Já passa da hora

O bar estava mais vazio do que o normal naquela noite. A maioria das pessoas já tinha ido embora, e a agitação do turno estava se dissipando lentamente, com apenas alguns funcionários ainda limpando e organizando os utensílios. Eu estava no balcão, lavando copos, os dedos deslizando pela superfície fria, tentando organizar meus pensamentos.

Já havia algum tempo que eu estava em Londres, e a adaptação, embora difícil, tinha se tornado parte da minha realidade. A cada dia, eu conseguia levar mais comida para casa e, graças ao trabalho, consegui marcar minha primeira consulta médica. Mas a ideia de sentar e esperar Felipe, se é que ele viria, parecia uma ilusão. Eu não podia ficar à espera de algo que talvez nunca acontecesse.

À minha frente, Éric limpava o chão com um movimento exagerado, fazendo mais barulho do que necessário. Ele me olhou rapidamente e sorriu, como se estivesse tentando criar uma oportunidade de conversa.

— Você já terminou aí? — Ele perguntou, com um tom que soava
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