Barbara Narrando
Estamos todos reunidos no salão de festa da empresa, para comemorar o aniversáriodo nosso filho Pedro, vejo Paulo conversando com Pedro e seu irmão Pietro, em um cantodo salão e abro um sorriso, com uma taça de champanhe na mão eu começo a lembrar dequando eu e ele nos conhecemos. Era um dia chuvoso em São Paulo, tanto eu como ele,iriamos para Portugal naquele dia, todos os voos atrasaram por causa do temporal e euentrei em um café no aeroporto para esperar, foi quando Paulo entrou e nossos olhares seencontraram, um sorriso nasceu em nossos lábios e ele se aproximou e me pediu desculpapor ter me olhado, contudo a nossa história começou. Em todos esses anos a gente seamou, sonhou e construiu muita coisa juntos e hoje comemoramos os 15 anos do nossofilho, nosso príncipe e a razão de tudo isso.Eu caminho pela festa cumprimentando alguns dos convidados, até que meencontro com Paulo.— Aqui está você a dona do meu coração — Paulo fala se aproximando de mim.— Você está brincando com o perigo — eu falo para ele que sorri e me dá um beijorápido.— Esquece tudo e vem dançar comigo! — ele fala me esticando sua mão e eu abroum sorriso, pegando nela e ele me leva para a pista de dança.— Eu amo você, mas ainda não esqueci o que você fez hoje — eu falo para ele.— Eu vivo a vida ultimamente a cada dia, como se fosse o último da minha vida —ele fala me olhando. — Eu só quero que saiba, que amo você mais do que tudo nessa vida,1você é a mulher da minha vida e sempre será. — ele me beija — Eu amo você. — sorriopara ele e pensando nas palavras que ele acabou de dizer.Ele coloca suas mãos em minha cintura e eu entrelaço as minhas mãos em volta deseu pescoço, a gente sorri olhando um para o outro e era aquele olhar, o mesmo brilho nosolhos de 17 anos atrás, eu me apaixono por ele ainda mais todos os dias, Paulo era umhomem encantador.Quando eu e o Paulo nos afastamos sem tirar os olhos um do outro, o DJ da festaanuncia que era a hora de cantar os parabéns. Subimos com Pedro, Paulo abraça o nossofilho forte e eu abro um sorriso, vendo os dois juntos. Ele era um pai excelente, um maridoperfeito e uma pessoa maravilhosa, ele não tinha inimigos, por onde passava só levava amore alegria.— O que é isso? — eu falo quando paramos de cantar parabéns, as luzes começam apiscar, até que elas se desligam.— Deve ser algum problema na iluminação — Paulo fala. — Eu vou lá ver — ele dizsaindo do palco e indo para fora do salão. Eu olho ele indo e me preocupo. As luzes seacendem e começam a piscar novamente.— Eu também vou — falo — Fica aqui meu filho — Ele assente.Quando atravesso a porta do salão as luzes se apagam totalmente, eu tento ligar alanterna do meu celular, mas a bateria está fraca e não consigo.Escuto barulhos e quando dou por mim, percebo ser vários tiros, meu coração nessemomento para, me desespero e vou correndo em meio aquela escuridão.— Paulo! — Grito desesperada andando por aqueles corredores escuros. — Paulo,você está me ouvindo? — eu pergunto — Paulo, onde você está?Eu não conseguia descrever o que eu senti quando escutei os tiros, minhas pernasficaram bambas, me faltou o ar e eu só sabia correr, correr e correr, mesmo tropeçando nosmeus próprios pés.— Paulo — Eu grito mais uma vez e não tenho resposta nenhuma dele, meu coraçãoestá aflito.Quando meus pés tropeçam em algo as luzes se acendem, eu olho para baixo vendo ocorpo do meu marido.—Ahhhh! Paulo! — grito o chamando, me ajoelho no chão ao seu lado, comlágrimas descendo pelo meu rosto sem parar, minhas mãos tremiam, ele ainda estava comos olhos abertos e tentava mexer a sua boca. Eu não conseguia pensar em nada, a não serem todos os nossos momentos juntos e começo a chorar muito...e...— Alguém me ajuda! — olho para os lados e não vejo ninguém, mesmo assim aindagrito, para que alguém me ouça. — Chamem uma ambulância agora.... Amor, meu Deus!— Passo a mão pelo seu rosto e pressiono um de seus ferimentos, tentando estancar osangramento.Barbara Souza NarrandoAbro os olhos um pouco devagar, a claridade invade o quarto, os raios do sol passamatravés das cortinas, á 15 anos esse dia amanhecia ainda mais lindo, até porque eraaniversário do nosso filho, ainda deitada coloco minha mão para o lado para encostar emPaulo, mas encontro a cama vazia. Eu me sento na cama e olho para o meu lado esquerdonão o encontrando e acho tudo aquilo estranho, Paulo nunca acorda antes de mim e se issoacontece, ele sempre me acorda, ainda mais hoje que era um dia tão especial para nós. Euolho para o criado mudo ao lado da cama e vou até ele e pego um bilhete que era de Paulo.“Bom dia meu amor, voltarei apenas para o horário do jantar. Não se preocupe, estouresolvendo alguns problemas com um amigo. Te amo”Sem acreditar no que eu acabei de ler, vou até o closet par
Se aproximava da hora do jantar e Paulo ainda não tinha me dado notícias, não respondeu às minhas mensagens e muito menos retornou as inúmeras ligações que eu tinha feito. Eu já estou pronta para o jantar e Pedro, já deve estar também.Saio do meu quarto com o celular na mão ligando para ele e mais uma vez a ligação chama, chama e ele não me atende, caindo na caixa postal.— Pedro? — entro em seu quarto chamando-o e vejo que ele está terminando de se arrumar. — Seu pai falou com você hoje? — ele me encara.— Não — ele fala. — Não ligou e nem me mandou nenhuma mensagem.— Você tem certeza?— pergunto-lhe e vou até à janela do quarto, vendo que o carro de Paulo está no mesmo lugar. —Vê no seu celular, se ele enviou alguma coisa.&m
— Abre um sorriso cunhada! — Marília, que era esposa de Pietro, irmão de Paulo, fala me olhando. — É a festa do seu lho —Um dos garçons traz champanhe para nós.— Mesmo com toda vontade que eu estou de matar o Paulo por causa de hoje, eu vou sorrir — Eu digo olhando para ela.— Sorria, a vida é curta senhora — O garçom diz me entregando a taça e eu sorrio de volta para ele. — A senhora aceita? — ele pergunta para Marília.— Obrigada, é difícil encontrar garçons sorridentes assim como você — ela fala para ele — Você é muito educado.— São os sorrisos de belas mulheres, que me fazem trabalhar sorrindo — ele fala.— Olha um dom Juan — falo sorrindo. — Como é seu nome? — Eu pergunto para ele.— Guilherme Brunet &
Eu corro o mais rápido possível sem saber em que direção eu estava.— Paulo! — Grito desesperada andando por aqueles corredores escuros. — Paulo, você está me ouvindo? — eu pergunto — Paulo, onde você está?Eu não conseguia descrever o que eu senti quando escutei os tiros, minhas pernas caram bambas, me faltou o ar, eu só sabia correr, correr e correr, mesmo tropeçando nos meus próprios pés.— Paulo — Eu grito mais uma vez e não tenho resposta nenhuma dele, meu coração está a ito.Quando meus pés tropeçam em algo as luzes se acendem, eu olho para baixo vendo o corpo do meu marido.—Ahhhh! Paulo! — grito o chamando, me ajoelho no chão ao seu lado, com lágrimas descendo pelo meu rosto sem parar, minhas mãos tremiam, ele ainda estava com os olhos ab
Eu entro por aquela porta e vejo seu corpo em cima de uma cama de ferro, tampado por um lençol azul, eu ando lentamente até ele. Era de manhã já e eu não tinha dormido nada, eles demoraram para liberar o corpo dele. Todos os dias eu me arrumava para ele, ao sair do closet ele me dizia o quanto eu estava bonita, nossas mãos se entrelaçavam e ele dizia que me amava. Essa manhã, eu não acordei, eu passei a madrugada chorando, eu me arrumei pela última vez para ele, só que dessa vez, eu não tive ele me esperando ao sair do closet, não tive o seu sorriso e nem a sua voz me dizendo bom dia ou me elogiando.Dessa vez eu me arrumei para encontrar ele nessa sala gelada do IML.— Vou deixar você sozinha — o médico legista fala e eu olho para trás vendo ele sair e fechar a porta.Eu me aproximo do seu corpo e baixo o lençol, revelando seu
Era mais uma noite em claro e acho que iria demorar muito para conseguir ter uma noite tranquila. Eu tinha falado com Pedro agora pouco e ele não estava nada bem também, eu sei que eu iria ter que ser o alicerce para ele e a força de nós dois, por isso quis car sozinha aqui hoje e talvez amanhã também, para que Pedro não me veja fraca.Eu passo a mão pela maçaneta da porta do seu escritório e entro, vendo que está tudo conforme ele tinha deixado, os papéis em cima da mesa, seu notebook, suas canetas preferidas. Tanta coisa que a gente viveu aqui dentro, tantas reuniões juntos, tantas coisas resolvemos e decidimos aqui, tantos momentos descontraídos, eu puxo a cadeira e me sento, abrindo as gavetas e vendo as suas coisas organizadas por data, Paulo era o homem mais organizado que eu havia conhecido, enquanto eu era a bagunceira em pessoa, mas essa nossa diferença nunca nos
Acompanhada de Murilo, eu chego à delegacia de homicídios, Pietro está na frente nos esperando.— Olá — ele fala me abraçando.— Oi — eu falo para ele. — Eu ainda não consigo entender o porquê estamos sendo tratados como suspeitos.— É normal — Murilo fala — Daqui a pouco eles vão descartar, porque vão ver que vocês não têm nada a ver com a morte dele, mas até começar as investigações, são procedimentos normais.— Você tem consciência de algum inimigo que ele poderia ter? — Pietro fala me olhando.— Eu não consigo pensar em nada — eu falo para ele. — Naquela manhã, ele tinha sumido para resolver algo e voltou com um carro de presente para Pedro.— O negócio era o carro? — ele pergunta, porque naquele
Eu estou tão nervosa que eu era capaz de pular nesse policial de tanta raiva, eu não vou admitir que ninguém suspeite de mim, que ninguém me diga que eu posso ter matado Paulo, só eu sei o quanto estou sofrendo com a sua morte, que estou me sentindo morta por dentro.— Calma — Murilo fala me olhando — Você precisa se manter calma.— Como vou me manter calma, se esse senhor está me acusando de algo que eu não z? — eu falo olhando para o policial — Eu jamais mataria Paulo, ele é pai do meu lho, o que ele decidiu ou não fazer com a sua parte da herança, é problema dele, ele tinha a liberdade para fazer o que ele quisesse — eu suspiro nervosa — Se ele decidiu dar uma parte das suas ações para seu irmão, sobrinhos, advogado, é porque ele sabia que era o certo a se fazer.— Você só está