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Capítulo 4 - Gaiola Dourada

Os dias na mansão pareciam se arrastar para Ana. Cada manhã ela acordava sentindo-se presa em uma gaiola dourada. O quarto era luxuoso, o serviço era impecável, e mesmo assim, tudo aquilo a sufocava. Ela não conseguia compreender como Leon achava que riqueza e poder poderiam substituir sua liberdade.

Ela tinha tentado escapar duas vezes. Na primeira, as portas e janelas estavam trancadas e bem vigiadas. Na segunda tentativa, os seguranças de Leon a interceptaram antes que ela chegasse ao portão principal. Desde então, ela não tentou mais, mas mantinha os olhos atentos, esperando pela oportunidade certa.

Leon, por sua vez, continuava insistente. Ele a visitava todos os dias, sempre com o mesmo sorriso confiante. E a cada encontro, tentava conquistar Ana, ora com presentes luxuosos, ora com promessas de uma vida sem preocupações. Mas ela resistia.

— Você sabe que não pode me manter aqui para sempre — Ana disse certa tarde, encarando-o com firmeza enquanto ele lhe oferecia uma joia. — Eu não sou uma de suas conquistas fáceis, Leon.

Leon colocou a joia de lado, sem se abalar.

— Eu não espero que você seja — respondeu ele, calmamente. — Na verdade, gosto de que você seja diferente. Isso torna tudo mais interessante.

— Interessante? — Ana cruzou os braços, irritada. — Acha que me sequestrar e me manter presa é um jogo? Que minha vida é apenas uma diversão para você?

Leon se inclinou para frente, seu olhar intenso preso ao dela.

— Talvez no início fosse... Mas agora, Ana, isso é algo mais. Eu sinto que preciso de você. E sei que, eventualmente, você vai perceber que também precisa de mim.

Ana sentiu o estômago revirar com aquelas palavras. A confiança de Leon a incomodava profundamente. Ela não conseguia entender como ele podia achar que seu comportamento era aceitável, ou pior, que ela algum dia o perdoaria.

— Você está enganado, Leon. Nunca vou aceitar isso — disse ela, com firmeza. — Eu quero minha liberdade de volta. Nada mais.

Ele a encarou por alguns segundos, em silêncio. Então, sem dizer mais nada, levantou-se e saiu do quarto. Ana esperou pelo clique familiar da porta sendo trancada, mas desta vez, não veio. A porta ficou aberta. Ela hesitou, não sabia se era uma armadilha ou se ele realmente havia deixado a porta destrancada de propósito.

Enquanto Ana ponderava o próximo passo, Leon foi até a sala de estar, onde encontrou Beatriz o esperando. Ela estava reclinada em uma das poltronas, mexendo em seu celular, mas levantou o olhar quando ele entrou.

— Como está nossa princesa rebelde hoje? — Beatriz perguntou, com um tom sarcástico.

— Ela está resistindo... como sempre — Leon respondeu, passando as mãos pelos cabelos loiros, parecendo um pouco mais cansado do que o habitual.

Beatriz arqueou uma sobrancelha.

— Você realmente acredita que ela vai mudar de ideia?

Leon deu de ombros.

— No fundo, ela sabe que sou a melhor opção para ela. Só preciso que ela enxergue isso.

Beatriz soltou uma risada leve.

— Talvez ela esteja esperando que você mude, Leon. Já pensou nisso?

Leon franziu a testa, mas não respondeu. A ideia de mudar nunca tinha passado por sua cabeça. Ele sempre obteve o que queria sem precisar mudar nada sobre si mesmo. Mas Ana... Ela estava se mostrando diferente de todas as outras mulheres com quem ele já tinha se envolvido.

Enquanto isso, na casa de Ana, o desespero continuava a crescer. Carla e Lucas se esforçavam para manter as esperanças vivas, mas a cada dia que passava sem notícias de Ana, as coisas ficavam mais sombrias.

Lucas, em especial, estava consumido pela preocupação. Ele passava horas percorrendo os lugares em que Ana costumava frequentar, perguntando por ela, distribuindo fotos, e até indo à polícia várias vezes na esperança de alguma pista.

— Ela não desapareceria assim sem deixar rastro — Lucas disse a Carla, enquanto caminhavam pelas ruas da cidade. — Ela é cuidadosa, responsável... Alguma coisa aconteceu, eu sei.

Carla assentiu, mas seu coração estava apertado. Ela sentia falta de sua amiga, da alegria que Ana trazia a sua vida. E embora tentasse ser forte, não conseguia evitar o medo de que algo terrível tivesse acontecido.

— Nós vamos encontrá-la, Lucas. Não podemos perder a esperança — disse ela, segurando firme o braço dele.

Naquela noite, enquanto Lucas tentava dormir, um pensamento não saía de sua cabeça: ele amava Ana, e faria qualquer coisa para trazê-la de volta em segurança. Mesmo que isso significasse confrontar perigos que ele nunca havia imaginado.

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