Haley e Skyler permaneceram abraçadas por muito tempo, até que a mais nova se revoltasse mais do que já estava.
— Vai trocar de roupa. — ela diz, secando o rosto da irmã. — Nós vamos sair e conversar.
— Hal, eu não quero falar sobre Stephen.
— Mas nós vamos e ao mesmo tempo, vamos esquecê-lo para sempre. Tudo bem?
Skyler apenas assente e observa sua irmã mexer nas poucas roupas que trouxera.
— Nós vamos precisar fazer compras urgente para você, mas por enquanto... hmmm... aqui. Vista isso. Você calça trinta e sete, não é? — ela balança a cabeça, confirmando. — Vou pegar uma outra sandália para você.
Quando Haley deixa o quarto, Skyler desce a toalha e veste uma outra calcinha e logo após o short jeans que sua irmã tinha escolhido. Ela j**a a regata para cima, mesmo sem sutiã, pois isso era uma das coisas que ela sempre quis fazer. Seu marido dizia que mulher sem sutiã, era coisa de puta, e que mulheres assim queriam se amostrar para outros homens.
Haley volta com uma sandália de dedo, que prontamente Skyler calça. As duas saem do quarto e consequentemente de casa, indo novamente para o carro.
— Pode começar a falar. — Haley diz, quando pegam a estrada.
— O que quer saber?
— Tudo! Desde quando Stephen é violento? Sky, eu estou tão... puta e chocada, que eu sequer consegui processar essa informação ainda.
— Ah, Hal... quando ele perdeu o emprego, tudo ficou ruim. Stephen passa tempo demais em casa, notando cada erro meu. Cada coisinha que eu faça, que ele não goste, eu ganho uma dessas. — ela aponta para a marca de mordida. — Não lembro qual foi a última vez em que usei uma blusa dessa maneira.
Haley estica a mão e pega a da irmã, que cutucava uma unha com a outra.
— Sky, sua vida vai mudar. Você nunca mais vai voltar para Stephen e toda essa merda que aconteceu. Eu prometo.
No mesmo instante em que Skyler sorri em resposta para a irmã, o telefone de Haley toca. Ele estava no painel, conectado ao rádio, então na hora em que o visor acendeu, foi possível ler o nome de Stephen. Skyler entra em um desespero esperado, implorando para que a irmã não atenda.
— Fica quieta. — Haley diz e atende. — Stephen? Você me ligando?
— Oi, Haley... você tem falado com a sua irmã?
Elas se entreolham e Skyler começa a balançar a cabeça negativamente.
— Nossa... eu acho que falei com Sky tem alguns meses. Inclusive preciso contar algumas novidades a ela. Por quê?
— Ela... ela está dormindo demais. — ele solta um pigarro. — Achei que fosse algum problema de depressão, não sei.
— Bem, ela está acordada agora? Posso conversar com ela e tentar descobrir.
— Não! Ela não está. Desculpe atrapalhar você e sua vida badalada. Tchau.
— Ele acreditou? — Skyler pergunta, ainda sem acreditar.
— Pelo visto, sim.
Um suspiro aliviado saiu da garganta de Skyler e ela se permitiu recostar o banco do carro, para estar mais confortável. Durante o restante da viagem até o local em que jantariam, elas cantaram e riram, como não faziam há muito tempo.
Logo que Haley estaciona o carro, Skyler já observa admirada a fachada do restaurante. Ele era todo branco, com algumas luzes fluorescentes piscando em frente o nome BELAMAR.
— Espera para ver lá dentro. — Haley comenta, observando a expressão maravilhada de sua irmã. — Nunca mais vai querer sair daqui.
E ela tinha total razão. Havia um enorme salão tão iluminado quanto a entrada, com as cores rosa e verde piscando. Uma banda tocava uma animada música em um canto do lugar, animando todo aquele pessoal que estava ali. Skyler já estava se perguntando onde se sentariam, quando Haley a leva para trás.
Tinha uma única mesa livre, em uma varanda de frente para o mar. O cheiro de sal e maresia, impregnavam o nariz de Skyler, causando-a uma sensação de paz. Elas ocupam os lugares vazios e logo um garçom se aproxima.
— Boa noite, Hal! — ele olha para Skyler e mesmo que tentasse, seus olhos fixam nas marcas que ela carrega. — Hmmm... o mesmo de sempre?
Skyler percebe o desconforto do garçom, após ter visto suas marcas. A única coisa que ela fez foi se abraçar e odiar mentalmente não ter usado uma com mangas longas.
— Ramen Burguer e Mac and Cheese Pizza. E... vinho, Sky?
A irmã a encara e apenas balança a cabeça positivamente.
— Então é isso. — Haley diz e o garçom se afasta. — Relaxa, irmã.
— Você viu a forma que ele me encarou? É por isso que uso mangas.
Haley se levanta e puxa a cadeira para se sentar ao lado da irmã. Ela abraça-a de lado e passa a mão nas marcas que Skyler tentava esconder.
— Daqui a pouco essas marcas vão sumir e com elas, todo mal que Stephen te fez um dia. Tente não se importar ou preocupar com o que os outros pensam. Só você sabe o que viveu e sentiu, tudo bem?
Skyler não estava confiante com àquilo, mas ainda assim, concordou com a irmã. Ela tinha posto em sua mente, que em uma cidade nova, coisas novas tinham que acontecer. E havia uma coisa que ela estava doida para fazer, já que nunca lhe foi possível.
— Hal, você me ajuda a arrumar um emprego?
— Sky, você sabe que não precisa se preocupar com nada. Eu tenho uma vida boa e posso te proporcionar isso também.
— Eu sou sua irmã mais velha, Haley! Eu quem deveria prover você, não o contrário.
— Alôoo, século vinte e um, querida.
— Mesmo assim. Eu preciso me sentir útil. Me ajuda!
Haley suspira, mas concorda com a irmã. Enquanto Skyler observa o mar, a mais nova força a mente, pensando em alguma coisa que sua irmã poderia fazer. Ela sabia que Skyler não tinha experiência em nada, mas pelo menos era esforçada. Qualquer que fosse o serviço, ela faria bem.
— A comida está vindo.
Skyler se vira para visualizar o garçom, quando seus olhos vão de encontro com o par de olhos amendoados, que havia a derrubado no trem. O homem sequer havia percebido sua presença. Em um desespero iminente, se levantou, informando que iria embora.
— O que? — Haley se espanta. — Por quê?
Ela olha para trás de soslaio e volta sua atenção a sua irmã, ao notar que ele estava parado conversando com o garçom que iria servi-las.
— Aquele homem está me seguindo. Eu tenho certeza.
Haley se estica para olhar e dá uma risada.
— Aquele? — ela aponta para o homem, que ainda conversava com o garçom.
— Sim. Ele estava no mesmo trem que eu. Ficou me encarando estranho e agora está aqui! Tenho certeza de que foi coisa do Stephen. Ele deve estar vindo para cá e vai me matar. Eu tenho...
Haley gargalha, diante da enervação que sua irmã se encontrava. Ofegante e assustada, Skyler a encara, sem entender nada.
— Sky, aquele é o Alex. Alexsander Donovan. Além de dono desse lugar, ele é um dos meus melhores amigos.
— Seu amigo? Tem certeza? Já era a quinta vez que Skyler perguntava. Ela não conseguia acreditar na coincidência de ter esbarrado justamente com um amigo de sua irmã. — Mas o que ele fazia naquele trem? — ela pergunta, querendo achar algum motivo para Alexsander ser uma pessoa ruim. — Sendo dono desse lugar, ele poderia muito bem viajar de avião. Não precisaria de horas naquele lugar. Haley suspira ao mesmo tempo que ri. — Alex é cheio de problemas pessoais. Ele costuma visitar um tio de consideração, em Cincinnati, quando precisa espairecer. Então ele pega um trem e fica alguns dias fora. Skyler achou aquela explicação sem pé e muito menos sem cabeça. Ela ainda tentava decidir se acreditava naquela coisa toda, quando Alexsander se aproxima juntamente do garçom. — Alex! — Haley se levanta e abraça o então amigo. Seu olhar vai diretamente para Skyler, que evitava qualquer contato visual. Enquanto ela olhava para um ponto fixo na areia a sua frente, Alex tentava lembrar de
Os três jantaram tão animadamente, que Skyler foi capaz de esquecer todo o drama que sua vida carrega. Ela sorria, diante de cada coisa engraçada que Alex e Haley compartilhavam, de algumas saídas. Quando Haley decide que é hora de ir embora, Skyler se despede com um breve aceno e se afasta, para deixar que os dois amigos se despeçam. Ela observa, quando eles cochicham algo e riem daquilo. Após um abraço caloroso, Haley deposita um beijo na bochecha de Alex e então se junta a irmã. — Hal, eu posso fazer uma pergunta? — Claro, Sky. — responde, ligando o carro. — O Alex... quer dizer... vocês... Haley ri. Ela já sabia qual seria a pergunta que sua irmã estava prestes a fazer. — Não. — Haley responde, ainda rindo. — Eu e o Alex nunca aconteceu e nem vai. — Ah... — Sky? — ela o olha. — Eu sou gay. Gosto de mulheres. Skyler quase se engasga. Ela não conseguia acreditar que sua irmãzinha, que amava pôneis cor de rosas, estava lhe dizendo que gostava de mulheres. — Nossa..
Após sua primeira noite de sono completa e sem nenhum pavor, Skyler despertou com bastante disposição. Ela sorri ao enxergar sua imagem no espelho do banheiro, feliz com o modo que seu cabelo estava. Haley tinha mãos de anjo e conseguiu consertar o estrago que Stephen havia feito. Aquele gesto fez com que Skyler ficasse nas nuvens o dia inteiro. Haley passou o dia fora trabalhando, mas quando a noite se aproximou, ela entrou em casa repleta de bolsas. Parecia que tinha passado o dia no shopping, ao invés do trabalho. — Cheguei! — ela informa, deixando as bolsas ao pé da escada. — Sky, cadê você? Skyler não foi capaz de ouvir, pois estava no banheiro, tomando um banho bem quente e relaxante. Em poucas horas ela estaria trabalhando e aquilo a deixava muito feliz. Tão feliz, que ela estava cantando e não ouvia sua irmã berrar seu nome. Haley sobe até o quarto e percebe a alegria de sua irmã mais velha. Sem querer atrapalhar, ela deixa todas as sacolas, repletas de roupas e linge
— Você entendeu o que vai fazer? — Alex pergunta. — Posso explicar mais uma vez, caso queira. — Não. Eu entendi. Eles vão me mostrar o convite e eu vou escanear para ver se é real e o nome da pessoa. Se a luz ficar preta, é vip. Se ficar verde, salão. Se ficar vermelha, não está na lista. Alex sorri. Apesar de ser um trabalho fácil, ele estava feliz por ela ter entendido tudo de primeira. A última coisa que ele queria, era problemas com a irmã dela. Haley era muito brigona e defendia quem amava com unhas e dentes. — Ótimo. — ele diz. — Bem, vou mandar abrir e vou receber o pessoal do vip. Qualquer coisa, você me chama. Tudo bem? Após um aceno com a cabeça de Skyler, Alex vai para perto da escada e diz para abrirem as portas. De forma casual e tranquila, as primeiras pessoas vão entrando. — Olá, boa noite! — Skyler sorri, para o primeiro casal que entra. — Os convites, por favor. Os dois mostram os celulares e Skyler pega no scaner, passando-o imediatamente nos aparelhos a s
No final do evento, Skyler estava na porta à espera de sua irmã. Ela não havia visto Alex o resto da noite e ela só conseguia pensar em como ele devia estar arrependido, de ter lhe dado uma oportunidade. — Você é uma burra. — ela resmunga, para si mesma. — Provavelmente vai viver para sempre na sombra da sua irmã mais nova. Provavelmente não, com certeza! Ela estava tão preocupada em se culpar, que não notou Alex se aproximar. Ele cruzou os braços e ficou encarando-a de maneira divertida, enquanto a mesma, se martirizava. Atrás de todo aquele drama, Alex enxergava Skyler. Obvio que o vestido justo, com aquele decote, ajudou, mas ele a enxergava. Ela era bastante bonita e aparentava ser extremamente doce e gentil. Apesar de não fazer o tipo loira escultural, pelo qual ele estava acostumado a ficar, tinha algo em Skyler que o intrigava. — A proposta ainda está de pé! — Alex diz, fazendo com que Skyler o olhe assustada. — O emprego é seu, se ainda o quiser. Skyler o encara, sem
Logo que chegaram em casa, Skyler e Haley vão para seus respectivos quartos, a fim de tirar as roupas que vestiam e tomarem banho. A mais velha estava tão radiante e extasiada, que não conseguia dormir. Vestindo um dos pijamas que sua irmã havia lhe emprestado, Skyler deixa o quarto e vai até o de Haley. — Atrapalho? — ela pergunta, logo que sua irmã diz para entrar. — Claro que não, Sky. Vem aqui. Haley se ajeita na cama, dando espaço para que sua irmã se deite ao seu lado. Skyler coloca a cabeça no peito da mais nova, que acarinha seu cabelo. — Não consegue dormir? — Haley questiona. — Estou animada demais para conseguir. O peito de Haley balança, indicando uma risada. — Eu falei que Alex era um bom rapaz. — Como o conheceu? — Ah. — Haley ri novamente e se ajeita, de modo que Skyler sente de frente para ela. — Não me julgue, tudo bem? — Por quê? — Eu o conheci durante um sexo aleatório. Skyler encara a irmã completamente confusa com aquela informação. El
Depois de um dia repleto de sorrisos e lembranças, as irmãs deixaram a casa de repouso, com o coração cheio de amor. A mãe além de ter lembrado quem elas eram, foi capaz de dividir algumas lembranças. Já em casa, enquanto se arrumava para seu primeiro dia de trabalho com Alex, Skyler repassava toda a sua vida como se fosse um filme. Graças a sua mãe, certas lembranças estavam bem vividas em sua mente, deixando-a mais feliz que antes. Para o seu primeiro dia de trabalho, Skyler passeou pelas roupas de sua irmã mais nova e escolheu uma saia lápis na cor preto, que ia da altura do umbigo até os joelhos. A saia justa, combinou perfeitamente com a blusa branca de botões. Haley havia deixado um par de saltos altos perto da cama de Skyler, que ela calçou logo que terminou de se vestir. Graças ao abusivo marido que teve, ela não precisava fazer mil coisas com o cabelo. Após penteá-lo, já estava bom. Skyler passou a maquiagem pelas marcas de agressões que estavam expostas e se observou n
Uma semana havia se passado, desde que Skyler começou uma nova vida e um emprego novo. Ela sabia andar por Los Angeles sem se perder, graças a sua boa memória e o celular que Haley havia lhe arrumado. No emprego, ela sabia o nome de cada um dos funcionários e qualquer coisa que perguntassem. Skyler estava craque naquilo. E Alex cumpriu com o combinado, pagando-a diariamente, o que a ajudou na compra de roupas e sapatos novos. A cada dois dias, ela ia visitar sua mãe. Apesar de saber como o Alzheimer funcionava, Skyler achava que as visitas regulares, fariam com que ela se lembrasse com frequência da vida antiga. Aproveitando o ótimo sol que estava fazendo e seguindo o conselho da irmã mais nova, Skyler estica um lenço na areia fofa da praia e olha em volta. Ninguém a olhava e isso a deixou tranquila o suficiente, para retirar a pouca roupa que vestia e ficar apenas com um biquíni amarelo. Quando se senta no lenço em que abriu, ela encara as marcas arroxeadas em seu corpo. Algum