(Renata Pellegrini)
Acordo e vou direto para o banho, ligo o choveiro e deixo a água escorrer por meu corpo, a lembrança daquele homem tão perto de mim faz meu coração acelerar mais uma vez, é impossível organizar os pensamentos quando se trata daquele italiano, minha mente e minha barriga fica uma confusão, um sorriso bobo escapa entre meus lábios.Renata, para porra!É bobagem ficar pensando nele, um homem como Filippo Valentini, com certeza tem mulheres aos montes em seus pés, onde ele pode até fazer sorteio de quem vai ter a vez de sentar em seu… Ah, ele não é pro meu bico, e eu nem quero mesmo.Termino o banho e me ajeito, faço um coque no cabelo e novamente vou para o trabalho sem um pingo de maquiagem, preciso arranjar tempo para comprar essas coisas e roupas melhores.O ponto de ônibus não fica muito longe, de acordo com o porteiro fica apenas a duas quadras aqui. Depois de dois minutos andando chego no ponto, e quase que no mesmo instante o ônibus passa.Quarenta minutos depois desço em frente a empresa, os outros funcionários me olham de cima a baixo, todos chegando ou de carro, ou de moto, ou então de táxi, eu devo ser a única saltando de um ônibus para trabalhar nessa empresa.— Tá com a maquiagem na bolsa? — me assusto com Amanda que chega de fininho por trás de mim.— Bom dia para você também.— Bom dia, e então, por que não está maquiada? Veronica vai ficar uma fera quando te ver.— Eu não tenho nenhum tipo de maquiagem — falo olhando para a entrada e observando como todos são elegantes, todos menos eu.— Que tipo de mulher não tem maquiagem em casa!?— O tipo que não tem dinheiro nem para comida — respondo bem baixinho, mas ela escutou e se calou.— Vem, vou dá um jeito nisso — ela pega meu braço e me arrasta entre as pessoas, que nos olham feio.Entramos na empresa e sem desejar bom dia a ninguém entramos no vestiário, colocamos nossos uniforme e Amanda vem toda animada em minha direção segurando uma mini bolsa cor de rosa na mão.— O que vai fazer? — pergunto sem entender sua animação.— Nossos tons de pele são muito diferentes — ela fala, isso é verdade, a pele dela parece com leite de tão branquinha, enquanto eu sou mais bronzeada — Mas já tenho uma boa ideia do que fazer em seu rosto.Ela me faz sentar no puff e sorrir malandra para mim, não faço nada para impedi-la. Depois de alguns minutos, me olho no espelho e quase não me reconheço, Amanda não passou base e nem nada para cobrir a pele, mas a maquiagem que ela fez nos meus olhos, o blush rosadinho e o batom rosinha também, me deixaram bem apresentável.— Agora sim, você está a nível de quem trabalha aqui, eu sou mesmo incrível — fala orgulhosa de seu trabalho em mim.— Sim — concordo sem conseguir conter um sorrisinho, nunca estive tão bonita quanto agora — Muito obrigada, eu nem sei como te agradecer.— Mas eu sei — sorrir de maneira suspeita, de repente sinto um mal pressentimento — Quero que vá comigo a uma festa, hoje a noite.— Não vai rolar — falo rapido.— Por que não? Você ainda mora com seus pais? Não pode chegar tarde em casa?Suspiro triste, bem que eu queria morar com meus pais, eles me fazem tanta falta.— Eu apenas não tenho roupas para ir — não é bem uma desculpa esfarrapada, eu realmente não tenho.— Isso não é problema, eu trouxe para nós, veja — ela aponta para uma bolsa enorme em seu armário — Tem três vestidos lá e já sei qual vai ficar perfeito em você.— Amanhã temos que ir trabalhar…— Amanhã é domingo querida, não temos que trabalhar aos domingos.Ah é, eu havia me esquecido que comecei a trabalhar numa sexta.— Vem, por favor, eu sei que você não conhece nada aqui, vai ser uma boa poder distrair um pouco a mente, e não se preocupe que eu te levo de volta para casa, ou então pago o táxi, por favor, vem comigo — ela juntas as mãos e faz cara de cachorro pidão.— Ah! Tudo bem! Mas quero estar em casa antes da meia noite — me dou por vencida e ela sorri feliz. Me olho uma última vez no espelho — Vamos logo começar o expediente.Confesso, fiquei o tempo todo olhando para a porta de entrada e sentia meu coração palpitar toda vez que a porta se mexia. Mas ninguém era o Filippo, e eu odeio admitir o quão frustrada eu fiquei por passar o dia todo e não ter visto ele.— Vem, vamos nos arrumar — Amanda me puxa de volta para o vestiário — Vou tirar de você esse ar de menina virgem.— Oi? — pergunto confusa.— Hoje os homens vão babar na gente — fala indo até a bolsa sem parar de sorrir — Vem, veste isso — me entrega um vestido preto.Acho que ele vai ficar curto demais, eu sou mais alta que Amanda, porém a bunda dela é maior que a minha, talvez esse vestido fique feio em mim.— Anda logo, ele tá apertado em mim, por isso trouxe para você — fala como se tivesse lido meus pensamentos.— Antes de vesti-lo, vem cá.Ela refaz a maquiagem em mim, sinto que tem mais maquiagem do que a que ela fez pela manhã. Levando do puff, mas Amanda me impede de ir até o espelho.— Primeiro vá trocar de roupa — manda.Faço o que ela diz. Eu tinha razão, ficou bem curto, apenas cinco dedos abaixo da minha bunda, meus seios parecem que vão saltar do decote do vestido, esse vestido faz parecer que tenho mais curvas que o normal. Olho para Amanda e até ela está espantada. Me sinto desconfortável, puxo o vestido para baixo na tentativa falha de esconder um pouco mais de pele.— Ah para né, você está linda! — b**e na minha mão e arruma o vestido — Eu sabia que ia ficar perfeito em você. Agora pode se olhar.Caminho até o espelho e é como se Renata Pellegrini, a menina nerd, feia e anti-social tivesse morrido e uma mulher bonita, charmosa e gostosa tivesse ocupado o lugar.— Meu Deus — sussurro surpresa ainda sem acreditar que sou eu mesma diante o espelho.Amanda se veste em questão de minutos e está linda, com um vestido vermelho sangue bem justo. Deixando evidente todas as suas curvas.— Vem, vamos logo.Sorrio achando uma gracinha o carro rosa de Amanda, seguimos para uma das baladas mais tops que tem na cidade. Como eu sei? Amanda contou e me entregou uma das pulseirinhas vips. Ela deve ser muito rica mesmo, ou conhece alguém muito rico. Tanto faz, nunca fiz perguntas pessoais a ela.Ao menos hoje vou tirar Filippo Valentini dos meus pensamentos.Depois de dez minutos, mostramos nossas pulseirinhas e entramos na boate, a música alta quase fez eu dar meia-volta, as pessoas estavam tão próximas umas das outras que deveria ser considerado atentado ao pudor, as roupas conseguiam ser ainda mais provocantes do que a de Amanda.— Como consegue frequentar esses lugares? — pergunto em um tom alto para ela poder me ouvir.— Acredite ou não, as baladas são o local perfeito para esquecer os problemas e conhecer gente top.Cruzo os braços.— Eu duvido muito, tem casais quase transando mais do que eu posso contar, aqui com certeza o povo arruma mais problemas do que esquecem.Ela solta um sorriso enquanto passa seu braço ao redor do meu pescoço.Amanda me leva até a pista de dança e começa a dançar, eu balanço a cabeça de forma negativa. Nunca dancei em público, nem em privado também, me sinto um peixe fora d'água.— Vamos! Pare de ser tão chata. Já sei o que pode te animar. Certeza que uma bebida colorida vai te deixar nos piques — fala me arrastando para o bar.Depois do primeiro copo, não faço a mínima ideia de quantos tomei depois. Cruzo a boate lotada, me esquivando de vários corpos suados e histéricos, que dançam ao som de Alive, do DJ Alok. Seguro um copo transparente contendo um líquido vermelho, doce, porém, muito forte, não faço ideia do nome, deixei Amanda paquerando com o barman e só paro de andar ao chegar no centro da boate.Uma música mais sensual começa a tocar, deixo-me envolver pelo ritmo e me movimento, meu corpo vibra e meu coração palpita enquanto passo minhas mãos por meus seios e jogo meu cabelo para o lado. Sinto mãos grandes ao redor da minha cintura.A bebida já dominou o meu cérebro, dei fora em todos os caras que se aproximaram de mim desde a hora que cheguei, mas essas mãos grandes me fazem arrepiar toda por debaixo da roupa. Começo a dançar de forma mais ousada e me esfrego bastante seja lá em quem for, sinto seu volume cutucar minha bunda e sorrio travessa.O que está acontecendo comigo!? Nunca agi assim na minha vida e nem sei o que estou fazendo. Mas confesso que estou amando essa sensação.O aperto em minha cintura aumenta e quando dou por mim, a boca quente de um desconhecido está colada com a minha.(Renata Pellegrini)Seus lábios me tomam em um beijo quente e depravado, ondas de prazer invadem meu corpo junto com sua língua atrevida em minha boca. Fecho meus olhos me entregando por inteiro a esse beijo, entrelaço minhas mãos em seu pescoço e em resposta ele aperta ainda mais forte minha cintura. De repente não havia mais ninguém ali, a música em minha mente adquire um ritmo mais lento, mas o beijo fica cada vez mais voraz.Suas mãos grandes deslizam pela lateral de meu corpo e param sobre minha bunda, ele me aperta cada vez mais forte contra si, como se estivesse querendo fundir nossos corpos. Não sei descrever exatamente o que está acontecendo comigo, apenas sinto como se minha vida dependesse desse beijo e nada poderia me parar, bem, nada além da m*****a falta de ar.Nossas bocas se separam, mas nossas respirações quentes se misturam, ainda de olhos fechados, agora consigo sentir o cheiro do perfume amadeirado exalado desse homem me deixando ainda mais embriagada, ele aperta ma
(Renata Pellegrini) Meu peito desce e sobe freneticamente junto a minha respiração, tento a todo custo não olhar para ele, mas a cada segundo que passa, vai ficando cada vez mais difícil à medida que ele se aproveita da situação e eu me odeio por meu corpo responder de forma tão positiva a seus toques. A ponta de seu nariz percorre meu pescoço me fazendo arrepiar, mordo meus lábios com força tentando reprimir as sensações boas que esse contato me causa. Porcaria! Tampo minha boca com as mãos, para não soltar algum som estranho que quer sair, ao sentir sua boca quente distribuindo beijos molhados pela minha clavícula e meu ombro nu. Como faço para controlar as borboletas no pé da minha barriga? Suas mãos grandes e quentes seguram firme meu rosto, em seu olhar tem tanta intensidade que me sinto perdida, ele curva-se sobre mim e me beija outra vez, fecho meus olhos. Mais uma vez me entrego ao beijo delicioso do meu chefe. Sua língua se encontra com a minha, seus dedos entrelaçam com o
(Filippo Valentini)— Não quero voltar para casa! — Vincenzo protesta enquanto caminhamos até a porta de saída.— Então fique — reviro os olhos — Eu vou voltar para casa! — falo sem paciência e dou as costas a ele.Preciso esfriar a mente, esse lugar está sufocante demais.— Qual foi, Lipi? — ele volta a andar do meu lado — O que aconteceu com a gata de vestido preto? Do jeito que vocês estavam se pegando na pista de dança, pensei que iam transar e tirar um pouco dessa sua cara emburrada, mas você voltou pior!— Não quero falar sobre isso — entro no carro e Vincenzo também.Por um milagre meu irmão se cala, dos três irmãos, Vincenzo era o mais comunicativo, ele gostava de conversar e tal, eu até já tentei, mas não consigo ficar falando o que sinto ou demonstrando, sou grosso e na hora de transar com uma mulher, isso não muda.Ele gostava da esposa falecida, eles passavam horas conversando e fazendo carinho um no outro, faziam isso até mesmo na frente das outras pessoas, chegava a ser n
(Filippo Valentini)A olho um pouco atordoado, engulo seco, me perdi dentro daqueles lábios macios, língua sapeca e pele quente. Observo ela ajeitando o cabelo e a blusa, sem me olhar, seu rosto todo vermelho, creio ser uma mistura de raiva, excitação e vergonha.“Ou talvez você esteja completamente enganado e isso não passe de um teatrinho” — minha mente me alerta e num instante fico apreensivo novamente, dô passos para trás me afastando dela, passo a mão pelo rosto afim de amenizar um pouco o fogo insano que estou sentindo, segurando a vontade louca de foda-la sebre minha mesa, preciso manter calmo e frio.Droga! Eu, um homem de trinta e três anos nas costas, sendo conhecido como o Magnata da Tecnologia, tendo também um trabalho duplo como agente do FBI, criador de armas para mafiosos, cedi aos desejos de forma tão fácil, trazendo ela para dentro da minha sala! Querendo muda-la de cargo sem antes fazer os testes! Que imprudência!Bem, eu pesquisei a fundo a vida dela, sei que ela vem
(Filippo Valentino)Certo, agora só falta finalizar os detalhes do gatilho, o cartucho duplo e o ferrolho. O cabo personalizado com o brasão da família Valentini (CNFV — Casa Nostra Famiglia Valentini) é a única parte pintada, a cor dourado em contraste com o preto deixam um ar de sofisticação, me dedico sempre em cada detalhe e na eficiência de cada disparo, meus bebês fazem de um belo de um estrago nos inimigos. Pronto! Terminei, passo a mão por minha testa suada e observo atentamente meu trabalho finalizado, agora é só mandar para minha equipe no subsolo dessa empresa e daqui a seis meses essas belezinhas estarão na Itália.— Senhor Valentini? — Sophia dá três batidas na porta.— Entre — guardo meus projetos dentro da gaveta, confiro as horas no relógio de pulso, meio dia.Sophie entra na sala, desfilando nos seus saltos quinze centímetros, saia e blusa justa. A única mulher que nunca sequer pensei em olhar com outros olhos, ela é esposa do meu gerente de fabricação de armas, a úni
(Renata Pellegrini)— O que o chefe queria? — Caio pergunta enquanto me aproximo do balcão.Suspiro, não posso falar de jeito nenhum a ninguém o que aconteceu naquela sala. Me sento no meu lugar, atrás do balcão ao lado de Caio, e olho para a entrada. Não gosto de mentir, mas Caio vem sendo bem legal comigo, não tem porquê eu dar uma queimada nele, melhor mentir.— Ele não chegou a me receber na sala, me mandou sair antes mesmo de eu entrar — invento a desculpa, mas seus olhos me analisam de forma suspeita.— Você demorou muito, e seu cabelo ta desalinhado — fala me encarando.Merda! Passo a mão nos meus cabelos e sinto que ainda ficou alguns fios soltos, não consigo olhar nos olhos das pessoas enquanto minto, olho pro chão.— Eu me bati com a secretária do vice, é por isso, e também fiquei uns minutos conversando com ela, ela muito legal — minto na cara de pau.“Por favor, senhorita Sophie, me desculpe por te usar assim” — peço em pensamentos.— A senhora Sophie é muito legal mesmo, e
(Renata Pellegrini) — Um café com seis colheres de açúcar e leite, por favor — peço a moça da cantina.— Seis colheres? — ela repete meu pedido com os olhos arregalados — Tem certeza?— Oh, você está certa — sorrio — Melhor colocar oito!— N-não eu não quis dizer que é pouco, é que…— E por favor, não precisa esquentar o café.Ela suspira e por fim se dá por vencida.— Tudo bem, só um instante por favor.Só de imaginar a cara que Verônica vai fazer ao experimentar o café, não consigo parar de sorrir em expectativas. Sei que essa pode não ser a coisa mais madura de se fazer nessa situação, mas nesse momento eu não estou nem aí. Só quero que ela pague. Já que ela gosta de humilhar os outros, por que não sentir um pouco do próprio veneno? “De onde você tirou toda essa coragem?” — minha mente me questiona, “Não é coragem, é raiva, frustração, decepção, tudo misturado” — eu mesma me respondo em pensamentos.Olho ao redor enquanto espero o café, esse é o meu terceiro dia na empresa, aconte
(Renata Pellegrini)— Aconteceu um imprevisto na empresa, podemos remarcar? … Eu entendo, também odeio faltar em compromissos, mas é que realmente este problema só pode ser resolvido por mim mesmo, peço sua compreensão … Certo, então amanhã às oito, encontro vocês aí no hotel — ele desliga o celular e guarda no bolso do terno.Saímos do elevador e entramos em sua sala, Verônica se senta em uma das cadeiras na frente da mesa dele, ele faz sinal com a mão para que eu me sente na outra, me sento. Ele vai para seu lugar atrás da mesa, cruza os braços sobre o peito e olha de mim para Verônica.— Vocês quase me fizeram perder uma reunião de milhões de dólares! — fala com o rosto sério, que droga! Não foi minha intenção atrapalhar os negócios dele, apenas queria dar uma lição nela.Tento manter meu olhar erguido, mas seu olhar está frio e sem emoção, não muito diferente do primeiro olhar que ele me dirigiu quando nos conhecemos, isso me faz desviar e apertar as mãos em cima do meu colo, eu es