CAPÍTULO 3
— Aquele cara já havia encostado em você? — perguntou apressado, virando Anelise para ele, e ela encostou o quadril na pia do banheiro. — Caralho, vou atrás daquele cara e... — Não! — Anelise cortou o Vicente que já estava com a mão na maçaneta da porta para voltar a descer e ir até o inferno atrás dele. — Não? — repetiu a pergunta, tentando entender. — Hoje recebi uma mensagem e jurava que era você, me chamando para o restaurante da Sete de Setembro, mas... — Anelise, o que aconteceu? — Vicente respirou fundo. — Me diga quem fez isso! — ele ficou olhando para ela, procurando por hematomas, tirou o cabelo do seu rosto, verificando que foi um corte bem aparente. — Conheci a sua irmã, Paola... — Porra! — levantou a mão, batendo no próprio corpo de nervoso. — O que ela fez? Eu nem sabia que tinha voltado! — Me disse para sair e me atacou com suas amigas! — Olha... você descansa, ok? Deita e tenta dormir, que eu não vou deixar assim, vou falar com ela! — Tem certeza? — ele fixou nos olhos dela. — Sim! Não se preocupe com isso! — pensou um pouco, até quando sentiu que as pontas dos dedos doeram por apertar a beira da pia, então ele se retirou do local. . Vicente dirigiu furioso, passando acelerado em todos os semáforos que piscavam no amarelo. Entrou na casa dos pais, e agradeceu mentalmente por saber que hoje, eles não estavam em casa. Avistou Paola que sorriu e veio em sua direção. — Irmão! Que bom te ver, está cada dia mais gato! — ele colocou a mão à frente do corpo, se afastando dela. — Você pode me explicar que merda foi aquela, que fez com a Anelise? — ela o olhou espantada. — Mas, ela já foi lá chorar pra você? Não deveria dar ouvidos à uma aproveitadora que se encosta em você e nem trabalha! — Vicente ficou furioso e alterou a voz. — QUEM FOI QUE TE DISSE ISSO? ANELISE É MINHA NAMORADA E MERECE RESPEITO! ELA TEM UM TRABALHO, E NÃO QUE ISSO SEJA DA SUA CONTA, MAS É UMA EXCELENTE PERSONAL! DIFERENTE DE VOCÊ QUE NUNCA SENTOU NUMA CADEIRA PARA TRABALHAR! — Ela trabalha? — Paola parecia pasma. — Claro que trabalha! Embora eu já esteja cansado de dizer que ela não precisa, não é? — É... sobre isso acho que me equivoquei, “pelo menos foi o que Alicia me disse!“ — pensou ela. — Eu não quero saber de você ou das suas amigas perto dela, e se quiser terminar o curso de administração nos Estados Unidos, pode continuar! — Não queria que eu terminasse, aqui? — colocou as mãos na cintura. — Mudei de ideia, pode voltar amanhã mesmo! — ela deu dois pulinhos e abraçou Vicente, mas ele não se aproximou muito, ainda estava chateado. — Não me olhe com essa cara, foi você quem arrumou essa mulher aproveitadora, e agora está ficando do lado dela! — Vicente apertou os dentes. — JÁ CHEGA! NÃO VOU DISCUTIR COM VOCÊ, AMANHÃ BEM CEDO VOCÊ VAI VOLTAR PARA BOSTON! — ele grita e então sai chateado e vai embora. No dia seguinte. . Vicente apenas agiu como sempre na mesa de café da manhã, embora ele tenha percebido que Anelise estivesse um pouco diferente, batendo as pontas dos dedos na mesa enquanto parecia observá-lo.— Eu sinto muito por ontem, conversei com Paola e isso não vai voltar a acontecer, inclusive ela já voltou para Boston! — Anelise olhou ao rosto de Vicente, esperando que ele falasse mais, mas ele deu uma leve apertada na sua mão. — Está tudo bem?— ele questiona sorridente, sabendo o motivo que ela o olha dessa maneira, se lembrou pela manhã do seu aniversário. Anelise sentou-se para comer com raiva. Incrédula, ela o olha feio enquanto come, “mas de novo esqueceu de mim?“ A sua mente viaja, balançando a cabeça, “não acredito que nem ganhei um bolo!“ “Será que sou tão insignificante como tantos dizem?“ Vicente a pega no flagra de cara feia, ela o olha assustada e ele questiona: — Pois, você parece estranha... — ele ergue as sobrancelhas, e coloca a xícara de café sobre a mesa, a encarando, até dá um leve sorriso, que ela não viu porque ele virou o rosto para o lado. — Não... já pode ir trabalhar tranquilo! Estou ótima! — gesticulou com as mãos, aquele sorriso fraco, até afastou um pouquinho a sua cadeira, então com um beijo rápido ele se levanta para ir trabalhar normalmente, deixando Anelise de boca aberta, e olhando espantada. Ela não acredita que ele fez isso, ele realmente esqueceu dela... e permanece olhando o seu corpo ir até a prateleira e pegar a sua pasta e as chaves do carro, até sair. Anelise ficou desanimada, porque mesmo no outro dia, Vicente não se lembrou do aniversário dela, se sentiu esquecida, com uma pontada no peito se apoiou numa mesinha até melhorar. À tarde, Anelise estava na aula quando viu seu celular tocando, ela respirou fundo, resistiu à vontade de jogar o aparelho fora e atendeu a ligação. [Vicente chamando] — Anelise... eu preciso da sua ajuda, está ocupada? — ela olha ao seu redor, pensando que a academia está cheia e daqui a pouco é o seu almoço. — Um pouco... — Nossa, eu preciso muito que passe na papelaria e pegue alguns materiais, porque o meu assistente está muito ocupado, hoje! — ela pensou um pouco, “embora ela estivesse muito ocupada, ele precisava dela”. — Se puder esperar eu terminar a última aula, então irei no horário de almoço! — sentiu a barriga roncar, mas era por uma boa causa. — Pode ser, vou aguardar, então! Obrigada! — assim que ela desligou já voltou para a sua aula. Então, logo depois a sua amiga Natália, se ofereceu para ajudá-la, já que não tinha compromisso hoje e estava de dieta, a acompanhou até a papelaria, e foi junto até o prédio que o marido estava. [Roooonc] — Caramba, Ane! A sua barriga está mesmo roncando, vai aguentar ficar sem o almoço? — Vou. As coisas do Vicente são mais importantes, e se você consegue, eu... Anelise arregalou os olhos e ficou onde estava, quando o elevador parou em frente a sala dele e ela ouviu: — SURPRESA! — Vicente estava com a sua mesa toda diferente, e havia um bolo com a etiqueta do melhor café de Curitiba. — Caramba! Quantos presentes você ganhou! São sapatos e até joias! — Natália colocou as duas mãos na boca, admirada do que via. — Feliz aniversário, Ane! — Vicente caminhou até ela, a abraçou sorrindo, a apertando forte e ela retribuiu. — Então você lembrou? — se afastou para olhar nele, com uma alegria boa dentro de si. — Sim! Deixa eu te ajudar com as joias! — enquanto ela foi abrindo a embalagem muito chique, Vicente não sabia quem estava mais animada, se era a Anelise ou a Natália que dava pulinhos. Os olhos de Anelise brilhavam, ela amou o relógio que o Vicente a ajudou colocar, e também os brincos com o colar. — Vamos para a casa, eu já avisei na academia que essa tarde estaria de folga! — ela arregalou os olhos. — Nossa! Que bom, então! A sua amiga voltou para o trabalho e os dois foram para o apartamento levando o bolo, e reparou que também havia o almoço deles. Radiante, ela se sentou à mesa, toda arrumada, com velas, talheres e louças sofisticadas, e a comida era a sua predileta, que ele colocou sobre a mesa. No centro estava o seu bolo, agora muito mais bonito, esbanjando riqueza. — Satisfeita? — Sim, obrigada! Não precisava tanto. — começou a comer, pois estava com fome, já havia malhado o suficiente por hoje. — Você merece! [Ding-dong] De repente o interfone tocou. “Quem teria vindo naquele horário?“CAPÍTULO 4 — Está esperando alguém? — Anelise perguntou ao limpar a boca, havia terminado o jantar. — Não. — Vicente, respondeu mais sério. Levantou após usar o guardanapo, segurou o interfone, e franziu a sobrancelha quando soube quem era, porém, deixou subir para não ser mal-educado. — É Desirê… — Estranho, faz tempo que não vem aqui! — se entre olharam, essa mulher sempre foi a melhor amiga de Alicia, a ex namorada de Vicente, e como as outras, desdenha de Anelise. Quando Desirê entrou, cumprimentou o Vicente com um sorriso largo e um abraço, já para Anelise, apenas esticou a mão. — Cheguei num bom momento, o que estão comemorando? — sem autorização, a mulher se atravessou na frente de ambos. — Nossa, quero esse bolo! Olha só, parece maravilhoso! — Ah, é da Ane! Só espere ela cortar primeiro, ok? Comprei para ela! — Vicente avisou, e a mulher soltou a faca com cara de desdém, e então Anelise foi cortar o seu bolo. — Bom, eu espero! Vim mesmo porque precisava contar pessoalmen
CAPÍTULO 5 Vicente respirou fundo, olhando para aquele rosto da tela, decidiu esquecer... então desligou de uma vez a chamada e tomou uma decisão, “é hora de superar, Alicia”. O celular voltou a tocar, ele deixou por duas vezes, então o desligou de uma vez, se levantou do sofá e ergueu a cabeça guardando o celular no bolso. Caminhando chegou até onde havia uma das melhores garrafas de vinho do seu pai, pediu para a empregada trazer as taças, respirou com mais facilidade, e com um sorriso ergueu a garrafa, se aproximando de Anelise a abraçando de lado, trazendo a namorada para perto dele. — Eu gostaria da atenção de todos por um momento! — Anelise arregalou os olhos, abriu a boca espantada, e então ficou feliz, “Vicente enfim havia decidido sobre a relação deles”. — Eu e a Anelise vamos nos casar! Já podemos organizar a festa de noivado! — seus pais sorriram satisfeitos, vieram abraçar o casal. — Parabéns, meu filho! Anelise é uma ótima moça, fico feliz! — sua mãe falou emocionada,
CAPÍTULO 6 Anelise volta para a cozinha e retira os pratos da mesa, fecha as panelas e Vicente aparece, ele encosta o corpo na bancada a observando. — Ane eu vou precisar sair um pouco, tudo bem pra você? — ela o olha por alguns segundos, então responde: — Tudo bem! — Mas, em seguida, volta para a pia e começa a lavar os talheres e louças que continuam sujos. — Tem certeza que está tudo bem? — se aproximou dela, tocando o seu cabelo. — É apenas uma conversa com Alicia, eu nem iria se não fosse algo importante, você sabe não é? — continuou mexendo no cabelo até que ela o olhou. — Alicia disse que é urgente! Anelise cerrou lentamente os punhos e teve vontade de quebrar a louça no rosto do Vicente, mas quando viu o rosto dele, ela fechou os olhos e respirou fundo. — Tudo bem, não se preocupe! Pode ir tranquilo. — com um sorriso curto, ela voltou a lavar a louça. "— Está bem, eu volto logo! — puxou Anelise para um beijo, e deu um sorriso fraco.— Bye! — Mas assim que ele saiu, o sorri
CAPÍTULO 7 "— Sim! Eu acabei caindo, não devo estar muito bem! — ao ouvir a resposta de Alicia, Anelise ficou com as sobrancelhas franzidas, ela olhou para Alicia com atenção, depois ergueu os cantos da boca e riu, não reclamou? Anelise acabou sentando na mesinha de centro da sala e o Chico subiu no seu colo, ainda arrepiado para Alicia, que estava no chão." — Nossa, você deve tomar cuidado! Venha, sente-se um pouco! — Vicente ofereceu a mão e Alicia sentou no sofá, próxima de Anelise com o gato, que a observavam. Anelise esperava que Alicia falaria mal do gato, ou até tentasse deixar o Vicente contra ela, mas agora ela só parecia uma moça assustada, já que ficava olhando para ambos a cada segundo, com os olhos arregalados e um olhar que dava pena. “Será que você assustou a Alicia, gatinho?“ — Anelise se perguntava enquanto acariciava o Chico, que permaneceu arrepiado, e ainda para ajudar, Alicia começou a espirrar realmente com a alergia que tem aos pelos do bicho. [Atchim] — Saú
CAPÍTULO 08 — Ah, é... bom, Alicia derrubou café na camisa, e precisou usar o banheiro! — Vicente se atrapalhou um pouco para explicar, e se abaixou para pegar o telefone que havia caído. — Derrubou o café? — Anelise repetiu praticamente o que ele falou, ainda olhando para Alicia, que só então fez uma expressão de espanto, tentou cobrir os seios com os dedos abertos, abrindo a boca. — Oh! Me desculpem, eu nem percebi que saí assim, eu só queria algo para lavar a camisa, mas já estou saindo! — Alicia sai apressada sem esperar uma resposta de Anelise ou algo da parte de Vicente, e Anelise continua em silêncio, refletindo sobre a situação, enquanto olha para a parede vazia que Alicia estava. A secretária voltou de onde veio, dando passos para trás, quando percebeu a situação complexa que se formou. Vicente deu a volta na mesa e foi até Anelise, procurando as suas mãos para segurar. — Ane, eu disse a verdade, está bem? Alicia só veio conversar sobre uma matéria mentirosa nos jornais,
CAPÍTULO 9 Aquela pergunta ecoou pela mente de Anelise, “Vicente estava julgando a sua atitude sem saber?“ — Ela pensava, até que decidiu se defender: — Eu apenas segui as regras, não entendi a sua pergunta. O que ela falou pra você? — se afastou da parede e agora, pensando melhor, talvez Alicia tenha falado algo a mais do que realmente tenha acontecido. Vicente a olhou, soltou o ar e ficou de costas colocando a mão na cintura. — Alicia precisa de ajuda, Anelise! Como pode negar ajuda a alguém? — virou para falar isso a ela, e nos seus olhos, Anelise viu que ele estava chateado com ela, tinha uma expressão dura, estava vermelho e com o tom de voz mais alto, Anelise recuou o corpo para trás, a um passo. — Se ela passar mal eu não terei como saber, Vicente! Quando alguém começa o acompanhamento, ele já é instruído sobre isso, já vem do médico com o atestado, e nele diz quais tipos de exercícios o paciente está habilitado a fazer, não fui eu quem criou essa regra... — ela falou em t
CAPÍTULO 10 CAPÍTULO 10 No restaurante, Alicia tinha uma expressão preocupada, seu olhar era mais intenso para Vicente. — Ai, Vi... estou tão preocupada, desde que cheguei só estou te dando trabalho! Essa história de ficarem nos fotografando juntos, é tudo por culpa minha! — ela chegou a colocar a mão no peito e fechar levemente os olhos. — Ei, não pense assim! Estou apenas te ajudando, essas pessoas que não devem ter o que fazer! — Alicia levou as mãos até o ombro de Vicente num impulso. — Vicente, pensa comigo... a sua carreira é incrível! Você fez um nome no mercado, já não te chamam pelo nome do seu pai, agora é um CEO reconhecido! Essas coisas podem estragar muito a sua reputação, precisamos resolver, mas vou te ajudar, fica tranquilo! Caso não der certo hoje, amanhã já tenho outro plano, porquê conheço muitas pessoas, tenho influência no mercado! — deu um leve sorriso — Lembrei de como éramos bons, juntos! As notícias sempre a seu favor, acho que é porquê o nível social é
CAPÍTULO 11 — Cuidar da Alicia? Mas, cuidar como? Me pareceu grandinha para precisar de “cuidados”! — Anelise questionou o pedido, aquilo não era normal, “o que Vicente pretendia?“ Vicente procurou uma forma de explicar: — Olha, a Alicia não está bem psicologicamente, está abalada, não pode trabalhar, então acaba ficando inquieta... — Onde você quer chegar, Vicente? — ele veio bem perto dela, sentando na cama. — Eu pensei em você levar ela para a academia... — Anelise o olhou com raiva e ele mudou o tom de voz. — Calma, é só para distrair, e nem é o dia todo, pode ser “umas, duas tardes”, nada de mais... — Não dá, Vicente! Lá é o meu trabalho, ela não tem um atestado, não vou poder ajudá-la. Me desculpe! — Anelise foi tentando puxar melhor a coberta e também meio que empurrando o Vicente dali, e ele acabou levantando. — Ane, ela tem leucemia! Me falou que vai cair os cabelos, não está numa boa fase, tenta entender! — Anelise não havia pensado nesse detalhe... é triste um tratam