(Renata Pellegrini)
Estou com tanta fome e minhas pernas estão tão doloridas que tenho a impressão que ouvi errado, é sério isso? Realmente o homem mais rico do mundo está me oferecendo uma carona?
— N-não, mas o senhor poderia me dizer onde fica o ponto de táxi?
Será que esse dinheiro dá para pagar o taxi? Sei que as coisas aqui são mais em conta que no Brasil, seria melhor um ônibus, mas só para disfarçar pergunto do ponto de táxi e lá, com as pessoas que provavelmente nunca mais verei na vida, pergunto onde fica o ponto de ônibus.
— Você não vai pegar o táxi — afirma olhando dentro de meus olhos.
— Vou sim — minto — Eu só não sei onde o ponto fica.
— Sta mentendo per me, ragazza? — “está mentindo para mim, garota?”, ele fala em italiano, seu tom me diz que essa pergunta é mais como um aviso, tipo: continue mentindo, e você verá.
Minhas bochechas queimam, como ele pode ter tanta convicção que estou mentindo? Sou tão transparente assim? Eu nunca consegui esconder nada de meu pai, ele sempre dizia que eu era uma péssima mentirosa, mas eu pensava que era apenas porque ele me conhecia desde antes eu nascer.
— Poderia me dizer onde fica o ponto de ônibus? — de cabeça baixa pergunto dessa vez a verdadeira informação que eu queria.
— Amanhã eu te conto — fala.
— Por que? Eu preciso voltar para casa hoje, estou cansada!
— Já disse que te levo em casa — ele insiste mais uma vez.
— Isso não seria adequado, senhor Fili… senhor Valentini — me corrijo a tempo, ele suspira, espero que tenha se dado por vencido, ele olha para frente e b**e o dedo repetitivamente no volante, parece que está pensando em algo.
— Já está tarde, o ônibus só vai passar agora às onze e meia da noite, vai ficar por mais de um hora no ponto escuro sozinha?
Touché, parece que ele adivinhou que sou uma medrosa e tenho medo de ficar sozinha em lugares escuros. Uma vez quase abusaram de mim, mas eu sempre tento me esquecer desse trauma, no Brasil comecei a evitar as ruas vazias, andava pelo meio dos traficantes, apesar do cheiro forte de machonha, eles não mexiam comigo. Era mais seguro.
Ainda estou relutante, o que é pior? Ficar sozinha em um ponto de ônibus perigoso ou entrar no carro do meu chefe que ainda é um completo desconhecido para mim?
“Melhor ir com o chefe” — minha consciência responde.
— Tudo bem — dou a volta e entro dentro do carro, o carro cheira a novo, como se estivesse acabado de sair da loja.
Ele dá partida, seguindo em frente pela rua. Estou tão nervosa, esse homem me tira da minha zona de conforto, só não consigo entender o porquê. Permaneço olhando para frente, quase não pisco os olhos, sinto o olhar dele queimar minha pele, sinto que estou correndo perigo perto desse homem.
— Eu te deixo desconfortável, ragazza? — pergunta me pegando de surpresa.
— N-não, sim! Bem… é, eu quero dizer é que não é todo dia que alguém como o senhor me oferece carona.
— Não leve isso a mal, eu só a vi sozinha e não quis ser rude — explica.
“Você praticamente me obrigou entrar em seu carro! Insistiu tanto e até usou o meu medo a seu favor!” — implico mentalmente, ele continua falando:
— Acredite ou não, eu sou um cavalheiro que gosta de salvar mocinhas indefesas.
— Hurum, sei — respondo e no mesmo instante me arrependo — Ah, bem, quero dizer que o senhor tem mesmo cara de uma pessoa boa — minto.
Ele não parece em nada com uma pessoa boa e sim um homem mau, muito mau. De seus poros exalam perigo, de sua boca saem palavras grossas e quando fala em italiano fica sexy, me deixando totalmente esquisita por dentro. Uma pessoa boa não faria isso.
— Você quer passar em algum mercado antes de ir para casa?
— O senhor me levaria? — pergunto com as sobrancelhas arqueadas. Por que este homem está sendo tão bonzinho comigo? Isso não faz sentido na minha cabeça.
— Se estou perguntando é porque sim — me olha nos olhos e sinto minhas bochechas queimarem.
— Quero sim, senhor — respondo olhando para o vidro da janela.
Ficamos em silêncio, ele estaciona o carro em frente a uma mercado vinte e quatro horas, abro a porta e saio, começo a caminhar para a entrada, sinto a presença dele atrás de mim. Ele vai mesmo entrar nesse mercado? Pensei que ele só entrasse em locais de puro luxo!
Resolvi não questionar, entramos no mercado e vou até as prateleiras de alimentos, pego vários pacotes de biscoitos e massas de macarrão, pego molho pronto e depois pego no freezer queijo parmesão e pego alguns temperos verde, só faltou um vinho branco seco, mas isso dá para o gasto.
— Você vai preparar uma macarronada? — questiona enquanto escolho as cebolas.
— Sim — respondo sem desviar minha atenção.
— Não esqueça disso — ele coloca uma garrafa de vinho branco seco na minha cesta.
— Onde achou? — pergunto desconfiada, não sabia que mercadinhos pequenos vendiam esse tipo de bebida.
— Ali — ele aponta para um estante com vários tipos de vinhos e outras bebidas. Como eu não vi aquilo?
— Obrigada.
Seguimos para o caixa, e esse magnata maldito faz mais uma bondade, paga minhas compras, eu não quis fazer cena na frente do caixa, mas não gosto que paguem as coisas para mim, bem, não eu tendo como pagar.
Entramos no carro novamente, pego a nota de cem e estendo em sua direção.
— Quero meu troco — falo e ele me olha com uma sobrancelha arqueada.
— Guarde isso — manda sorrindo, me deixando ainda mais desconfortavél — Quero que pague de outra forma — fala com a voz mais grave que o normal.
Meu tobias tranca. Ele não pode está falando sério. Rapidamente recolho minha mão, um furacão se instala no meu pé de barriga. Senhor, me ajuda!
— De que forma o senhor se refere? — pergunto sentindo meus dedos gelados e coração batendo forte dentro do peito.
(Renata Pellegrini) Filippo não me responde, apenas dá partida no carro mais uma vez e volta para a estrada. Foco minha visão para a paisagem noturna além da janela, estou sem coragem de olhar em seus olhos, confesso que apenas o encarava para não parecer uma covarde, mas agora, estou com vergonha. — O que achou de trabalhar lá na empresa? — ele quebra o silêncio. — Achei interessante, sempre foi meu sonho trabalhar na maior empresa de tecnologia do mundo, e confesso, tirando a parte do vestiário do setor de faxina, todo o resto é um sonho de lugar — confesso. — O que tem de errado com o vestiário do setor de faxina? — ele pergunta me olhando com o cenho franzido. — Bem, é pequeno e parece fazer parte de outra empresa, em todos os lugares que estive hoje, lá é o único que cheira a mofo, é apertado, mal iluminado, as paredes estão descascadas e… — Amanhã investigarei isso — me corta abruptamente e volta a encarar a rua. Não digo mais nada, entrelaço meus dedos sobre meu colo, eu
(Filippo Valentini)Antes de entrar no carro, verifico se tem alguém suspeito me olhando pela extensão da rua, tudo aparenta estar normal. Entro e dou partida. A lembrança do cheiro doce que Renata tem me vem à mente, me segurei para não jogá-la de bruços sobre aquela mesa e fode-la até que ela não sentisse mais as pernas.Além de um rosto e um corpo bonito, ela tem dotes culinários, senti como se estivesse comendo uma macarronada saindo direto de uma cozinha italiana, gostei da nostalgia.Eu queria ter feito mais perguntas a ela, mas ela notaria que investiguei sobre sua vida, eu esperava que ela interagisse mais e também me perguntasse alguma coisa, assim ficaria mais natural a conversa e eu poderia questionar com a desculpa de que apenas bateu curiosidade com o rumo da conversa, mas ela apenas comeu calada após falar que seu pai estava morto.Na pesquisa, o nome do pai dela não consta em seus documentos, apenas o nome da mãe, Sandra Moreira Pellegrini. Observei a foto da mulher, e e
(Filippo Valentini)Abro os olhos, não reconheço onde estou, tento puxar o ar com mais força, mas o pano em meu nariz dificulta a passagem do ar, passo a mão por meu rosto, ainda estou usando a máscara. Desgraça! Como eu fui deixar isso acontecer!? Burro! Burro! Burro!Sento seja lá onde eu estiver e olho ao redor, paredes brancas e várias camas, aqui é a enfermaria da base. — Pensei que não ia mais acordar — Camily aparece no meu campo de visão.— Alguém viu o meu rosto? — vou logo ao ponto, não posso deixar ninguém desnecessário saber minha identidade, vai dar muito trabalho depois matar tantos.Se bem que não vou conseguir matar todos, mas enfim, se não matar a maioria, vou ter sério problemas com as outras famílias, por isso não quero que saibam. Antes da morte do meu pai, eu planejava fugir, iria viver uma vida de fugitivo, mas qualquer coisa era melhor do que continuar vivendo lá. Mas aí o Senhor me ajudou levando aquele desgraçado, meu irmão ocupou o seu lugar. Seria muita in
(Renata Pellegrini)Acordo e vou direto para o banho, ligo o choveiro e deixo a água escorrer por meu corpo, a lembrança daquele homem tão perto de mim faz meu coração acelerar mais uma vez, é impossível organizar os pensamentos quando se trata daquele italiano, minha mente e minha barriga fica uma confusão, um sorriso bobo escapa entre meus lábios. Renata, para porra!É bobagem ficar pensando nele, um homem como Filippo Valentini, com certeza tem mulheres aos montes em seus pés, onde ele pode até fazer sorteio de quem vai ter a vez de sentar em seu… Ah, ele não é pro meu bico, e eu nem quero mesmo. Termino o banho e me ajeito, faço um coque no cabelo e novamente vou para o trabalho sem um pingo de maquiagem, preciso arranjar tempo para comprar essas coisas e roupas melhores. O ponto de ônibus não fica muito longe, de acordo com o porteiro fica apenas a duas quadras aqui. Depois de dois minutos andando chego no ponto, e quase que no mesmo instante o ônibus passa.Quarenta minutos de
(Renata Pellegrini)Seus lábios me tomam em um beijo quente e depravado, ondas de prazer invadem meu corpo junto com sua língua atrevida em minha boca. Fecho meus olhos me entregando por inteiro a esse beijo, entrelaço minhas mãos em seu pescoço e em resposta ele aperta ainda mais forte minha cintura. De repente não havia mais ninguém ali, a música em minha mente adquire um ritmo mais lento, mas o beijo fica cada vez mais voraz.Suas mãos grandes deslizam pela lateral de meu corpo e param sobre minha bunda, ele me aperta cada vez mais forte contra si, como se estivesse querendo fundir nossos corpos. Não sei descrever exatamente o que está acontecendo comigo, apenas sinto como se minha vida dependesse desse beijo e nada poderia me parar, bem, nada além da m*****a falta de ar.Nossas bocas se separam, mas nossas respirações quentes se misturam, ainda de olhos fechados, agora consigo sentir o cheiro do perfume amadeirado exalado desse homem me deixando ainda mais embriagada, ele aperta ma
(Renata Pellegrini) Meu peito desce e sobe freneticamente junto a minha respiração, tento a todo custo não olhar para ele, mas a cada segundo que passa, vai ficando cada vez mais difícil à medida que ele se aproveita da situação e eu me odeio por meu corpo responder de forma tão positiva a seus toques. A ponta de seu nariz percorre meu pescoço me fazendo arrepiar, mordo meus lábios com força tentando reprimir as sensações boas que esse contato me causa. Porcaria! Tampo minha boca com as mãos, para não soltar algum som estranho que quer sair, ao sentir sua boca quente distribuindo beijos molhados pela minha clavícula e meu ombro nu. Como faço para controlar as borboletas no pé da minha barriga? Suas mãos grandes e quentes seguram firme meu rosto, em seu olhar tem tanta intensidade que me sinto perdida, ele curva-se sobre mim e me beija outra vez, fecho meus olhos. Mais uma vez me entrego ao beijo delicioso do meu chefe. Sua língua se encontra com a minha, seus dedos entrelaçam com o
(Filippo Valentini)— Não quero voltar para casa! — Vincenzo protesta enquanto caminhamos até a porta de saída.— Então fique — reviro os olhos — Eu vou voltar para casa! — falo sem paciência e dou as costas a ele.Preciso esfriar a mente, esse lugar está sufocante demais.— Qual foi, Lipi? — ele volta a andar do meu lado — O que aconteceu com a gata de vestido preto? Do jeito que vocês estavam se pegando na pista de dança, pensei que iam transar e tirar um pouco dessa sua cara emburrada, mas você voltou pior!— Não quero falar sobre isso — entro no carro e Vincenzo também.Por um milagre meu irmão se cala, dos três irmãos, Vincenzo era o mais comunicativo, ele gostava de conversar e tal, eu até já tentei, mas não consigo ficar falando o que sinto ou demonstrando, sou grosso e na hora de transar com uma mulher, isso não muda.Ele gostava da esposa falecida, eles passavam horas conversando e fazendo carinho um no outro, faziam isso até mesmo na frente das outras pessoas, chegava a ser n
(Filippo Valentini)A olho um pouco atordoado, engulo seco, me perdi dentro daqueles lábios macios, língua sapeca e pele quente. Observo ela ajeitando o cabelo e a blusa, sem me olhar, seu rosto todo vermelho, creio ser uma mistura de raiva, excitação e vergonha.“Ou talvez você esteja completamente enganado e isso não passe de um teatrinho” — minha mente me alerta e num instante fico apreensivo novamente, dô passos para trás me afastando dela, passo a mão pelo rosto afim de amenizar um pouco o fogo insano que estou sentindo, segurando a vontade louca de foda-la sebre minha mesa, preciso manter calmo e frio.Droga! Eu, um homem de trinta e três anos nas costas, sendo conhecido como o Magnata da Tecnologia, tendo também um trabalho duplo como agente do FBI, criador de armas para mafiosos, cedi aos desejos de forma tão fácil, trazendo ela para dentro da minha sala! Querendo muda-la de cargo sem antes fazer os testes! Que imprudência!Bem, eu pesquisei a fundo a vida dela, sei que ela vem