Eu entro por aquela porta e vejo seu corpo em cima de uma cama de ferro, tampado por um lençol azul, eu ando lentamente até ele. Era de manhã já e eu não tinha dormido nada, eles demoraram para liberar o corpo dele. Todos os dias eu me arrumava para ele, ao sair do closet ele me dizia o quanto eu estava bonita, nossas mãos se entrelaçavam e ele dizia que me amava. Essa manhã, eu não acordei, eu passei a madrugada chorando, eu me arrumei pela última vez para ele, só que dessa vez, eu não tive ele me esperando ao sair do closet, não tive o seu sorriso e nem a sua voz me dizendo bom dia ou me elogiando.
Dessa vez eu me arrumei para encontrar ele nessa sala gelada do IML.
— Vou deixar você sozinha — o médico legista fala e eu olho para trás vendo ele sair e fechar a porta.
Eu me aproximo do seu corpo e baixo o lençol, revelando seu
Era mais uma noite em claro e acho que iria demorar muito para conseguir ter uma noite tranquila. Eu tinha falado com Pedro agora pouco e ele não estava nada bem também, eu sei que eu iria ter que ser o alicerce para ele e a força de nós dois, por isso quis car sozinha aqui hoje e talvez amanhã também, para que Pedro não me veja fraca.Eu passo a mão pela maçaneta da porta do seu escritório e entro, vendo que está tudo conforme ele tinha deixado, os papéis em cima da mesa, seu notebook, suas canetas preferidas. Tanta coisa que a gente viveu aqui dentro, tantas reuniões juntos, tantas coisas resolvemos e decidimos aqui, tantos momentos descontraídos, eu puxo a cadeira e me sento, abrindo as gavetas e vendo as suas coisas organizadas por data, Paulo era o homem mais organizado que eu havia conhecido, enquanto eu era a bagunceira em pessoa, mas essa nossa diferença nunca nos
Acompanhada de Murilo, eu chego à delegacia de homicídios, Pietro está na frente nos esperando.— Olá — ele fala me abraçando.— Oi — eu falo para ele. — Eu ainda não consigo entender o porquê estamos sendo tratados como suspeitos.— É normal — Murilo fala — Daqui a pouco eles vão descartar, porque vão ver que vocês não têm nada a ver com a morte dele, mas até começar as investigações, são procedimentos normais.— Você tem consciência de algum inimigo que ele poderia ter? — Pietro fala me olhando.— Eu não consigo pensar em nada — eu falo para ele. — Naquela manhã, ele tinha sumido para resolver algo e voltou com um carro de presente para Pedro.— O negócio era o carro? — ele pergunta, porque naquele
Eu estou tão nervosa que eu era capaz de pular nesse policial de tanta raiva, eu não vou admitir que ninguém suspeite de mim, que ninguém me diga que eu posso ter matado Paulo, só eu sei o quanto estou sofrendo com a sua morte, que estou me sentindo morta por dentro.— Calma — Murilo fala me olhando — Você precisa se manter calma.— Como vou me manter calma, se esse senhor está me acusando de algo que eu não z? — eu falo olhando para o policial — Eu jamais mataria Paulo, ele é pai do meu lho, o que ele decidiu ou não fazer com a sua parte da herança, é problema dele, ele tinha a liberdade para fazer o que ele quisesse — eu suspiro nervosa — Se ele decidiu dar uma parte das suas ações para seu irmão, sobrinhos, advogado, é porque ele sabia que era o certo a se fazer.— Você só está
Eu abro a porta quando vejo que Murilo e Pietro estão estacionando os carros. Pietro desce do carro e vai em direção ao porto e Murilo vem me encontrar na porta de casa. Eu tinha chamado eles depois que quei sabendo sobre o carro azul, eles eram os únicos que eu conseguia con ar nesse momento.—Pietro vai ver se consegue mais alguma informação sobre essa mulher — ele fala.—É estranho — eu falo — será que Paulo teria capacidade de ter uma amante? — eu questiono.—Acredito que não — ele fala — Paulo era apaixonado por você, pela família que ele construiu ao seu lado.—Mas quem era essa mulher? — eu pergunto — você era braço direito dele.—Paulo não me disse que aquele dia iria mudar o testamento — ele fala — ele não quis mudar comigo, nem sequer me avisou sobr
— Mãe — Pedro entra pela porta e eu largo o porta retrato em cima do móvel novamente. — Mãe? —ele se aproxima e eu me viro o encarando e ele me abraça forte.Pedro era muito parecido com o seu pai, até mesmo a voz, quando eu o abracei eu me senti abraçando Paulo e me segurei para não chorar, por que eu sei o quanto o nosso lho está sofrendo pela sua morte e eu precisava mostrar que eu era forte por ele.— Como você está meu amor? — eu pergunto.Estou bem e a senhora? — ele pergunta.—Também, melhor agora que você está aqui — eu respondo.— Meus tios queriam que eu casse mais tempo lá, mas eu precisava ver como a senhora estava — eu sorrio fraco.— Amanhã vão vir fazer uma perícia no escritório do seu pai e depois disso, eu quero ir para a nossa casa
Era de manhã, antes mesmo de dar 7hs a polícia chega para fazer a perícia no escritório, eu desço do quarto e encontro vários deles na minha sala, entrando e saindo de dentro de casa.— Bom dia, senhora Bárbara — O investigador Felipe fala assim que me vê.— Bom dia, investigador — eu respondo para ele.— Perguntamos a sua funcionária, se teve alguém no escritório depois da morte dePaulo e ela me disse que você entrou lá — ele fala me olhando— Sim, eu entrei no dia que retornei do velório dele — eu respondo — Mas aí fui avisada que não poderia car lá dentro, porque iria ter uma perícia.— Você mexeu em algo, tirou algo do lugar ou de dentro do escritório? — ele pergunta;— Não — eu respondo — Não foi t
Assim que chegamos na nossa casa de praia, eu sinto um aperto enorme em meu coração, até porque a gente iria vir para cá um dia após o aniversário do nosso lho, Paulo tinha planejado nossos passeios de lanchas, nossos almoços em família e até mesmo a festa dourada, que a gente sempre fazia nessa época do ano com os nossos amigos, ele tinha tantos planos e tudo foi água abaixo.Chegar nessa casa sozinha, me fazia por alguns segundos me sentir fraca, mas quando eu olho para o lado e vejo o nosso lho, eu vejo o quanto eu preciso ser forte por ele, por que eu não estou sozinha, eu tinha uma parte de Paulo ao meu lado, uma parte especial, um menino de ouro que sentia a falta do seu pai todos os dias.— Não é a mesma coisa estar aqui sem ele — ele fala e eu o encaro.— Ele faz falta em nossas vidas — eu falo para ele —Mas precisamos seguir lh
Marília insistiu para a gente dar uma volta no shopping, mas compras não iria trazer ele de volta, mas não discuto e vou com ela. Eu sempre fui uma mulher consumista, adoro bolsas e sapatos, mas parece que agora nada disso fazia sentido.— Isso cou lindo em você — ela fala.— Eu agradeço a sua boa vontade de me fazer car um pouco melhor — eu me sento na poltrona da loja, tirando a sandália que eu estava experimentando — Mas não consigo gostar de nada.— Você precisa procurar ajuda — ela fala — Um psicólogo, terapeuta ou fazer algum exercício físico, pilates? — ela me olha perguntando — Ou até mesmo uma nova faculdade.— Eu não tenho vontade de fazer nada — eu respondo — Aliás, eu preciso voltar para a empresa, porque a empresa precisa de mim, os nossos clientes e eu nem sei como vou e