( Renata Pellegrini) Observo em silêncio, sentada no banco com os braços apoiados sobre a mesinha da cozinha, Filippo abrir e pegar dentro da geladeira alguns pães com queijo e presunto, uma caixa de suco no sabor laranja. Ele coloca os copos na mesa e os enche com o suco, me entrega um, depois vai até o balcão e deixa os pães no microondas por trinta segundos. — É muito bom deixar comida pronta na geladeira, apenas para esquentar depois — falo para mim mesma, sempre quis fazer isso, mas nunca tinha tempo, e pior, cuidar de todas as refeições diariamente, me deixava ainda mais sem tempo, então eu estava sempre em um paradoxo — Você quem fez esse pães? — questiono num tom mais alto, quebrando o silêncio. A noite passada eu não dormi nada bem, tive um pesadelo horrível com o homem que estava tentando me sequestrar. Esse homem tinha voltado à vida, mas não com a aparência de um ser vivo. Sua cabeça estava estourada, era como um zumbir, ele corria rápido atrás de mim, e conseguiu me peg
(Renata Pellegrini)Como descrever a emoção de pisar pela primeira vez em um shopping? E ainda mais, quando todas as lojas estão abertas apenas esperando você entrar? Saber disso faz um frio percorrer minha barriga. Sinto-me como se fosse uma criança empolgada para ir a um lugar diferente. Isso é bom.“Será que ele traz aqui todas as suas assistentes?” — esse pensamento surge em minha mente, o encaro os olhos faiscando de raiva, queria poder eletrocutá-lo com a força do olhar.— Não gostou das lojas? — pergunta me encarando, paramos de andar, sinto meu rosto esquentar.Onde foi mesmo parar minha vontade de matá-lo?— A-ainda não entramos em nenhuma — falo desviando o olhar.— Não está com uma cara muito boa, ragazza.— É que… me veio um pensamento… — minha voz é apenas um sussurro.— Sobre? — questiona com a sobrancelha erguida, sinto seu olhar queimar minha pele — Pode se abrir comigo.— É que me passou pela cabeça a possibilidade de você já ter vindo aqui com as outras assistentes, a
(Renata Pellegrini)À medida que o carro se aproxima da empresa, sinto um calafrio na minha espinha, minhas mãos soam e minha respiração vai ficando cada vez mais ofegante, só de imaginar as conversas que vão rolar assim que eu descer do carro, me deixa frustrada.Olho de relance para Filippo e ele não demonstra nada, é como se fosse um parede, desde que saimos da loja, ele se mantém calado.Começo a me sentir culpada... Eu sei que o que a atendente fez é errado, mas isso não justifica a forma como falei com ela... Droga... Odeio me sentir assim.— Já estamos bem perto da empresa — comento, dou um tempo mas ele não responde nada e nem desvia o olhar da estrada, respiro fundo — Acho melhor me deixar aqui, não irei precisar andar muito, não pegaria bem me verem chegando no seu carro, as pessoas são muito maldosas com suas opiniões e as fofocas….— Eu estou pouco me fudendo com a opinião dos outros, você deveria fazer isso também.— Ah, entendi — tento parecer calma, mas estou quase piran
( Renata Pellegrini) — Boa tarde — um casal se aproxima — Temos hora marcada, com o senhor Valentini.— Ah sim, qual o nome dos senhores por favor.— Somos os Galanis.Verifico na agenda o horário das dezoito horas e confirmo seus nomes, no computador mando um email para o meu chefe avisando da chegada dos clientes.— Só uns instantes, por favor, o senhor Filippo está em uma reunião, mas em pouco tempo acabará — tento ser o mais simpática possível.Apesar de sorrir, por dentro estou em agonia, é a segunda vez que me sinto assim hoje e não estou gostando nada disso! Filippo está trancado a duas horas com uma mulher da alta sociedade, que assim como ele, é uma CEO, preciso admitir, ela é muito bonita, e ela não fez nem questão de esconder o olhar interessado nele. Eu realmente espero que eles estejam apenas conversando sobre negócios.Respiro fundo, não posso me iludir com as palavras dele. Filippo é o um sonho de consumo, e ouvir de sua boca que sou sua namorada, me deixou nas nuvens,
(Renata Pellegrini)Humm, que cheirinho bom, sinto minha boca salivar e meu estômago revira em busca do alimento. Abro os olhos, me sento na cama e meu estômago se contorce, fazendo-me sentir um desconforto e um ronco ecoa para fora de minha barriga. — Buongiorno — Filippo entra no meu quarto segurando uma bandeja de café da manhã — Acordou na hora certa — ele fala com um sorriso quase que invisível nos lábios, tendo apenas uma pequena linha marcada.Continuo o observando e ele está com a mesma roupa de ontem, porém sem o terno, a blusa social de cor azul bebê está dobrada até os cotovelos, e por cima da blusa ele está com meu avental rosa da barbie. Prendo o riso. — Você… você dormiu aqui? — pergunto recobrando meu juízo. Sinto minhas bochechas corarem.— Sì, ragazza — responde como se fosse a coisa mais normal do mundo.— O-onde? — pergunto olhando para o chão, mordo o lábio e em minha mente surge uma pequena esperança dele responder que dormiu na mesma cama que eu.“Safada!”— min
(Renata Pellegrini) — Senhor Valentini — Caio fala surpreso e vira o pescoço para olhar Filippo — O que o senhor está fazendo aqui? Filippo ergue uma sobrancelha, coloca as mãos no bolso e como na primeira vez que estive aqui, seu semblante carrega a face de um homem mal, capaz de fazer qualquer coisa maldosa, será que é errado eu achar ele tão sexy nessa pose? Ele encosta o ombro na batente da porta e o olhar que dirige a Caio é de dar arrepios medonhos. Com cuidado, tiro minha perna ferida do colo de Caio e ele se levanta ficando totalmente de frente para Filippo, que não olha para mim em nenhum momento, a sua atenção está totalmente em Caio. — Está questionando ao seu chefe por onde ele anda dentro da própria empresa? — Não senhor — Caio se apressa a responder com a voz receosa — É que… o senhor nunca esteve aqui antes, então pensei que estivesse precisando de alguma… — Você não é pago para pensar e sim para sentar no balcão e recepcionar as pessoas — Filippo o corta de manei
(Renata Pellegrini)>>> Uma semana depois: <<
(Renata Pellegrini)— Por que está chorando?— Por que? — repito sua pergunta com deboche, reviro e fecho os olhos com força sentindo mais lágrimas vindo, meu coração está doendo, não gosto disso — Saia daqui — mando e me viro de costas, não quero que ele me veja chorando ainda mais — Volte para aquele jantar de merda, com aquelas pessoas de merda e continue fingindo que eu não existo! — falo sentindo meu coração sangrar, as lágrimas deslizam livremente por meu rosto.Sou pega completamente desprevenida, Felippo segura minha cintura e me gira, colando meu corpo contra a superfície de mármore da pia com o seu, ele se debruça sobre mim e encosta sua testa na minha, meu olhar cai sobre sua boca e ele a morde de maneira sensual me provocando. Seguro seus braços ao sentir suas duas mãos grandes apertando minha bunda por debaixo do vestido, enfiando com pressão seus dedos na minha polpa nua, já que a calcinha era fio dental, ele me erguer como se eu fosse uma folha de papel, sentando-me na p