Já em casa, com as crianças dormindo, Ana vai até a varanda da casa onde moravam agora, com três filhos, desistiram de continuar morando em apartamento e se mudaram para uma bela casa. A varanda com vista para o jardim, era o lugar que Ana mais gostava de ficar, ali geralmente ela ficava olhando os filhos brincarem.A vida de Ana podia-se dizer ser perfeita, ela e Luiz nunca brigavam, ele nunca sequer levantou a voz para ela, carinho e compreensão não faltava ao casal. Mesmo com três filhos pequenos eles se viravam bem, Ana tinha empregada e babá para as crianças, mas em relação aos filhos ela fazia questão de participar nos cuidados dos seus três tesouros, ela as vezes ainda pensava no filho que perdeu, mas não mais se condenando.Ainda mantinha contato com os pais, mas eram poucas as vezes que se viam, quando ganhou os seus bebês, ainda pensou que a mãe viesse ficar com ela, mas não foi assim, o seu pai estava sempre doente e Elizabete não podia deixá-lo sozinho, mas Ana tinha Rosân
Era uma noite escura e chuvosa. A chuva impedia aquela jovem, que corria descalça, de ver qualquer coisa a sua frente. A única coisa que a guiava era a sua intuição e o desejo de se livrar daquele tormento, um tormento que a destruia aos poucos, minando suas forças e sua vontade de viver. O caminho por onde corria era estreito e os galhos por onde passava a machucavam, ferindo os seus braços. Mas ela não podia parar, precisava continuar correndo. Os seus pés doíam, mas a dor da sua alma era muito maior, nenhuma dor se comparava a que sentia em seu coração, por esse motivo, nada a faria desistir de seguir em frente, continuaria correndo por entre galhos e espinhos que a feriam, correria sem parar e sem sequer olhar para trás, pois, mais do que seus braços, o seu coração sangrava, mas do que seus olhos a sua alma queimava, mais do que a garganta que estava seca por sentir sede, o seu interior estava ressequido. Ao longe se ouvia alguém a chamando, mas ela não podia parar, a voz só a f
Ana era uma mulher forte, apesar do seu jeito frágil, demonstrava uma força e determinação que ela mesma desconhecia e ignorava ter. Aprendeu a conviver com os seus traumas e suas inseguranças. O seu passado era algo que gostaria de esquecer, mas estava entranhado dentro dela e, mesmo depois de tanto tempo, ele ainda a atormentava, a fazendo ter medo até da própria sombra as vezes, até mesmo quando adormecia seu passado a perseguia através de seus pesadelos. Ana raramente se olhava no espelho, ela não gostava pois, todas as vezes que se olhava se sentia ainda mais desprovida de beleza, por ver os seus defeitos. Isso a fazia se sentir a mulher mais feia e sem graça que pudesse existir, mas esse sentimento de frustração ocorreu depois de ouvir inúmeras vezes que não era nem um pouco bonita, as palavras tantas vezes repetidas a convenceu. Sua vida atual não se comparava a que tinha antes, mas mesmo assim, não conseguia se sentir totalmente feliz, lhe faltava algo, mas a melancolia que
Era um lindo sábado, desde cedo o sol brilhava em sua plenitude. Ana ao acordar, faz a sua higiene, veste uma roupa confortável e segue para o quarto de suas garotinhas. Depois de cuidar delas, ela volta para o seu quarto e cuida de suas coisas, arrumando e limpando tudo, não achava justo outra pessoa limpar o seu quarto.Quando Helena e Fernando estavam em casa era sempre assim pois, eles faziam questão de ficar com as filhas, a liberando dos cuidados com elas. A tarde decidiram ficar todos na piscina e nessa hora Ana ajudou a tomar conta delas.Ana ainda se sentia envergonhada na frente de Fernando, por mais que ele a tratasse bem e a deixasse a vontade, já em relação a Murilo o sobrinho dele que também morava na casa, se sentia mais a vontade, eles até assistiam filmes juntos, geralmente na companhia das gêmeas.Ana estava com Aurora e Ágata na piscina, quando Aurora pede para ir ao banheiro. Ana sai e veste um short por cima do maiô que vestia e seca um pouco Aurora antes de levá-
Quando a noite chega Luiz precisa ir embora, ele tinha um outro compromisso e não podia ficar com os amigos, mas antes de ir queria encontrar uma oportunidade de falar com a jovem tímida de sorriso bonito. Não só o sorriso, ele a achou toda linda, tinha uma beleza inocente que o encantou. Luiz já podia se imaginar a escondendo em seus braços, como gostava de fazer e sempre era recriminado por suas ex.Luiz sorri com os próprios pensamentos, Ana era tipo mignon e isso o atraia, ela tinha os cabelos longos e cacheados, os seus olhos eram castanhos escuros e tinha um jeitinho tímido que a deixava encantadora.Nem sempre a beleza estava em uma bela roupa ou em uma boa maquiagem, mas sim na simplicidade, não que ele não gostasse de mulheres bem vestidas e arrumadas, mas isso não era tudo, assim Luiz pensava. As mulheres com quem costumava sair eram sempre lindas e vaidosas, assim como as suas ex esposas que apesar de lindas se tornaram insuportáveis depois do casamento, com críticas e cris
Já em seu quarto, Ana pensa em sua vida, e no sonho que tinha de um dia encontrar alguém que a amasse de verdade, mas o medo de se entregar novamente a faz querer viver só. Podia dizer ser feliz, ela tinha onde morar, tinha um bom salário, e era cercada de pessoas que gostavam dela, isso já era o suficiente para se sentir feliz, mesmo que a sua felicidade não fosse completa.Ana sentia como se lhe faltasse algo, era como se tivessem lhe arrancando uma parte do seu interior, deixando no lugar apenas dor, uma dor que não conseguia arrancar de dentro dela, por mais que tentasse.Não podia dizer que não tinha família, afinal ela tinha, mãe, pai e três irmãos, mas era até dificil dizer que eles eram uma família. Eram individualistas e estavam longe de ser uma familia de verdade, nunca existiu amizade entre eles e muito menos respeito, a única que demonstrava se preocupar com ela era a sua mãe, Elizabeth, por isso, Ana fazia questão de sempre ligar para ela.Ao se deitar ela pensa no gigant
Ana estava em seu quarto se preparando para dormir quando o seu telefone toca, era um número desconhecido e isso a faz não querer atender, sempre que um número novo ligava para ela, sentia o pânico a invadir e nunca dizia alô ao atender, preferia ouvir primeiro quem estava do outro lado da linha.— Alô! Ana? — Ela não consegue reconhecer a voz e permanece em silencio — Ana, você está me ouvindo? Aqui quem fala é Luiz, amigo de Fernando e Helena. — Alô! — Responde ainda receosa.— Está tudo bem? — Luiz pergunta preocupado— Sim, está tudo bem — Responde sem muita convicção.Luiz estranha a atitude de Ana, mas não iria fazer perguntas, mesmo estando curioso para saber o motivo dela não dizer "Alô" ao atender a ligação, preferindo ficar em silêncio, ouvindo primeiro, como se quisesse saber primeiro quem era, talvez por pensar ser outra pessoa.— E, então? Pensou no presente que eu posso dar as meninas?— Sim, eu pensei — Ana diz a ele o que havia pensado, mas Luiz não queria encerrar a
Ana pensa ser zoação e apenas fica o olhando esperando que ele diga ser brincadeira— Então, vamos ao cinema? — Luiz pergunta mais uma vez sorrindo para ela — Costumo ser assim, direto.— Está... falando serio? Eu... no... cinema... com você?— Ana pergunta gaguejando, olhando para ele com a cabeça levantada, devido a diferença de altura entre eles. Ela sente raiva dela mesma por gaguejar tanto.— Isso mesmo, eu e você. Você não tem namorado, tem?— Não... não é isso... é que, é... eu não posso.— Faz o seguinte, pense primeiro, depois eu te ligo para saber a resposta. — Ele pisca para ela enquanto dá a sugestão.Ana continua sem acreditar que ele esteja falando sério. Eles ficam calados, e ela volta a atenção para as crianças, mas percebe o olhar dele sobre ela, no entanto, não consegue encará-lo. A verdade é que já nem prestava atenção nas crianças e em mais nada, tudo o que queria fazer era fugir dali, com certeza ele estava a reparando, talvez até sentisse pena de um ser tão insign