Capítulo 04

Luke

— Pai, por favor! É só uma festa!

— Eu já disse que não, Eva. Pare de insistir!

— Eu já tenho dezoito anos, sabia? Vou para a faculdade em menos de três meses. Qual é o problema de eu ir para uma festa?

— Ouvi a palavra festa? — perguntei ao entrar na sala do Arthur, sem aviso prévio. A discussão dava para ser ouvida do lado de fora.

— Luke... Graças a Deus! — disse Arthur aliviado. — Tenho uma reunião agora e não tenho tempo para os chiliques da Eva. — Levantou-se apanhando algumas pastas sobre a mesa.

— O que está acontecendo? — perguntei a ela, que me encarou de braços cruzados.

— Tem uma festa no velho armazém e o meu pai não quer me deixar ir! O que é ridículo, porque tenho dezoito anos! — falou impaciente.

— Eu concordo com ele, Eva. Já fui em festas neste lugar, na época do colégio, e não é um ambiente nada legal para uma moça como você.

Ela me fuzilou com olhar.

— Está vendo só, filha? Não é implicância minha. Você não vai e ponto final! — disse firme e deixou o escritório.

— Uma moça como eu? É sério, Luke? Que comentário mais machista! O que quis dizer com isso?

— Qual é, Eva...

O seu semblante e tom de voz mostrou-me que havia ficado chateada e irritada com o que disse.

— Vou para casa.

Pegou a sua bolsa sobre o sofá e saiu. Caminhei apressado atrás dela e a alcancei no elevador, colocando a mão na porta para impedir que se fechasse.

— Desculpe. — Entrei.

— O que quis dizer com “uma moça como você”? — perguntou brava.

— Delicada, linda e pequena. Ah, qual é, Eva? Você sabe o que os caras querem nessas festas.

Ela desviou o seu olhar do meu e cruzou os braços novamente, encarando as portas fechadas à sua frente.

— Eva... — Aproximei-me, enrolando uma mecha do seu cabelo dourado no meu dedo. — Borboleta... Não fique brava.

Ela bateu a sua mão na minha, empurrando-a para longe do seu cabelo.

— Odeio quando você subestima a minha maturidade e me trata como uma menininha frágil! Eu não sou assim, Luke. Você já deveria saber!

— Eu não a subestimei. Apenas zelo por você, Eva. Tenho medo de que te machuquem.

As portas do elevador se abriram e ela saiu sem se despedir. Odiava quando me ignorava, mas odiava ainda mais quando eu a chateava por qualquer motivo que fosse mesmo estando certo.

Jamais subestimaria a sua maturidade, era apenas cuidado. Eva sempre via o melhor nas pessoas, mesmo quando ele não existia e isso me preocupava muito. Ela era doce e encantadora, alguns se aproveitavam disso. Somente queria cuidar da minha melhor amiga. Se algo acontecesse com ela, jamais me perdoaria por falhar nessa missão.

— Você vai subir? — perguntou um homem, ao entrar no elevador.

— Sim.

Apertei o botão da cobertura e retornei para a minha sala. Logo a noite chegou após centenas de papéis assinados e inúmeras reuniões. Fui para casa levando comigo o pouco do trabalho inacabado.

Após um banho, pedi uma pizza e sentei-me na sala. Comia enquanto trabalhava. Já passava das nove quando o meu celular tocou ao lado da caixa de pizza, quase vazia. Peguei-o e vi que era Arthur quem ligava.

— Senhor Wangoria? — atendi, estranhando a sua ligação àquela hora.

Luke... Eva está com você?

— Não. Ela não está em casa?

Achávamos que estivesse, mas quando Jéssica entrou no seu quarto, ela não estava lá. Talvez tenha fugido, porque a proibimos de sair de casa. Acha que ela pode ter ido até a m*****a festa? — perguntou irritado.

Respirei fundo e passei a mão pelo rosto.

— Já tentaram ligar para ela?

Sim, mas não nos atende.

— Vou atrás dela.

Obrigado. Por favor, nos ligue para dar notícias.

— Claro, Arthur.

Encerrei a ligação e subi a escada para me trocar. Entrei no carro e tentei ligar para Eva, mas ela não atendeu. Fiquei furioso. Ela não me atender significava que estava aprontando algo muito terrível e só existia um único lugar onde ela estaria: o armazém.

Acelerei o carro e peguei a estrada em direção à reserva Salt Lake. No caminho para lá, passei por vários carros indo e vindo. A maioria em alta velocidade assumindo direção perigosa. Adolescentes sentados nas janelas, com metade dos corpos para fora, gritavam feito loucos, batendo no teto do veículo.

“Deus! Será que foi com malucos assim que Eva veio para a tal festa?”

Estacionei o carro e desliguei o motor. Através das janelas no alto do armazém, eu via as luzes coloridas piscarem lá dentro. Caminhei até lá e entrei recebendo olhares de desaprovação. Provavelmente, eu era o mais velho ali.

À minha volta havia gente bêbada e outros fumando nicotina ou maconha. O mau cheiro se misturava ao de suor e bebida no ar, não era nada agradável. Alguns casais se engoliam em meio à multidão, outros somente se esfregavam enquanto dançavam.

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