Capítulo 6
Marília voltou para a casa de Zélia.

Colocou a mala em pé na sala de estar e, exausta, se sentou no sofá, com o olhar perdido e vazio.

Não sabia quanto tempo havia passado quando o celular tocou, a trazendo de volta à realidade. Ao olhar o identificador de chamadas, franziu a testa involuntariamente. Após pensar por um momento, decidiu atender.

— Tainá, o que foi?

— Srta. Marília, bem... o Sr. Anselmo pediu que eu verificasse seu quarto... Parece que algumas roupas e joias estão faltando, e também não encontrei duas bolsas de couro de crocodilo de platina. O Sr. Anselmo disse que é indispensável devolvê-las, caso contrário ele... tomará medidas legais para reavê-las.

A voz de Tainá foi ficando cada vez mais baixa, evidentemente constrangida por ter que dizer aquilo.

Marília ficou atônita, sem acreditar que Anselmo poderia descer tão baixo. Sentindo uma onda de raiva crescer dentro de si, exclamou furiosa:

— Eu não peguei nada disso! Já revistaram minha mala. Como ele pode ter certeza de que fui eu quem levou?

— Srta. Marília, por favor, fique calma. O Sr. Anselmo está sendo realmente injusto, mas acho que ele só quer que a senhora volte e diga algumas palavras gentis. É muito mais confortável morar na sua própria casa do que fora dela. Por que se submeter a essa situação? Se está chateada com o Sr. Anselmo, espere a dona da casa voltar, fale com ela, e ela ajudará a resolver isso para você!

— Tainá, aquela nunca foi minha casa!

Marília sabia que dizer isso, caso chegasse aos ouvidos de sua tia, certamente a magoaria. Mas Anselmo era o filho biológico da tia, e ela jamais ignoraria o que estava acontecendo para que eles continuassem a viver em paz sob o mesmo teto. Além disso, as atitudes recentes de Anselmo faziam Marília se sentir completamente enojada.

— Tainá, quando é que ela vai devolver as coisas? — A voz rude e ameaçadora de Anselmo veio do outro lado da linha.

Marília, furiosa, respondeu:

— Eu não peguei nada! Mande ele chamar a polícia, porque a polícia trabalha com provas. Minha consciência está limpa, e eu não preciso de nenhuma daquelas porcarias dele! — Depois de dizer isso, ela encerrou a ligação.

Jogou o celular no sofá e cobriu o rosto com as mãos, tremendo de raiva.

De repente, se lembrou de algo. Pegou o celular novamente, abriu o WhatsApp e, embora tivesse planejado resolver a questão de forma privada, pensou nas palavras de Anselmo sobre chamar a polícia. Decidiu abrir o grupo do WhatsApp.

[@Esperança: Por favor, devolva as roupas, as joias e as duas bolsas de couro de crocodilo de platina que você pegou de mim!]

Após se formar, Esperança foi descoberta por um olheiro e ingressou no mundo do entretenimento. Para construir sua imagem de "rica e bela", Marília não só lhe emprestou dinheiro, mas também suas criações e até mesmo os vestidos de gala que Zélia exibia como peças exclusivas na vitrine.

Isso sem falar nos luxuosos presentes que a tia e Anselmo deram a Marília, os quais Esperança também pegou emprestados e nunca devolveu.

[@Anselmo: As coisas que você e a tia me deram estão todas no quarto. Se não as encontrar, peça à sua namorada. Foi ela quem pegou. Confirme com ela. Se não for isso, faça como você disse e chame a polícia. Não tenho medo!]

Mal Marília enviou essa mensagem, o telefone tocou novamente.

Era o número de Tainá.

Marília sabia quem estava ligando e simplesmente rejeitou a chamada.

[Mimi, Eu já terminei com o Anselmo.]

Esperança finalmente se manifestou no grupo.

[Desculpe por ter te magoado. Você pode me perdoar? Eu prometo que, se você não quiser, nunca mais verei o Anselmo!]

[Você é minha melhor amiga. Não quero que nossa amizade mude por causa de um homem. Para mim, você sempre foi a pessoa mais importante, mais importante do que qualquer outra!]

Ao ler essa última mensagem, o coração de Marília apertou.

Mas, no segundo seguinte, Anselmo entrou no grupo e começou a gritar insultos em um áudio.

— Marília, quem você pensa que é? Eu te tratei como uma irmã, e você realmente achou que tinha algum valor, não é? Nossa família Pereira foi generosa com você além da conta. Você comeu e usou as coisas da família Pereira, e não só não foi grata, como ainda expulsou minha namorada, forçando ela a terminar comigo. Você é uma ingrata da pior espécie! Você gosta de mim, mas eu não tenho o direito de te rejeitar? Eu devo ter feito algo muito errado em outra vida para acabar com alguém como você na minha. Se eu soubesse que você tinha pensamentos sujos a meu respeito, jamais teria sentido pena de você e a trazido para casa! Teria mantido distância desde o início! E se você ousar causar mais problemas para a Esperança, eu não vou te perdoar!

Ao ouvir as palavras cruéis e implacáveis de Anselmo, Marília sentiu sua cabeça zunir de tanta raiva. Ela queria revidar, mas não pôde negar que, durante esses anos, realmente viveu e usufruiu das coisas da família Pereira. Esses eram fatos indiscutíveis.

[Parem com isso! Todos aqui são amigos. Anselmo, você pelo menos é um homem, seja mais tolerante com a Mimi, ela é mais nova que você.]

[Mimi, sentimentos não podem ser forçados. Não fique presa a uma única árvore. Se você não gosta do Teodoro, nós podemos te apresentar outros. Que tal fazermos um encontro amanhã? Eu convido algumas pessoas para você conhecer.]

[É isso mesmo, Mimi, há muitos homens no mundo. Não vale a pena deixar que isso afete sua amizade com a Esperança. Assim, ninguém fica feliz, não é verdade?]

As amigas que costumavam ser gentis e próximas agora pareciam estar, à primeira vista, apoiando Marília e tentando consolá-la, mas as entrelinhas de suas palavras revelavam outro significado.

Marília se sentiu desconfortável ao ler aquelas mensagens. Mas sabia que essas pessoas só haviam se aproximado dela no passado por causa da influência da família Pereira e da proteção de Anselmo. Agora que ela não era mais a protegida de Anselmo, era natural que não ficassem mais do seu lado.

[@Marília: Todos estão sendo sinceros e se preocupando com você. Pelo menos diga alguma coisa, não desperdice o esforço de todos. Se você quiser...]

Marília se sentia cada vez mais irritada.

[ Eu tenho namorado!]

Sem saber por que, acabou enviando essa frase. Quando percebeu o que tinha feito, já era tarde demais.

Alguém no grupo viu imediatamente.

[Você tem namorado?!! É sério? Por que nunca nos contou?]

[Anselmo anunciou o namoro com a Esperança ontem, e hoje você já tem namorado? Marília, se você não quer que a gente te apresente alguém, era só dizer. Não precisamos nos preocupar à toa.]

[Para ser honesta, Anselmo já foi mais do que justo com você. E Esperança também sempre foi paciente. Não destrua o último traço de consideração que eles têm por você!]

Enquanto lia aquelas mensagens, Marília finalmente percebeu o motivo das palavras anteriores de Esperança. Ela nunca esteve arrependida!

Os dedos de Marília apertaram o celular com força. Ela estava tão furiosa que quase perdeu o controle, mas se forçou a manter a calma. Não queria ser julgada por aquelas pessoas. Então, digitou cada palavra cuidadosamente:

[Eu não tenho nenhum sentimento por Anselmo agora. Ele não é digno do meu amor!]

[ Eu terminei minha amizade com a Srta. Esperança não por causa dele, mas porque ela me enganou e me escondeu coisas. Isso eu nunca poderei perdoar!]

[Eu realmente tenho namorado. Nós temos um ótimo relacionamento, e no momento não pretendo trocá-lo por outro. Então, não se preocupem mais comigo!]

Depois de enviar essas mensagens, Marília imediatamente saiu do grupo.
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