(Renata Pellegrini)
— S-senhor? — ela pisca várias vezes sem acreditar no que ouviu. Eu também não estou acreditando — E-eu não entendi bem o que disse, o senhor poderia…— Oddio, dammi pazienza — “ oh Deus, dá-me paciência” ele murmura em italiano, enquanto massageia as têmporas — Quero que saia da minha sala, agora!— Mas senhor, e quanto a ela? — Verônica aponta o dedo em minha direção — O senhor mandou demiti-la…— Stai zitto! — “cale-se!” ele aumenta o tom de voz, não tenho certeza se ela entendeu o que ele disse, mas ela se assusta com o tom de voz e se calou. Eu entendi o que ele disse porque sempre ouvia meu pai falando essas palavras em italianos quando eu aprontava alguma coisa — Faça o que te mandei, saia da minha sala, senhorita Verônica, não irei repetir mais uma vez.O queixo de Verônica treme de raiva, com certeza está se sentindo humilhada, ela me olha mais uma vez, consigo ler em seu olhar: “Você vai me pagar!”.Sorriu, seu rosto fica mais vermelho com a minha provocação, ela se vira e sai pisando duro de dentro da sala, me deixando a sós com o magnata italiano.Engulo seco, toda a raiva dentro de mim desapareceu e só restou nervosismo e receios.Ele se vira e me encara, me sinto sem jeito diante esse olhar, ele parece estudar cada parte do meu corpo, não vai conseguir ver muito, o uniforme não marca minhas curvas, e nem tenho muitas mesmo, a única coisa que ressalta em mim, são os meus seios, eles são medianos, mas pelo menos não é pequeno como minha bunda e nem fino como minhas pernas. Dá para dar umas apertadas legal. Ao menos, é o que acho, eu gosto da textura e tamanho dos meus seios. Minha mãe, quando tinha treze anos, sempre me incentivou a conhecer o meu corpo e me ensinou onde jamais poderia deixar alguém tocar sem minha permissão.Tento me concentrar em algum som além do meu coração batendo tão forte que chega dói. Mas a sala está tão silenciosa, que sinto o desespero tentando tomar conta de mim. Tento desacelerar minha respiração, não posso ter um piripaque aqui.— Non ricordo di averti visto, di quale parte d'Italia sei?— O que disse? — pergunto num fio de voz, a única coisa que consegui entender foi: qual parte da Itália. E nem sei se entendi corretamente.— Non parlate italiano? — acho que ele está me fazendo uma pergunta, mas novamente não entendo nada além da palavra "italiano". Seus olhos me analisam mais uma vez, de cima a baixo, isso me incomoda, sinto meu rosto ficando quente.— Pode por favor falar em inglês? — peço o encarando de volta.Não quero que ele pense que o acho atraente, ou que despertou algo em mim, vou levar isso ao túmulo comigo. Nunca na minha vida, pensei que algum dia, iria me sentir atraída pelo tipo de gente que mais desprezo no mundo.Ele estala a língua e vai até sua cadeira, atrás da mesa, senta e sem tirar os olhos dos meus, aponta para a cadeira à frente da mesa. Não quero me sentar, meu cérebro quer sair daqui, mas estou curiosa e necessito desse emprego.Eu já me decidi, se ele me dar a oportunidade de continuar, irei trabalhar apenas até receber o meu primeiro salário. Não vou ficar aqui para trabalhar como faxineira, se nesse tempo eu conhecer alguma outra empresa que esteja contratado, vou tentar, mas se não, irei voltar para o Brasil e seguir minha vida por lá mesmo.— De onde você é, e qual o seu nome, e sua idade? — pergunta em inglês.Dou graças por minha mãe ter me colocado num cursinho de inglês quando tinha seis anos. Nunca parei de praticar, e por isso pude viajar sem nenhum problema para cá. E foi também por esse motivo que eu pensei que teria alguma chance de conseguir me sair bem na entrevista e viver em outro país.
— Brasil, me chamo Renata Pellegrini, vinte e quatro anos — respondo, ele ergue uma sobrancelha me olhando desconfiado.
— Você não tem aparência de uma brasileira — fala baixo para si mesmo, mas consigo escutar, resolvo permanecer em silêncio — Tanto seu nome, quanto seu sobrenome são de origens italianas — constata e cruza os braços, apenas continuo calada o observando, ele estala a língua — Como chegou aqui?— Minha professora conseguiu uma entrevista de emprego aqui — explico tentando manter a calma.— Qual o nome da sua professora?— Juliana Lueni.Ele coloca a mão no queixo, e fecha os olhos por alguns segundos.— Nunca ouvir falar nesse nome — se recosta na cadeira e cruza os braços novamente — O que você estudava?— Sistema de Informação, concluí o curso na semana passada — explico mais animada.Será que ele está fazendo a entrevista? Vou trocar de cargo? Ah eu espero que sim, vai ser um sonho realizado se eu conseguir um cargo melhor.— Como parou na vaga de zeladora?— Bem, a gerente Verônica…— Ela não é gerente daqui — corta minha fala me deixando confusa.— Não? — olho confusa para ele.— Não — responde.È una vera furfante (ela é uma verdadeira canalha)! Colocando toda aquela pose, me dando um emprego, sendo que ela sequer era responsável pela minha entrevista.— O que ela é? — pergunto, espero que ele não me dê uma patada que nem fez com ela.— Chefe das atendentes, ela é a responsável pelo treinamento das novas atendentes e a organização dos turnos — explica.— Certo, bem, quando eu entrei aqui, ela tinha me dito que a senhorita Carol avisou da minha vinda junto a outros concorrentes da vaga — ele franze as sobrancelhas, como se só estivesse sabendo agora desses detalhes — Mas nem conseguir dizer que vim para a entrevista, ela me mandou embora dizendo que não estava a nivel de trabalhar aqui.— Ai ela te ofereceu o cargo de zeladora — constanta.— Sim — apenas confirmo sua sugestão do ocorrido.— Qual seu estado civil?— Solteira, senhor.— Tem filhos?— Não.— Certo, verei o que posso fazer e te ligo até o fim da semana que vem, anote aqui o seu telefone e email de contato.Ele me entrega uma caderneta e uma caneta, anoto as informações que ele pediu. “Ai Senhor, coloque a mão no coração desse homem e o faça me contratar.” — peço em pensamentos.— Enquanto isso, é para eu continuar vindo aqui?— Fazer? — pergunta com a sobrancelha erguida olhando o papel com as informações.— Hum, faxina? — falo sem graça — Me deixa vir, preciso do dinheiro das horas de trabalho — suplico de cabeça baixa.Que humilhação, mas o que eu posso fazer? No apartamento não tem nada para comer e eu não tenho nem um tostão furado do bolso, e nem tenho nenhum cartão de crédito. Preciso ao menos receber pelas diárias.— Pegue.Olho para a mão dele segurando uma nota de cem dólares.— O-o que é isso? Está fazendo caridade agora?Mannaggia! ( Droga!) Por que eu não consigo controlar a minha língua? Preciso desse dinheiro, mas a frase dele perguntando se aqui virou local de caridade b**e na minha mente e mexe com o meu orgulho.— O pagamento por suas horas trabalhadas hoje.— Só trabalhei por quinze minutos — falo desconfiada dele. Não acredito em bondade genuína vinda de pessoas como ele.— Aceite como um retratado pela maneira que foi tratada quando chegou.Ah, se é assim então eu aceito de bom grado esse dinheiro. Pego a nota e coloco no bolso do meu avental.— Pensando melhor, vou te dar um cargo agora. Vai ser temporário, você começará como uma atendente, aceita?“Controle a cara de tacho, controle a cara de tacho” — repito em meus pensamentos. Bem, é melhor do que continuar como zeladora.— Aceito!— Okay, vá na recepção e procure por Amanda. Vai começar agora mesmo.— Certo — me levanto.— Buona giornata, ragazza — “ tenha um bom dia, garota”. Mas uma vez as lembranças do meu pai, falando exatamente essas mesmas palavras, me acordando me vêm à mente.— Anche per Il sig — “ para o senhor também” respondo em italiano.Uma pena eu só ter aprendido algumas palavras e frases curtas.Filippo sorrir, um sorriso largo que me faz sentir algo estranho no peito. Prendo a reposição e me ponho apressadamente para fora da sala.Agora é hora de procurar pela Amanda.(Renata Pellegrini)Merda! Eu esqueci o carrinho de faxina lá na sala do senhor Filippo, espero que isso não vire um problema mais tarde. Apresso meus passos e sigo para o vestiário, quando cheguei notei que as recepcionistas também tem uniformes, mas irei procurar pela Amanda vestida com a roupa que eu vim e devolver esse uniforme e a chave para o armário de origem.Agora de roupa trocada, dou uma ajeitada no cabelo e me olho pela última vez no meu espelhinho de bolsa. Guado tudo e saio do vestiário, a passos lentos volto para o balcão de recepção.Sinto que me olham de cima a baixo, engulo seco, por que nesse mundo é tão difícil ser simpático com quem não esbanja dinheiro?Respiro fundo mais uma vez e me aproximo de um dos recepcionistas.— Bom dia! O senhor pode me dizer como eu encontro a Amanda, por favor?— Ela está no vestiário — reponde.— Eu acabei de sair do vestiário e não tinha mais ninguém lá — explico.— O vestiário do setor de recepção é daquele lado, gata — ele fala e a
(Renata Pellegrini) Estou com tanta fome e minhas pernas estão tão doloridas que tenho a impressão que ouvi errado, é sério isso? Realmente o homem mais rico do mundo está me oferecendo uma carona? — N-não, mas o senhor poderia me dizer onde fica o ponto de táxi? Será que esse dinheiro dá para pagar o taxi? Sei que as coisas aqui são mais em conta que no Brasil, seria melhor um ônibus, mas só para disfarçar pergunto do ponto de táxi e lá, com as pessoas que provavelmente nunca mais verei na vida, pergunto onde fica o ponto de ônibus. — Você não vai pegar o táxi — afirma olhando dentro de meus olhos. — Vou sim — minto — Eu só não sei onde o ponto fica. — Sta mentendo per me, ragazza? — “está mentindo para mim, garota?”, ele fala em italiano, seu tom me diz que essa pergunta é mais como um aviso, tipo: continue mentindo, e você verá. Minhas bochechas queimam, como ele pode ter tanta convicção que estou mentindo? Sou tão transparente assim? Eu nunca consegui esconder nada de me
(Renata Pellegrini) Filippo não me responde, apenas dá partida no carro mais uma vez e volta para a estrada. Foco minha visão para a paisagem noturna além da janela, estou sem coragem de olhar em seus olhos, confesso que apenas o encarava para não parecer uma covarde, mas agora, estou com vergonha. — O que achou de trabalhar lá na empresa? — ele quebra o silêncio. — Achei interessante, sempre foi meu sonho trabalhar na maior empresa de tecnologia do mundo, e confesso, tirando a parte do vestiário do setor de faxina, todo o resto é um sonho de lugar — confesso. — O que tem de errado com o vestiário do setor de faxina? — ele pergunta me olhando com o cenho franzido. — Bem, é pequeno e parece fazer parte de outra empresa, em todos os lugares que estive hoje, lá é o único que cheira a mofo, é apertado, mal iluminado, as paredes estão descascadas e… — Amanhã investigarei isso — me corta abruptamente e volta a encarar a rua. Não digo mais nada, entrelaço meus dedos sobre meu colo, eu
(Filippo Valentini)Antes de entrar no carro, verifico se tem alguém suspeito me olhando pela extensão da rua, tudo aparenta estar normal. Entro e dou partida. A lembrança do cheiro doce que Renata tem me vem à mente, me segurei para não jogá-la de bruços sobre aquela mesa e fode-la até que ela não sentisse mais as pernas.Além de um rosto e um corpo bonito, ela tem dotes culinários, senti como se estivesse comendo uma macarronada saindo direto de uma cozinha italiana, gostei da nostalgia.Eu queria ter feito mais perguntas a ela, mas ela notaria que investiguei sobre sua vida, eu esperava que ela interagisse mais e também me perguntasse alguma coisa, assim ficaria mais natural a conversa e eu poderia questionar com a desculpa de que apenas bateu curiosidade com o rumo da conversa, mas ela apenas comeu calada após falar que seu pai estava morto.Na pesquisa, o nome do pai dela não consta em seus documentos, apenas o nome da mãe, Sandra Moreira Pellegrini. Observei a foto da mulher, e e
(Filippo Valentini)Abro os olhos, não reconheço onde estou, tento puxar o ar com mais força, mas o pano em meu nariz dificulta a passagem do ar, passo a mão por meu rosto, ainda estou usando a máscara. Desgraça! Como eu fui deixar isso acontecer!? Burro! Burro! Burro!Sento seja lá onde eu estiver e olho ao redor, paredes brancas e várias camas, aqui é a enfermaria da base. — Pensei que não ia mais acordar — Camily aparece no meu campo de visão.— Alguém viu o meu rosto? — vou logo ao ponto, não posso deixar ninguém desnecessário saber minha identidade, vai dar muito trabalho depois matar tantos.Se bem que não vou conseguir matar todos, mas enfim, se não matar a maioria, vou ter sério problemas com as outras famílias, por isso não quero que saibam. Antes da morte do meu pai, eu planejava fugir, iria viver uma vida de fugitivo, mas qualquer coisa era melhor do que continuar vivendo lá. Mas aí o Senhor me ajudou levando aquele desgraçado, meu irmão ocupou o seu lugar. Seria muita in
(Renata Pellegrini)Acordo e vou direto para o banho, ligo o choveiro e deixo a água escorrer por meu corpo, a lembrança daquele homem tão perto de mim faz meu coração acelerar mais uma vez, é impossível organizar os pensamentos quando se trata daquele italiano, minha mente e minha barriga fica uma confusão, um sorriso bobo escapa entre meus lábios. Renata, para porra!É bobagem ficar pensando nele, um homem como Filippo Valentini, com certeza tem mulheres aos montes em seus pés, onde ele pode até fazer sorteio de quem vai ter a vez de sentar em seu… Ah, ele não é pro meu bico, e eu nem quero mesmo. Termino o banho e me ajeito, faço um coque no cabelo e novamente vou para o trabalho sem um pingo de maquiagem, preciso arranjar tempo para comprar essas coisas e roupas melhores. O ponto de ônibus não fica muito longe, de acordo com o porteiro fica apenas a duas quadras aqui. Depois de dois minutos andando chego no ponto, e quase que no mesmo instante o ônibus passa.Quarenta minutos de
(Renata Pellegrini)Seus lábios me tomam em um beijo quente e depravado, ondas de prazer invadem meu corpo junto com sua língua atrevida em minha boca. Fecho meus olhos me entregando por inteiro a esse beijo, entrelaço minhas mãos em seu pescoço e em resposta ele aperta ainda mais forte minha cintura. De repente não havia mais ninguém ali, a música em minha mente adquire um ritmo mais lento, mas o beijo fica cada vez mais voraz.Suas mãos grandes deslizam pela lateral de meu corpo e param sobre minha bunda, ele me aperta cada vez mais forte contra si, como se estivesse querendo fundir nossos corpos. Não sei descrever exatamente o que está acontecendo comigo, apenas sinto como se minha vida dependesse desse beijo e nada poderia me parar, bem, nada além da m*****a falta de ar.Nossas bocas se separam, mas nossas respirações quentes se misturam, ainda de olhos fechados, agora consigo sentir o cheiro do perfume amadeirado exalado desse homem me deixando ainda mais embriagada, ele aperta ma
(Renata Pellegrini) Meu peito desce e sobe freneticamente junto a minha respiração, tento a todo custo não olhar para ele, mas a cada segundo que passa, vai ficando cada vez mais difícil à medida que ele se aproveita da situação e eu me odeio por meu corpo responder de forma tão positiva a seus toques. A ponta de seu nariz percorre meu pescoço me fazendo arrepiar, mordo meus lábios com força tentando reprimir as sensações boas que esse contato me causa. Porcaria! Tampo minha boca com as mãos, para não soltar algum som estranho que quer sair, ao sentir sua boca quente distribuindo beijos molhados pela minha clavícula e meu ombro nu. Como faço para controlar as borboletas no pé da minha barriga? Suas mãos grandes e quentes seguram firme meu rosto, em seu olhar tem tanta intensidade que me sinto perdida, ele curva-se sobre mim e me beija outra vez, fecho meus olhos. Mais uma vez me entrego ao beijo delicioso do meu chefe. Sua língua se encontra com a minha, seus dedos entrelaçam com o