Cinco dias haviam se passado desde o incidente no La Belle Cuisine, e Ana Paula ainda tentava recuperar seu equilíbrio. Perder o emprego não foi fácil, e agora o peso de suas responsabilidades parecia cada vez mais sufocante. A cada dia, ela saía em busca de um novo trabalho, mas as respostas sempre eram as mesmas: "Estamos sem vagas no momento."
Sua família era simples, e o dinheiro nunca sobrava. Ana morava com a mãe, Dona Maria, uma mulher bondosa e trabalhadora, que sempre fazia o possível para apoiar a filha. Sua mãe estava preocupada, mas também orgulhosa da força e determinação de Ana. — Não se preocupe, filha. Você vai conseguir — dizia Dona Maria sempre que Ana voltava para casa com o semblante cansado. Mas Ana também tinha alguém em quem se apoiar fora de casa: sua melhor amiga, Carla. Carla era o oposto de Ana em muitos aspectos, sempre otimista e extrovertida. Estava sempre lá para levantar o ânimo de Ana quando tudo parecia desmoronar. — A gente vai dar um jeito nisso — disse Carla pelo telefone na manhã em que Ana se preparava para mais um dia de procura. — Vamos sair juntas amanhã e ver algumas vagas. Não desanima, viu? — Obrigada, Carla. Você sempre me ajuda a enxergar as coisas de uma forma melhor — respondeu Ana, sentindo o calor da amizade acalmá-la. Outro ponto de apoio para Ana, embora ela não percebesse, era Lucas, um amigo de infância. Ele sempre esteve ao lado dela, um pouco mais tímido que Carla, mas extremamente dedicado. O que Ana não sabia era que Lucas nutria sentimentos profundos por ela há anos. No entanto, ele nunca teve coragem de confessar, achando que ela só o via como um amigo. Naquele dia, Ana saiu cedo novamente para deixar mais currículos. Ela estava determinada, mas também começava a se sentir cansada. As ruas estavam movimentadas, e Ana caminhava rapidamente, sem perceber que estava sendo seguida. Leon, por outro lado, estava mais decidido do que nunca. Após o incidente no restaurante, ele havia feito questão de descobrir tudo sobre a vida de Ana. A simplicidade dela o intrigava, e ele não conseguia tirar aquela noite de sua mente. Com a ajuda de sua melhor amiga, Beatriz – uma mulher igualmente poderosa e manipuladora –, Leon elaborou seu plano para conquistar Ana de uma vez por todas. — Você não está levando isso longe demais, Leon? — perguntou Beatriz, enquanto tomavam um café em seu luxuoso apartamento. Ela tinha um sorriso malicioso nos lábios, mas havia uma pontada de preocupação. — Não, Bia — respondeu Leon com firmeza. — Ela é diferente. Eu preciso dela ao meu lado. E você sabe que quando eu quero algo, eu consigo. Beatriz riu levemente, mas seu olhar permaneceu sério. — Só tome cuidado para não subestimar essa garota. Parece que ela não é do tipo que se rende fácil. Naquela mesma tarde, o destino de Ana foi selado. Ela caminhava pelas ruas, olhando para uma possível vaga em uma padaria, quando de repente, sentiu uma mão firme puxá-la para dentro de um carro preto. — O que está acontecendo?! — Ana gritou, mas sua voz foi abafada enquanto um pano foi colocado sobre sua boca. O efeito do sedativo foi quase imediato, e seus olhos começaram a se fechar contra sua vontade. Horas depois, Ana acordou em um quarto luxuoso. As cortinas de seda pendiam das janelas altas, e o cheiro de lençóis limpos a rodeava. Ela piscou, confusa, tentando se lembrar do que havia acontecido. — Onde estou...? — murmurou, sentindo o medo apertar seu peito. Enquanto isso, em sua casa, Dona Maria já estava desesperada. Ana nunca voltava tarde sem avisar. O telefone de Ana não dava sinal, e nem Carla conseguia encontrá-la. Lucas, preocupado, estava fazendo o possível para ajudar, indo até a delegacia para relatar o desaparecimento da amiga. — Eu sabia que algo assim poderia acontecer! — dizia Dona Maria, as mãos trêmulas segurando o telefone enquanto ligava para todos os conhecidos, tentando obter qualquer pista sobre sua filha. Carla, por sua vez, tentava manter a calma, mas também estava profundamente preocupada. Elas sempre conversavam sobre tudo, e o silêncio de Ana não era comum. Enquanto isso, Leon observava Ana através das câmeras de segurança da mansão em que a mantinha. Ele sabia que, em breve, teria que lidar com a resistência dela. Mas, para Leon, o desafio apenas tornava tudo mais excitante. — Ela vai aprender a confiar em mim — disse ele, confiante.O quarto luxuoso em que Ana estava não trazia nenhum consolo. A cama era grande, as cortinas de seda e as mobílias finas pareciam pertencer a outra vida, uma vida que não era a dela. Por um instante, tudo parecia um sonho confuso, mas a realidade logo voltou com força total.Ela tentou se levantar, mas suas pernas estavam fracas. Com esforço, chegou até a porta e tentou girar a maçaneta. Trancada. O desespero crescia em seu peito.— Socorro! — gritou, batendo com força na porta. — Alguém, me ajude!Minutos depois, a porta se abriu, mas em vez de encontrar ajuda, Ana se deparou com o olhar frio de Leon. Ele estava parado à porta, os braços cruzados e um sorriso suave nos lábios, como se tudo aquilo fosse apenas um jogo.— Ana Paula, por favor, acalme-se — disse ele, com uma voz surpreendentemente calma, mas cheia de uma autoridade perturbadora. — Ninguém vai machucar você aqui.— Me deixar aqui já é uma tortura! — ela gritou, avançando con
Os dias na mansão pareciam se arrastar para Ana. Cada manhã ela acordava sentindo-se presa em uma gaiola dourada. O quarto era luxuoso, o serviço era impecável, e mesmo assim, tudo aquilo a sufocava. Ela não conseguia compreender como Leon achava que riqueza e poder poderiam substituir sua liberdade.Ela tinha tentado escapar duas vezes. Na primeira, as portas e janelas estavam trancadas e bem vigiadas. Na segunda tentativa, os seguranças de Leon a interceptaram antes que ela chegasse ao portão principal. Desde então, ela não tentou mais, mas mantinha os olhos atentos, esperando pela oportunidade certa.Leon, por sua vez, continuava insistente. Ele a visitava todos os dias, sempre com o mesmo sorriso confiante. E a cada encontro, tentava conquistar Ana, ora com presentes luxuosos, ora com promessas de uma vida sem preocupações. Mas ela resistia.— Você sabe que não pode me manter aqui para sempre — Ana disse certa tarde, encarando-o com firmeza enquanto ele lhe oferecia uma joia. — Eu
Os dias que se seguiram à última discussão entre Leon e Ana foram tensos. Ele ainda era o mesmo Leon, dominador e confiante, mas agora suas atenções eram divididas. Ele não parava de ver outras mulheres, algo que Ana não deixou de notar, mesmo estando presa naquela mansão. Ela não conseguia entender como alguém que dizia querer conquistá-la ainda se envolvia com outras. Isso a irritava profundamente, mesmo que ela soubesse que não deveria se importar.As mulheres que Leon visitava ficavam completamente encantadas por ele, chegando ao ponto de procurá-lo em suas empresas e criar situações constrangedoras. Era algo quase cômico para Ana, observar de longe essas mulheres disputando a atenção de Leon. Mas, ao mesmo tempo, era um lembrete constante do tipo de homem com quem ela estava lidando.Certa tarde, enquanto caminhava pelo vasto jardim da mansão, Ana tropeçou em uma pedra solta e caiu de forma desajeitada. A dor foi imediata, um corte profundo em seu joelho fez o sangue começar a es
No escritório da mansão, Leon estava sentado atrás de sua mesa de mogno, observando Ana com um olhar sério. Um contrato repousava entre eles, cada palavra cuidadosamente elaborada para garantir que ela não poderia escapar tão facilmente de seu acordo.— Este contrato é simples — disse Leon, apontando para o documento. — Você se compromete a fingir ser minha namorada em eventos da empresa e para minha família. Em troca, terá mais liberdade, conforme acordamos.Ana leu o contrato com atenção. Suas mãos estavam trêmulas, mas ela não deixaria que Leon percebesse seu nervosismo. Cada cláusula parecia amarrá-la mais e mais àquele jogo de poder. No entanto, uma em especial chamou sua atenção.— E esta cláusula? — Ana perguntou, franzindo a testa. — Multa altíssima caso eu descumpra o acordo?Leon sorriu friamente.— Sim. Se você quebrar o contrato, terá que pagar uma multa significativa. Quero garantir que você leve isso a sério, Ana.Ela cruzou os braços, tentando não demonstrar o quanto aq
A primeira aparição pública de Leon e Ana como um casal causou alvoroço. As fotos deles juntos no evento foram rapidamente espalhadas por portais de notícias e redes sociais, deixando muitos intrigados com o novo "casal". Mas a repercussão não ficou restrita apenas às elites. A família de Ana, que não tinha notícias dela desde o sumiço, viu as imagens e ficou em choque.Em sua casa simples, Dona Maria e Seu Antônio estavam sentados à mesa, olhando incrédulos para a manchete no site de notícias: "Leon Cortes e sua nova namorada: quem é a misteriosa mulher ao lado do bilionário?"— Isso não pode ser verdade! — exclamou Dona Maria, segurando o celular com mãos trêmulas. — É nossa Ana Paula! Antônio, precisamos fazer alguma coisa!Seu Antônio, visivelmente preocupado, balançou a cabeça.— Temos que falar com ela, Maria. Algo não está certo. Ela desaparece por dias e agora surge ao lado desse homem?Enquanto isso, Carla, a melhor amiga de Ana,
Depois da visita à família de Ana, Leon começou a relaxar um pouco. Ele percebeu que, para que sua farsa funcionasse e para que Ana desempenhasse bem o papel de sua namorada, ela precisava de um pouco mais de liberdade. Então, ele lhe deu permissão para sair da mansão em momentos programados, sempre acompanhada por seguranças discretos. Não era total liberdade, mas para Ana, era um respiro necessário.Em uma dessas saídas, Ana decidiu se encontrar com Carla em um café na cidade. Ela sabia que a amiga tinha muitas perguntas, e Ana estava se preparando mentalmente para continuar com a farsa. Porém, conforme se aproximava do café, seu coração batia mais rápido. Mentir para sua família já havia sido difícil, mas mentir para Carla... isso a incomodava de uma maneira que não podia ignorar.Quando entrou no café, Carla já estava esperando em uma mesa no canto, seus olhos atentos e curiosos.— Ana! — Carla se levantou, abraçando-a com força. — Eu estava tão preocupada! Por que você sumiu assi
Os dias seguintes foram um misto de tensão e falsa calmaria na mansão. Ana continuava desempenhando seu papel de namorada de Leon, participando de eventos empresariais e mantendo as aparências, mas internamente, seu mundo estava desmoronando. A relação entre ela e Leon estava ficando cada vez mais confusa. Ela tentava manter a cabeça no lugar, repetindo para si mesma que tudo aquilo era apenas um contrato, mas seu coração a traía constantemente.Lucas, por outro lado, estava mais determinado do que nunca. Ele já havia juntado uma série de informações sobre Leon, mas precisava de algo mais concreto para confrontar Ana. Algo que pudesse abrir os olhos dela de uma vez por todas.----------------------------------------------Ana estava no jardim da mansão em uma de suas raras horas de folga. O dia estava claro, e o aroma das flores ao redor era relaxante, mas sua mente estava longe dali. Ela pensava em sua família, em como todos estavam lidando com aquela far
Depois do sucesso da aparição pública, Leon decidiu que era hora de Ana conhecer sua família. Ele nunca havia trazido uma mulher para casa antes, e o pensamento de apresentar Ana para sua mãe e irmão o deixava nervoso, embora ele jamais admitisse isso.Ana, por sua vez, estava igualmente apreensiva. Não era só o peso da mentira que a incomodava; era também a pressão de se apresentar como a "namorada" perfeita diante da família de Leon. O irmão dele, principalmente, era um desconhecido, mas Leon o havia mencionado várias vezes. Tudo parecia um jogo, e Ana precisava jogar suas cartas com cuidado.----------------------------------------------No final de semana seguinte, Leon a levou para sua casa de campo, onde sua mãe, Dona Elvira, e seu irmão mais novo, Rafael, estavam esperando. A casa era imensa, cercada por jardins exuberantes e um lago ao longe. Quando eles chegaram, Dona Elvira os recebeu com um sorriso caloroso.— Você deve ser a famosa Ana