Os dias na mansão pareciam se arrastar para Ana. Cada manhã ela acordava sentindo-se presa em uma gaiola dourada. O quarto era luxuoso, o serviço era impecável, e mesmo assim, tudo aquilo a sufocava. Ela não conseguia compreender como Leon achava que riqueza e poder poderiam substituir sua liberdade.
Ela tinha tentado escapar duas vezes. Na primeira, as portas e janelas estavam trancadas e bem vigiadas. Na segunda tentativa, os seguranças de Leon a interceptaram antes que ela chegasse ao portão principal. Desde então, ela não tentou mais, mas mantinha os olhos atentos, esperando pela oportunidade certa. Leon, por sua vez, continuava insistente. Ele a visitava todos os dias, sempre com o mesmo sorriso confiante. E a cada encontro, tentava conquistar Ana, ora com presentes luxuosos, ora com promessas de uma vida sem preocupações. Mas ela resistia. — Você sabe que não pode me manter aqui para sempre — Ana disse certa tarde, encarando-o com firmeza enquanto ele lhe oferecia uma joia. — Eu não sou uma de suas conquistas fáceis, Leon. Leon colocou a joia de lado, sem se abalar. — Eu não espero que você seja — respondeu ele, calmamente. — Na verdade, gosto de que você seja diferente. Isso torna tudo mais interessante. — Interessante? — Ana cruzou os braços, irritada. — Acha que me sequestrar e me manter presa é um jogo? Que minha vida é apenas uma diversão para você? Leon se inclinou para frente, seu olhar intenso preso ao dela. — Talvez no início fosse... Mas agora, Ana, isso é algo mais. Eu sinto que preciso de você. E sei que, eventualmente, você vai perceber que também precisa de mim. Ana sentiu o estômago revirar com aquelas palavras. A confiança de Leon a incomodava profundamente. Ela não conseguia entender como ele podia achar que seu comportamento era aceitável, ou pior, que ela algum dia o perdoaria. — Você está enganado, Leon. Nunca vou aceitar isso — disse ela, com firmeza. — Eu quero minha liberdade de volta. Nada mais. Ele a encarou por alguns segundos, em silêncio. Então, sem dizer mais nada, levantou-se e saiu do quarto. Ana esperou pelo clique familiar da porta sendo trancada, mas desta vez, não veio. A porta ficou aberta. Ela hesitou, não sabia se era uma armadilha ou se ele realmente havia deixado a porta destrancada de propósito. Enquanto Ana ponderava o próximo passo, Leon foi até a sala de estar, onde encontrou Beatriz o esperando. Ela estava reclinada em uma das poltronas, mexendo em seu celular, mas levantou o olhar quando ele entrou. — Como está nossa princesa rebelde hoje? — Beatriz perguntou, com um tom sarcástico. — Ela está resistindo... como sempre — Leon respondeu, passando as mãos pelos cabelos loiros, parecendo um pouco mais cansado do que o habitual. Beatriz arqueou uma sobrancelha. — Você realmente acredita que ela vai mudar de ideia? Leon deu de ombros. — No fundo, ela sabe que sou a melhor opção para ela. Só preciso que ela enxergue isso. Beatriz soltou uma risada leve. — Talvez ela esteja esperando que você mude, Leon. Já pensou nisso? Leon franziu a testa, mas não respondeu. A ideia de mudar nunca tinha passado por sua cabeça. Ele sempre obteve o que queria sem precisar mudar nada sobre si mesmo. Mas Ana... Ela estava se mostrando diferente de todas as outras mulheres com quem ele já tinha se envolvido. Enquanto isso, na casa de Ana, o desespero continuava a crescer. Carla e Lucas se esforçavam para manter as esperanças vivas, mas a cada dia que passava sem notícias de Ana, as coisas ficavam mais sombrias. Lucas, em especial, estava consumido pela preocupação. Ele passava horas percorrendo os lugares em que Ana costumava frequentar, perguntando por ela, distribuindo fotos, e até indo à polícia várias vezes na esperança de alguma pista. — Ela não desapareceria assim sem deixar rastro — Lucas disse a Carla, enquanto caminhavam pelas ruas da cidade. — Ela é cuidadosa, responsável... Alguma coisa aconteceu, eu sei. Carla assentiu, mas seu coração estava apertado. Ela sentia falta de sua amiga, da alegria que Ana trazia a sua vida. E embora tentasse ser forte, não conseguia evitar o medo de que algo terrível tivesse acontecido. — Nós vamos encontrá-la, Lucas. Não podemos perder a esperança — disse ela, segurando firme o braço dele. Naquela noite, enquanto Lucas tentava dormir, um pensamento não saía de sua cabeça: ele amava Ana, e faria qualquer coisa para trazê-la de volta em segurança. Mesmo que isso significasse confrontar perigos que ele nunca havia imaginado.Os dias que se seguiram à última discussão entre Leon e Ana foram tensos. Ele ainda era o mesmo Leon, dominador e confiante, mas agora suas atenções eram divididas. Ele não parava de ver outras mulheres, algo que Ana não deixou de notar, mesmo estando presa naquela mansão. Ela não conseguia entender como alguém que dizia querer conquistá-la ainda se envolvia com outras. Isso a irritava profundamente, mesmo que ela soubesse que não deveria se importar.As mulheres que Leon visitava ficavam completamente encantadas por ele, chegando ao ponto de procurá-lo em suas empresas e criar situações constrangedoras. Era algo quase cômico para Ana, observar de longe essas mulheres disputando a atenção de Leon. Mas, ao mesmo tempo, era um lembrete constante do tipo de homem com quem ela estava lidando.Certa tarde, enquanto caminhava pelo vasto jardim da mansão, Ana tropeçou em uma pedra solta e caiu de forma desajeitada. A dor foi imediata, um corte profundo em seu joelho fez o sangue começar a es
No escritório da mansão, Leon estava sentado atrás de sua mesa de mogno, observando Ana com um olhar sério. Um contrato repousava entre eles, cada palavra cuidadosamente elaborada para garantir que ela não poderia escapar tão facilmente de seu acordo.— Este contrato é simples — disse Leon, apontando para o documento. — Você se compromete a fingir ser minha namorada em eventos da empresa e para minha família. Em troca, terá mais liberdade, conforme acordamos.Ana leu o contrato com atenção. Suas mãos estavam trêmulas, mas ela não deixaria que Leon percebesse seu nervosismo. Cada cláusula parecia amarrá-la mais e mais àquele jogo de poder. No entanto, uma em especial chamou sua atenção.— E esta cláusula? — Ana perguntou, franzindo a testa. — Multa altíssima caso eu descumpra o acordo?Leon sorriu friamente.— Sim. Se você quebrar o contrato, terá que pagar uma multa significativa. Quero garantir que você leve isso a sério, Ana.Ela cruzou os braços, tentando não demonstrar o quanto aq
A primeira aparição pública de Leon e Ana como um casal causou alvoroço. As fotos deles juntos no evento foram rapidamente espalhadas por portais de notícias e redes sociais, deixando muitos intrigados com o novo "casal". Mas a repercussão não ficou restrita apenas às elites. A família de Ana, que não tinha notícias dela desde o sumiço, viu as imagens e ficou em choque.Em sua casa simples, Dona Maria e Seu Antônio estavam sentados à mesa, olhando incrédulos para a manchete no site de notícias: "Leon Cortes e sua nova namorada: quem é a misteriosa mulher ao lado do bilionário?"— Isso não pode ser verdade! — exclamou Dona Maria, segurando o celular com mãos trêmulas. — É nossa Ana Paula! Antônio, precisamos fazer alguma coisa!Seu Antônio, visivelmente preocupado, balançou a cabeça.— Temos que falar com ela, Maria. Algo não está certo. Ela desaparece por dias e agora surge ao lado desse homem?Enquanto isso, Carla, a melhor amiga de Ana,
Depois da visita à família de Ana, Leon começou a relaxar um pouco. Ele percebeu que, para que sua farsa funcionasse e para que Ana desempenhasse bem o papel de sua namorada, ela precisava de um pouco mais de liberdade. Então, ele lhe deu permissão para sair da mansão em momentos programados, sempre acompanhada por seguranças discretos. Não era total liberdade, mas para Ana, era um respiro necessário.Em uma dessas saídas, Ana decidiu se encontrar com Carla em um café na cidade. Ela sabia que a amiga tinha muitas perguntas, e Ana estava se preparando mentalmente para continuar com a farsa. Porém, conforme se aproximava do café, seu coração batia mais rápido. Mentir para sua família já havia sido difícil, mas mentir para Carla... isso a incomodava de uma maneira que não podia ignorar.Quando entrou no café, Carla já estava esperando em uma mesa no canto, seus olhos atentos e curiosos.— Ana! — Carla se levantou, abraçando-a com força. — Eu estava tão preocupada! Por que você sumiu assi
Os dias seguintes foram um misto de tensão e falsa calmaria na mansão. Ana continuava desempenhando seu papel de namorada de Leon, participando de eventos empresariais e mantendo as aparências, mas internamente, seu mundo estava desmoronando. A relação entre ela e Leon estava ficando cada vez mais confusa. Ela tentava manter a cabeça no lugar, repetindo para si mesma que tudo aquilo era apenas um contrato, mas seu coração a traía constantemente.Lucas, por outro lado, estava mais determinado do que nunca. Ele já havia juntado uma série de informações sobre Leon, mas precisava de algo mais concreto para confrontar Ana. Algo que pudesse abrir os olhos dela de uma vez por todas.----------------------------------------------Ana estava no jardim da mansão em uma de suas raras horas de folga. O dia estava claro, e o aroma das flores ao redor era relaxante, mas sua mente estava longe dali. Ela pensava em sua família, em como todos estavam lidando com aquela far
Depois do sucesso da aparição pública, Leon decidiu que era hora de Ana conhecer sua família. Ele nunca havia trazido uma mulher para casa antes, e o pensamento de apresentar Ana para sua mãe e irmão o deixava nervoso, embora ele jamais admitisse isso.Ana, por sua vez, estava igualmente apreensiva. Não era só o peso da mentira que a incomodava; era também a pressão de se apresentar como a "namorada" perfeita diante da família de Leon. O irmão dele, principalmente, era um desconhecido, mas Leon o havia mencionado várias vezes. Tudo parecia um jogo, e Ana precisava jogar suas cartas com cuidado.----------------------------------------------No final de semana seguinte, Leon a levou para sua casa de campo, onde sua mãe, Dona Elvira, e seu irmão mais novo, Rafael, estavam esperando. A casa era imensa, cercada por jardins exuberantes e um lago ao longe. Quando eles chegaram, Dona Elvira os recebeu com um sorriso caloroso.— Você deve ser a famosa Ana
Ana estava ainda mais tensa desde a visita à casa de Leon. Embora a família dele a tivesse recebido calorosamente, o peso da mentira só aumentava. A cada gesto amável de Dona Elvira, a cada sorriso de Rafael, Ana sentia como se estivesse andando em uma corda bamba, prestes a despencar.Leon, por outro lado, estava lidando com sentimentos que nunca havia experimentado antes. Ver Rafael e Ana juntos despertava nele uma raiva e um ciúme que ele não conseguia controlar. Ele não estava acostumado a sentir-se assim vulnerável, muito menos por uma mulher que, até pouco tempo atrás, ele via apenas como um jogo.----------------------------------------------Alguns dias após a visita à casa dos pais de Ana, Leon a chamou para uma conversa em seu escritório.— Eu pensei em te deixar um pouco mais livre — começou ele, observando-a atentamente enquanto ela se sentava à sua frente. — Você pode sair mais, contanto que mantenha a farsa intacta. Nossa história ainda precisa parecer verdadeira.Ana fr
Ana sabia que não poderia adiar essa conversa por muito mais tempo. Ela sentia o peso da mentira crescendo sobre seus ombros, mas também sabia que tinha que manter a farsa para preservar sua liberdade. No entanto, convencer sua família e amigos não seria uma tarefa fácil. Lucas e Carla estavam desconfiados, e sua família merecia uma explicação melhor.Numa tarde, Leon recebeu uma ligação inesperada de Ana. Ela estava nervosa, mas decidida.— Preciso da sua ajuda — disse ela. — Meus pais e meus amigos estão ficando cada vez mais desconfiados. Eles querem ouvir a história completa de como ficamos juntos.Leon respirou fundo, sabendo que esse momento chegaria eventualmente.— Vamos fazer isso do jeito certo, então — respondeu ele, com um tom firme. — Vamos encontrar sua família e esclarecer tudo. Eu estarei lá para garantir que acreditem.Ana concordou, mas o medo não a deixava em paz. Estava prestes a enganar as pessoas que mais amava, e is