Durante três dias seguidos, Leandro não voltou para casa para jantar. Marília achava que ele já havia comido fora, mas, ao limpar o quarto, viu o remédio para o estômago e o copo de água dele em cima do armário.Marília estava bastante aborrecida. Enquanto escolhia uma lava-louças no shopping, não conseguiu se conter e contou tudo para Zélia.Depois de ouvir, Zélia não conseguiu segurar o riso:— Pelo visto, ele está morrendo de ciúmes.Marília encheu as bochechas de ar, indignada:— Está claro que ele está com raiva de mim!— Ficar com raiva de você só prova que ele está com ciúmes!— Por que você sempre acha que ele gosta de mim? Eu não sinto nada disso!Zélia lançou-lhe um olhar cheio de significado:— Leandro é diferente dos outros homens. Com o status e a posição que tem atualmente, está cercado de tentações incontáveis. Meu irmão me disse que, durante todos esses anos, ele nunca teve nenhuma mulher por perto. Um homem que sempre se manteve afastado das mulheres, de repente vai com
Marília queria acreditar que Leandro não a trairia, mas só de pensar que havia uma Serafina ao redor dele, de olho em qualquer brecha, apertou os lábios:— O que eu devo fazer, então?Zélia levou Marília para o andar de baixo, até uma loja de lingerie, e escolheu algumas peças para ela.Quando Marília viu o quão reduzido era o tecido das lingeries, entendeu logo que se tratava de peças sensuais e recusou instintivamente:— Eu não quero.— Você vai ficar linda com isso!Zélia até levantou uma das peças e a aproximou do corpo dela para comparar.Marília percebeu que as vendedoras ao redor estavam todas olhando, e seu rosto ficou vermelho de vergonha:— Pode ser lindo, mas eu não quero. Não preciso disso. Vamos embora!Ela se virou para sair, mas Zélia foi direta:— Vou levar esta aqui, esta também e aquela ali também.Marília viu que cada peça era mais ousada do que a outra e ficou ainda mais constrangida:— Fica com elas para você.— Você nunca ouviu aquele ditado? "Casal que briga na ca
— Você deve saber por que vim te procurar. — Disse Anselmo com aspereza.Leandro o encarou, o rosto impassível.— Marília agora é minha esposa. Você não deveria mais se importar com ela.— Sua esposa? — Anselmo repetiu as palavras com um sorriso sarcástico no canto dos lábios. — Pelo que me lembro, você é da mesma geração do tio Leovigildo. A Mimi devia te chamar de tio. Casar com a própria sobrinha não teme virar motivo de chacota por aí?Leandro respondeu com indiferença:— Você traiu a Mimi com a melhor amiga dela e não se importa com o que os outros pensam. Comparado a isso, nosso casamento foi legítimo e transparente, sem trapaças nem mentiras. Acho que as pessoas não vão nos ridicularizar.O rosto de Anselmo ficou tenso. Diante da calma do outro, sua raiva transbordou.— Leandro, a Mimi é minha. A pessoa que ela ama sou eu. Estamos juntos há dez anos. Você tem ideia do que isso significa? Fiz parte da metade da vida dela. Conheço toda a sua rotina, seus gostos, o que ela prefere c
Leandro geralmente almoçava fora, e já tinha passado da hora do almoço. Marília sabia que, às vezes, ele se dedicava tanto ao trabalho que até esquecia de comer ou dormir. Agora eram apenas três da tarde, então talvez ele realmente ainda não tivesse almoçado.Ela largou rapidamente o controle remoto e se levantou:— Você já almoçou? Se ainda não comeu, posso preparar algo para você...Antes que terminasse de falar, viu o homem caminhar em sua direção com o rosto fechado. Antes que Marília pudesse reagir, ele se abaixou e a pegou nos braços, carregando-a em direção ao quarto dela com passos largos.Ele a jogou na cama.A cama era macia, e, embora isso impedisse que ela se machucasse, o ato de "jogar" em si já demonstrava agressividade. Marília ficou um pouco tonta com a queda e, quando tentou se levantar, o homem já estava por cima dela, pressionando-a de volta contra o colchão.— Leandro, o que você está fazendo?Marília já podia imaginar o que ele queria. Afinal, ele a tinha levado par
Marília sempre fora bonita desde pequena, chamando atenção onde quer que fosse. Quando apareceu vestida com um vestido de gala verde-claro estampado com borboletas de bambu, o barulho na sala privativa cessou de repente. Todos se reuniram ao seu redor, cheios de elogios. Marília olhou ao redor, mas não viu a pessoa que queria encontrar. Alguém percebeu seu olhar e brincou: — Está procurando o Anselmo? — Marília nem teve tempo de negar, e a pessoa continuou. — O Anselmo com certeza está preparando uma surpresa para você agora! — Surpresa? — Perguntou Marília, confusa. A outra pessoa respondeu com um olhar misterioso: — Você realmente ainda não sabe? Olhando para o rosto de Marília, brilhante e refinado, e para o vestido de gala que parecia ganhar vida com sua presença, todos sentiam uma admiração que aquecia o coração. A beleza dela era de uma sofisticação e harmonia quase poéticas. Apesar de uma pontada de inveja no fundo, todos mantinham uma expressão amigável. — Ac
No bar. Leandro olhou para o relógio. Já estava na hora. Ele se levantou, pronto para ir embora. Diógenes Lima ficou surpreso: — São só nove horas, já vai embora tão cedo? — Não tem mais graça. — Como assim não tem mais graça? Olha quantas mulheres bonitas! Isso aqui não é muito melhor do que fazer plantão no hospital? — Diógenes se levantou e passou o braço pelo ombro de Leandro, apontando para os jovens que dançavam colados na pista de dança. — Olha só como eles estão se divertindo. Você não sente nem um pouco de inveja? Leandro nem levantou as pálpebras. Apenas lançou um olhar frio para o braço que repousava sobre seu ombro e respondeu, com indiferença: — Tira a mão. O olhar inexpressivo de Leandro deixou Diógenes ligeiramente assustado, mas ele sabia que não tinha escolha. Leandro era o rosto mais atraente do departamento deles. Se não fosse por ele ter trazido Leandro hoje, eles jamais conseguiriam pegar o número de WhatsApp das garotas. Diógenes imediatamente
— Não ache que só porque eu te chamei de tio, você é realmente meu tio. Não se meta nos meus assuntos! Marília saiu da banheira com dificuldade. Será que ela estava maluca? Por que tinha vindo ao hotel com ele? Ela sabia muito bem que ele nunca fora sido amigável com ela. — Você vai sair assim? A voz do homem soou às suas costas, carregada de um tom indecifrável. Marília parou de repente, prestes a abrir a porta, e olhou para si mesma. Seu corpo estava completamente molhado, e o tecido fino do vestido de noite de verão estava grudado à sua pele, desconfortável e revelador. Até mesmo os adesivos de seios estavam desalinhados, deixando algo bastante chamativo à vista. Não havia como sair daquele jeito. Apertando a maçaneta da porta com mais força, Marília usou uma mão para cobrir o peito e abriu a porta. Ela não saiu. Com frieza, ordenou que ele fosse embora: — Saia. Quero descansar aqui! Leandro tirou um cigarro e um isqueiro do bolso. Acendeu o cigarro e deu uma t
Leandro disse que a esperaria do lado de fora. Marília terminou o banho, trocou de roupa e ficou enrolando até as dez horas. Ao seu redor, não havia som algum, nem ninguém que viesse bater à porta para apressá-la. "Ele deve ter ido embora", pensou. Marília foi até a porta do quarto, segurou a maçaneta, respirou fundo e a girou lentamente. Ao ver que não havia ninguém lá fora, soltou um longo suspiro de alívio. Quando estava prestes a sair, um fio de fumaça chegou até ela. Virou a cabeça e encontrou diretamente o olhar profundo e sombrio do homem. Leandro apagou o cigarro que segurava. — Vamos tomar café da manhã. Ele foi o primeiro a sair andando. Marília abriu a boca, sem saber o que dizer, e acabou apenas o seguindo com certa relutância. O restaurante ficava no térreo. Depois de se sentarem, o garçom trouxe o cardápio. Marília pediu dois pratos aleatórios e devolveu o menu. Sua bolsa não estava no quarto. Sem o celular para passar o tempo, só lhe restava mex