O restaurante reluzia com uma elegância opulenta. Lustres de cristal pendiam do teto alto, iluminando mesas impecavelmente dispostas com talheres de prata e taças de cristal. Era o tipo de lugar onde apenas os ricos e poderosos jantavam, e Ana Paula nunca se sentiu tão fora de lugar quanto ali, servindo bebidas para aqueles que não faziam ideia do que era viver com tão pouco.Ela ajeitou o avental enquanto caminhava com uma bandeja equilibrada sobre a mão. O cheiro dos pratos finos misturava-se ao perfume caro dos clientes, criando uma atmosfera que era ao mesmo tempo acolhedora e sufocante. "Mais uma noite," pensou ela, forçando um sorriso para esconder seu cansaço.Foi então que ela o viu. Sentado em uma mesa isolada, ele parecia à vontade, como se o restaurante fosse uma extensão de sua própria casa. Leon. Seu olhar esverdeado captou o dela por um instante, e Ana sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Ele era o tipo de homem que chamava atenção em qualquer lu
Cinco dias haviam se passado desde o incidente no La Belle Cuisine, e Ana Paula ainda tentava recuperar seu equilíbrio. Perder o emprego não foi fácil, e agora o peso de suas responsabilidades parecia cada vez mais sufocante. A cada dia, ela saía em busca de um novo trabalho, mas as respostas sempre eram as mesmas: "Estamos sem vagas no momento."Sua família era simples, e o dinheiro nunca sobrava. Ana morava com a mãe, Dona Maria, uma mulher bondosa e trabalhadora, que sempre fazia o possível para apoiar a filha. Sua mãe estava preocupada, mas também orgulhosa da força e determinação de Ana.— Não se preocupe, filha. Você vai conseguir — dizia Dona Maria sempre que Ana voltava para casa com o semblante cansado.Mas Ana também tinha alguém em quem se apoiar fora de casa: sua melhor amiga, Carla. Carla era o oposto de Ana em muitos aspectos, sempre otimista e extrovertida. Estava sempre lá para levantar o ânimo de Ana quando tudo parecia desmoronar.
O quarto luxuoso em que Ana estava não trazia nenhum consolo. A cama era grande, as cortinas de seda e as mobílias finas pareciam pertencer a outra vida, uma vida que não era a dela. Por um instante, tudo parecia um sonho confuso, mas a realidade logo voltou com força total.Ela tentou se levantar, mas suas pernas estavam fracas. Com esforço, chegou até a porta e tentou girar a maçaneta. Trancada. O desespero crescia em seu peito.— Socorro! — gritou, batendo com força na porta. — Alguém, me ajude!Minutos depois, a porta se abriu, mas em vez de encontrar ajuda, Ana se deparou com o olhar frio de Leon. Ele estava parado à porta, os braços cruzados e um sorriso suave nos lábios, como se tudo aquilo fosse apenas um jogo.— Ana Paula, por favor, acalme-se — disse ele, com uma voz surpreendentemente calma, mas cheia de uma autoridade perturbadora. — Ninguém vai machucar você aqui.— Me deixar aqui já é uma tortura! — ela gritou, avançando con
Os dias na mansão pareciam se arrastar para Ana. Cada manhã ela acordava sentindo-se presa em uma gaiola dourada. O quarto era luxuoso, o serviço era impecável, e mesmo assim, tudo aquilo a sufocava. Ela não conseguia compreender como Leon achava que riqueza e poder poderiam substituir sua liberdade.Ela tinha tentado escapar duas vezes. Na primeira, as portas e janelas estavam trancadas e bem vigiadas. Na segunda tentativa, os seguranças de Leon a interceptaram antes que ela chegasse ao portão principal. Desde então, ela não tentou mais, mas mantinha os olhos atentos, esperando pela oportunidade certa.Leon, por sua vez, continuava insistente. Ele a visitava todos os dias, sempre com o mesmo sorriso confiante. E a cada encontro, tentava conquistar Ana, ora com presentes luxuosos, ora com promessas de uma vida sem preocupações. Mas ela resistia.— Você sabe que não pode me manter aqui para sempre — Ana disse certa tarde, encarando-o com firmeza enquanto ele lhe oferecia uma joia. — Eu
Os dias que se seguiram à última discussão entre Leon e Ana foram tensos. Ele ainda era o mesmo Leon, dominador e confiante, mas agora suas atenções eram divididas. Ele não parava de ver outras mulheres, algo que Ana não deixou de notar, mesmo estando presa naquela mansão. Ela não conseguia entender como alguém que dizia querer conquistá-la ainda se envolvia com outras. Isso a irritava profundamente, mesmo que ela soubesse que não deveria se importar.As mulheres que Leon visitava ficavam completamente encantadas por ele, chegando ao ponto de procurá-lo em suas empresas e criar situações constrangedoras. Era algo quase cômico para Ana, observar de longe essas mulheres disputando a atenção de Leon. Mas, ao mesmo tempo, era um lembrete constante do tipo de homem com quem ela estava lidando.Certa tarde, enquanto caminhava pelo vasto jardim da mansão, Ana tropeçou em uma pedra solta e caiu de forma desajeitada. A dor foi imediata, um corte profundo em seu joelho fez o sangue começar a es
No escritório da mansão, Leon estava sentado atrás de sua mesa de mogno, observando Ana com um olhar sério. Um contrato repousava entre eles, cada palavra cuidadosamente elaborada para garantir que ela não poderia escapar tão facilmente de seu acordo.— Este contrato é simples — disse Leon, apontando para o documento. — Você se compromete a fingir ser minha namorada em eventos da empresa e para minha família. Em troca, terá mais liberdade, conforme acordamos.Ana leu o contrato com atenção. Suas mãos estavam trêmulas, mas ela não deixaria que Leon percebesse seu nervosismo. Cada cláusula parecia amarrá-la mais e mais àquele jogo de poder. No entanto, uma em especial chamou sua atenção.— E esta cláusula? — Ana perguntou, franzindo a testa. — Multa altíssima caso eu descumpra o acordo?Leon sorriu friamente.— Sim. Se você quebrar o contrato, terá que pagar uma multa significativa. Quero garantir que você leve isso a sério, Ana.Ela cruzou os braços, tentando não demonstrar o quanto aq
A primeira aparição pública de Leon e Ana como um casal causou alvoroço. As fotos deles juntos no evento foram rapidamente espalhadas por portais de notícias e redes sociais, deixando muitos intrigados com o novo "casal". Mas a repercussão não ficou restrita apenas às elites. A família de Ana, que não tinha notícias dela desde o sumiço, viu as imagens e ficou em choque.Em sua casa simples, Dona Maria e Seu Antônio estavam sentados à mesa, olhando incrédulos para a manchete no site de notícias: "Leon Cortes e sua nova namorada: quem é a misteriosa mulher ao lado do bilionário?"— Isso não pode ser verdade! — exclamou Dona Maria, segurando o celular com mãos trêmulas. — É nossa Ana Paula! Antônio, precisamos fazer alguma coisa!Seu Antônio, visivelmente preocupado, balançou a cabeça.— Temos que falar com ela, Maria. Algo não está certo. Ela desaparece por dias e agora surge ao lado desse homem?Enquanto isso, Carla, a melhor amiga de Ana,
Depois da visita à família de Ana, Leon começou a relaxar um pouco. Ele percebeu que, para que sua farsa funcionasse e para que Ana desempenhasse bem o papel de sua namorada, ela precisava de um pouco mais de liberdade. Então, ele lhe deu permissão para sair da mansão em momentos programados, sempre acompanhada por seguranças discretos. Não era total liberdade, mas para Ana, era um respiro necessário.Em uma dessas saídas, Ana decidiu se encontrar com Carla em um café na cidade. Ela sabia que a amiga tinha muitas perguntas, e Ana estava se preparando mentalmente para continuar com a farsa. Porém, conforme se aproximava do café, seu coração batia mais rápido. Mentir para sua família já havia sido difícil, mas mentir para Carla... isso a incomodava de uma maneira que não podia ignorar.Quando entrou no café, Carla já estava esperando em uma mesa no canto, seus olhos atentos e curiosos.— Ana! — Carla se levantou, abraçando-a com força. — Eu estava tão preocupada! Por que você sumiu assi