CAPÍTULO 08
— Ah, é... bom, Alicia derrubou café na camisa, e precisou usar o banheiro! — Vicente se atrapalhou um pouco para explicar, e se abaixou para pegar o telefone que havia caído. — Derrubou o café? — Anelise repetiu praticamente o que ele falou, ainda olhando para Alicia, que só então fez uma expressão de espanto, tentou cobrir os seios com os dedos abertos, abrindo a boca. — Oh! Me desculpem, eu nem percebi que saí assim, eu só queria algo para lavar a camisa, mas já estou saindo! — Alicia sai apressada sem esperar uma resposta de Anelise ou algo da parte de Vicente, e Anelise continua em silêncio, refletindo sobre a situação, enquanto olha para a parede vazia que Alicia estava. A secretária voltou de onde veio, dando passos para trás, quando percebeu a situação complexa que se formou. Vicente deu a volta na mesa e foi até Anelise, procurando as suas mãos para segurar. — Ane, eu disse a verdade, está bem? Alicia só veio conversar sobre uma matéria mentirosa nos jornais, segurou um café e ele derramou na sua camisa, eu nem sei porque ela veio daquele jeito aqui fora, provavelmente nem notou... — Anelise olhava para Vicente, se perguntando sobre as afirmações que ele fazia, então acabou olhando para a mesa e viu uma das notícias. — Uau... parece que os paparazes voltaram a ativa! — espalhou parcialmente os papéis sobre a mesa. — Assim não! — Vicente tentou explicar, então Alicia apareceu novamente, já vestida e ainda manchada. — Não vou mais, incomodar! Se precisar da minha ajuda para desmentir essas fofocas mentirosas, pode me ligar! — deu apenas um tchauzinho, e Anelise não deixou de observar o sutiã rosa debaixo da camisa branca molhada e suja, perguntou com um sorriso de sarcasmo. — Não está frio? — levantou as sobrancelhas. — Bom, eu preciso ir! Só vim pegar o documento! — Ane o lembrou, e ele apressado, começou a procurar a carteira, pegando o documento. — Ah, sim! Está comigo, mesmo! — ele entregou a ela, que agradeceu e saiu em seguida. “Puxa, ela não me beijou?“ “Será que realmente entendeu que foi algo sem importância?“ “Talvez, só estivesse com pressa, não é?“ — Vicente ficou se perguntando sobre essas coisas o dia todo. No meio da tarde, Vicente ficou incomodado, e pensou melhor: “vou fazer um agrado a Anelise!“ Ele passou numa loja e comprou um conjunto de saia e blusinha mais bonito que encontrou, então escolheu uma calça jeans e um casaco meia estação, pediu para embrulhar e depois foi na academia. Quando Anelise o viu, abriu a boca espantada. — Vicente? O que faz aqui? — perguntou e logo notou que duas alunas da sua colega, Natália, pareciam ter parado o treino para ouvir o que eles diziam, mas não ligou. — Ah, eu apenas estava passando por aqui, estou indo visitar um dos hotéis e me lembrei de você, então passei numa loja e trouxe umas coisas! — ela sorriu timidamente, e aceitou a sacola. — Obrigada, eu vou olhar depois, ainda estou em horário de trabalho! Qual hotel você vai? — Ah, eu vou para o Cabral! — ele respondeu e Anelise estranhou, “aqui é Água verde, não é caminho da academia e nem tem essa loja que ele foi...“ Vicente estava tentando agradá-la, então sorriu. — Certo. Vou voltar para a aula! — Claro! Bom, eu já vou... nos vemos em casa! — ele encosta os seus lábios nos dela e depois se retira, porém, não demora nada para Anelise ouvir as fofoqueiras de plantão: — Nossa, pelo visto já perdoou o magnata pela traição de ontem, está em todos os jornais! — uma fala, sem olhar Anelise, como se estivesse falando de outra pessoa, e Ane ignora. — Mas, com os pagamentos que ela recebe dele, e os presentes... até eu perdoava! E, ainda por cima, é um gato” – outra comentou. — Você não tem nada a dizer sobre isso? Anelise? — a mais esquisita com uma roupa nada adequada, diz o seu nome claramente, então ela responde: — Para vocês, não! Com licença! – se afastou dessas mulheres, e foi buscar uma água e também guardar as sacolas com presentes. Na volta, o dono da academia a chamou: — Anelise, uma cliente nova quer falar com você! — ela levantou o rosto, e logo reconheceu aquelas canelas-finas que viu mais cedo, ainda de camisa branca parcialmente manchada de café e não conteve o sorriso de deboche. — Pelo visto gostou da marca nova! — encostou no balcão, tomando água na sua garrafa. Alicia ficou com cara de boba, se perguntando de qual marca nova ela não se lembrava, até que Anelise estalou os dedos. — Ei, é brincadeira! Eu falava do café, mas esqueça... diga o que precisa, que eu tenho que voltar a dar aula. — Eu vim pedir para que me ajude, preciso recuperar a minha saúde, como posso fazer exercícios sem me prejudicar? — Alicia fez drama, até passou a mão na testa, parecendo que suava ou algo do tipo, Anelise não tinha certeza. — E, porque acha que “eu”, poderia te ajudar? — Ane colocou uma mão na cintura e outra continuou tomando água. — Ah, é simples! Você é uma mulher muito gentil, já pude comprovar ontem e hoje, sei que dará um jeitinho de me fazer mais esse favor! — Anelise sorriu para não chorar, “essa folgada achava mesmo que tiraria mais vantagem ainda, dela? Estava enganada. — Bom... se esse é o motivo, é uma pena! Você se enganou e não sou simpática, nem cortês com ninguém! — fechou a garrafa e foi virar de costas, então Alicia tentou segurá-la. — Você não vai me atender? Sou uma cliente! — falou mais áspera. — Você precisa de um atestado médico, caso contrário não consigo te atender, é a regra da academia! — Anelise respondeu e ela foi embora sem dizer mais nada, ficou irritada. Quando terminou o expediente, Anelise dirigiu até o apartamento, e então encontrou o Vicente com o rosto escuro, semblante fechado, andando de um lado para o outro da mesa. — Oi... está tudo bem? — Anelise perguntou e então o Vicente lhe encarou. — Anelise... é verdade que se recusou a atender e ajudar a Alicia com a saúde dela na academia? — ela foi responder, mas ele colocou a mão à frente. — Antes que responda, espero que leve em consideração que ela tem leucemia, porque aposto que levou, não é? — Anelise encostou na parede, engoliu seco antes de responder. — Bom... — Recusou, ou não recusou?CAPÍTULO 9 Aquela pergunta ecoou pela mente de Anelise, “Vicente estava julgando a sua atitude sem saber?“ — Ela pensava, até que decidiu se defender: — Eu apenas segui as regras, não entendi a sua pergunta. O que ela falou pra você? — se afastou da parede e agora, pensando melhor, talvez Alicia tenha falado algo a mais do que realmente tenha acontecido. Vicente a olhou, soltou o ar e ficou de costas colocando a mão na cintura. — Alicia precisa de ajuda, Anelise! Como pode negar ajuda a alguém? — virou para falar isso a ela, e nos seus olhos, Anelise viu que ele estava chateado com ela, tinha uma expressão dura, estava vermelho e com o tom de voz mais alto, Anelise recuou o corpo para trás, a um passo. — Se ela passar mal eu não terei como saber, Vicente! Quando alguém começa o acompanhamento, ele já é instruído sobre isso, já vem do médico com o atestado, e nele diz quais tipos de exercícios o paciente está habilitado a fazer, não fui eu quem criou essa regra... — ela falou em t
CAPÍTULO 10 CAPÍTULO 10 No restaurante, Alicia tinha uma expressão preocupada, seu olhar era mais intenso para Vicente. — Ai, Vi... estou tão preocupada, desde que cheguei só estou te dando trabalho! Essa história de ficarem nos fotografando juntos, é tudo por culpa minha! — ela chegou a colocar a mão no peito e fechar levemente os olhos. — Ei, não pense assim! Estou apenas te ajudando, essas pessoas que não devem ter o que fazer! — Alicia levou as mãos até o ombro de Vicente num impulso. — Vicente, pensa comigo... a sua carreira é incrível! Você fez um nome no mercado, já não te chamam pelo nome do seu pai, agora é um CEO reconhecido! Essas coisas podem estragar muito a sua reputação, precisamos resolver, mas vou te ajudar, fica tranquilo! Caso não der certo hoje, amanhã já tenho outro plano, porquê conheço muitas pessoas, tenho influência no mercado! — deu um leve sorriso — Lembrei de como éramos bons, juntos! As notícias sempre a seu favor, acho que é porquê o nível social é
CAPÍTULO 11 — Cuidar da Alicia? Mas, cuidar como? Me pareceu grandinha para precisar de “cuidados”! — Anelise questionou o pedido, aquilo não era normal, “o que Vicente pretendia?“ Vicente procurou uma forma de explicar: — Olha, a Alicia não está bem psicologicamente, está abalada, não pode trabalhar, então acaba ficando inquieta... — Onde você quer chegar, Vicente? — ele veio bem perto dela, sentando na cama. — Eu pensei em você levar ela para a academia... — Anelise o olhou com raiva e ele mudou o tom de voz. — Calma, é só para distrair, e nem é o dia todo, pode ser “umas, duas tardes”, nada de mais... — Não dá, Vicente! Lá é o meu trabalho, ela não tem um atestado, não vou poder ajudá-la. Me desculpe! — Anelise foi tentando puxar melhor a coberta e também meio que empurrando o Vicente dali, e ele acabou levantando. — Ane, ela tem leucemia! Me falou que vai cair os cabelos, não está numa boa fase, tenta entender! — Anelise não havia pensado nesse detalhe... é triste um tratam
CAPÍTULO 12 — Ah, é brincadeira! — Alicia sorriu sozinha, do nada, como se zombando do casal. — É que Anelise cuidou tanto, que acabei não fazendo nenhum exercício! — gargalhou e Vicente acabou sorrindo, segundos depois, demorou a entender a brincadeira de Alicia. Na verdade, estava satisfeito de saber que Anelise cuidou bem dela, embora Anelise não pensasse como ele, e apertasse os dentes na boca, Alicia estava passando dos limites. — Mas, amanhã você pode trazer o atestado, farei questão de te ajudar com os exercícios! — Anelise sorriu, debochada, já pensando em como trataria bem a “ex” do seu namorado, amanhã. Segurou na mão do Vicente e Alicia percebeu que estava sobrando, e enquanto Vicente ajudava Anelise entrar no carro com as flores, Alicia se lembrava que antes as flores eram dela, os cuidados de Vicente eram seus, e hoje lhe sobrou apenas uma carona, e com um funcionário dele. Sem mais o que fazer no estacionamento sozinha, Alicia entrou no carro e foi para a casa. Já,
CAPÍTULO 13 Alicia foi para a sua casa, irritada... Vicente estava diferente hoje, e Anelise se aproveitou. Decidiu que precisava pensar em algo, as coisas não saíram como ela esperava. Anelise terminou o seu expediente e então pegou o seu carro para ir embora, e quando estacionou no prédio onde mora, Vicente ligou novamente: — Oi Vicente! — Ane, você pode fazer um favor para mim? — Claro! Você comentou que hoje foi difícil! O que precisa? — Se puder vestir a roupa que deixei esticada na nossa cama, calçar os sapatos e as joias... — Só isso? — Ane estranhou, tirou o cinto e foi pegando a bolsa e a chave para descer. — Ah, não! Na verdade, tenho uma surpresa, preciso que venha até a casa dos meus pais, assim que estiver pronta... se puder, ficarei feliz! — Está bem! Vou fazer como pediu e logo estarei lá! — fechou o carro e foi entrando na portaria. — Ótimo! Vou te esperar lá dentro, só avise quando chegar! — Está bem!
CAPÍTULO 14 Anelise ficou imóvel, a sua sogra a segurou pelo braço, pois teve receio que caísse. Alicia sorriu com tantos flashes, até fez uma postura melhor, enquanto ninguém se manifestou e falou nada a respeito. Mas nunca foi essa a intenção de Vicente, e na sua visão, não poderia ter dado mais errado, então interviu: — Nada disso! A futura senhora Cardoso se chama Anelise, e está bem ali! — Vicente se atravessou e andou até Anelise, segurando na sua mão e dando um beijo suave. Agora todos olhavam para ela, eram muitas pessoas bem vestidas, e a grande parte com câmeras, filmando e fotografando, Anelise ainda estava imóvel, pensando em como se comportar numa situação como aquela, seus olhos corriam para todos os lados. — Então, os boatos que voltou com Alicia Verner, não eram verdadeiros? — um deles perguntou, levando o microfone até Vicente, e todos esperavam para gravar a resposta, já que todos os jornais locais, diziam ser verdade. Anelise sentiu a mão de Vicente segurando fi
CAPÍTULO 15 A mesa estava esplêndida, Anelise nunca viu algo tão bonito e sofisticado, os sogros sentados do outro lado da mesa, e então Vicente se abaixou mostrando o anel de noivado que estava numa caixinha e Anelise sorriu satisfeita. No instante seguinte ela sentiu a sua vista arder pelos flashes das câmeras fotográficas, “de onde haviam aparecido tantos repórteres, se Vicente os havia espantado?“ — pensava, Anelise. Os pais de Vicente se levantaram e disfarçadamente foram resolvendo a situação, convidando-os a se retirar para o lado externo que também era amplo, e até mesmo, alguns decidiram irem embora. — É lindo! — Anelise comentou quando Vicente colocou o anel no dedo dela. — Em breve veremos uma data para marcarmos o casamento, e se você quiser, podemos fazer uma festa de noivado! — Anelise sorriu, acariciando o belo anel que ela sabia que deveria custar uma fortuna, encarando Vicente e pensando que daria tudo certo. [Hum-hum!] Algué
CAPÍTULO 16 Desirê percebeu que a situação complicaria, praticamente empurrou a mãe de Alicia e também Anelise, aparecendo na frente de Vicente quase sem ar. — O que acontece é que Anelise é muito gente boa, e insistiu para que Alicia provasse o anel, mas ele acabou caindo. A gente estava procurando, mas não se preocupe. — elevou a mão a frente do corpo, como se dissesse para ele se acalmar. — É que já foi encontrado! — Anelise começou a tossir. [Cof-cof] Ela se perguntava quando foi que aquilo aconteceu, se ela não sabia? Olhou para Desirê de sobrancelhas levantadas, e a mesma sorria grande, agora para Anelise. Anelise decidiu falar, mas ela mal abriu a boca e Alicia a cortou: — Ah, a culpa foi minha! Anelise foi tão gentil, e acabei derrubando o anel no chão. — ela tinha uma cara de tristeza, até mesmo uma expressão de dor, que Vicente até se preocupou se ela estava bem. — Calma, Alicia! Você está bem? — perguntou para a ex, e então Anelise viu que não importava dizer a verda