(Renata Pellegrini) — Um café com seis colheres de açúcar e leite, por favor — peço a moça da cantina.— Seis colheres? — ela repete meu pedido com os olhos arregalados — Tem certeza?— Oh, você está certa — sorrio — Melhor colocar oito!— N-não eu não quis dizer que é pouco, é que…— E por favor, não precisa esquentar o café.Ela suspira e por fim se dá por vencida.— Tudo bem, só um instante por favor.Só de imaginar a cara que Verônica vai fazer ao experimentar o café, não consigo parar de sorrir em expectativas. Sei que essa pode não ser a coisa mais madura de se fazer nessa situação, mas nesse momento eu não estou nem aí. Só quero que ela pague. Já que ela gosta de humilhar os outros, por que não sentir um pouco do próprio veneno? “De onde você tirou toda essa coragem?” — minha mente me questiona, “Não é coragem, é raiva, frustração, decepção, tudo misturado” — eu mesma me respondo em pensamentos.Olho ao redor enquanto espero o café, esse é o meu terceiro dia na empresa, aconte
(Renata Pellegrini)— Aconteceu um imprevisto na empresa, podemos remarcar? … Eu entendo, também odeio faltar em compromissos, mas é que realmente este problema só pode ser resolvido por mim mesmo, peço sua compreensão … Certo, então amanhã às oito, encontro vocês aí no hotel — ele desliga o celular e guarda no bolso do terno.Saímos do elevador e entramos em sua sala, Verônica se senta em uma das cadeiras na frente da mesa dele, ele faz sinal com a mão para que eu me sente na outra, me sento. Ele vai para seu lugar atrás da mesa, cruza os braços sobre o peito e olha de mim para Verônica.— Vocês quase me fizeram perder uma reunião de milhões de dólares! — fala com o rosto sério, que droga! Não foi minha intenção atrapalhar os negócios dele, apenas queria dar uma lição nela.Tento manter meu olhar erguido, mas seu olhar está frio e sem emoção, não muito diferente do primeiro olhar que ele me dirigiu quando nos conhecemos, isso me faz desviar e apertar as mãos em cima do meu colo, eu es
(Renata Pellegrini)Pelo canto de olho vejo a outra mão desse brutamontes vindo com um pano sujo na direção do meu nariz, imagino que seja algo para me fazer desmaiar. Ergo meu braço para impedir o contato, dou uma cotovelada em sua costela mas ele sequer se mexe apertando ainda mais o meu pescoço.Ele desistiu de me fazer desmaiar com o pano e agora utiliza o outro braço para me dar um mata leão. Respiro fundo e mantenho a calma, lembro-me do ensinamento do meu pai. Seguro com minhas duas mãos no seu antebraço e curvo minha cabeça fazendo uma proteção com o meu queixo para ficar o mais firme possível e impedi-lo de me sufocar, flexiono meus joelhos e o puxo para cima de meu corpo, ele se desequilibra, mas para o meu desespero não me solta.Sinto o pavor me dominar, toda a calma que eu estava tentando manter se esvai por meus poros, meu sangue gela, mas o suor não para de escorrer por minha testa. Meu coração b**e forte e as lágrimas queimam meus olhos. “Isso não pode está acontecendo
(Renata Pellegrini)Cerro os dentes e os punhos ao erguer meu olhar e cruzar com o dele, a minha respiração acelera. Estou com raiva por ele ter usado minhas palavras contra mim, vergonha por ter vacilado e olhado demais para o que não devia e mais algum sentimento que não sei nomear. — Para onde estava me levando? — pergunto firme, não quero que ele perceba que me abalou.— Para minha cama — responde sorrindo sacana. Um calafrio percorre minha espinha.— O que acha que eu faria em sua cama?Ele amplia seu sorriso sacana me fazendo perceber o quão sugestiva e idota foi a minha pergunta.— Posso listar as várias coisas divertidas que podem ser feitas na…— E-eu quero ir para minha casa! — interrompo sua fala tentando me manter firme dando ênfase na palavra minha.— Já está muito tarde.— Você tem carro! Pode muito bem me levar! — não sei que hora é essa e nem me importo, apenas continuo o encarando.— Me recuso — fala me desafiando com o olhar.— Como é? Você não pode se recusar…— E o
( Renata Pellegrini)O vejo de olhos fechados, observo sua língua contornar seu lábio inferior como se ainda estivesse sentindo algum tipo de gosto. Nossas respirações estão descompassadas, nossos peitos sobem e descem rapidamente, fecho os olhos e com meus dedos trêmulos toco meus lábios ainda sentindo a pressão que a pouco instante foi feita com sua boca. Todo o meu corpo formiga ansiando por mais.Abro os olhos e me perco na imensidão do olhar penetrante do senhor Filippo, sem piscar, sem desviar, ardendo em desejo, queimando em luxúria.Que olhar pervertido!Como se eu estivesse em transe numa hipnose, me assusto com seus lábios mais uma vez pressionando os meus, arregalo os olhos, tento me afastar, mas ele coloca sua mão em minha nuca impedindo de me mover. Abro minha boca para protestar, no entanto, ele usa essa brecha para enfiar sua língua e eu não me aguento mais. Me derreto em seus braços de novo, é como se eu estivesse à anos no mais árido deserto e ele fosse a gota de águ
( Felippo Valentini ) Saio de dentro do quarto de hóspedes a deixando sozinha, escuto ela me chamando, mas apenas sigo atordoado para o meu quarto, vou ao banheiro, entro e ligo a luz. Virgem! — minha mente não para de pensar nisso, ela nem precisou assumir com todas as letras. Só o fato de saber que eu fui o primeiro homem a beijar aquela boquinha de mel, faz eu me sentir atordoado e... orgulhoso? Um sentimento estranho invade meu peito, um sentimento de posse… O primeiro beija dela, foi meu. Eu realmente espero que eu tenha sido o único a ter experimentando a maciez daquela boca aveludada e carnuda. Só de imaginar outro homem encostando nela me dá vontade de sacar a arma e atirar na cabeça de todos! Uma virgem bem no quarto ao lado! Eu nunca transei com uma virgem, e saber que quase comi uma, deixa meu garotão dolorido de tanto tesão. Vou precisar de outro banho! Entro no box e ligo o chuveiro, a imagem dos seus seios fartos, firmes e redondos afundando sobre minhas mãos
( Renata Pellegrini) Observo em silêncio, sentada no banco com os braços apoiados sobre a mesinha da cozinha, Filippo abrir e pegar dentro da geladeira alguns pães com queijo e presunto, uma caixa de suco no sabor laranja. Ele coloca os copos na mesa e os enche com o suco, me entrega um, depois vai até o balcão e deixa os pães no microondas por trinta segundos. — É muito bom deixar comida pronta na geladeira, apenas para esquentar depois — falo para mim mesma, sempre quis fazer isso, mas nunca tinha tempo, e pior, cuidar de todas as refeições diariamente, me deixava ainda mais sem tempo, então eu estava sempre em um paradoxo — Você quem fez esse pães? — questiono num tom mais alto, quebrando o silêncio. A noite passada eu não dormi nada bem, tive um pesadelo horrível com o homem que estava tentando me sequestrar. Esse homem tinha voltado à vida, mas não com a aparência de um ser vivo. Sua cabeça estava estourada, era como um zumbir, ele corria rápido atrás de mim, e conseguiu me peg
(Renata Pellegrini)Como descrever a emoção de pisar pela primeira vez em um shopping? E ainda mais, quando todas as lojas estão abertas apenas esperando você entrar? Saber disso faz um frio percorrer minha barriga. Sinto-me como se fosse uma criança empolgada para ir a um lugar diferente. Isso é bom.“Será que ele traz aqui todas as suas assistentes?” — esse pensamento surge em minha mente, o encaro os olhos faiscando de raiva, queria poder eletrocutá-lo com a força do olhar.— Não gostou das lojas? — pergunta me encarando, paramos de andar, sinto meu rosto esquentar.Onde foi mesmo parar minha vontade de matá-lo?— A-ainda não entramos em nenhuma — falo desviando o olhar.— Não está com uma cara muito boa, ragazza.— É que… me veio um pensamento… — minha voz é apenas um sussurro.— Sobre? — questiona com a sobrancelha erguida, sinto seu olhar queimar minha pele — Pode se abrir comigo.— É que me passou pela cabeça a possibilidade de você já ter vindo aqui com as outras assistentes, a