Eva Os dias decorreram e uma semana se foi. Pensei em mil coisas e em mil maneiras de procurar por Luke. Eu e a minha mãe voltamos para a nossa cidade. Passaríamos juntas o réveillon, mas com a companhia do Kurt, é claro. Ele era um cara incrível. Fazia a minha mãe rir o tempo todo e isso me deixava muito feliz.Era o último dia do ano. Faltavam exatamente uma hora para aquele ano acabar. Eu estava sentindo um misto maluco de ansiedade e angústia. Andava de um lado para o outro. Não conseguia me manter sentada. O meu corpo parecia estar vibrando em eletricidade.Em um rompante de um segundo, deixei a sala sem chamar a atenção dos dois, que riam baixinho de pé em frente à lareira. No hall, peguei a chave do meu carro, celular, o casaco e caminhei em direção à porta.— Aonde vai? — perguntou a minha mãe, vindo atrás de mim.— Desculpe, mãe. Mas eu preciso ir. — Beijei o seu rosto. — Feliz Ano-Novo.Saí rapidamente, sem lhe dar mais tempo para me questionar. Entrei no meu carro, liguei
Eva Acordei e senti o lado esquerdo da cama vazio. Abri os olhos e estava só no quarto. Levantei-me, vesti uma camisa sua e desci. Na cozinha, encontrei Luke escorado ao balcão, tomando café em uma xícara.— Bom dia. — Abracei-o e fui correspondida.Respirei fundo o seu cheiro de pós-banho e beijei o seu peitoral nu. Luke acariciou as minhas costas e beijou o topo da minha cabeça.— Senti saudade disso.— Eu também senti — ele respondeu.Respirou fundo com pesar e me apertou ainda mais nos seus braços. Percebi haver algo errado. Olhei-o.— O que tem de errado, Luke?— Não podemos, Eva. — Os seus olhos se encheram de lágrimas.O meu coração se partiu. Afastei-me um pouco e o encarei confusa.— Como assim? Claro que podemos, Luke! É o Will? Ele foi embora. Percebemos que não temos nada a ver um com o outro. Você é o meu par, Luke. Sempre foi! — disse desesperada.— Eva... Estou doente. Essa doença maldita está dentro de mim! A qualquer momento posso começar a me esquecer de tudo, esque
Luke Dois meses depois...De mãos dadas com Eva, deixamos o tribunal. Enfim, o julgamento contra Tiff havia terminado. O pai tentou livrar a cara do filho a todo custo, mas a justiça do homem foi feita. Ele pagaria por todos os crimes sexuais e de agressão que ficaram comprovados. Cinquenta e três anos de cadeia seria seu futuro. Cada um faz as suas escolhas.Jéssica cumpriu com aquilo que prometeu. Ela sorriu feliz e aliviada ao sair do tribunal. Não foi fácil descobrir sobre o que a filha havia passado. Era difícil para todos nós, menos para Arthur, que fez questão de não aparecer em nenhum dos julgamentos. Nem sequer ligou para a filha para saber como ela estava passando com tudo aquilo. Cretino! Mas o que era dele, a vida se encarregaria de lhe dar. E já estava lhe dando, começando pela multa que ele passaria o resto da vida pagando, pelo crime de venda de informações privadas. Sorte a sua não ter ido fazer companhia para Tiff em uma cela.Alguns dias depois, após visitar o meu p
LukeSete semanas depois, Eva e eu estávamos morando juntos. Eu não acreditava que a vida a dois poderia ser perfeita, mas estava enganado. Tínhamos os nossos pequenos desentendimentos por causa de bobagens, como: toalha molhada sobre a cama, tampa do vaso aberta, caneca suja sobre a mesa, entre outras coisas tolas. Mas, segundos depois, já estávamos nos braços um do outro, onde era o nosso lugar.Eva me ajudava com a parte financeira da Click Design & Publicidade. Ela era meu braço direito nos negócios e virava noites de fim semana trabalhando ao meu lado. Pouco a pouco, com o passar do tempo, estávamos conquistando o mercado e chegando ao topo.Deixei o nosso escritório no apartamento e caminhei para a sala. Eva estava terminando de montar a árvore de Natal. Aquele seria nosso segundo Natal no nosso lar e, pela primeira vez, receberíamos os familiares.Eu estava ansioso. Amber deixaria Anthony conosco durante todo o feriado até o réveillon, quando retornaria de Las Vegas com o namora
— Frutas vermelhas para você e de chocolate para mim.— Por que você sempre pede de chocolate? — perguntei, risonho.— Pelo mesmo motivo que você sempre pede de frutas vermelhas. — Ela sorriu e me entregou a casquinha com duas bolas de sorvete, sentando-se ao meu lado no banco da praça. — Não acredito que esse é o nosso último verão antes de eu ir para a faculdade.— Você vai curtir a faculdade. Será a melhor época da sua vida, acredite em mim.— Ah... eu não sei. E se eu não gostar de estar longe de casa? Longe de você, principalmente?— Você vai gostar de ir para Boston. Fará novos amigos e, no próximo verão, estará de volta. E não vamos nos esquecer dos feriados, como: Ação de Graças, Natal, Ano-Novo e Páscoa.— Vai atender sempre que eu te ligar?Olhei-a e vi um pouco de receio, ou seria medo no seu olhar?— Isso não vai mudar, Eva. Eu e você nunca iremos mudar.Um sorriso se abriu. Os seus olhos, que mais se pareciam com duas pedras límpidas de esmeraldas, iluminaram-se com a luz
LukeVoltei ao meu cubículo e continuei com o meu trabalho após comer. Alguns dias se passaram até eu ver Eva novamente. Como na noite em que a conheci, ela estava sentada na sala de espera, fazendo a sua lição, enquanto aguardava pelo pai. E foi assim que sempre a encontrei. Jogada pelos cantos, esperando por Arthur ou por alguém que pudesse ir buscá-la.— Oi.— Oi, Eva! Como foi a aula de verão hoje? — Virei a minha cadeira para ela, que estava parada na entrada da minha baia.— Foi um saco. — Sorriu.— Quer ajuda com a lição?— Não. Faço em casa quando chegar. A minha mãe disse que virá me buscar quando sair do tribunal.— Legal. Quer ir almoçar?— Não. O meu pai pediu para que eu não saía do prédio.— Já sei como resolver isso. E se deixarmos um recado com a secretária do seu pai? Assim, quando ele se desocupar, vai saber onde e com quem você estará. — Estendi a minha mão para ela. — Vamos, Eva. Precisa comer, já são uma hora da tarde.Ela olhou para os lados e encarou a minha mão
Eva— Sua safada! Quem usa um decote desses para ir tomar sorvete no parque?— Pare, Ellen! Você sabe que Luke e eu somos apenas amigos. E depois... o meu decote nem está tão grande assim. — Cobri com a mão o decote em "V" do vestido.Estava sentada à minha mesa de estudos, enquanto falava pelo Skype com a minha amiga que viajava com os pais pela Europa.— Melhor amigo... Sei. Você já contou para ele sobre o Michael?— Não.— Não entendo... vocês contam “tudo” — fez aspas com os dedos — um para o outro, mas teve medo de contar sobre a tatuagem e sobre ter perdido a virgindade no Quatro de Julho.— Eu acho que ele vai ficar bravo com a tatuagem, e não quero ver Luke assim.— E por acaso ele já ficou bravo com você alguma vez? — desdenhou.— Já! E não foi legal. — Abaixei a cabeça, lembrando-me do fatídico dia em que vi Luke bravo comigo pela primeira e única vez.***Eu tinha dez anos e, como sempre na minha infância, esperava por meu pai na sala de espera da empresa até que ele termin
EvaAo chegarmos no parque, eu não acreditei na imensa pista que montaram naquele ano. Eu não conseguia parar de pular. Patrick se afastou e logo voltou com dois pares de patins. Ele me sentou na mureta alta de proteção e os calçou nos meus pés. Após fazer o mesmo nele, entramos e começamos a patinar. Estava sendo muito divertido. Ele me girava e ensinou-me a deslizar somente em um pé.A noite caiu, e eu me assustei percebendo o quanto já estava tarde. As luzes fortes já haviam sido acesas em volta da pista. Parei bruscamente e olhei a minha volta procurando por Patrick, mas não o encontrei. Estava tão bom ali, que nem percebi quando ele parou de falar comigo e se afastou. Deixei a pista e me sentei no chão gelado, trocando os patins pelas minhas botas rasteiras de cano alto.— Onde está o seu amigo? — perguntei ao homem que alugava os patins.Ele me encarou com estranheza, franzindo o cenho.— Quem? — questionou confuso.— Patrick. O seu amigo.Ele negou com a sua cabeça.— Desculpe,