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Capítulo 2 - Movimentos Invisíveis

Cinco dias haviam se passado desde o incidente no La Belle Cuisine, e Ana Paula ainda tentava recuperar seu equilíbrio. Perder o emprego não foi fácil, e agora o peso de suas responsabilidades parecia cada vez mais sufocante. A cada dia, ela saía em busca de um novo trabalho, mas as respostas sempre eram as mesmas: "Estamos sem vagas no momento."

Sua família era simples, e o dinheiro nunca sobrava. Ana morava com a mãe, Dona Maria, uma mulher bondosa e trabalhadora, que sempre fazia o possível para apoiar a filha. Sua mãe estava preocupada, mas também orgulhosa da força e determinação de Ana.

— Não se preocupe, filha. Você vai conseguir — dizia Dona Maria sempre que Ana voltava para casa com o semblante cansado.

Mas Ana também tinha alguém em quem se apoiar fora de casa: sua melhor amiga, Carla. Carla era o oposto de Ana em muitos aspectos, sempre otimista e extrovertida. Estava sempre lá para levantar o ânimo de Ana quando tudo parecia desmoronar.

— A gente vai dar um jeito nisso — disse Carla pelo telefone na manhã em que Ana se preparava para mais um dia de procura. — Vamos sair juntas amanhã e ver algumas vagas. Não desanima, viu?

— Obrigada, Carla. Você sempre me ajuda a enxergar as coisas de uma forma melhor — respondeu Ana, sentindo o calor da amizade acalmá-la.

Outro ponto de apoio para Ana, embora ela não percebesse, era Lucas, um amigo de infância. Ele sempre esteve ao lado dela, um pouco mais tímido que Carla, mas extremamente dedicado. O que Ana não sabia era que Lucas nutria sentimentos profundos por ela há anos. No entanto, ele nunca teve coragem de confessar, achando que ela só o via como um amigo.

Naquele dia, Ana saiu cedo novamente para deixar mais currículos. Ela estava determinada, mas também começava a se sentir cansada. As ruas estavam movimentadas, e Ana caminhava rapidamente, sem perceber que estava sendo seguida.

Leon, por outro lado, estava mais decidido do que nunca. Após o incidente no restaurante, ele havia feito questão de descobrir tudo sobre a vida de Ana. A simplicidade dela o intrigava, e ele não conseguia tirar aquela noite de sua mente. Com a ajuda de sua melhor amiga, Beatriz – uma mulher igualmente poderosa e manipuladora –, Leon elaborou seu plano para conquistar Ana de uma vez por todas.

— Você não está levando isso longe demais, Leon? — perguntou Beatriz, enquanto tomavam um café em seu luxuoso apartamento. Ela tinha um sorriso malicioso nos lábios, mas havia uma pontada de preocupação.

— Não, Bia — respondeu Leon com firmeza. — Ela é diferente. Eu preciso dela ao meu lado. E você sabe que quando eu quero algo, eu consigo.

Beatriz riu levemente, mas seu olhar permaneceu sério.

— Só tome cuidado para não subestimar essa garota. Parece que ela não é do tipo que se rende fácil.

Naquela mesma tarde, o destino de Ana foi selado. Ela caminhava pelas ruas, olhando para uma possível vaga em uma padaria, quando de repente, sentiu uma mão firme puxá-la para dentro de um carro preto.

— O que está acontecendo?! — Ana gritou, mas sua voz foi abafada enquanto um pano foi colocado sobre sua boca. O efeito do sedativo foi quase imediato, e seus olhos começaram a se fechar contra sua vontade.

Horas depois, Ana acordou em um quarto luxuoso. As cortinas de seda pendiam das janelas altas, e o cheiro de lençóis limpos a rodeava. Ela piscou, confusa, tentando se lembrar do que havia acontecido.

— Onde estou...? — murmurou, sentindo o medo apertar seu peito.

Enquanto isso, em sua casa, Dona Maria já estava desesperada. Ana nunca voltava tarde sem avisar. O telefone de Ana não dava sinal, e nem Carla conseguia encontrá-la. Lucas, preocupado, estava fazendo o possível para ajudar, indo até a delegacia para relatar o desaparecimento da amiga.

— Eu sabia que algo assim poderia acontecer! — dizia Dona Maria, as mãos trêmulas segurando o telefone enquanto ligava para todos os conhecidos, tentando obter qualquer pista sobre sua filha.

Carla, por sua vez, tentava manter a calma, mas também estava profundamente preocupada. Elas sempre conversavam sobre tudo, e o silêncio de Ana não era comum.

Enquanto isso, Leon observava Ana através das câmeras de segurança da mansão em que a mantinha. Ele sabia que, em breve, teria que lidar com a resistência dela. Mas, para Leon, o desafio apenas tornava tudo mais excitante.

— Ela vai aprender a confiar em mim — disse ele, confiante.

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