Meu peito aperta ao ouvir sua confissão. A rouquidão em sua voz carrega um peso que me atinge como um soco. Suas palavras não são apenas um desabafo. São uma rendição. Como se, pela primeira vez, ele admitisse algo que sempre tentou ignorar.— Para com isso, Dante… — minha voz sai mais baixa do que eu esperava. Por mais que eu tente manter a raiva, algo dentro de mim cede ao vê-lo nesse estado.Ele ri, um som seco, sem humor. Tenta se erguer, mas seus braços tremem sob o próprio peso.— Eu tô falando sério, Isabela… — sua respiração sai pesada. — Ele disse que nem minha menina perguntou de mim, que não sentiu minha falta.Ele solta um suspiro cansado, fechando os olhos por um instante, como se aquilo fosse o golpe final.— Rafael me odeia… e você… — Sua voz vacila. Ele balança a cabeça, tentando afastar o que quer que esteja lhe nublando os pensamentos. — Você também quer me ver longe, não quer?Engulo em seco. O olhar dele me prende, os olhos verdes carregados de algo que me desconcer
Meu coração martela contra o peito, minha mente um turbilhão de sentimentos conflitantes. Mas antes que ele atravesse a porta, as palavras escapam dos meus lábios:— Tudo bem…Dante para no mesmo instante. Seu corpo enrijece, como se estivesse segurando a respiração. Lentamente, ele se vira para mim, seus olhos varrendo meu rosto, buscando entender o que aquilo significa.Respiro fundo, reunindo coragem. Dou um passo em sua direção. Meu coração está uma bagunça, mas sei que não posso deixá-lo partir sem dizer isso.— Mas será do meu jeito.Seus olhos se estreitam. Ele não fala nada, apenas me observa, como se esperasse que eu o destruísse ou o salvasse de vez.Seguro seu braço, sentindo o calor febril de sua pele.— Vem, se senta no sofá e eu explico tudo.Ele se deixa levar ao sofá de três lugares. Dante se senta pesadamente ao meu lado, os ombros rígidos, o peito subindo e descendo em respirações pesadas. Seu corpo ainda oscila, a febre cobrando seu preço, mas ele se mantém firme, me
Minha pele arrepia quando seus lábios febris tomam os meus, quentes, famintos, como se Dante estivesse buscando em mim um refúgio, um alívio para a tormenta que carrega. Seu gosto é uma mistura de urgência e desespero, e eu correspondo com a mesma intensidade, os dedos se enterrando em seus cabelos úmidos, puxando-o para mais perto. Ele geme contra minha boca, um som rouco que vibra dentro de mim, fazendo meu corpo inteiro reagir. Suas mãos deslizam pela curva da minha cintura, firmes, possessivas, como se quisessem me marcar, me lembrar que, por mais que o mundo tentasse nos separar, pertencíamos um ao outro. Eu o puxo ainda mais contra mim, sentindo a batida frenética do seu coração contra meu peito. Dante arfa, seus lábios descendo para o meu pescoço, mordiscando, provocando. Meu corpo ferve sob seu toque, e o desejo pulsa entre nós como algo vivo, indomável.— Você me enlouquece, Isabela… — ele murmura contra minha pele, a respiração quente e entrecortada. — Eu deveria estar indo e
Ele fecha os olhos e solta um longo suspiro, como se aquelas palavras fossem a única coisa capaz de acalmá-lo. E eu? Fico ali, observando-o, tentando controlar o caos dentro de mim. Porque sei que não há mais volta. Eu amo Dante Ferreira. E estou completamente, irremediavelmente perdida. Respiro fundo e me afasto devagar. Meu coração martela no peito enquanto observo Dante ali, vulnerável, entregue a um cansaço que ele nunca admitiria sentir.— Eu vou buscar seus remédios — digo, me forçando a manter a voz firme.Ele ergue os olhos para mim, sua expressão nublada pelo torpor da febre. Seus lábios se abrem como se fosse protestar, mas ele apenas solta o ar devagar, aceitando minha decisão sem discutir.Pego minha bolsa e a receita, lançando um último olhar para ele antes de sair do apartamento. A noite lá fora está abafada, o calor grudando na pele enquanto caminho com passos rápidos até a farmácia mais próxima. Cada sombra na rua parece se alongar mais do que o necessário, e a adrenal
IsabelaO quarto está silencioso, iluminado apenas pela luz tímida da manhã que se infiltra pelas frestas da cortina. O ar ainda carrega o calor da noite, um resquício do corpo dele junto ao meu.Acordo devagar, sentindo o peso familiar e, ao mesmo tempo, novo, do braço de Dante ao meu redor. Seu rosto está relaxado, sem as sombras de preocupação que sempre o acompanham. Pela primeira vez, ele parece... em paz.Meu peito se aperta com uma ternura inesperada. Foram tão poucas as vezes que o vi assim, entregue a um descanso verdadeiro. Não há tensão em seus traços, não há aquela constante luta invisível contra o mundo. Apenas Dante, respirando suavemente, os lábios entreabertos, o calor do corpo dele mesclando-se ao meu.Com cuidado, começo a me mover, tentando sair da cama sem acordá-lo. Mas, no instante em que deslizo para longe, ele resmunga algo inaudível e aperta o braço ao meu redor, mantendo-me ali.— Dante... — murmuro com um sorriso, tocando seu rosto com suavidade.Seus olhos
Saio do apartamento e desço até a garagem. Meu carro está onde sempre esteve, como se nada tivesse mudado, mas eu sei que, depois de hoje, nada será como antes. O caminho até o BOPE é automático. O trajeto que tantas vezes fiz sem pensar agora parece uma despedida silenciosa. O prédio surge imponente diante de mim, e meu estômago revira. Respiro fundo antes de sair do carro, sentindo a brisa da manhã contra meu rosto.Assim que entro no batalhão, percebo os olhares sobre mim. Alguns cumprimentos discretos, acenos de cabeça, sussurros contidos. Mas há algo diferente hoje. Uma tensão no ar. Sei que minha ausência gerou perguntas, e minha decisão trará ainda mais.Então o vejo: Leandro está lá, parado, rígido, como uma estátua de tensão prestes a se romper. Sua expressão é dura, impassível, mas seus olhos… seus olhos o traem. Eles carregam uma tempestade silenciosa, um turbilhão de sentimentos que ele não consegue esconder. Sei que ele me preservou, que não revelou a verdade sobre onde es
O dia transcorre em um turbilhão de emoções e despedidas. Preencho a papelada, resolvo os últimos detalhes, e, quando a noite cai, estou exausta. Tudo que quero é chegar em casa e finalmente respirar. Mas, ao abrir a porta, sou recebida por uma cena inesperada.Dante está ali, parado no meio da sala, vestindo apenas uma cueca preta. Meu olhar percorre seu corpo, notando os músculos definidos, a tatuagem no braço, o cabelo ainda úmido de um banho recente. Mas o que realmente chama minha atenção não é isso. É a mesa à sua frente, impecavelmente arrumada. Velas acesas iluminam o ambiente com uma luz suave, e o ar está impregnado com o cheiro delicioso de comida.— O que é isso? — pergunto, franzindo a testa.Ele dá um meio sorriso, casual, como se não estivesse praticamente nu no meio da minha sala.— Bom, se eu vou ter que ser pobre, pelo menos queria aproveitar um pouco do meu dinheiro com você antes disso — ele responde, cruzando os braços, exibindo um ar satisfeito.Meus olhos se est
Meus dedos apertam os dele, e por um instante, vejo o homem por trás da lenda. O Dante que ninguém conhecia. O Dante que não era apenas um ex-traficante ou um líder perigoso, mas alguém que fazia diferença na vida de outras pessoas sem esperar nada em troca.Ele suspira, desviando o olhar para a mesa farta entre nós. Pratos cuidadosamente preparados, aromas deliciosos no ar, a promessa de um jantar que poderia ser agradável se não estivéssemos presos a essa conversa difícil. O silêncio se alonga entre nós, pesado, mas não desconfortável. Preciso falar com ele. Sobre algo que pode mudar os nossos planos. — Dante… — chamo, e ele levanta os olhos. — Eu não vou sair da corporação tão rápido quanto imaginei. Seu olhar se estreita. Ele solta minha mão devagar e alcança um pedaço de pão crocante, mordendo-o sem pressa, como se precisasse de algo sólido antes de responder.— O que você quer dizer com isso?Respiro fundo, sabendo que essa conversa precisa ser direta.— Eles abrirão uma sindi