O homem manteve o rosto inexpressivo. Marília, no entanto, corou sob os olhares de todos ao redor. No caminho de volta, seu coração batia acelerado, e o rosto queimava de calor. Estar num espaço tão pequeno com ele fazia sua mente, involuntariamente, trazer à tona certas imagens. Estava nervosa, envergonhada e tomada por uma expectativa inexplicável, difícil de descrever. Assim que Leandro estacionou o carro no pátio, Marília saiu imediatamente, sem se preocupar em pegar os lanches, e seguiu sozinha para dentro do prédio. Enquanto esperava o elevador, o homem se aproximou com as coisas nas mãos, sem pressa. Ela nem olhou para ele. Quando a porta do elevador se abriu, ela entrou primeiro e se encostou em um canto, com a cabeça baixa. Leandro entrou em seguida e estendeu a mão. O coração dela deu um salto, mas, ao ver que ele apenas apertou o botão do andar, soltou um suspiro de alívio. Aquele prédio tinha um apartamento por andar. O elevador subiu rápido. Quando Leandro f
Do outro lado da linha houve dois segundos de silêncio.— Meu estômago está meio ruim. Pega o remédio que está lá fora para mim?— Você está no quarto?— Estou.— Já vou levar para você.Marília sabia onde Leandro guardava o remédio para o estômago. Pegou o comprimido, encheu um copo com água morna e foi até a porta do quarto dele. Bateu antes de girar a maçaneta.Leandro estava sentado à beira da cama, vestindo um roupão preto, com um documento nas mãos que lia com atenção.Ele também havia lavado o cabelo; embora não pingasse mais, os fios ainda úmidos caíam sobre a testa, deixando aquele homem, já naturalmente frio e intenso, ainda mais sexy e, ao mesmo tempo, com um ar de austeridade quase monástica.Era a primeira vez que Marília o via assim, e seu coração bateu mais rápido, sem que ela pudesse controlar.— Vai ficar parada na porta?Leandro ergueu os olhos para ela.Marília se apressou em entrar, colocou o remédio e o copo sobre o criado-mudo. Foi então que notou duas caixas de pr
Marília sempre fora bonita desde pequena, chamando atenção onde quer que fosse. Quando apareceu vestida com um vestido de gala verde-claro estampado com borboletas de bambu, o barulho na sala privativa cessou de repente. Todos se reuniram ao seu redor, cheios de elogios. Marília olhou ao redor, mas não viu a pessoa que queria encontrar. Alguém percebeu seu olhar e brincou: — Está procurando o Anselmo? — Marília nem teve tempo de negar, e a pessoa continuou. — O Anselmo com certeza está preparando uma surpresa para você agora! — Surpresa? — Perguntou Marília, confusa. A outra pessoa respondeu com um olhar misterioso: — Você realmente ainda não sabe? Olhando para o rosto de Marília, brilhante e refinado, e para o vestido de gala que parecia ganhar vida com sua presença, todos sentiam uma admiração que aquecia o coração. A beleza dela era de uma sofisticação e harmonia quase poéticas. Apesar de uma pontada de inveja no fundo, todos mantinham uma expressão amigável. — Ac
No bar. Leandro olhou para o relógio. Já estava na hora. Ele se levantou, pronto para ir embora. Diógenes Lima ficou surpreso: — São só nove horas, já vai embora tão cedo? — Não tem mais graça. — Como assim não tem mais graça? Olha quantas mulheres bonitas! Isso aqui não é muito melhor do que fazer plantão no hospital? — Diógenes se levantou e passou o braço pelo ombro de Leandro, apontando para os jovens que dançavam colados na pista de dança. — Olha só como eles estão se divertindo. Você não sente nem um pouco de inveja? Leandro nem levantou as pálpebras. Apenas lançou um olhar frio para o braço que repousava sobre seu ombro e respondeu, com indiferença: — Tira a mão. O olhar inexpressivo de Leandro deixou Diógenes ligeiramente assustado, mas ele sabia que não tinha escolha. Leandro era o rosto mais atraente do departamento deles. Se não fosse por ele ter trazido Leandro hoje, eles jamais conseguiriam pegar o número de WhatsApp das garotas. Diógenes imediatamente
— Não ache que só porque eu te chamei de tio, você é realmente meu tio. Não se meta nos meus assuntos! Marília saiu da banheira com dificuldade. Será que ela estava maluca? Por que tinha vindo ao hotel com ele? Ela sabia muito bem que ele nunca fora sido amigável com ela. — Você vai sair assim? A voz do homem soou às suas costas, carregada de um tom indecifrável. Marília parou de repente, prestes a abrir a porta, e olhou para si mesma. Seu corpo estava completamente molhado, e o tecido fino do vestido de noite de verão estava grudado à sua pele, desconfortável e revelador. Até mesmo os adesivos de seios estavam desalinhados, deixando algo bastante chamativo à vista. Não havia como sair daquele jeito. Apertando a maçaneta da porta com mais força, Marília usou uma mão para cobrir o peito e abriu a porta. Ela não saiu. Com frieza, ordenou que ele fosse embora: — Saia. Quero descansar aqui! Leandro tirou um cigarro e um isqueiro do bolso. Acendeu o cigarro e deu uma t
Leandro disse que a esperaria do lado de fora. Marília terminou o banho, trocou de roupa e ficou enrolando até as dez horas. Ao seu redor, não havia som algum, nem ninguém que viesse bater à porta para apressá-la. "Ele deve ter ido embora", pensou. Marília foi até a porta do quarto, segurou a maçaneta, respirou fundo e a girou lentamente. Ao ver que não havia ninguém lá fora, soltou um longo suspiro de alívio. Quando estava prestes a sair, um fio de fumaça chegou até ela. Virou a cabeça e encontrou diretamente o olhar profundo e sombrio do homem. Leandro apagou o cigarro que segurava. — Vamos tomar café da manhã. Ele foi o primeiro a sair andando. Marília abriu a boca, sem saber o que dizer, e acabou apenas o seguindo com certa relutância. O restaurante ficava no térreo. Depois de se sentarem, o garçom trouxe o cardápio. Marília pediu dois pratos aleatórios e devolveu o menu. Sua bolsa não estava no quarto. Sem o celular para passar o tempo, só lhe restava mex
Marília observou Esperança sair da cafeteria. As lágrimas escorreram por seu rosto. Ela permaneceu sentada por um tempo antes de chamar o garçom para pedir a conta e sair. ... Ao descer do táxi, o celular de Marília tocou. Era um número desconhecido, sem identificação. Sentindo uma leve dor de cabeça e sem paciência para atender, ela simplesmente rejeitou a chamada. Assim que guardou o celular de volta na bolsa, ele tocou novamente. O mesmo número. Marília, já incomodada, atendeu. Quando estava prestes a falar algo, ouviu do outro lado uma voz agressiva: — Marília, foi você que pediu para Esperança terminar comigo? Anselmo raramente falava com ela de forma tão rude. Naquela manhã, pela mensagem que ele enviou, Marília conseguia perceber o quanto ele estava preocupado com ela. Mas agora, ele estava furioso. Por causa de Esperança. Uma dor surda atravessou o coração de Marília. Ela parou na entrada do condomínio e fechou os olhos: — Anselmo, espero que você e
Marília voltou para a casa de Zélia. Colocou a mala em pé na sala de estar e, exausta, se sentou no sofá, com o olhar perdido e vazio. Não sabia quanto tempo havia passado quando o celular tocou, a trazendo de volta à realidade. Ao olhar o identificador de chamadas, franziu a testa involuntariamente. Após pensar por um momento, decidiu atender. — Tainá, o que foi? — Srta. Marília, bem... o Sr. Anselmo pediu que eu verificasse seu quarto... Parece que algumas roupas e joias estão faltando, e também não encontrei duas bolsas de couro de crocodilo de platina. O Sr. Anselmo disse que é indispensável devolvê-las, caso contrário ele... tomará medidas legais para reavê-las. A voz de Tainá foi ficando cada vez mais baixa, evidentemente constrangida por ter que dizer aquilo. Marília ficou atônita, sem acreditar que Anselmo poderia descer tão baixo. Sentindo uma onda de raiva crescer dentro de si, exclamou furiosa: — Eu não peguei nada disso! Já revistaram minha mala. Como ele pode