
O restaurante reluzia com uma elegância opulenta. Lustres de cristal pendiam do teto alto, iluminando mesas impecavelmente dispostas com talheres de prata e taças de cristal. Era o tipo de lugar onde apenas os ricos e poderosos jantavam, e Ana Paula nunca se sentiu tão fora de lugar quanto ali, servindo bebidas para aqueles que não faziam ideia do que era viver com tão pouco.Ela ajeitou o avental enquanto caminhava com uma bandeja equilibrada sobre a mão. O cheiro dos pratos finos misturava-se ao perfume caro dos clientes, criando uma atmosfera que era ao mesmo tempo acolhedora e sufocante. "Mais uma noite," pensou ela, forçando um sorriso para esconder seu cansaço.Foi então que ela o viu. Sentado em uma mesa isolada, ele parecia à vontade, como se o restaurante fosse uma extensão de sua própria casa. Leon. Seu olhar esverdeado captou o dela por um instante, e Ana sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Ele era o tipo de homem que chamava atenção em qualquer lu
Cinco dias haviam se passado desde o incidente no La Belle Cuisine, e Ana Paula ainda tentava recuperar seu equilíbrio. Perder o emprego não foi fácil, e agora o peso de suas responsabilidades parecia cada vez mais sufocante. A cada dia, ela saía em busca de um novo trabalho, mas as respostas sempre eram as mesmas: "Estamos sem vagas no momento."Sua família era simples, e o dinheiro nunca sobrava. Ana morava com a mãe, Dona Maria, uma mulher bondosa e trabalhadora, que sempre fazia o possível para apoiar a filha. Sua mãe estava preocupada, mas também orgulhosa da força e determinação de Ana.— Não se preocupe, filha. Você vai conseguir — dizia Dona Maria sempre que Ana voltava para casa com o semblante cansado.Mas Ana também tinha alguém em quem se apoiar fora de casa: sua melhor amiga, Carla. Carla era o oposto de Ana em muitos aspectos, sempre otimista e extrovertida. Estava sempre lá para levantar o ânimo de Ana quando tudo parecia desmoronar.
O quarto luxuoso em que Ana estava não trazia nenhum consolo. A cama era grande, as cortinas de seda e as mobílias finas pareciam pertencer a outra vida, uma vida que não era a dela. Por um instante, tudo parecia um sonho confuso, mas a realidade logo voltou com força total.Ela tentou se levantar, mas suas pernas estavam fracas. Com esforço, chegou até a porta e tentou girar a maçaneta. Trancada. O desespero crescia em seu peito.— Socorro! — gritou, batendo com força na porta. — Alguém, me ajude!Minutos depois, a porta se abriu, mas em vez de encontrar ajuda, Ana se deparou com o olhar frio de Leon. Ele estava parado à porta, os braços cruzados e um sorriso suave nos lábios, como se tudo aquilo fosse apenas um jogo.— Ana Paula, por favor, acalme-se — disse ele, com uma voz surpreendentemente calma, mas cheia de uma autoridade perturbadora. — Ninguém vai machucar você aqui.— Me deixar aqui já é uma tortura! — ela gritou, avançando con