No final do evento, Skyler estava na porta à espera de sua irmã. Ela não havia visto Alex o resto da noite e ela só conseguia pensar em como ele devia estar arrependido, de ter lhe dado uma oportunidade.
— Você é uma burra. — ela resmunga, para si mesma. — Provavelmente vai viver para sempre na sombra da sua irmã mais nova. Provavelmente não, com certeza!
Ela estava tão preocupada em se culpar, que não notou Alex se aproximar. Ele cruzou os braços e ficou encarando-a de maneira divertida, enquanto a mesma, se martirizava.
Atrás de todo aquele drama, Alex enxergava Skyler. Obvio que o vestido justo, com aquele decote, ajudou, mas ele a enxergava. Ela era bastante bonita e aparentava ser extremamente doce e gentil. Apesar de não fazer o tipo loira escultural, pelo qual ele estava acostumado a ficar, tinha algo em Skyler que o intrigava.
— A proposta ainda está de pé! — Alex diz, fazendo com que Skyler o olhe assustada. — O emprego é seu, se ainda o quiser.
Skyler o encara, sem entender nada. Ela havia surtado e deixado Alexsander falando sozinho, e ainda assim, ele estava ali. Provavelmente ele tinha um complexo de herói, pensou ela.
— Olha, eu quero muito, mas..., mas...
Ela tentava buscar uma forma de dizer que não podia constar nos registros, sem parecer uma fugitiva desvairada.
— Vamos fazer o seguinte. — ele diz. — Você começa amanhã as sete da noite e vai até meia noite. Ao fim do seu turno, você vai até meu escritório e eu faço o pagamento em mãos. E assim faremos, todos os outros dias. Sem registro, sem contracheques. Apenas nossas palavras de garantia.
Skyler pisca algumas vezes. Secretamente ela estava se beliscando, para saber se aquilo era real. Ele estava mesmo oferecendo um emprego sem registro a ela? Alguma pegadinha devia ter, estava bom demais para ser verdade.
— Você está falando sério? Mas... por quê? Por que está sendo gentil comigo?
Ele não iria contar que ouviu uma conversa particular, pois aquilo faria Skyler ter uma visão completamente errada dele. Então Alexsander jogou com as cartas que tinha.
— Haley. — ele diz. — Sua irmã é praticamente minha melhor amiga. Não seria justo deixar você na mão, por uma coisa boba como o registro.
— Não é bobo... é a lei, não é!?
Eles riem um com o outro, sobre aquele fato nada engraçado e Haley aparece.
— Tudo bem por aqui? — ela questiona, indo para o lado da irmã.
— Claro. Estou apenas esperando Skyler dizer sim a minha proposta.
Haley encara a irmã, também desejando saber sua resposta. E após um longo suspiro dado por Skyler, a resposta veio.
— Nos vemos amanhã, as sete.
Os três trocam sorrisos de satisfação e Haley grita, abraçando a irmã em seguida.
— Olha, é o nosso uber. — Haley diz, atrapalhando a pequena comemoração. — Nos vemos depois, Alex.
A loira fica na ponta do pé e beija o rosto do amigo, indo em seguida para o carro e deixando-os sozinhos.
— Bem, nos vemos amanhã, né? — ela diz, envergonhada por sua irmã ter saído correndo. — Enfim, boa noite.
— Claro. — Alex estica a mão e Skyler a pega. Ele puxa a magra e delicada mão da garota, deixando um beijo ali. — Tenha uma boa noite.
Ainda mais envergonhada que antes, ela puxa a mão e se junta a irmã no carro. Sobre os olhares curiosos de Alex, o carro dá a partida.
Após o carro virar na esquina, Alex retorna para dentro do espaço onde ocorreu o lançamento, em busca de algum problema para resolver. O celular vibrando em seu bolso incansavelmente, o lembrava do que o aguardava em casa.
Noite passada Alex enrolou tempo o suficiente, para encontrar Irina dormindo tranquilamente. Seus planos eram chegar tão tarde quanto na última noite, para então continuar a fugir de Irina e suas desculpas esfarrapadas.
Mas Irina não era tão boba quando seu namorado achava. Quando Alex abriu a porta do quarto, encontrou Irina acordada o suficiente para estar lendo um livro. Coisa que ela nunca fazia.
— O que faz acordada a essa hora? — Alex pergunta, abrindo os botões da camisa que usava.
— Já disse. Quero conversar.
— Olha a hora, Irina. Está tarde.
— Se você não ficasse o dia inteiro na rua ou enrolando para voltar para casa, nós já teríamos conversado.
— E o que quer falar? — ele questiona, virando-se para encará-la. — Iri, eu estou de saco cheio, entendeu? Se tivesse sido só aquele cara, eu até tentava relevar. Mas não para ficar te bancando, enchendo de luxo e você dando para qualquer outro cara por aí.
Irina j**a a coberta que protegia suas pernas despidas para o lado e se levanta, tentando uma aproximação com Alex.
— Alex, eu... eu sei que não tem perdão para o que faço, mas a culpa é sua também! Você não me procura mais, só chega tarde.
Alex ri. Todo o luxo em que Irina vivia, era graças ao esforço que ele dava com o restaurante. Ter um restaurante de sucesso, de frente para a praia, em Los Angeles, não era uma tarefa fácil. E após anos de luta e garra, ele conquistou a vitória. A lista de espera era grande, de tanta procura. Então se ele chegava tarde ou estava cansado demais para querer sexo, era para que ela tivesse o luxo em que gostava de viver.
— É até engraçado ouvir falar isso, mas tudo bem. Vamos fazer assim, eu te dou uma semana para arrumar todas as suas coisas e vazar da minha casa.
Ela pisca algumas vezes, sem acreditar no que estava ouvindo. Irina portava sua melhor lingerie, esperando fisgar Alex com o que eles mais tinham em comum. Eles tinham brigado diversas vezes, mas sempre se acertavam e ele nunca a mandava embora.
— Alex... não. — Irina se aproxima e pega no braço de Alex. — Nós nos amamos. Nós podemos superar isso. Mais uma vez.
Afastando-se de Irina, Alex diz:
— Amar sozinho não tem a menor graça. Cansei. Uma semana, Iri. Uma semana, pelo carinho que ainda tenho por você. Vou pegar umas coisas e vou para o outro apartamento. Se cuida.
Logo que chegaram em casa, Skyler e Haley vão para seus respectivos quartos, a fim de tirar as roupas que vestiam e tomarem banho. A mais velha estava tão radiante e extasiada, que não conseguia dormir. Vestindo um dos pijamas que sua irmã havia lhe emprestado, Skyler deixa o quarto e vai até o de Haley. — Atrapalho? — ela pergunta, logo que sua irmã diz para entrar. — Claro que não, Sky. Vem aqui. Haley se ajeita na cama, dando espaço para que sua irmã se deite ao seu lado. Skyler coloca a cabeça no peito da mais nova, que acarinha seu cabelo. — Não consegue dormir? — Haley questiona. — Estou animada demais para conseguir. O peito de Haley balança, indicando uma risada. — Eu falei que Alex era um bom rapaz. — Como o conheceu? — Ah. — Haley ri novamente e se ajeita, de modo que Skyler sente de frente para ela. — Não me julgue, tudo bem? — Por quê? — Eu o conheci durante um sexo aleatório. Skyler encara a irmã completamente confusa com aquela informação. El
Depois de um dia repleto de sorrisos e lembranças, as irmãs deixaram a casa de repouso, com o coração cheio de amor. A mãe além de ter lembrado quem elas eram, foi capaz de dividir algumas lembranças. Já em casa, enquanto se arrumava para seu primeiro dia de trabalho com Alex, Skyler repassava toda a sua vida como se fosse um filme. Graças a sua mãe, certas lembranças estavam bem vividas em sua mente, deixando-a mais feliz que antes. Para o seu primeiro dia de trabalho, Skyler passeou pelas roupas de sua irmã mais nova e escolheu uma saia lápis na cor preto, que ia da altura do umbigo até os joelhos. A saia justa, combinou perfeitamente com a blusa branca de botões. Haley havia deixado um par de saltos altos perto da cama de Skyler, que ela calçou logo que terminou de se vestir. Graças ao abusivo marido que teve, ela não precisava fazer mil coisas com o cabelo. Após penteá-lo, já estava bom. Skyler passou a maquiagem pelas marcas de agressões que estavam expostas e se observou n
Uma semana havia se passado, desde que Skyler começou uma nova vida e um emprego novo. Ela sabia andar por Los Angeles sem se perder, graças a sua boa memória e o celular que Haley havia lhe arrumado. No emprego, ela sabia o nome de cada um dos funcionários e qualquer coisa que perguntassem. Skyler estava craque naquilo. E Alex cumpriu com o combinado, pagando-a diariamente, o que a ajudou na compra de roupas e sapatos novos. A cada dois dias, ela ia visitar sua mãe. Apesar de saber como o Alzheimer funcionava, Skyler achava que as visitas regulares, fariam com que ela se lembrasse com frequência da vida antiga. Aproveitando o ótimo sol que estava fazendo e seguindo o conselho da irmã mais nova, Skyler estica um lenço na areia fofa da praia e olha em volta. Ninguém a olhava e isso a deixou tranquila o suficiente, para retirar a pouca roupa que vestia e ficar apenas com um biquíni amarelo. Quando se senta no lenço em que abriu, ela encara as marcas arroxeadas em seu corpo. Algum
Nos sonhos mais profundos de Skyler, ela vivia uma vida boa e tranquila. Trabalhando como nunca, conhecendo lugares e mais lugares, junto de Haley, e se esforçando a cada dia, para que sua mãe tivesse um resto de vida agradável e feliz. Ter criado coragem para fugir de Stephen, foi algo que Skyler guardou por muito tempo. Diversas vezes ela tentou e desistira ainda na porta de casa, pois em todas as simulações feitas em sua mente, ele e acharia e faria ainda pior que antes. E agora ele estava ali, diante dela. Portando seu sorriso irônico e desafiador, ao lado de um homem que Skyler jamais vira antes. — O... o... A presença de Stephen, lhe causava calafrios. Cada agressão sofrida, em todos os anos que passou com ele, passavam como um flashback na mente de Skyler. Ela não conseguia sequer formar uma frase, pelo terror que sua presença estava causando a ela. — O que eu estou fazendo aqui? — ele pergunta, batucando o balcão a sua frente. — Não é óbvio? Vim levar a minha mulher p
Alex ficou encarando Skyler, esperando que ela continuasse. Ele não queria demonstrar já ter ouvido uma conversa pessoal, em que o fazia imaginar que ela seria casada. — Seu... marido? — É... é complicado. Skyler passa a mão pelos braços, onde as marcas estavam quase invisíveis. Alex sabia que tinha toda uma história por trás das marcas que aquela mulher levava, ele apenas não tinha intimidade para perguntar qual era. — Eu prometo que conto em uma outra hora. — ela diz. — Eu só... não sei o que fazer. Agora. — Quer que eu peça para ele ir? Pela primeira vez naquela noite, Skyler o olha nos olhos. — Você faria isso? — Se ele te intimida e você não está confortável com a presença dele, claro que sim. O coração de Skyler aqueceu de uma maneira que não acontecia há muito tempo. — Vamos. — Alex diz. — Vamos sair desse banheiro. — Você me dá mais um segundo? Já vou sair. Alexsander entendeu que ela precisava de mais algum momento, para lidar com o que estava por vir.
Sem esperar para ver o show que Stephen provavelmente faria, Alex dá as costas a ele e ao outro homem e segue na direção de Skyler. — Vem comigo. Estou ferrada. Foi a única coisa em que Skyler conseguiu pensar, quando Alex a chamou. Enquanto subia as escadas em direção a sala de seu chefe, ela pensa em Stephen. Agora que ele sabia que ela estava em Los Angeles, não a deixaria em paz até que voltasse para casa e para ele. E isso era aterrorizante. Ela não sabia até que ponto ele chegaria, para ter o que queria. — Pode se sentar. Alex estava sendo monossílabo. Aquilo estava deixando Skyler ainda mais preocupada. A última coisa que ela queria, era ser demitida. — Senhor, eu... — Senhor? — ele torce o nariz e solta uma risada, enquanto se senta em sua cadeira. — Temos pouquíssima diferença de idade. — Desculpe... eu... só desculpa. Eu não pensei que esse dia chegaria tão rápido. — Olha Skyler, eu não quero ouvir desculpas por algo que não a culpo. Entretanto, eu preciso s
Skyler mal colocou os pés em casa e Haley já estava pendurada em seu pescoço. Completamente apavorada. — Ainda não consigo acreditar que Stephen está aqui! Que surtado. Alex não deixou que Skyler saísse de sua sala, até o final do expediente. Então após pagá-la e fechar tudo, ele decidiu levá-la em casa. No caminho, tratou de enviar uma mensagem a Haley e contar o que tinha acontecido. — E você, Alex, obrigada por cuidar da minha irmã. Eu não sei o que aconteceria se você não estivesse lá. Haley abraça o amigo e apoia a cabeça em seu peito. Ela não conseguia parar de pensar em todas as coisas que a presença de Alex pode ter evitado. — Não precisa me agradecer por nada, Hal. Eu jamais deixaria algo acontecer a Skyler. Após essa última frase, Alex encara a mulher que está em um canto da sala, perdida em pensamentos. Enquanto ela pensava no que faria com Stephen por perto, Alex pensava que droga aquela mulher tem, para estar ocupando sua mente ultimamente. Haley que não é na
A noite de Skyler foi longa e sem sono. Quando o sol apareceu em Los Angeles, ela puxou a coberta para cima de seu rosto, tentando ignorar o fato de mais um dia estar começando. Era segunda. Skyler sabia que tinha diversos compromissos durante todo o dia, então não poderia enrolar muito na cama. E ao mesmo tempo, ela pensava em Stephen e se perguntava se ele estaria do outro lado de sua rua, a vigiando e esperando alguma deixa para lhe fazer mal. — Eu não posso simplesmente deixar de seguir minha vida por causa dele. — ela resmunga para si mesma, enquanto se levanta da cama. — Já fiz isso por dez anos... Decidida a nunca mais se prender por causa de seu marido agressor, Skyler vai para o banheiro. Ela encara seu rosto no espelho por alguns minutos, passando os dedos pelos fios de cabelo desgrenhado. Após escovar os dentes, ela faz sua higiene matinal e entra embaixo do chuveiro. Assim como fez durante a noite, ela pensa em Stephen. Pensa nos momentos bons que passaram e conti