Ana estava com 12 semanas de gestação e Luiz não se cansava de fazer carinho no pequeno volume em seu ventre. Ele não faltava uma consulta, fazia questão de estar com ela em todas, e não via a hora de saber o sexo do bebê, segundo ele era para poderem comprar as coisas, mesmo que já tivesse comprado inúmeras coisas.Os pais de Ana ficaram felizes com a notícia da gravidez, Ana ligou para a mãe para contar a novidade que ficou muito feliz. A mãe aproveitou para contar que Anadeli havia saído de casa, mas segundo Elizabete, ela estava morando com uma pessoa, e que havia sossegado, mesmo sem saber quem era a pessoa com quem a irmã estava morando, Ana ficou feliz, era melhor do que quando ouvia a mãe dizer que ela estava cada dia com um homem diferente. Soube também que o seu irmão mais velho, estava trabalhando e o mais novo tinha voltado a estudar, Ana não podia ter recebido notícias melhores sobre os seus irmãos, eles nunca mais tinham se visto, mas ela não queria o mal deles.No anive
No consultório Ana só sabia sorrir e Luiz não tirava os olhos do monitor, mesmo que ele entendesse pouca coisa do que via.— Querem dar palpites? — A médica pergunta olhando para o monitor.— São dois, ou três talvez — Luiz responde sem nem pensar.— Não ligue doutora, ele é assim mesmo — Ana responde rindo — Eu tenho uma intuição.— Porque não me disse? — Luiz pergunta olhando agora para Ana, ele tinha feito essa pergunta antes para ela, mas ela não lhe respondeu.— É apenas uma intuição, mas penso estar esperando um menino — Ana responde, olhando para ele e sorrindo, recebendo um carinho.— Papai! Quer dar um palpite? — A médica pergunta.— Acho que a minha pequena está certa, também penso ser um menino — Luiz responde olhando para Ana e sorrindo, surpreso por ela ter a mesma intuição que ele, só não quis dizer antes com medo de só ele pensar ser um menino.— Olha, vocês estão de parabéns, demonstraram estar em perfeita sintonia, vocês estão certos, terão um menino. — A médica os pa
Ana estava nos preparativos das festas de fim de ano, já tinha comprado presentes para quase todos, ela adorava presentear as pessoas, faltava apenas um, o qual ela queria que fosse muito especial, era o presente do seu gicante lindo, havia pensado em inúmeras coisas, mas acabava mudando de ideia.Por fim ela combinou com Helena para irem juntas comprar, queria pedir a opinião dela. Luiz quis ir com elas, mas ela pediu que ele ficasse com Fernando ajudando com as crianças e assim foi, e Ana e Helena puderam ir despreocupadas prococurar o presente.Helena sugeriu um cordão com a inicial dos três, mas a inicial de Gabriel ao meio das deles. Ana gostou da ideia e foram para uma joalheria fazer a encomenda. Por sorte, Helena tinha uma cliente design de joias e ao solicitar o desenho, em poucos minutos elas receberam um lindo modelo de pingente com as iniciais.Satisfeitas com a decisão do presente, elas foram tomar sorvete antes de irem embora, Ana estava com vontade de tomar sorvete de m
Já em casa, Ana seguiu a risca o seu resguardo, mas fazia questão de cuidar do seu bebê, isso quando Luiz deixava, pois ele tirou 15 dias de licença para ajudar nos cuidados com o filho. Gabriel, era um guloso como o pai, e nos primeiros dias, quando não estava mamando, estava dormindo, mas Luiz as vezes não o deixava dormir e o fazia chorar, dizendo ser gostoso, ouvir o seu chorinho, como dizia, mas ele mesmo o acalmava e o colocava para dormir.— Não faz isso amor, tadinho — Ana sempre brigava com ele.— Ele é muito dorminhoco, não puxou a mim, e nem a você, você acorda sempre antes de mim.— Luiz, ele é um recém nascido, e recém nascidos dormem.— Deixa para ele dormir quando eu voltar a trabalhar — Ele argumentava.Nos primeiros meses, Luiz colocou um berço portátil no quarto deles, Ana não contestou, pois era mais fácil acordar para amamentar, e nessas horas Luiz sempre acordava com ela e o colocava no berço depois que a mãe o amamentava.Ana as vezes demorava a dormir, ela ficav
Para completar a escadinha, quando Miguel completou um ano nascia Mariah, a caçulinha da familia. Ela era a mais dengosa e também a mais mimada pelo pai, mesmo que esse não deixasse de dar atenção aos meninos.— Oi pequinininha, está chorando por quê? Hein... mas esse seu chorinho é tão gostoso — Luiz pega a filha do berço — A mamãe está dando banho em Miguel, e Gabriel está dormindo, não era para você também está dormindo? — Mariah reclama, colocando a mãozinha na boca — Já sei, você está com fome, o papai vai te dar mamadeira.Ele vai até a cozinha e prepara o leite da filha. Mariah estava com seis meses era muito gordinha, e Luiz adorava fingir morder as suas coxas a fazendo gargalhar, mas dessa vez ele sabia que não adiantaria, Mariah quando estava com fome não havia brincadeira que a agradasse.— Você é a gulosa 3 da família — Luiz fala rindo ao vê-la mamar fazendo barulho ao sugar a mamadeira.— Oi amor, Mariah já acordou? Acordou antes do horário. — Ana põe Miguel em sua cadeir
Já em casa, com as crianças dormindo, Ana vai até a varanda da casa onde moravam agora, com três filhos, desistiram de continuar morando em apartamento e se mudaram para uma bela casa. A varanda com vista para o jardim, era o lugar que Ana mais gostava de ficar, ali geralmente ela ficava olhando os filhos brincarem.A vida de Ana podia-se dizer ser perfeita, ela e Luiz nunca brigavam, ele nunca sequer levantou a voz para ela, carinho e compreensão não faltava ao casal. Mesmo com três filhos pequenos eles se viravam bem, Ana tinha empregada e babá para as crianças, mas em relação aos filhos ela fazia questão de participar nos cuidados dos seus três tesouros, ela as vezes ainda pensava no filho que perdeu, mas não mais se condenando.Ainda mantinha contato com os pais, mas eram poucas as vezes que se viam, quando ganhou os seus bebês, ainda pensou que a mãe viesse ficar com ela, mas não foi assim, o seu pai estava sempre doente e Elizabete não podia deixá-lo sozinho, mas Ana tinha Rosân
Era uma noite escura e chuvosa. A chuva impedia aquela jovem, que corria descalça, de ver qualquer coisa a sua frente. A única coisa que a guiava era a sua intuição e o desejo de se livrar daquele tormento, um tormento que a destruia aos poucos, minando suas forças e sua vontade de viver. O caminho por onde corria era estreito e os galhos por onde passava a machucavam, ferindo os seus braços. Mas ela não podia parar, precisava continuar correndo. Os seus pés doíam, mas a dor da sua alma era muito maior, nenhuma dor se comparava a que sentia em seu coração, por esse motivo, nada a faria desistir de seguir em frente, continuaria correndo por entre galhos e espinhos que a feriam, correria sem parar e sem sequer olhar para trás, pois, mais do que seus braços, o seu coração sangrava, mas do que seus olhos a sua alma queimava, mais do que a garganta que estava seca por sentir sede, o seu interior estava ressequido. Ao longe se ouvia alguém a chamando, mas ela não podia parar, a voz só a f
Ana era uma mulher forte, apesar do seu jeito frágil, demonstrava uma força e determinação que ela mesma desconhecia e ignorava ter. Aprendeu a conviver com os seus traumas e suas inseguranças. O seu passado era algo que gostaria de esquecer, mas estava entranhado dentro dela e, mesmo depois de tanto tempo, ele ainda a atormentava, a fazendo ter medo até da própria sombra as vezes, até mesmo quando adormecia seu passado a perseguia através de seus pesadelos. Ana raramente se olhava no espelho, ela não gostava pois, todas as vezes que se olhava se sentia ainda mais desprovida de beleza, por ver os seus defeitos. Isso a fazia se sentir a mulher mais feia e sem graça que pudesse existir, mas esse sentimento de frustração ocorreu depois de ouvir inúmeras vezes que não era nem um pouco bonita, as palavras tantas vezes repetidas a convenceu. Sua vida atual não se comparava a que tinha antes, mas mesmo assim, não conseguia se sentir totalmente feliz, lhe faltava algo, mas a melancolia que