Andar em um conversível, pelas ruas de Los Angeles, era pedir para receber sol e vento constante no rosto. Skyler com a calça jeans e blusa de mangas longas que vestia, suava bastante. Porém, ela se sentia de uma maneira, que fazia anos que não era possível.
Ela estava feliz.
Feliz por estar ao lado da irmã mais nova, que não via desde que a menina se mudou para estudar engenharia em outra cidade. Mas principalmente, por estar longe do marido agressivo.
— Caramba, Sky! Eu estou tão feliz de você estar aqui. Tenho tanta coisa para te mostrar.
Skyler sorri, ao olhar o imenso sorriso que sua irmã estampava.
Haley era quatro anos mais nova que Skyler. Quando seu pai morreu e a mãe foi para a casa de repouso, ela decidiu que queria deixar a cidade em que nasceu, em busca de algo maior. Ela não aceitava o fato de sua irmã ter se acomodado no casamento e não ter tentado sua independência. E definitivamente não queria ficar como ela.
Ela estava completamente diferente de como era quando saiu do Missouri. Os cabelos castanhos, estavam agora tingidos de um loiro amendoado. Apesar de preso em uma trança lateral, dava para ver que ele era longo e bastante bem cuidado. O olhar esverdeado estava ainda mais brilhante, assim como sua pele. Estar na Califórnia, fazia um bem danado para Haley.
— Para onde estamos indo? — Skyler pergunta, ainda admirando as ruas por onde passava.
— Minha casa.
— Você tem uma casa?
Haley ri, diante da surpresa de sua irmã.
— Tenho. — ela responde, entrando em uma rua e desacelerando o carro. — Trabalho em uma empresa, que disponibiliza moradia para alguns funcionários.
— Nossa... E não será um problema... eu... estar... aqui?
A garota estaciona o carro e se vira para encarar a irmã mais velha.
— Sky, você nunca seria um problema. Eu sou a pessoa mais feliz do mundo, por ter você aqui.
Haley envolve Skyler em um abraço quente e recheado de amor. Skyler foi capaz de senti-lo com tanta vontade, que lagrimas escaparam de seus olhos. Era bom finalmente se sentir segura.
— Vem. Vou te mostrar tudo.
Ambas saem do carro e andam para a casa grande e na cor bege. Na frente da casa tinha uma vasta grama e um breve caminho de pedras, até a porta. Todo aquele espaço era protegido por uma cerca pequena e branca.
A parte de dentro era tão bonita quanto fora. Equipada com os melhores eletrodomésticos e com os últimos móveis já lançados. Aquela casa parecia intacta, como se ninguém morasse ali.
— É tudo tão limpo. — Skyler comenta, passando os dedos pelo granizo do balcão da cozinha. — Quanto tempo mora aqui?
— Acho que fará um mês em alguns dias. Essa casa veio junto com uma promoção na empresa em que trabalho. Agora sou uma das engenheiras chefes.
— Uau.
Skyler estava feliz com a conquista da irmã, isso era inevitável. Mas ela não conseguia deixar de pensar se ela estaria vivendo algo parecido, se não tivesse se submetido a ser apenas dona de casa, como Stephen pedira.
— Vou mostrar o seu quarto.
Elas sobem as escadas, levando-as para um corredor amplo, com quatro portas. Skyler não podia deixar de notar, que havia uma portinha no teto, que provavelmente levava ao sótão. Exatamente como na casa em que haviam crescido.
— Me apresentaram algumas casas. — Haley diz. — Eu escolhi essa, justamente pelo sótão.
As irmãs sorriem uma para a outra, e Haley abre uma das portas do corredor. O quarto tinha uma tonalidade clara, quase um rose gold. Ele consistia em uma cama de casal, uma cômoda e uma mesinha de canto. Era literalmente apenas para alguém que fosse visitá-la e depois ir embora. Skyler não se importava com aquilo e se importou muito menos, ao ir até a sacada do quarto. No quintal, havia uma imensa piscina, com uma água azul cristalina e algumas boias divertidas. A grama era iguala da parte da frente e tinham algumas cadeiras e mesas por ali.
— Esse lugar é perfeito. — Skyler comenta, sentindo os olhos arderem.
Ela não queria chorar na frente da irmã, pois isso a faria questionar muita coisa. Haley sabia que algo de errado estava acontecendo com sua irmã, pois elas mal mandavam mensagens uma para a outra, e deum dia para o outro, Skyler diz que está indo vê-la.
— Sky, ali fica o banheiro. — Haley diz, apontando para uma porta que Skyler não havia visualizado ainda. — Troque de roupa, tome um banho e me encontre lá embaixo. São... hmm... quase seis da noite. Vou te levar para jantar.
— Eu não tenho nada decente para usar.
Haley se aproxima da irmã e brinca com a franja mal cortada dela.
— Onde vou levar você, poderia usar até biquíni.
Após uma piscadinha, Haley deixa o quarto e enfim, Skyler está sozinha. Ela sabia que àquela altura, Stephen já estaria completamente surtado atrás dela. E não só por esse motivo, ela sabia que precisava contar tudo a sua irmã.
Skyler retira a roupa que vestia, deixando-a em cima da cama, dobrada em perfeito estado. Ela vai para o banheiro, retirando a lingerie que usava. Antes de entrar embaixo do chuveiro, ela encara o seu semblante mais uma vez, no espelho. Agora sem roupa, ela podia ver algumas marcas roxas e outras de mordida, pelos braços e peito. Rever aqueles hematomas, a faz sentir um tremor, lembrando imediatamente, de como havia conquistado cada um.
Uma vez embaixo do chuveiro, Skyler deixa que a água quente percorra em seu corpo, junto com as lagrimas que começam a cair. Mesmo longe, mesmo se sentindo segura, ela ainda estava com medo. Ela se senta no chão do box e abraça as pernas, com o choro se intensificando ainda mais. Skyler só repara como o tempo passou, quando escuta sua irmã chamá-la do lado de fora.
— Sky? Está tudo bem aí?
— Sim, Hal. — ela responde, se erguendo. — Estou saindo.
A sofrida mulher, desliga o chuveiro e se seca rapidamente, enrolando-se na toalha em seguida. Ela sai do banheiro tranquilamente, achando estar sozinha, quando na verdade Haley está sentada na cama, a sua espera. E logo que ela encara a irmã, ela se espanta por todos os hematomas que encontra na pele dela.
— Skyler! Meu Deus. O que é isso?
Skyler entra em desespero, ao perceber o olhar de horror da irmã. Ela não pretendia que Haley descobrisse daquela maneira. Então quando questionada, nada saia de sua boca, a não ser alguns murmúrios impossíveis de reconhecer.
— Sky! O Stephen fez isso? — Haley segura o rosto de Skyler, que já começa a chorar novamente. — É por isso que está aqui, não é? Por isso enviou aquela mensagem de repente e seu celular parou de receber mensagens logo após. Você fugiu dele.
Angustiada, por não conseguir falar nada, Skyler chora ainda mais. Sua irmã a envolve em um abraço de urso, repetindo para ela se acalmar.
— Eu...
— Não fala. — Haley diz, acarinhando as costas nuas de Skyler. — Não precisa dizer nada.
Haley e Skyler permaneceram abraçadas por muito tempo, até que a mais nova se revoltasse mais do que já estava. — Vai trocar de roupa. — ela diz, secando o rosto da irmã. — Nós vamos sair e conversar. — Hal, eu não quero falar sobre Stephen. — Mas nós vamos e ao mesmo tempo, vamos esquecê-lo para sempre. Tudo bem? Skyler apenas assente e observa sua irmã mexer nas poucas roupas que trouxera. — Nós vamos precisar fazer compras urgente para você, mas por enquanto... hmmm... aqui. Vista isso. Você calça trinta e sete, não é? — ela balança a cabeça, confirmando. — Vou pegar uma outra sandália para você. Quando Haley deixa o quarto, Skyler desce a toalha e veste uma outra calcinha e logo após o short jeans que sua irmã tinha escolhido. Ela j**a a regata para cima, mesmo sem sutiã, pois isso era uma das coisas que ela sempre quis fazer. Seu marido dizia que mulher sem sutiã, era coisa de puta, e que mulheres assim queriam se amostrar para outros homens. Haley volta com uma sand
— Seu amigo? Tem certeza? Já era a quinta vez que Skyler perguntava. Ela não conseguia acreditar na coincidência de ter esbarrado justamente com um amigo de sua irmã. — Mas o que ele fazia naquele trem? — ela pergunta, querendo achar algum motivo para Alexsander ser uma pessoa ruim. — Sendo dono desse lugar, ele poderia muito bem viajar de avião. Não precisaria de horas naquele lugar. Haley suspira ao mesmo tempo que ri. — Alex é cheio de problemas pessoais. Ele costuma visitar um tio de consideração, em Cincinnati, quando precisa espairecer. Então ele pega um trem e fica alguns dias fora. Skyler achou aquela explicação sem pé e muito menos sem cabeça. Ela ainda tentava decidir se acreditava naquela coisa toda, quando Alexsander se aproxima juntamente do garçom. — Alex! — Haley se levanta e abraça o então amigo. Seu olhar vai diretamente para Skyler, que evitava qualquer contato visual. Enquanto ela olhava para um ponto fixo na areia a sua frente, Alex tentava lembrar de
Os três jantaram tão animadamente, que Skyler foi capaz de esquecer todo o drama que sua vida carrega. Ela sorria, diante de cada coisa engraçada que Alex e Haley compartilhavam, de algumas saídas. Quando Haley decide que é hora de ir embora, Skyler se despede com um breve aceno e se afasta, para deixar que os dois amigos se despeçam. Ela observa, quando eles cochicham algo e riem daquilo. Após um abraço caloroso, Haley deposita um beijo na bochecha de Alex e então se junta a irmã. — Hal, eu posso fazer uma pergunta? — Claro, Sky. — responde, ligando o carro. — O Alex... quer dizer... vocês... Haley ri. Ela já sabia qual seria a pergunta que sua irmã estava prestes a fazer. — Não. — Haley responde, ainda rindo. — Eu e o Alex nunca aconteceu e nem vai. — Ah... — Sky? — ela o olha. — Eu sou gay. Gosto de mulheres. Skyler quase se engasga. Ela não conseguia acreditar que sua irmãzinha, que amava pôneis cor de rosas, estava lhe dizendo que gostava de mulheres. — Nossa..
Após sua primeira noite de sono completa e sem nenhum pavor, Skyler despertou com bastante disposição. Ela sorri ao enxergar sua imagem no espelho do banheiro, feliz com o modo que seu cabelo estava. Haley tinha mãos de anjo e conseguiu consertar o estrago que Stephen havia feito. Aquele gesto fez com que Skyler ficasse nas nuvens o dia inteiro. Haley passou o dia fora trabalhando, mas quando a noite se aproximou, ela entrou em casa repleta de bolsas. Parecia que tinha passado o dia no shopping, ao invés do trabalho. — Cheguei! — ela informa, deixando as bolsas ao pé da escada. — Sky, cadê você? Skyler não foi capaz de ouvir, pois estava no banheiro, tomando um banho bem quente e relaxante. Em poucas horas ela estaria trabalhando e aquilo a deixava muito feliz. Tão feliz, que ela estava cantando e não ouvia sua irmã berrar seu nome. Haley sobe até o quarto e percebe a alegria de sua irmã mais velha. Sem querer atrapalhar, ela deixa todas as sacolas, repletas de roupas e linge
— Você entendeu o que vai fazer? — Alex pergunta. — Posso explicar mais uma vez, caso queira. — Não. Eu entendi. Eles vão me mostrar o convite e eu vou escanear para ver se é real e o nome da pessoa. Se a luz ficar preta, é vip. Se ficar verde, salão. Se ficar vermelha, não está na lista. Alex sorri. Apesar de ser um trabalho fácil, ele estava feliz por ela ter entendido tudo de primeira. A última coisa que ele queria, era problemas com a irmã dela. Haley era muito brigona e defendia quem amava com unhas e dentes. — Ótimo. — ele diz. — Bem, vou mandar abrir e vou receber o pessoal do vip. Qualquer coisa, você me chama. Tudo bem? Após um aceno com a cabeça de Skyler, Alex vai para perto da escada e diz para abrirem as portas. De forma casual e tranquila, as primeiras pessoas vão entrando. — Olá, boa noite! — Skyler sorri, para o primeiro casal que entra. — Os convites, por favor. Os dois mostram os celulares e Skyler pega no scaner, passando-o imediatamente nos aparelhos a s
No final do evento, Skyler estava na porta à espera de sua irmã. Ela não havia visto Alex o resto da noite e ela só conseguia pensar em como ele devia estar arrependido, de ter lhe dado uma oportunidade. — Você é uma burra. — ela resmunga, para si mesma. — Provavelmente vai viver para sempre na sombra da sua irmã mais nova. Provavelmente não, com certeza! Ela estava tão preocupada em se culpar, que não notou Alex se aproximar. Ele cruzou os braços e ficou encarando-a de maneira divertida, enquanto a mesma, se martirizava. Atrás de todo aquele drama, Alex enxergava Skyler. Obvio que o vestido justo, com aquele decote, ajudou, mas ele a enxergava. Ela era bastante bonita e aparentava ser extremamente doce e gentil. Apesar de não fazer o tipo loira escultural, pelo qual ele estava acostumado a ficar, tinha algo em Skyler que o intrigava. — A proposta ainda está de pé! — Alex diz, fazendo com que Skyler o olhe assustada. — O emprego é seu, se ainda o quiser. Skyler o encara, sem
Logo que chegaram em casa, Skyler e Haley vão para seus respectivos quartos, a fim de tirar as roupas que vestiam e tomarem banho. A mais velha estava tão radiante e extasiada, que não conseguia dormir. Vestindo um dos pijamas que sua irmã havia lhe emprestado, Skyler deixa o quarto e vai até o de Haley. — Atrapalho? — ela pergunta, logo que sua irmã diz para entrar. — Claro que não, Sky. Vem aqui. Haley se ajeita na cama, dando espaço para que sua irmã se deite ao seu lado. Skyler coloca a cabeça no peito da mais nova, que acarinha seu cabelo. — Não consegue dormir? — Haley questiona. — Estou animada demais para conseguir. O peito de Haley balança, indicando uma risada. — Eu falei que Alex era um bom rapaz. — Como o conheceu? — Ah. — Haley ri novamente e se ajeita, de modo que Skyler sente de frente para ela. — Não me julgue, tudo bem? — Por quê? — Eu o conheci durante um sexo aleatório. Skyler encara a irmã completamente confusa com aquela informação. El
Depois de um dia repleto de sorrisos e lembranças, as irmãs deixaram a casa de repouso, com o coração cheio de amor. A mãe além de ter lembrado quem elas eram, foi capaz de dividir algumas lembranças. Já em casa, enquanto se arrumava para seu primeiro dia de trabalho com Alex, Skyler repassava toda a sua vida como se fosse um filme. Graças a sua mãe, certas lembranças estavam bem vividas em sua mente, deixando-a mais feliz que antes. Para o seu primeiro dia de trabalho, Skyler passeou pelas roupas de sua irmã mais nova e escolheu uma saia lápis na cor preto, que ia da altura do umbigo até os joelhos. A saia justa, combinou perfeitamente com a blusa branca de botões. Haley havia deixado um par de saltos altos perto da cama de Skyler, que ela calçou logo que terminou de se vestir. Graças ao abusivo marido que teve, ela não precisava fazer mil coisas com o cabelo. Após penteá-lo, já estava bom. Skyler passou a maquiagem pelas marcas de agressões que estavam expostas e se observou n