O Peso da Coroa

POV Felipe

A coroa se aproximava como a porcaria de um vendaval. Eu sabia que o inevitável estava a caminho. Meus pais, o rei e a rainha de Eldora, estavam em cima de mim, me sufocando com a chegada da coroação… e claro sempre insistindo para que eu escolhesse logo a rainha que governaria ao meu lado. Agora, com o baile planejado por eles pR que eu conhece as mais nobres, parecia que estavam tentando me empurrar para um mar de piranhas interesseiras, como se eu fosse um produto em exibição.

“Sinceramente? Eu não quero me casar, eu nem ao menos queria essa mer*da de coroa.” Esse pensamento se repetia em minha mente, uma pequena revolta que eu escondia. Se meus pais soubessem disso, o reino de Eldora desabaria. A ideia de assumir um trono, com todas as suas obrigações, era sufocante.

Essa manhã decidi ir ao jardins do castelo, estava cercado por primos e conhecidos, fazendo o que fazíamos sempre, jogar croqué. O sol brilhava intensamente, mas eu me sentia distante, como se uma nuvem escura pairasse sobre mim.

Foi então que a avistei.

Olívia Clarke. Ela era a definição de tudo que eu desejava e repelia ao mesmo tempo. Sua beleza era deslumbrante, com cabelos negros que dançavam ao vento e um sorriso que tinha o poder de iluminar qualquer ambiente. Mas junto com essa beleza vinha o peso do título que lhe faltava.

Minha mãe sempre deixou claro que eu não deveria me misturar com pessoas de baixa classe social. “Eles fazem maldades e roubam o que nós construímos,” ela dizia, como se fosse uma regra absoluta.

No começo, eu relutava em aceitar isso. Mas, conforme cresci e vi a realidade nas periferias de Eldora, a verdade foi inegável. É claro que havia exceções, mas eu não podia arriscar a segurança do castelo.

Olívia pertencia a esse mundo, um mundo que era tão diferente do meu, e eu não podia me deixar levar.

“Vamos, Lipe! Você está enrolando para eu não te dar uma coça no croqué!” Mathêw, meu primo de segundo grau e melhor amigo, interrompeu meus devaneios, puxando-me para a realidade.

“Cale a boca! respondi, movendo-me em direção ao bar do castelo “preciso de uma bebida “, Mathêw e os outros me seguiram. Era sempre assim; todos pareciam estar atrás do príncipe, buscando uma maneira de garantir seu lugar no reino.

Ao chegar ao bar, fui direto me servir, mas fui interrompido novamente pela voz de Mathêw.

“Ôh, Serviçal? Não está vendo que o futuro rei deseja uma bebida? Sirva-o!” Sua ironia era quase insuportável, e eu não pude evitar que meus olhos se voltassem para a figura que ele estava apontando: Olívia, que estava ali, organizando a copeira.

“Não é necessário, Mathêw,” sussurrei, tentando manter a situação sob controle.

“Ah, primo! Que é isso? Eles ganham para isso,” ele provocou, olhando para ela. E se ouviu as risadas dos outros.

Olívia, desconcertada e com o olhar baixo, passou por mim, deixando seu cheiro adocicado, meu coração disparou. “Claro, alteza! Perdoe-me!” Ela respondeu, pegando as taças para nos servir.

Quando nossos dedos se tocaram ao me entregar a taça, uma onda de eletricidade percorreu meu corpo e foi em direção ao meu pa*. Era sempre assim, antes era apenas borbulhos na barriga até que um dia eu tive que me jogar na piscina para esconder meu volume ao vê-la de quatro limpando algo no deck. Tudo me atraía nela, mesmo sabendo que era um desejo proibido.

“Obrigado,” murmurei, vi o calor subindo pelo seu rosto. Ela fez uma reverência e foi servir os outros.

Havia promessas não cumpridas entre nós, e eu via a admiração dela se desfazendo aos poucos. Agora, quando nossos olhares se cruzavam, a distância entre nós era quase palpável.

“Vamos à piscina, Lipe! Está tão quente hoje,” Letícia, uma das minhas distrações, falou, passando a mão no meu peito. Não pensem que sou um cafajeste, mas sou um homem jovem, tenho apenas 23 anos, tenho necessidades. “Ok, vamos lá,” respondi, arrancando um sorriso safado dela.

Mas, ao me afastar, não pude evitar uma última olhada em direção a Olívia. Ela não me olhava, mas sua expressão falava volumes—um misto de tristeza e desapontamento. Era sempre assim quando eu trazia uma foda diferente a cada semana.

Quer saber? Fod*-se! Não tenho compromisso com ninguém. Já bastam os meus pais, nenhuma calcinha vai me prender, nem mesmo a mais gostosa e……chega Felipe.

Chego a piscina e dou um mergulho para acabar com esse fogo. “Está com tanto calor assim, alteza?" provocou a loira entrando na piscina se aproximando, começando a deslizar as alças do biquíni para revelar seus seios generosos.

"Muito! E você, não está?" retruquei, sabendo que ela ansiava por uma boa foda. Olhei para os seguranças ao redor, que entenderam meu pedido silencioso por privacidade.

Segurei sua cintura, fazendo com que ela envolvesse as pernas esguias ao meu redor. Passou os braços ao redor do meu pescoço e quando tentou me beijar, a impedi. "Letícia, você já sabe. Pode me tocar onde quiser, mas não me beije, ok?" Ela assentiu, suspirando em silêncio, continuou beijando meu pescoço e arranhando minhas costas com suas unhas afiadas.

Para mim, o beijo era mais do que prazer; era algo que envolvia sentimentos, ternura e, no meu caso, lembranças nostálgicas.

Lembranças on:

Anos atrás...

"Felipe?" Olívia me chamou enquanto estávamos na cabana improvisada que eu havia feito em meu quarto. Era nosso ritual das sextas-feiras, logo depois da escola.

"Sim?" Respondi.

“Posso perguntar algo?” me olhou com aqueles olhos azuis pidões.

“Que pergunta, Olívia! Você sabe que pode me perguntar tudo.” Falei bufando.

"Você... você já beijou?" perguntou, me pegando de surpresa e me fazendo corar.

"O quê? Por que está perguntando isso?…Você, já?" respondi, sentindo um ciúme que queimava por dentro. Eu nunca havia beijado ninguém, mas não podia admitir isso e não gostava da ideia dela beijando outro garoto.

"Não... mas minhas amigas da escola já. Sou a única BV da turma," disse, também corando.

"BV?" perguntei, confuso.

"Boca virgem, Felipe!" Olívia revirou os olhos, impaciente. Nos encaramos, nossos rostos tão vermelhos quanto tomates.

"Bom... acho que vou indo. Já está tarde, vovó deve estar vindo me buscar," ela disse, levantando-se.

Mas, num impulso, segurei sua mão. “Espera…Olívia…gostaria de ser beijada?"

"O quê?" Antes que pudesse responder, aproximei nossos rostos e toquei seus lábios em um beijo inocente, repleto de ternura. Mal sabia eu que aquele seria o primeiro, único e inesquecível beijo da minha vida.

Lembranças off.

“FELIPEEE!”

“Felipeeee?” O grito cortante da voz que tanto me irritava ultimamente ecoou novamente, atrapalhando o momento.

“Mas que pouca vergonha é essa? Se recomponha, menina!” Rebeca, a rainha — vossa majestade, vulgo minha mãe — olhou para Letícia como se fosse uma criatura de duas cabeças. Sua expressão estava dura, quase feroz.

“Mãe..que saco! Eu prezo por um pouco de privacidade, sabia?!” rebati sarcástico, minha voz carregada de irritação. Ela nunca me deixava em paz, nem por um segundo.

“Perdoe-me, alteza,” murmurou Letícia, saindo da piscina rapidamente, a cabeça baixa em uma reverência. Revirei os olhos, desgostoso.

Minha mãe me lançou um olhar gélido, ignorando totalmente a garota. “Você é um príncipe, Felipe. Na realeza, privacidade não existe.”

Soltei um riso irônico, tentando manter a calma. “Só estava me divertindo, mamãe. Relaxa!”

“Relaxar?” ela disparou, sua voz subindo em um tom. “Como posso relaxar, sabendo que falta tão pouco para você assumir o trono, e você ainda continua agindo como um garoto irresponsável? Nem sequer tem uma pretendente!”

Algo em mim estalou. “Chega!” gritei, minha paciência esgotada. Sai da piscina de uma vez, sentindo seu olhar cravado nas minhas costas enquanto eu andava em direção ao castelo. Seus gritos continuavam, mas eu estava farto de tudo.

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