(Filippo Valentini)
Abro os olhos, não reconheço onde estou, tento puxar o ar com mais força, mas o pano em meu nariz dificulta a passagem do ar, passo a mão por meu rosto, ainda estou usando a máscara.Desgraça! Como eu fui deixar isso acontecer!? Burro! Burro! Burro!Sento seja lá onde eu estiver e olho ao redor, paredes brancas e várias camas, aqui é a enfermaria da base.— Pensei que não ia mais acordar — Camily aparece no meu campo de visão.— Alguém viu o meu rosto? — vou logo ao ponto, não posso deixar ninguém desnecessário saber minha identidade, vai dar muito trabalho depois matar tantos.Se bem que não vou conseguir matar todos, mas enfim, se não matar a maioria, vou ter sério problemas com as outras famílias, por isso não quero que saibam.Antes da morte do meu pai, eu planejava fugir, iria viver uma vida de fugitivo, mas qualquer coisa era melhor do que continuar vivendo lá. Mas aí o Senhor me ajudou levando aquele desgraçado, meu irmão ocupou o seu lugar. Seria muita ingratidão minha fugir e deixar tudo nas mãos dos meus irmãos que sempre me protegiam da forma que conseguiam.Matteo sabia do meu plano, então resolveu fazer um acordo, não fui apresentado às outras famílias, ou seja, eles apenas sabem que a família Valentini tem três herdeiros, mas nunca viram meu rosto. Ou talvez… Já tenham visto, sou muito famoso, e apesar de nunca ter falado nada sobre minha vida pessoal ou sobre meus familiares, talvez eles já tenham associados os nomes. Tanto faz, agora simplesmente já é tarde. Depois converso com meu irmão sobre isso.— Ninguém, eu mesma fiscalizei pessoalmente todos os procedimentos — responde e senta na poltrona à frente da minha cama.— Ótimo, que horas são? — pergunto e sinto minha boca seca.— Duas da tarde, você só será liberado amanhã…— Cazzo, col cazzo! — “porra, nem fudendo” xingo em italiano e me levanto, tenho mais o que fazer do que ficar aqui.— Olha a boca, agente zero-dois-três — Camily reclama.— Não posso ficar aqui.— Por que não? — ela também se levanta — Você nunca fica aqui! Sempre tenho que te ligar ou mandar sinais para onde deve ir, ninguém além de mim e o chefe sabe a sua identidade, por que se esconde tanto?Era só o que me faltava, me seguro para não revirar os olhos, conheci Camily quando ainda éramos cadetes, ela até que era bonitinha, olhos verdes e cabelo loiro comprido, dei uns pegas nela e ela se apaixonou, inventei muitas coisas para não namorar com ela, mas aí o tempo passou, ela virou minha chefe e eu abri uma empresa mundialmente famosa, tenho meu rosto estampado em várias revistas e ela tentou se envolver comigo mais uma vez.Pelo jeito ela não aceita que não a quero, oh mulherzinha chata da porra! Os anos passaram, mas ela continua com os sentimentos de uma jovenzinha.— Você sabe muito bem o porquê, Camily — falo calmo.— Não, eu não sei agente zero-dois-três, ou devo dizer, Filippo Valentini.— Não fale o meu nome — falo entre dentes — Odeio ter que repetir, mas irei só mais uma vez, eu não quero viver como um fugitivo, cheio de homens vingativos atrás de mim, quero ter a vida o mais normal possível, não é porque trabalho aqui que preciso viver como vocês americanos — conto parte da verdade.— Vou fingir que acredito, por que seus pais não tem redes sociais?— Isso não é da sua conta — não me importo se soei de maneira grossa — Eu também não tenho redes sociais, foi uma escolha minha, apenas minha e assim como os meus pais, no caso, a minha mãe, meu pai já está morto.— Por que tanto mistério sobre a sua família?— E pra que quer saber sobre eles, ganha o quê com isso?— Eu sei o nome de todos os familiares dos agentes que trabalham para mim.— Não sou um agente qualquer — respondo convencido.— Pra mim sim — me olha de cima a baixo.— Magari! — “quem dera”, reviro os olhos, queria eu ser um qualquer na vida dessa mulher.— Eu exijo que me conte…— Você não me exige nada! — grito com raiva, odeio quando tentam mandar em mim — Você não tem esse poder, chefinha — falo debochado — Se coloque em seu lugar, não esqueça quem é que manda de verdade.— Desgraçado — fala entre dentes — Faça o que quiser — se vira e sai da sala hospitalar.Finalmente um pouco de paz, pego minha arma e guardo no cós da minha calça, sigo para fora dessa base, não irei hoje para empresa, vou direto para minha casa, preciso de um tempo para assimilar tudo o que aconteceu.As ruas estão movimentadas, mas o trânsito não está ruim, de um em um minuto olho pelo retrovisor para ver se tem alguém me seguindo, após me sentir mais seguro, retiro a mascara e guardo no porta luvas, preciso lembrar de me livrar desse carro amanhã.Nunca fico por muito tempo com o mesmo carro, e esse tempo diminui quando tenho que sair em uma missão com ele. Meus próprios colegas podem tentar me seguir para descobrir minha identidade. Sou o capitão da equipe alfa, ninguém além da chefe de todas as equipes e o chefe dela sabe sobre minha identidade, e apesar de Camily ser a chefe de todas as equipes, tenho proteção do chefe dela para não revelar nada sobre mim a ninguém.Eu terei que matar eles dois antes de voltar para máfia, em relação aos meus documentos que eles têm acesso, também já planejei como dá um fim, já criei um hacker que fará isso por mim.Olhando assim, até parece que estou ansioso para voltar às origens, mas não é isso. Só não quero ter dor de cabeça quando essa hora chegar. E pelos últimos acontecimentos, essa hora já está batendo a porta.Quinze anos longe da máfia, seis anos como agente do FBI e três anos com o título de Magnata mais rico. E eu só tenho trinta e dois anos.Deixo o carro na garagem, pego o celular e tem duas ligações perdidas da Verônica. Preciso me livrar dela, só porque transou comigo uma vez, acha que é especial, coitada, pensa que tem a buceta mágica. Rindo abro a porta da sala, mas em menos de meio segundo meu riso morre.— O que está fazendo aqui?(Renata Pellegrini)Acordo e vou direto para o banho, ligo o choveiro e deixo a água escorrer por meu corpo, a lembrança daquele homem tão perto de mim faz meu coração acelerar mais uma vez, é impossível organizar os pensamentos quando se trata daquele italiano, minha mente e minha barriga fica uma confusão, um sorriso bobo escapa entre meus lábios. Renata, para porra!É bobagem ficar pensando nele, um homem como Filippo Valentini, com certeza tem mulheres aos montes em seus pés, onde ele pode até fazer sorteio de quem vai ter a vez de sentar em seu… Ah, ele não é pro meu bico, e eu nem quero mesmo. Termino o banho e me ajeito, faço um coque no cabelo e novamente vou para o trabalho sem um pingo de maquiagem, preciso arranjar tempo para comprar essas coisas e roupas melhores. O ponto de ônibus não fica muito longe, de acordo com o porteiro fica apenas a duas quadras aqui. Depois de dois minutos andando chego no ponto, e quase que no mesmo instante o ônibus passa.Quarenta minutos de
(Renata Pellegrini)Seus lábios me tomam em um beijo quente e depravado, ondas de prazer invadem meu corpo junto com sua língua atrevida em minha boca. Fecho meus olhos me entregando por inteiro a esse beijo, entrelaço minhas mãos em seu pescoço e em resposta ele aperta ainda mais forte minha cintura. De repente não havia mais ninguém ali, a música em minha mente adquire um ritmo mais lento, mas o beijo fica cada vez mais voraz.Suas mãos grandes deslizam pela lateral de meu corpo e param sobre minha bunda, ele me aperta cada vez mais forte contra si, como se estivesse querendo fundir nossos corpos. Não sei descrever exatamente o que está acontecendo comigo, apenas sinto como se minha vida dependesse desse beijo e nada poderia me parar, bem, nada além da m*****a falta de ar.Nossas bocas se separam, mas nossas respirações quentes se misturam, ainda de olhos fechados, agora consigo sentir o cheiro do perfume amadeirado exalado desse homem me deixando ainda mais embriagada, ele aperta ma
(Renata Pellegrini) Meu peito desce e sobe freneticamente junto a minha respiração, tento a todo custo não olhar para ele, mas a cada segundo que passa, vai ficando cada vez mais difícil à medida que ele se aproveita da situação e eu me odeio por meu corpo responder de forma tão positiva a seus toques. A ponta de seu nariz percorre meu pescoço me fazendo arrepiar, mordo meus lábios com força tentando reprimir as sensações boas que esse contato me causa. Porcaria! Tampo minha boca com as mãos, para não soltar algum som estranho que quer sair, ao sentir sua boca quente distribuindo beijos molhados pela minha clavícula e meu ombro nu. Como faço para controlar as borboletas no pé da minha barriga? Suas mãos grandes e quentes seguram firme meu rosto, em seu olhar tem tanta intensidade que me sinto perdida, ele curva-se sobre mim e me beija outra vez, fecho meus olhos. Mais uma vez me entrego ao beijo delicioso do meu chefe. Sua língua se encontra com a minha, seus dedos entrelaçam com o
(Filippo Valentini)— Não quero voltar para casa! — Vincenzo protesta enquanto caminhamos até a porta de saída.— Então fique — reviro os olhos — Eu vou voltar para casa! — falo sem paciência e dou as costas a ele.Preciso esfriar a mente, esse lugar está sufocante demais.— Qual foi, Lipi? — ele volta a andar do meu lado — O que aconteceu com a gata de vestido preto? Do jeito que vocês estavam se pegando na pista de dança, pensei que iam transar e tirar um pouco dessa sua cara emburrada, mas você voltou pior!— Não quero falar sobre isso — entro no carro e Vincenzo também.Por um milagre meu irmão se cala, dos três irmãos, Vincenzo era o mais comunicativo, ele gostava de conversar e tal, eu até já tentei, mas não consigo ficar falando o que sinto ou demonstrando, sou grosso e na hora de transar com uma mulher, isso não muda.Ele gostava da esposa falecida, eles passavam horas conversando e fazendo carinho um no outro, faziam isso até mesmo na frente das outras pessoas, chegava a ser n
(Filippo Valentini)A olho um pouco atordoado, engulo seco, me perdi dentro daqueles lábios macios, língua sapeca e pele quente. Observo ela ajeitando o cabelo e a blusa, sem me olhar, seu rosto todo vermelho, creio ser uma mistura de raiva, excitação e vergonha.“Ou talvez você esteja completamente enganado e isso não passe de um teatrinho” — minha mente me alerta e num instante fico apreensivo novamente, dô passos para trás me afastando dela, passo a mão pelo rosto afim de amenizar um pouco o fogo insano que estou sentindo, segurando a vontade louca de foda-la sebre minha mesa, preciso manter calmo e frio.Droga! Eu, um homem de trinta e três anos nas costas, sendo conhecido como o Magnata da Tecnologia, tendo também um trabalho duplo como agente do FBI, criador de armas para mafiosos, cedi aos desejos de forma tão fácil, trazendo ela para dentro da minha sala! Querendo muda-la de cargo sem antes fazer os testes! Que imprudência!Bem, eu pesquisei a fundo a vida dela, sei que ela vem
(Filippo Valentino)Certo, agora só falta finalizar os detalhes do gatilho, o cartucho duplo e o ferrolho. O cabo personalizado com o brasão da família Valentini (CNFV — Casa Nostra Famiglia Valentini) é a única parte pintada, a cor dourado em contraste com o preto deixam um ar de sofisticação, me dedico sempre em cada detalhe e na eficiência de cada disparo, meus bebês fazem de um belo de um estrago nos inimigos. Pronto! Terminei, passo a mão por minha testa suada e observo atentamente meu trabalho finalizado, agora é só mandar para minha equipe no subsolo dessa empresa e daqui a seis meses essas belezinhas estarão na Itália.— Senhor Valentini? — Sophia dá três batidas na porta.— Entre — guardo meus projetos dentro da gaveta, confiro as horas no relógio de pulso, meio dia.Sophie entra na sala, desfilando nos seus saltos quinze centímetros, saia e blusa justa. A única mulher que nunca sequer pensei em olhar com outros olhos, ela é esposa do meu gerente de fabricação de armas, a úni
(Renata Pellegrini)— O que o chefe queria? — Caio pergunta enquanto me aproximo do balcão.Suspiro, não posso falar de jeito nenhum a ninguém o que aconteceu naquela sala. Me sento no meu lugar, atrás do balcão ao lado de Caio, e olho para a entrada. Não gosto de mentir, mas Caio vem sendo bem legal comigo, não tem porquê eu dar uma queimada nele, melhor mentir.— Ele não chegou a me receber na sala, me mandou sair antes mesmo de eu entrar — invento a desculpa, mas seus olhos me analisam de forma suspeita.— Você demorou muito, e seu cabelo ta desalinhado — fala me encarando.Merda! Passo a mão nos meus cabelos e sinto que ainda ficou alguns fios soltos, não consigo olhar nos olhos das pessoas enquanto minto, olho pro chão.— Eu me bati com a secretária do vice, é por isso, e também fiquei uns minutos conversando com ela, ela muito legal — minto na cara de pau.“Por favor, senhorita Sophie, me desculpe por te usar assim” — peço em pensamentos.— A senhora Sophie é muito legal mesmo, e
(Renata Pellegrini) — Um café com seis colheres de açúcar e leite, por favor — peço a moça da cantina.— Seis colheres? — ela repete meu pedido com os olhos arregalados — Tem certeza?— Oh, você está certa — sorrio — Melhor colocar oito!— N-não eu não quis dizer que é pouco, é que…— E por favor, não precisa esquentar o café.Ela suspira e por fim se dá por vencida.— Tudo bem, só um instante por favor.Só de imaginar a cara que Verônica vai fazer ao experimentar o café, não consigo parar de sorrir em expectativas. Sei que essa pode não ser a coisa mais madura de se fazer nessa situação, mas nesse momento eu não estou nem aí. Só quero que ela pague. Já que ela gosta de humilhar os outros, por que não sentir um pouco do próprio veneno? “De onde você tirou toda essa coragem?” — minha mente me questiona, “Não é coragem, é raiva, frustração, decepção, tudo misturado” — eu mesma me respondo em pensamentos.Olho ao redor enquanto espero o café, esse é o meu terceiro dia na empresa, aconte