CAPÍTULO 6

CAPÍTULO 6

Anelise volta para a cozinha e retira os pratos da mesa, fecha as panelas e Vicente aparece, ele encosta o corpo na bancada a observando.

— Ane eu vou precisar sair um pouco, tudo bem pra você? — ela o olha por alguns segundos, então responde:

— Tudo bem! — Mas, em seguida, volta para a pia e começa a lavar os talheres e louças que continuam sujos.

— Tem certeza que está tudo bem? — se aproximou dela, tocando o seu cabelo. — É apenas uma conversa com Alicia, eu nem iria se não fosse algo importante, você sabe não é? — continuou mexendo no cabelo até que ela o olhou. — Alicia disse que é urgente!

Anelise cerrou lentamente os punhos e teve vontade de quebrar a louça no rosto do Vicente, mas quando viu o rosto dele, ela fechou os olhos e respirou fundo. — Tudo bem, não se preocupe! Pode ir tranquilo. — com um sorriso curto, ela voltou a lavar a louça.

"— Está bem, eu volto logo! — puxou Anelise para um beijo, e deu um sorriso fraco.— Bye! — Mas assim que ele saiu, o sorriso dela desapareceu."

No restaurante Madalosso, um dos mais apreciados da região:

Quando Vicente chegou, Alicia o esperava numa das mesas já reservadas, até o pedido já havia feito, “talharim a carbonara”.

— Vicente! Nossa, que bom que veio rápido, eu fui me arrumar assim que cheguei, pois eu demoro muito! — Alicia levantou da cadeira para abraçar Vicente, estava com uma saia bem curta e a barriga exposta, assim que ele viu desviou o olhar e se afastou se sentando na cadeira.

[Hum-hum]

— Porque voltou? Washington não estava bom?— Eles não se comunicam desde que Alicia foi para Washington, Vicente não entende porque Alicia, que saiu repentinamente e até terminou com ele, está de volta.

— Me desculpe! — Alicia logo esticou a mão colocando sobre a dele. — Eu fui atrás do meu sonho, Vi. Eu nunca menti pra você, ser Estilista sempre foi tudo o que eu sempre quis, e de certa forma foi ótimo! — Vicente estava impaciente, ele não esperava ter essa conversa com Alicia, as coisas pareciam bagunçadas, agora.

— Eu sei, eu sempre soube! — respirou fundo, afastando as mãos dela. — Isso não me impediu de ficar sozinho, aqui...

— Mas, agora voltei! — ela sorriu pra ele, mas a comida chegou, e ela começou a conversar sobre moda e sobre os pais dela, que Vicente sempre gostou, mas ele estava se perguntando, “o que ela quer realmente?

[Trim-Trrrim]

O celular do Vicente acendeu a luz e vibrou na mesa, era Anelise. Mas ele estava distraído, quem observou foi Alicia, e para não deixar que ele visse, Alicia se adiantou, segurando agora nas duas mãos dele, ela começou a chorar.

— Eu estou muito doente! Tenho tanto medo de ficar sozinha, Vi! — Vicente franziu a sobrancelha confuso.

— Mas, como assim? O que você tem?

— Leucemia... não consigo mais trabalhar, por isso voltei. — ele não teve coragem de tirar as mãos dela dali. — Nossa, Vi... eu comecei a desmaiar enquanto trabalhava, e também teve um dia que isso aconteceu na rua... — começou a chorar mais, apoiou o queixo numa das mãos, ele ficou preocupado.

— Mas, por que não fez um tratamento? Foi num bom especialista? Fez todos os exames?

— A minha família é classe média-alta, mas me manteram até onde deu, fiquei um tempo sem trabalhar, mas não sobrava para o tratamento, então eu piorei e achei melhor voltar, pelo menos aqui eles conseguem me ajudar, e também tem você, eu senti tanta a sua falta, me perdoe por ir assim. — Vicente se afastou parcialmente.

— Nossa, eu não soube disso! Mas, acredito que aqui terá um tratamento melhor, fique tranquila! — Alicia passou a mão nos olhos, deixando as lágrimas aparecerem discretamente, olhando para o chão.

— Eu não tenho emprego aqui no Brasil, o tratamento é caro! Como eu conseguiria pagar? Não, não... eu já desisti, vou acabar morrendo assim! Até já procurei em outras áreas, hoje tentei até para vagas na limpeza, mas não consegui! — debruçou sobre a mesa, parecia desolada.

— Não, você não pode trabalhar assim, muito menos na limpeza, é perigoso! — apalpou os bolsos e depois olhou na carteira. — Puxa, esqueci o cartão da conta poupança em casa. Vou... Vamos ao meu apartamento, tenho dinheiro lá. Sei que os teus pais controlam o que entra na sua conta, e também assim, já te deixo em casa.

— Você é tão bom, Vicente!

Quando eles foram até o apartamento dele, já havia silêncio nas ruas, e Anelise já estava deitada.

— Espere aqui na sala, vou buscar o dinheiro e já volto! — Vicente disse a ela que sentou no sofá.

Chico, o gato do casal, se levantou da sua cama. Alicia tem alergia a gatos, e também não gosta deles.

— Vá pra lá, gato horroroso! Não ouse vir perto de mim! Aposto que você é coisa daquela mulher! — resmungou com o gato, fazendo sinal com as mãos para que ele saísse, mas o Chico se arrepiou todo e ela começou a ser mais agressiva.

No quarto, Anelise viu que o Vicente abria o cofre e pegava dinheiro, então ele explicou:

— Não se preocupe, depois eu te explico, ok? É que Alicia precisa do dinheiro para um tratamento de saúde! — Vicente disse tão tranquilo e seguro que Anelise não perguntou nada, apenas ficou o olhando e depois assentiu. — Nossa, preciso ir ao banheiro rapidinho! — logo em seguida ele deixou uma grande quantia sobre a cama, e correu para o banheiro.

Anelise ouviu barulhos estranhos vindo da sala e se atentou a isso. Quando ouviu a voz de Alicia não acreditou que era realmente aquilo que estava pensando, “Alicia maltratou o gato?“ — Pensou. — mas, levantou correndo para verificar o que o Chico reclamava.

— Eu vou te arrebentar, seu bicho asqueroso! Volta aqui! — Alicia corria atrás do Chico, e Anelise ficou perplexa pelo seu gato, e correu até deles, defendendo o Chico, mas para isso parou em frente de Alicia e segurou as duas mãos dela, pois iria machucar o seu gato, e o seu olhar era furioso para Anelise, as suas mãos trêmulas e Anelise não cedeu.

— Daqui você não passa! — Anelise falou firme.

— Esse bicho quis me atacar, não vê? — Alicia disse, e empurrou mais a Anelise.

— Os gatos sentem, eles sabem quem gosta deles, e quem é uma ameaça! — Agora Ane também tinha um olhar ameaçador para Alicia.

Por alguns segundos as duas mediram forças, Anelise ficou irritada de alguém daquele tamanho atacar um gato tão pequeno, e Alicia por ser segurada por Anelise.

Então, Vicente apareceu no corredor e apenas Alicia viu que ele entraria pela porta, e estranhamente ela caiu no chão exatamente quando Vicente chegou.

— O que está acontecendo aqui? Por que Alicia está no chão? — Vicente tinha o semblante sério, passou pela porta se aproximando das duas, e a pergunta parecia ser apenas para Anelise, já que olhava diretamente para ela.

— Ela caiu, sozinha! — Anelise respondeu imediatamente, e notou que Alicia a olhava triste, parecia querer chorar, e ela empalideceu imaginando o que a outra diria para Vicente, já que chegou a levantar o braço pedindo ajuda para levantar, e Vicente parecia ter se compadecido da outra, prontamente.

— Me diga, Alicia! Foi isso mesmo? — Alicia olhou para Anelise e então agora todos esperavam a resposta, “o que Alicia diria a Vicente?“

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