CAPÍTULO 11
— Cuidar da Alicia? Mas, cuidar como? Me pareceu grandinha para precisar de “cuidados”! — Anelise questionou o pedido, aquilo não era normal, “o que Vicente pretendia?“ Vicente procurou uma forma de explicar: — Olha, a Alicia não está bem psicologicamente, está abalada, não pode trabalhar, então acaba ficando inquieta... — Onde você quer chegar, Vicente? — ele veio bem perto dela, sentando na cama. — Eu pensei em você levar ela para a academia... — Anelise o olhou com raiva e ele mudou o tom de voz. — Calma, é só para distrair, e nem é o dia todo, pode ser “umas, duas tardes”, nada de mais... — Não dá, Vicente! Lá é o meu trabalho, ela não tem um atestado, não vou poder ajudá-la. Me desculpe! — Anelise foi tentando puxar melhor a coberta e também meio que empurrando o Vicente dali, e ele acabou levantando. — Ane, ela tem leucemia! Me falou que vai cair os cabelos, não está numa boa fase, tenta entender! — Anelise não havia pensado nesse detalhe... é triste um tratamento desses, “será que estou sendo egoísta?“ — Pensou um pouco. — Só duas tardes? — perguntou para ter certeza. — Sim! — ela respirou fundo, pensou mais alguns instantes e então resolveu aceitar. — Tudo bem! Apenas duas tardes, está bem? — Vicente sorriu satisfeito, sorriu segurando o rosto de Anelise e lhe deu um beijo. — Obrigado! Você é um anjo, sabia? Vou avisar a ela que o meu assistente vai levá-la na academia, amanhã. — Tá... — Anelise ficou observando, Vicente havia ficado feliz, mudou ainda mais o humor, e na mesma hora pegou o celular e ficou de costas, então dentro do quarto, ele avisou Alicia. Ela ficou o tempo todo olhando, ouviu as coisas que ele falava na conversa e admirou como os assuntos fluíram, Anelise acabou deitando e tapando os ouvidos, era melhor dormir. Vicente acabou conversando mais do que planejou, mas logo depois se deitou ao lado de Anelise e dormiu, também. Quando Anelise acordou, Vicente já havia ido trabalhar. Ela olhou os presentes, mas não sentiu vontade de abrir, deixou onde estava. Ela se arrumou e foi para o trabalho, quando deu uma hora da tarde, Alicia entrou, a mesma a olhou dos pés a cabeça e riu: — Que roupa é essa de malhar? — sua voz ecoava má intenção. — Oi, Alicia! Tudo bem, com você? — Anelise a lembrou que nem cumprimentou ninguém. — Sim, estou bem! Só perguntei da roupa por que achei engraçada. — olhou ao redor. — Oi para todos! — acenou com um sorriso. — Eu mesma fiz, gosto de coisas que só eu uso. Venha, vamos conhecer melhor o local! — Alicia se aproximou. Anelise começou a mostrar as coisas e Alicia ficou olhando. Então uma aluna estava fazendo um exercício de levantamento de peso e Alicia se intrometeu: — Nossa, você deveria levantar mais, esse negócio aí é muito pequeno e olha o tamanho do seu braço, precisa treinar! — Anelise arregalou os olhos, seu coração acelerou, entrou na frente de Alicia tentando contornar a situação, quando viu a cara de tristeza da aluna. — Não, não! De maneira alguma, mude o peso, ok? — Essa personal é nova? — a aluna perguntou. — Sou uma amiga, só quero ajudar! — Alicia sorriu, mas a aluna ficou triste, olhando para o seu corpo. — Querida, esqueça isso! Você está indo muito bem, o peso é adequado para o seu tipo de treino, quando ficar habilitada a gente modifica, ok? — a aluna assentiu, então Anelise respirou aliviada, e resolveu conversar sobre isso com Alicia, porém ela foi na outra aluna e Anelise precisou correr. — Mulher, assim você acaba com a coluna, precisa relaxar para fazer esse exercício de descer e subir com esse peso, vai ficar exausta! — a aluna parou o que fazia e olhou para Anelise estranhando, e Ane logo explicou. — Ah, não! Ela só está brincando, você precisa fazer a técnica que ensinei e deixar a coluna reta como faz, caso contrário terá problemas de coluna. Veja como a sua está ótima, se você fizer com folga, vai forçar! — Está bem! E, olha que eu quase acreditei! — a aluna sorriu, embora Alicia não estava sorridente. Anelise passou a tarde cuidando de Alicia, que estava com alguma amnésia, de acordo com Anelise, pois a mulher estava pensando que talvez numa outra vida, havia nascido personal, e ela teve muito trabalho. — Pode buscar uma água pra mim? Me sinto exausta, acho que é o câncer! — Alicia disse e Anelise não aguentava mais ficar ao redor dela, como se fosse uma criança, principalmente pelo medo dela conversar com outros alunos, já que havia falado com vários. — A água fica bem ali! — Anelise disse com raiva, apertando a barra; não iria servir de empregada de Alicia. — Você pode ir lá? O Vicente falou que cuidaria de mim... — Anelise estava pronta para negar, se tivesse força suficiente, quebraria a barra, mas essa frase a lembrou do combinado com Vicente, suspirou irritada, soltou a barra e levantou para buscar a água, sem dizer uma palavra. Quando chegou o final do dia, Anelise estava exausta, e quando sentou numa cadeira para tomar a sua água, Vicente apareceu na academia, mas ela arregalou os olhos e quase se afogou com o comportamento de Alicia na presença do seu namorado. — Ai, Vi! Que bom que já chegou, eu estava mesmo esperando uma carona, estou exausta! Passar o dia com Anelise me cansou bastante! — Alicia disse em voz alta e se aproximou de Vicente na frente de todos, passava a mão na testa, colocou a língua pra fora, até parecia que Anelise havia realmente deixado ela muito cansada, até Anelise teve dúvidas, agora... Alicia era uma excelente atriz. — Nossa, sério? — Sim, Vi! — respondeu manhosa, e uma personal invejosa até riu. — Bom, eu não posso te levar! Quem veio para te levar é o meu assistente, ele te aguarda no estacionamento. — Alicia deixou o sorriso morrer, espantada, “fui rejeitada por Vicente na frente de todos?“ — Ela pensou. — Hoje levarei Anelise comigo num lugar que ela gosta. — Vicente tirou um buquê de flores que estava escondido atrás dele e todos abriram a boca formando um “o”. Alicia pensou que desmaiaria ali mesmo. Anelise sorriu e foi buscar as flores a alguns passos, já que Vicente também se aproximou dela, e ficou feliz em ver que ele se importou em agradá-la. Alicia ficou meio perdida ali, abaixou a cabeça, foi para um lado e depois o outro, mexeu na bolsa, mas não foi embora. Quando percebeu que Vicente e Anelise saíam, ela foi do lado dele e disse: — Vicente... será que você teria um remédio para dores? Anelise me deixou cansada demais, hoje! — ambos olharam pra ela na mesma hora e Anelise até se preparou para bater na moça, “ela está inventando mentiras na minha cara?“ “Vou jogar essa mocréia da próxima escada!“ — Anelise pensava. — Meu Deus, como assim? — Vicente questionou com a voz um pouco mais alta, olhando para Anelise, e agora ela mal conseguia respirar, queria ouvir o que Alicia diria; seria tão falsa? Ou ela precisaria mostrar quem manda?CAPÍTULO 12 — Ah, é brincadeira! — Alicia sorriu sozinha, do nada, como se zombando do casal. — É que Anelise cuidou tanto, que acabei não fazendo nenhum exercício! — gargalhou e Vicente acabou sorrindo, segundos depois, demorou a entender a brincadeira de Alicia. Na verdade, estava satisfeito de saber que Anelise cuidou bem dela, embora Anelise não pensasse como ele, e apertasse os dentes na boca, Alicia estava passando dos limites. — Mas, amanhã você pode trazer o atestado, farei questão de te ajudar com os exercícios! — Anelise sorriu, debochada, já pensando em como trataria bem a “ex” do seu namorado, amanhã. Segurou na mão do Vicente e Alicia percebeu que estava sobrando, e enquanto Vicente ajudava Anelise entrar no carro com as flores, Alicia se lembrava que antes as flores eram dela, os cuidados de Vicente eram seus, e hoje lhe sobrou apenas uma carona, e com um funcionário dele. Sem mais o que fazer no estacionamento sozinha, Alicia entrou no carro e foi para a casa. Já,
CAPÍTULO 13 Alicia foi para a sua casa, irritada... Vicente estava diferente hoje, e Anelise se aproveitou. Decidiu que precisava pensar em algo, as coisas não saíram como ela esperava. Anelise terminou o seu expediente e então pegou o seu carro para ir embora, e quando estacionou no prédio onde mora, Vicente ligou novamente: — Oi Vicente! — Ane, você pode fazer um favor para mim? — Claro! Você comentou que hoje foi difícil! O que precisa? — Se puder vestir a roupa que deixei esticada na nossa cama, calçar os sapatos e as joias... — Só isso? — Ane estranhou, tirou o cinto e foi pegando a bolsa e a chave para descer. — Ah, não! Na verdade, tenho uma surpresa, preciso que venha até a casa dos meus pais, assim que estiver pronta... se puder, ficarei feliz! — Está bem! Vou fazer como pediu e logo estarei lá! — fechou o carro e foi entrando na portaria. — Ótimo! Vou te esperar lá dentro, só avise quando chegar! — Está bem!
CAPÍTULO 14 Anelise ficou imóvel, a sua sogra a segurou pelo braço, pois teve receio que caísse. Alicia sorriu com tantos flashes, até fez uma postura melhor, enquanto ninguém se manifestou e falou nada a respeito. Mas nunca foi essa a intenção de Vicente, e na sua visão, não poderia ter dado mais errado, então interviu: — Nada disso! A futura senhora Cardoso se chama Anelise, e está bem ali! — Vicente se atravessou e andou até Anelise, segurando na sua mão e dando um beijo suave. Agora todos olhavam para ela, eram muitas pessoas bem vestidas, e a grande parte com câmeras, filmando e fotografando, Anelise ainda estava imóvel, pensando em como se comportar numa situação como aquela, seus olhos corriam para todos os lados. — Então, os boatos que voltou com Alicia Verner, não eram verdadeiros? — um deles perguntou, levando o microfone até Vicente, e todos esperavam para gravar a resposta, já que todos os jornais locais, diziam ser verdade. Anelise sentiu a mão de Vicente segurando fi
CAPÍTULO 15 A mesa estava esplêndida, Anelise nunca viu algo tão bonito e sofisticado, os sogros sentados do outro lado da mesa, e então Vicente se abaixou mostrando o anel de noivado que estava numa caixinha e Anelise sorriu satisfeita. No instante seguinte ela sentiu a sua vista arder pelos flashes das câmeras fotográficas, “de onde haviam aparecido tantos repórteres, se Vicente os havia espantado?“ — pensava, Anelise. Os pais de Vicente se levantaram e disfarçadamente foram resolvendo a situação, convidando-os a se retirar para o lado externo que também era amplo, e até mesmo, alguns decidiram irem embora. — É lindo! — Anelise comentou quando Vicente colocou o anel no dedo dela. — Em breve veremos uma data para marcarmos o casamento, e se você quiser, podemos fazer uma festa de noivado! — Anelise sorriu, acariciando o belo anel que ela sabia que deveria custar uma fortuna, encarando Vicente e pensando que daria tudo certo. [Hum-hum!] Algué
CAPÍTULO 16 Desirê percebeu que a situação complicaria, praticamente empurrou a mãe de Alicia e também Anelise, aparecendo na frente de Vicente quase sem ar. — O que acontece é que Anelise é muito gente boa, e insistiu para que Alicia provasse o anel, mas ele acabou caindo. A gente estava procurando, mas não se preocupe. — elevou a mão a frente do corpo, como se dissesse para ele se acalmar. — É que já foi encontrado! — Anelise começou a tossir. [Cof-cof] Ela se perguntava quando foi que aquilo aconteceu, se ela não sabia? Olhou para Desirê de sobrancelhas levantadas, e a mesma sorria grande, agora para Anelise. Anelise decidiu falar, mas ela mal abriu a boca e Alicia a cortou: — Ah, a culpa foi minha! Anelise foi tão gentil, e acabei derrubando o anel no chão. — ela tinha uma cara de tristeza, até mesmo uma expressão de dor, que Vicente até se preocupou se ela estava bem. — Calma, Alicia! Você está bem? — perguntou para a ex, e então Anelise viu que não importava dizer a verda
CAPÍTULO 17 — Você é o filho do Thomas, não é? Thomas Braga? — Emanuel perguntou a Vagner, após reparar o seu cabelo ruivo como o do empresário, “mudando o assunto”, e agora todos olhavam para o jovem. — Sim! — Nossa! Eu e o seu pai participamos da mesma reunião, essa semana, de um projeto beneficente, ele tem planos bons a respeito disso! — todos sorriram e o clima ficou descontraído. — Sente-se rapaz! — Sim, cara! Sente-se aí! — Vicente falou, mas Vagner negou. — Não se preocupem comigo! — Vocês são amigos há tempos, né? Eu havia esquecido, acho que estou ficando velho! — sorriu. — Eu e Vicente estudamos juntos, a Alicia também conheço, muito bacana e vem dessa família, ótima! — apontou para a dona Eunice, mas foi só pronunciar o nome de Alicia, que os pais do Vicente voltaram a ficar sérios. — Mas eu não quero atrapalhar a negociação, podem continuar aí! — ergueu as mãos, levando o corpo para trás, estava muito animado hoje. — Bom,
CAPÍTULO 18 Assim que a situação toda se resolveu, e as pessoas já haviam se afastado, Vicente chamou Anelise para ir embora. — Nossa! Estou mesmo, exausta! Ainda preciso acordar cedo, amanhã! — Anelise disse com um sorriso cansado e reparou que aquele rapaz não saía de perto de Vicente, mas agora a observava. — Bom, eu também estou indo! Foi um prazer te conhecer mais de perto, o Vicente tem sorte! — Vagner disse com tom de zombaria, jogando o corpo para trás, e dando um leve tapa no ombro do amigo, então os três caíram na risada. — Obrigado por vir, Vagner! — Vicente agradece e eles se despedem do amigo. Quando o casal vai se despedir dos pais, Vagner ainda fica olhando para Anelise de longe, “seria interessante se aproximar dela...“ — ele pensa antes de sair. Após saírem daquele local, eles vão para o apartamento, já estavam cansados demais. — Gostou da noite? — Vicente pergunta para Anelise, envolvendo os braços na cintura dela de forma mais firme, e ela sorri o encarando ma
CAPÍTULO 19 — Ele me deu um beijo no rosto, nada demais, ou tão diferente de outros convidados que fizeram isso, ontem! — Anelise deu uma pausa, estava falando apressadamente. — Na verdade... — Porra, Anelise! Deu um trabalho imenso aquele evento de ontem! Passei o dia todo programando, fiquei cansado, e olha só... agora devem me achar um idiota! — ela colocou a mão à frente do corpo indo até ele, encostando no seu peito. — O quê? — Olhou pra ele, tentando mostrar o quanto estava equivocado. — Não, claro que não! Eu não fiz nada demais, são mentiras! — Anelise ficou decepcionada, além de claramente não ser ciúmes, Vicente estava colocando a culpa nela e ainda reclamando do que fez no dia anterior, “como se eu tivesse pedido para ele realizar aquele evento!“ — pensou irritada. Porém, agora ela ainda teria que provar a sua inocência, não fez nada do que tivesse que se envergonhar. Ela pressionou as mãos no seu peito, tentando explicar, embora ele nem ouvisse. — Pag